domingo, julho 26, 2009

PSICOTERRORISMO PARTE II


Muitas das consultas online que a Psicronos tem recebido nos últimos tempos dizem respeito ao bullying/mobbing. Por isso vou continuar com o tema e com as formas de enfrentar o problema.

O Prof. Cary Cooper, da universidade de Leicester, afirma que trabalhar num ambiente "macho", de intimidação (bullying) e manipulador aumenta a:
  • ansiedade

  • depressão

  • perda da auto-estima

  • tendência para a auto-culpabilização

  • sentimento de impotência


Esta coisa do ambiente "macho" pode parecer esquisita, mas é uma realidade. Sabem aqueles locais de trabalho em que as piadolas menorizam a imagem das mulheres, reduzem o sexo a uma macacada e permitem a uns quantos imbecis darem-se ares de machões? É a esses ambientes que o Prof. Cary Cooper se refere. E isto é em Inglaterra...


No ambiente que actualmente se vive, com o espectro do desemprego a pairar, suspeito que as tendências manipulatórias estão em alta. Não quero aqui insinuar que todos os chefes são uns sádicos à solta. É evidente que não, e que a maior parte deles está em situação de alta pressão por parte das próprias chefias (aí também há psicoterrorismo). Nestes ambientes, as fronteiras tendem a esbater-se e vale tudo. São variados os estudos que apontam para o esbatimento das fronteiras como o maior factor de stress.

Como no Seringetti, os mais frágeis são a presa ideal. E às vezes o leão até se agarra ao pescoço... (ver foto).
Como fazer para não ser vítima de intimidação e simultaneamente melhorar o desempenho profissional?


5 comentários:

Ana Almeida disse...

Olá Clara,

Acho este tema mto importante. Tb eu tenho recebido pacientes que se queixam de sofrerem de psicoterrorismo (como mto bem dizes)e não me parecem paranóicos. Este é, de facto, um problema serio e que tende a agravar-se em situações de fragilidade económica e de estabilidade do emprego.

O psicoterrorismo em ambiente escolar e junto das crianças e adolescentes é já relativamente conhecido, a propria Psicronos lançou à pouco tempo, um portal especifico sobre este assunto - www.portalbullying.pt; mas ainda não suficientemente falado e principalmente ainda não existem suficientes medidas de intervenção e prevenção do fenómeno em adultos em contexto laboral.

luisa disse...

Clara,
tenho acompanhado os seus posts sobre o assédio no trabalho (como também se chama). Tenho uma amiga que está precisamente numa das situações que descreve, uma colega "tomou-a de ponta" e tem conseguido reunir um grupo contra ela. Foi ostracizada, e fica sozinha à hora do almço a comer na sala de refeições. Sente-se muito deprimida, e convenceu-se de que fez alguma coisa mal. Disse-lhe para ler o vosso blogue e ver que não está sozinha. É possível que contacte a clínica também, para ser acompanhada. Espero que ela não desista porque é como a Clara diz, as vítimas convencem-se de que a culpa é delas e cada vez se isolam mais.

Anónimo disse...

Vejam este exemplo:

http://sic.sapo.pt/Proj_PerfeitoCoracao/Scripts/VideoPlayer.aspx?videoId={AF7BE947-CA99-4DFF-B931-57037AFBA090}&d=10/22/2009%204:00:59%20PM

Os ataques vêem de posições hierarquicamente superiores. Chantagem psicológica ameaçando o emprego se não houver colaboração.

Clara Pracana disse...

Um exemplo crú, esse da novela da SIC, mas infelizmente ainda acontece. E em tempos de insegurança ainda mais.
Julgo, no entanto, que aquela imagem do patrão rodeado das secretárias/funcionárias está pouco a pouco a extinguir-se e as mulheres a ter mais noção dos seus direitos.

Anónimo disse...

Os direitos não se extendem a todos os funcionários. Cada vez mais há funcionários subcontratados (trabalho temporário) que podem ser despedidos sem justa causa. A qualquer momento o Cliente rescinde os serviços desse funcionário sem dar qualquer justifcação ao Fornecedor.
Fui subcontrada durante anos numa grande empresa com Código de Ética que menciona intolerância a assédio sexual. Depois do último ataque em apenas 2 semanas fui despedida sem qualquer justificação ao fim de vários anos ao serviço e exelentes níveis de serviço. Escusado dizer que o assediador era funcionário directo, efectivo e hieraquicamente superior. A Madalena da novela é 'mãe solteira' com responsabilidades financeiras. Aguentou o pôde.