segunda-feira, junho 01, 2009

viver no estrangeiro aumenta a creatividade?

Parece que sim, de acordo com um estudo que envolveu centenas de estudantes e que foi publicado no Journal of Personality and Social Psychology.
O estudo vem referido no Ecomomist (uma excelente revista, aliás) e refere a correlação entre viver, ou ter vivido, no estrangeiro e a criatividade das pessoas e as suas competências relacionais. Parece, no entanto, que viajar não chega. É preciso viver mesmo fora. O estudo não envolveu estudantes portugueses, para quem suspeito que a correlação seria ainda maior. Este santa terrinha nunca foi chão que desse muitas uvas. É tudo muito tacanho e pequenino.
Interessante, não?

7 comentários:

Paulo Barbosa disse...

Bom dia,

Este assunto despertou-me a curiosidade pois também eu vivi no estrangeiro durante a minha formação.
Esta frase de "viver no estrangeiro aumenta a criatividade" é bastante abrangente.. Depende muito daquilo que exactamente quer dizer. E se apenas nos referirmos aos estudantes, será que estudou a origem social da maior parte dos estudantes que vão para o estrangeiro? É que a minha experiência diz-me que apenas os de classe social elevada é que têm acesso ao estrangeiro, e por consequência podem ser estudantes com maiores recursos para desenvolver criatividade.
Outro factor que teria também que ser analisado é que tipo de estudantes vão para o estrangeiro. Estudantes sem características, digamos, aventureiras, não iriam para o estrangeiro. Pois requer sempre um certo grau de desafio, nem que seja pelo simples facto de se viver sem rectaguarda familiar.
Ou seja, a minha conclusão é: Será que viver no estrangeiro aumenta a criatividade ou as pessoas que vivem no estrangeiro são por norma mais criativas devido ao seu background social, personalidade, etc...

Paulo Barbosa disse...

E já agora, peço desculpa mas esqueci-me também de fazer este reparo.
Acho que é muito mauzinho da sua parte dizer que Portugal é chão que nunca deu muitas uvas ou que é terra tacanha e pequena...
Acho que há muitos exemplos de sucesso lá fora de grandes portugueses, ainda hoje há a notícia que o administrador do banco de Inglaterra será Português.
Temos menos dinheiro que outros países, mas a nossa história é maior que as dos grandes. E em termos científicos, conheço pessoalmente exemplos de sucesso. São apenas anónimos... E dou-lhe mais um exemplo (há muitos e muitos): Há duas semanas (se não me engano), foi enviado para o espaço os satélites Max Planck e o Herschel. Claro que o nome não é português, mas o software que eles levam foi todo validado por uma equipa portuguesa líder mundial neste sector.
Acho que está na altura de deixamos de dizer que somos pequenos e tacanhos, para passarmos a ter orgulho naquilo que somos. E pelo que vi (e vivi alguns anos em Inglaterra durante o meu curso de Eng. Aerospacial), tenho muito orgulho em ser Português e de viver em Portugal.
Eles (os dos tais países não tacanhos) apenas têm orgulho na sua pátria e dizem-no em voz alta.

E já agora, um pequeno cliché:
lembrando o que o Kennedy disse há uns anos, "não pergunte o que o vosso país pode fazer por vocês, mas o que vocês podem fazer pelo vosso país".
E Clara, o que é que você já fez pelo seu país hoje?
Vamos lá, não somos assim tão tacanhos...;)

Clara Pracana disse...

Eu naõ li o estudo que terá sido publicado no Journal of Personality and Social Psychology, mas os comentários do PB são muito pertinentes e vou ver se eles têm o artigo na íntegra online.

Helaine Almeida disse...

