"Estavam alguns homens debaixo de uma grande árvore. E um dos homens tinha olhos para ver. E ele viu: no cimo da árvore havia um pássaro, magnífico na sua beleza essencial. Os outros não o viam. mas o homem foi assaltado por um violento desejo de conseguir chegar até junto do pássaro para o apanhar; não conseguia ir-se embora dali sem o pássaro. Todavia, como a árvore era alta, ele não podia lá chegar, e não tinha escada. mas sendo tão poderoso o seu desejo, a sua alma encontrou uma maneira. Ele puxou os homens que ali se encontravam e pô-los uns sobre os outros, cada um deles sobre os ombros de um companheiro. Ele pôs-se lá no alto, por cima deles todos, de tal modo que conseguiu chegar até junto do pássaro e o agarrou. Os outros, tendo embora ajudado aquele homem, não sabiam nada acerca do pássaro e não o viam. Mas ele, que sabia que o pássaro estava ali, e que o via, não teria podido chegar até ele sem os outros. Se aquele que estava na base da torre tivesse abandonado o seu lugar, o que se encontrava lá em cima teria necessáriamente caído."
Ódio Necessário de Nicole Jeammet
"(...) aquele que ama, não começa por amar ocupando-se dos outros, mas sim ao realizar ele próprio a obra para o qual se descobriu destinado, numa aparente indiferença para com aqueles que o rodeiam. Ocupar-se dos outros serve demasiadas vezes para escondermos a nós mesmos que não nos amamos, e que nos recusamos a ocupar o lugar que é o nosso; é precisamente nisto que consiste o princípio de todas as manipulações. O essencial que acontece entre os seres acontece, não pelo contacto entre eles, mas pela acção que cada um realiza isoladamente.."
Ibidem
"Poderá o amor apagar o sofrimento, o masoquismo e o egocentrismo inscritos na pessoa?"
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4 comentários:
"...aquele que ama, não começa por amar ocupando-se dos outros, mas sim ao realizar ele próprio a obra para o qual se descobriu destinado, numa aparente indiferença para com aqueles que o rodeiam. "
talvez...é preciso amarmo-nos primeiro a nós próprios...Sim. é capaz de ser verdade!
É sempre complicado pensar nestas coisas. É verdade, mas parece-me ser uma verdade limitada e restritiva. Como diz a Marta Pietra num outro post, se calhar para podermos amarmo-nos também temos que ter tido a experiência de termos sido amados; portanto, não começamos por nos ocupar dos outros, mas os outros começaram por se ocupar de nós.
Somos bons não por amarmos...mas por sermos amados.
Acho, continuo a "achar" que é aqui que bate o ponto.
Falta de colo de mãe no rapaz, fala de firmeza do pai na rapariga...falat de ambos em ambos...
É.....O QB é dificil. mas se estiver presente alguma vez na vida , normalmente nos momentos certos... é só fazer o caminho ainda que nele se encontrem pedras!!
Há dias, em conversa no carro a sós com a minha filha qdo voltávamos ambas para casa, ela tem 13 anos (creceu de repente SANTO DEUS!) eu dizia-lhe com um profundo sentimento de culpa a esreitar a alma e os olhos:...
- A mãe tem sido uma mãe ausente não tem??
E ela respndeu-me rapidamente, com firmeza,( a firmweza que por vezes me espanta , confrontada com birras de miúda que ainda faz) - :
- Não. Estás presente nos momentos em que é preciso preciso.
- E nos outros momentos ? - lancei em defesa de mim própria e com a angústia pendurada no peito.
Encolhendo os ombros sacudiu:
- Nos outros?... Nos outros não é preciso.
Pois.
Simplismente... Um batido!
Amor, ódio, Narcisismo, Égoísmo, Idiossincrasia...
Um batido com ingredientes base de:
Genes, Factores Culturais e Aprendizagens.
Ao qual adicionamos ingredientes que lhe alteram o sabor. Como APM.
Atenção que damos ao facto.
Percepção do facto.
Memórias associadas ao facto, ou semelhantes ao facto novo.
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