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quarta-feira, abril 10, 2013

RESILIÊNCIA: COMO AGUENTAR O BARCO?


A crise e o desemprego têm servido de mote a algumas das nossas publicações nos últimos tempos. Numa altura em que o país atravessa uma tempestade que parece não ter fim e em que os portugueses pouca esperança têm e apenas torcem para que a maré não piore, vale a pena pensar sobre como se aguenta o barco em condições tão adversas.

A resiliência consiste, em termos gerais, na capacidade de enfrentar as adversidades de forma adaptativa, com vista à transformação e à superação das dificuldades. Esta capacidade assenta na interação entre as experiências precoces, as relações que se estabelecem ao longo da vida, o ambiente, a neurobiologia e a genética.

A crise coloca-nos à prova; o risco ou a realidade do desemprego e as dificuldades financeiras colocam-nos numa situação de extrema ansiedade, que afetam não só o bem-estar pessoal, como o relacionamento com os outros (família, amigos, colegas, vizinhos e até desconhecidos). A tendência é a do negativismo, da depressão coletiva, da falta de esperança, que fazem com que o barco se afunde cada vez mais. Mas algumas pessoas têm uma maior capacidade para se manter à tona e nadar com todas as forças para terra firme; são pessoas mais resilientes.

A gestão das emoções e a tolerância à frustração, o controlo dos impulsos e a flexibilidade mental, o otimismo, a análise do contexto, a empatia, auto-eficácia e a competência social são algumas das características das pessoas mais resilientes. Podemos ainda acrescentar a criatividade, a capacidade para assumir riscos e para criar oportunidades. A propósito de alguns destes conceitos, sugerimos a leitura deste artigo: http://expresso.sapo.pt/os-sete-habitos-da-pessoa-resiliente=f667766

Segundo Robert Wick, autor do livro “Bounce: Living the Resilient Life”, para o desenvolvimento da resiliência importa estar alerta a situações potencialmente prejudiciais, criar objetivos para cuidar de si próprio e evitar a exaustão, rodear-se de amigos que contribuam para o equilíbrio, reconhecer competências e pontos fortes e concentrar-se nos mesmos, analisar-se a si próprio e aceitar-se, e meditar.

“Ser capaz de me equilibrar depois de levar uma rasteira. Acordar com esperança depois de uma série de frustrações. Ver além das circunstâncias da vida de modo a disfrutar o momento”, é assim que Robert Wick resume o resultado da resiliência. E para este resultado é importante também dar um sentido à nossa existência, para que tenhamos motivação e força para nadar contra a corrente e para que o objetivo seja viver e não apenas sobreviver.

sábado, janeiro 12, 2013

Economia Parte III: a Economia ainda é uma ciência social?

Até aos anos70-80 do século XX, a Economia tinha pergaminhos como ciência humana e social. Estudava-se, durante o curso, direito, ciência política, sociologia, história. Tinha-se uma visão mais integrada da sociedade e do modelo económico seguido. Hoje, o curso tem um conteúdo muito mais quantitativo e abstracto.
Outras cartilhas se impuseram nos últimos trinta anos. Se é verdade que o estado entretanto engordou obscenamente, transformado numa espécie de porquinha que tem alimentado uma clientela insaciável e dependente (empresas, bancos, fundações, partidos, grupos de interesses, pessoas), é de recear que estejamos a assistir a uma matança cega do animal. Os dois ou três economistas que no essencial nos governam, mais os técnicos internacionais, desferem golpes cegos com as suas facas de talhante. Têm mentalidade de contabilistas, privilegiam a óptica monetária sobre a económica, ignoram as complexidades da ciência social.
Os portugueses, votantes de vez em quando e sempre contribuintes, cerram os dentes e vão apertando o cinto. O clima é deprimente, desolador, sem esperança. Velhos à míngua, quando já pouco podem esperar da vida, jovens sem qualquer esperança de fazer uma vida normal. Precários, desempregados, com um futuro muito problemático.
Que podemos fazer por nós próprios nestas circunstâncias?
Autonomia, criatividade, trabalho, persistência, resiliência. Não somos apenas um número no papel do IRS, implacavelmente espremidos todos os dias, por um estado ineficaz no resto (quando não corrupto). Temos de tomar melhor conta das nossas vidas. Chegámos a este estado de coisas porque temos sido apáticos no que respeita à má governação. Não quisemos saber, fechámos os olhos, deixámo-nos, salvo excepções, comprar com crédito fácil e promessas, mais promessas.
Que ao menos esta terrível situação sirva para nos tornarmos melhores e mais capazes cidadãos. Para isso é preciso trabalho e disposição. O que não é fácil quando se anda a assegurar a cada vez mais difícil sobrevivência. Precisamos de saber tratar de nós a nível mental e físico. Temos de ser mais fortes e mais exigentes.

quarta-feira, junho 13, 2012

Liberdade! e Futuro!




