George e Anne são um casal que se vê confrontado com a
invasão do inesperado. Anne sofre um AVC que a leva a um rápido declínio físico
e à demência. George mantém-se junto da mulher e mãe dos seus filhos, assumindo
o seu cuidado e contrariando o desejo de morrer, manifestado através de
palavras e atos nos momentos de maior lucidez.
“Amour” confronta-nos com uma série de situações reais: o
envelhecimento, a doença, o declínio, a dependência, a solidão, o isolamento, a
depressão, a perda de dignidade, a morte. Ao abordar estes temas, aborda,
provavelmente, os maiores fantasmas do ser humano. Por este motivo, a par com a
admiração pela persistência e amor de George, provoca-nos um nó no estômago por
nos obrigar a pensar no que procuramos manter distante de nós.
Os seniores irão provavelmente terminar o filme em silêncio,
pela angústia de um quadro que pode aproximar-se a uma velocidade imprevisível.
Os adultos mais jovens antecipam a morte dos seus pais ou dos seus avós e, até
mesmo, a sua própria morte. “Amour” confronta-nos com a finitude, sem a paz com
que a maior parte de nós gostaria de a encarar.
“Amour” é uma história de amor que nos horroriza pela crueza
com que nos apresenta a realidade e nos leva, pouco subtilmente, à polémica da
eutanásia. O final é entendido por uns como um ato de amor e, por outros, como um
ato de raiva.