Já tive tempo de ler os commentarios sobre este assunto 'viver no estrangeiro aumenta a creatividade' que acho um assunto muito interesante. Demorei um tempo para arrumar as minhas ideais sobre o mesmo e chequei as seguintes conclusões que gostava de partilhar além da minha dificuldade de escrever e cometer erros em Portugues, sendo minha terceira lingua.
Primeiro gostave de desconcordar com o PB no que diz respeito ao classe social. Parece-me que as pessoas (estudantes ou pessoas no geral) aproveitam e beneficiam de experiencias de viagens e conhecer difrentes culturas. Uma pessoa que viaga uma vez por ano ou três vezes por ano tiram beneficios ao nivel de aumentar e reinforcar a area de organização da pessoa. No sentido de criatividade concordo com o commentario de PB que é preciso viver fora por um tempo significativo para (sendo uma pessoa que vai para fora do seu país na esperança de procurar uma melhor vida ou um estudante para ter uma adventura) poderem inseriram na cultura, aprender todo sobre a cultura, crenças, maneiras e a lingua...a lingua que no fim é simbolico...aumentando o plano mental da pessoa, o que vai permitir a criatividade.
Também gostava de acrescentar que concordo com PB no sentido que é o proprio povo portuguese que minimizam-se. Estou cá a viver ha 5 anos e em todos os meios em que já estive, e tive a oportunidade de ouvir e fazer parte de tais conversas sempre sou confrontada com o mesmo negativismo, o que, na verdade, sempre me faz pensar...'o que é que estou aqui a fazer... mas porque? Porque ha este pensamento geral de que nada de bom pode nascer e vir deste país, do povo portuguese, o que para mim sempre achei muito triste, muito deprimente. Penso que isto é muito errado em tantos niveis que aqui no consigo explicar aqui...nivel de esperança das pessoas jovems, crianças, pessoas de meio idade e o futuro e desenvolvimento do país (só para fazer uma referência resumida). Os portugueses têm de sair do seu proprio país para serem reconhecidos pelo trabalho em que investiram-- é uma pena porque no fundo tem muito a ver com a auto esteema do povo que depois é transmitido as pessoas individualmente sobre o seu própro valor e aonde se encontram em comparação com outras culturas. è preciso sair e voltar com a carimba de outra cultura/país para serem validos. Sei de muitos casos de pessoas portuguesas que sairam e voltaram trazendo com eles, numa tentativa de injectar-lo na cultura e no pensamento portuguesa, confiança e o direito de serem vaidosos ou orgulhosos deles proprios seja fisicamente, intelectualmente, etc, que lhes foram permitidos ganhar atraves da experiencia no outro país. Penso que já é altura de tentar criar isso sem ter de ir para o estrangeiro, mas aqui 'em casa'. Se pensamos bem é como as vinhas de uma planta tentando mandar agua para a raiz em vez de raiz alimentar e nutrir a vinha.
Obrigada.

Clara Pracana disse...

Só agora vi o 2º comentário do PB, e acreditem que espero que ele tenha razão. Também é verdade que muitas vezes nos apoucamos e nunca mais saimos deste ciclo vicioso.
O PB viveu em Inglaterra, e parece ser uma excelente ilustração do ponto a que o artigo queria chegar. Broad-minded. Óptimo.
Eu pelo contrário sou mais céptica - talvez por sempre ter vivido cá, à excepção de um curto período na infância- fiquei mais curta de vistas. Lá está: Outra ilustração do artigo :)
Reparem que o artigo fala em viver nos estrangeiro e não em viajar, apenas...
Concordo, claro, que há caso de portugueses notáveis. Pode ser que passem a ser mais, tenho bastante esperança nas novas gerações e na sua abertura de espírito.
O testemunho da Helaine também é interessante, porque nos dá a perspectiva de alguém que viveu até aos vinte e tal anos nos USA e depara aqui com a tal tristeza e negativismo que parece ter caracterizado (até agora?) o português, ou pelo menos, o português que nunca daqui saiu.
Ainda há cerca da actividade cívica de que o PB fala, eu torno a enfiar o barrete como já o fiz há meses, quando tentei puxar esse tema de reflexão neste blog. É verdade, fazemos pouco por nós próprios e pouco pelo país. Ambas as omissões têm consequências importantes.

Unknown disse...

Olá Clara,
Vou tomar a liberdade de também deixar a minha opinião…
A mentalidade é, efectivamente, das coisas que mais custa a mudar mas é claramente impulsionada pelas diferentes vivências que cada indivíduo tem. É por isso evidente que uma pessoa que viva no estrangeiro receba “estímulos mentais” que posteriormente o podem tornar mais criativo. Contudo não se deve alimentar a falsa ideia de que apenas são criativos os que residiram no estrangeir. Como disse anteriormente os que residiram fora apenas receberam “estímulos mentais” diferentes ou aparentemente maiores isto porque internamente(no nosso pais de origem)nem sempre estamos despertos para tudo o que nos rodeia, nem sempre lemos, nem sempre ouvimos, nem sempre participamos e, muitas vezes, por acharmos que não valerá a pena. Esta actitude dificilmente a temos lá fora, onde tudo procuramos fazer e saber. Trata-se, no fundo, da maior predisposição/receptividade para aprender o que mais tarde pode traduzir criatividade.

Quanto ao pessimismo, tão típico do povo português face a ele mesmo, é parte integrante da nossa cultura. As inúmeras canções populares que tristemente cantam o “fado” do nosso país são prova disso mesmo.
É pena que, tal como disse o PB, os portugueses não lembrem a fase dos descobrimentos com orgulho e acreditem mais neles próprios.

Deveríamos acreditar que ainda há, em cada português, um pouco daquele sangue vencedor, que deu “novos mundos ao mundo”.
Eu acredito cada vez que os portugueses são capazes de tudo desde que queiram o problema é que nem sempre o querem…..
Inte

Teresa disse...

Sair da nossa "zona de conforto" aumenta a criatividade! Acredito que esta é uma realidade transversal ao espaço fisico, cultural e/ou afectivo...