Mostrar mensagens com a etiqueta Memória. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Memória. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, novembro 01, 2013

"Terapia, para quê, se não posso mudar o passado...?!"- Cérebro e EMDR




Para que serve a Psicoterapia se nem o terapeuta, nem o paciente podem mudar o passado? Esta é uma questão várias vezes levantada e a sua resposta permite perceber como pode ser útil e quais os limites de uma psicoterapia.

Frequentemente as pessoas que procuram uma psicoterapia tiveram experiências no passado que as marcaram de uma forma pesada e problemática. A questão está no que podemos então fazer em relação a esse passado que não pode ser alterado.
A primeira resposta a esta questão é: nada! Se o passado não pode ser alterado o primeiro passo consiste em tentar aceitá-lo, compreendê-lo e digeri-lo.

Ou seja, a questão não está tanto em agir sobre o passado (tarefa impossível e vã) mas sim na nossa relação com esse mesmo passado: o modo como organizamos as memórias desse passado. Na verdade o passado não existe (já passou!) a não ser sobre a forma como estão registadas na nossa memória. Este registo de memórias, longe de ser um processo objetivo e fatual, é um processo seletivo, ativo, construtivo e idiossincrático. Envolve uma constante seleção, interpretação e integração de memórias por forma a forjar uma narrativa sobre quem somos, o valor que temos, as capacidades, os princípios, etc. Deste modo, não percebemos e formamos memórias do mundo como ele realmente é, mas antes, criamos o que conhecemos e experienciamos através de processos mentais ativos e construtivos.

No entanto, outra objeção pode surgir: "mesmo que nós tenhamos um papel fulcral na construção do nosso passado, o que é certo é que ele fica gravado sobre a forma das memórias que forjámos. Mesmo que sejam memórias tendenciosas, o que é fato é que, a partir do momento em que ficaram gravadas, adquirem um estatuto de realidade". A este nível foi feita recentemente uma descoberta no campo da neuro-psicologia que demonstra ser possível o que sempre se pensou impossível: a eliminação e transformação completa de memórias de longo-termo de condicionamento emocional.

Um exemplo simples consiste na morte de um ente querido, fato da vida real que ninguém pode alterar. No entanto, uma pessoa pode ficar profundamente traumatizada e deprimida com esse fato do passado, enquanto outra pode sofrer a perda de uma forma que lhe possibilita fazer o luto saudável da mesma (aceitar a perda e estar disponível para voltar a investir afetivamente). Ou seja, a morte de um ente querido pode ficar gravada de uma forma catastrófica que assombra e contamina toda a visão do mundo da pessoa, ou ir sendo "digerida", "processada" de forma a que deixe de ser intolerável ao sujeito e passe a ser apenas uma memória do passado. 

Pode-se dizer que a patologia ou sofrimento psicológico, surge quando é o passado que molda mais a pessoa, do que a pessoa a moldar o passado (e por conseguinte e mais importante, o presente-futuro).

                                               

A terapia EMDR destaca-se por estimular a reintegração e desbloqueio das memórias disfuncionais influindo direta e psico-fisiológicamente nas mesmas através da estimulação bilateral. Esta pode ser feita através de:

       - Movimentos oculares – processamento e integração das memórias problemáticas à semelhança da   fase REM (Rapid Eye Movements) do sono.
       - Taping
       - Estimulação auditiva 

As reações provocadas no organismo pela estimulação bilateral contribuem para: 

    - Um descondicionamento causado por uma resposta fisiológica de relaxamento. 
    - Uma mudança no estado cerebral, aumentando a ativação e fortalecimento de associações fracas.
    - Uma otimização da atenção e capacidade de processamento da informação criada pelo foco de atenção dual (ao estímulo percetivo-sensorial e ao trauma passado), induzindo um estado de “mindfullness”, uma resposta de orientação para a novidade ou outro tipo de fenómeno benéfico.

Deste modo, o EMDR apresenta-se como uma Psicoterapia poderosa na transformação e procesamento destas memórias problemáticas do passado.

quinta-feira, março 17, 2011

Memória autobiográfica superior

Nos Estado Unidos descobriu-se que existem casos de pessoas (raríssimos) que se lembram de TUDO (não é de muito mais coisas do que as outras, é de TUDO!) o que aconteceu nas suas vidas! Semelhantes capacidades só tinham sido descobertas associadas a pessoas portadoras de distúrbios mentais profundos e não em pessoas aparentemente saudáveis e normais como estas... Esta notícia vem revolucionar muito do que se pensava ser conhecido nas áreas da memória e da neuro-biologia, assim como, levantar todo um conjunto de questões. Este vídeo ajuda-nos a perceber do que estamos a falar:

quinta-feira, maio 20, 2010

Mitos e Verdades sobre a Memória


MITOS:

1- Lembranças especiais da primeiríssima infância podem ser recuperadas
Sabe-se hoje que memórias de longo prazo sobre episódios específicos só começam a ser formadas por volta dos 3 anos de idade. O hipocampo, que processa essas memórias, ainda é pouco desenvolvido antes dessa idade.

2- Uma bebedeira mata milhares de neurónios
A eventual perda temporária de memória depois de uma noite de excesso de álcool, ocorre porque o álcool prejudica as sinapses e não porque mata neurónios.

3- As células do cérebro não se regeneram
O cérebro de um adulto tem a capacidade de formar novos neurónios, ainda que em pequena quantidade. Este processo é mais comum no hipocampo, responsável pelas memórias de longo prazo.

4- Falhas de memória em idosos são sinal de Alzheimer
É natural que a eficiência da memória diminua com o tempo. A doença de Alzheimer é mais grave porque leva à degeneração do cérebro e torna a pessoa incapaz de realizar tarefas diárias simples.

5- O jogos de computador prejudicam a memória
Os jogos de computador podem ser benéficos para aumentar a capacidade de atenção, fundamental para a memória.

6- Uma vez guardada, uma lembrança nunca muda
Neste aspecto o cérebro é muito plástico, podendo as memórias ser modificadas de várias maneiras por novas experiências.

VERDADES:

1- O estudo intercalado por periodos de descanso ajuda a memorização
Para memorizar uma dada informação, ajuda evocá-la repetidas vezes, a intervalos crescentes (após algumas horas, depois um dia, dias, semanas, meses...).

2- As lembranças são mais facilmente recuperadas por associação
Campeões de memorização associam as informações a palavras-chave ou a imagens conhecidas. Por exemplo, para se lembrar do nome Julieta, pode-se associá-lo á personagem de Shakespeare.

3- Exercício físico é bom para a memória
O volume de massa cinzenta em regiões do cérebro relacionadas à memória aumenta com exercícios aeróbicos.

4- Excesso de informação prejudica a memorização
O bombardeamente de informação a que somos sujeitos diariamente dificulta a atenção e tempo necessários á formação de novas memórias.

5- Dormir tem um papel fundamental na memória
O sono - e os sonhos - tem um papel relevante na consolidação de memórias de longo prazo.

6- A obesidade prejudica a memória
A gordura abdominal eleva os índices de insulina no organismo afectando o funcionamento de determinados receptores no cérebro ligados à memória.

7- Diversão mantém a memória activa
As actividades que exercitam a memória incluem jogos de cartas, xadrez, palavras cruzadas, tocar um instrumento musical, ler e manter uma vida social intensa.


Informação baseada num artigo da revista "Veja".