Enquanto sociedade “Não podemos prescindir nem da liberdade, nem do futuro” disse há poucos dias o Professor António Sampaio da Nóvoa num arguto discurso no âmbito das comemorações do 10 de Junho dobre educação, ciência, sociedade e solidariedade.
Se o direito à liberdade e a um futuro são direitos inalianáveis das pessoas, na sua vida em sociedade --numa sociedade democrática que precisamente se funda na ideia da liberdade dos cidadãos--, este direito implica o uso da sua liberdade individual de pensamento, e a afirmação da liberdade interior dos membros da sociedade. 
Podemo-nos perguntar se o seu uso é democrático, e como se desenvolve e faz uso desta liberdade interior e da vontade individual ? A resposta passa seguramente pela educação formal e informal que a sociedade oferece aos seus membros, e a qualidade desta favorecerá e fortalecerá certamente a emergência de indivíduos com mais conhecimento, maior liberdade de pensamento e maior vontade de intervenção na sociedade. Por outro lado se, como sustentava Espinoza. a vontade da sociedade é igual à vontade dos seus membros, podemos perguntarmo-nos também se a falta de clareza dessa vontade da sociedade não nos remete para a falta de clareza da vontade individual.
E outras questões emergem, entre as quais se todas as pessoas se sentem real e igualmente possuidoras, hoje, desse bem, desse direito, como se diz inalianável, de liberdade. Se as pessoas se sentem donas das suas escolhas, seguras de uma capacidade de pensar autónoma e livre, e se lidam realisticamente com os seus medos e ansiedades. Aqui, creio eu, as diferenças abundam, e uma sociedade cuja direcção, cujos valores, cuja vontade vacila, cuja economia vacila, cria muitas e inesperadas tensões e desigualdades que afectam a capacidade de pensar, a capacidade de exercer a liberdade individual, e aumentam as desigualdades e os conflitos manifestos e latentes. E a qualidade da sua saúde mental.
Future, Agim Sulaj, 2009

O futuro, somos nós, é uma frase ouvida, é uma frase sentida. E a confiança no futuro depende em primeira mão na confiança que sentimos, individualmente, em nós próprios. Na vontade que temos. Na capacidade de sugerir ideias novas. Na capacidade de intervir, e de não ficar à espera que os ventos mudem a nosso favor ou, como ecoa na célebre frase do discurso de Kennedy, creio que da sua tomada de posse, “Não te perguntes o que é que o teu país pode fazer por ti, pergunta-te antes o que é que podes fazer por ele”.
Proactividade e iniciativa, auto-confiança, resiliência, estão implícitas neste movimento, e são igualmente características de pessoas com uma evidente robustez psicológica.
Tendo em conta que o contexto social, económico e político em que vivemos nos afecta enquanto seres humanos, na nossa vida familiar, comunitária, profissional, entende-se que se multipliquem vulnerabilidades, aumentem conflitos internos, aconteçam desequilíbrios. E que estas características pessoais tão desejadas, e associadas ao fazer acontecer a liberdade e o futuro esmoreçam. E a acção livre fica tantas vezes bloqueada. E neste quadro, procurar ou sugerir ajuda psicológica ou psicoterapêutica urge, para fazer acontecer a mudança individual, favorecer o fortalecimento da identidade e da liberdade individual. Aja. Por si. Por si e para os outros.
Por um presente que se vive com mais plenitude, com porta aberta para o futuro.
Isabel Botelho

sábado, setembro 26, 2009

A IMPORTÂNCIA DA RESILIÊNCIA


O novo livro de Robert Wicks trata da resiliência, no sentido psicológico do termo, assunto de que aqui já falámos várias vezes e que é tão importante para o nosso bem estar.
Um dos melhores sites da net sobre questões ligadas à psicologia a ao funcionamento psíquico é o PsychCentral, que também podem encontrar no Twitter.

Neste momento, o site exibe uma artigo de Therese Borchard sobre a questão, em que ela resume os principais "passos" para "to be able to find my balance after hitting a pot hole. To wake up with hope after enduring a series of frustrations. To look beyond the circumstances of my life in order to enjoy the moment" (cito).

O endereço do site é o seguinte - e vale a pena ir ver. Uma atenção especial à necessidade de se ter um círculo de amigos diversificados(ponto3)!

http://psychcentral.com/blog/archives/2009/09/26