quarta-feira, junho 04, 2008


CRÓNICA
Ser Pai(s) hoje


Hoje em dia os pais questionam-se constantemente sobre seus papéis. Os livros e guias de pais crescem de forma abrupta e, paralelamente, as dúvidas do que é ser um bom educador também se tornam cada vez mais evidentes.
Os pais mais velhos/avós apresentam por vezes um discurso saudosista, dizendo que no tempo deles “é que era. Agora, esta juventude…”, “têm tudo facilitado”, “Eu eduquei-os … sozinha…”, etc. Nem todos, claro! Mas de forma generalizada, na rua, nos transportes, nas escolas, infantários, cabeleireiros e afins, vão-se ouvindo muitos comentários destes. Os pais, por outro lado, vão eles próprios absorvendo tais ditos e indubitavelmente reagem. Uns não aceitam, e podem reagir de forma a ir contra tais comentários e distanciando-se dos próprios pais “mais sabidos”. Outros, mais aflitos, culpabilizam-se e tentam tudo para serem igualmente tão bem capazes como foram os seus e “colam-se” às mezinhas educadoras. Outros ainda, vão sendo pais à sua maneira e seguindo seu “instinto”, aproveitando alguns dos ditos e dicas ancestrais e inovando com as suas próprias experiências, vivendo no seu tempo presente agora a sua parentalidade singular.
É verdade que nos tempos modernos, nesta tal “aldeia global”, tecnocrata e competitiva, os pais não possuem tarefa fácil. Afinal, têm de ser óptimos pais, óptimos profissionais, óptimos maridos e mulheres, óptimos filhos, óptimos, óptimos, óptimos… Outra questão que se poderia colocar, mas neste contexto só iria dispersar, seria qual o valor que a falha ocupa nas nossas cabeças, corações, vida… mas continuando em torno dos “super pais”, não devemos esquecer o valor real dos filhos, pois eles também terão o direito de igual estatuto de super, eles são afinal os super filhos dos super pais!
Talvez correndo o risco de se ser abusivo, estes super filhos são uns coitados! Coitados por caírem na teia dos super. É que até os super heróis ganharam um carácter tão omnipotente que é deveras difícil alcançá-los em valentia. Estes super filhos acabam por sofrer por ter também de ser super bem comportados, super bons desportistas, super giros, super bons alunos, super bons seres sociais, etc e tal.
No meio de tantos super tudo, onde vamos parar?!...

1 comentário:

Unknown disse...

Subscrevo o está escrito
torna-se dificil, nesta sociedade, fazer/ser/ter tanta coisa e ser bom ou boa (e o bom é o quê? temos de reflectir e aprender com o passado), mas isso também está nas nossas mãos, e escolher o que a consciência manda, não a insconsciência, a irresponsabilidade e a ignorância.