A crise e o desemprego têm servido de mote a algumas das
nossas publicações nos últimos tempos. Numa altura em que o país atravessa uma
tempestade que parece não ter fim e em que os portugueses pouca esperança têm e
apenas torcem para que a maré não piore, vale a pena pensar sobre como se
aguenta o barco em condições tão adversas.
A resiliência consiste, em termos gerais, na capacidade de
enfrentar as adversidades de forma adaptativa, com vista à transformação e à
superação das dificuldades. Esta capacidade assenta na interação entre as experiências
precoces, as relações que se estabelecem ao longo da vida, o ambiente, a neurobiologia
e a genética.
A crise coloca-nos à prova; o risco ou a realidade do desemprego
e as dificuldades financeiras colocam-nos numa situação de extrema ansiedade,
que afetam não só o bem-estar pessoal, como o relacionamento com os outros
(família, amigos, colegas, vizinhos e até desconhecidos). A tendência é a do
negativismo, da depressão coletiva, da falta de esperança, que fazem com que o
barco se afunde cada vez mais. Mas algumas pessoas têm uma maior capacidade
para se manter à tona e nadar com todas as forças para terra firme; são pessoas
mais resilientes.
A gestão das emoções e a
tolerância à frustração, o controlo
dos impulsos e a
flexibilidade mental, o otimismo, a análise do contexto, a empatia, auto-eficácia e a competência social são algumas das características das pessoas mais
resilientes. Podemos ainda acrescentar a criatividade, a capacidade
para assumir riscos e para criar oportunidades. A propósito de alguns destes conceitos,
sugerimos a leitura deste artigo: http://expresso.sapo.pt/os-sete-habitos-da-pessoa-resiliente=f667766
Segundo Robert Wick, autor do livro “Bounce: Living the Resilient Life”, para o desenvolvimento da
resiliência importa estar alerta a situações potencialmente prejudiciais, criar
objetivos para cuidar de si próprio e evitar a exaustão, rodear-se de amigos
que contribuam para o equilíbrio, reconhecer competências e pontos fortes e
concentrar-se nos mesmos, analisar-se a si próprio e aceitar-se, e meditar.
“Ser
capaz de me equilibrar depois de levar uma rasteira. Acordar com esperança
depois de uma série de frustrações. Ver além das circunstâncias da vida de modo
a disfrutar o momento”, é assim que Robert Wick resume o resultado da resiliência.
E para este resultado é importante também dar um sentido à nossa existência,
para que tenhamos motivação e força para nadar contra a corrente e para que o
objetivo seja viver e não apenas sobreviver.
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