quarta-feira, março 23, 2011

O Nó


"Numa reunião de pais numa escola da periferia, a directora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos e pedia-lhes que se fizessem presentes o máximo de tempo possível...

Considerava que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade
trabalhassem fora, deveriam achar um tempo para se dedicar e entender as
crianças.

Mas a directora ficou muito surpreendida quando um pai se levantou e
explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana, porque quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava dormindo; e quando voltava do trabalho
era muito tarde e o garoto já não estava acordado.

Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo
para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando
chegava em casa.

E para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia todas as noites quando
ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai
tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.

A directora emocionou-se com aquela história e ficou surpresa quando
constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.

O facto faz-nos reflectir sobre as muitas maneiras das pessoas se fazerem
presentes, de se comunicarem com os outros.

Aquele pai encontrou a sua, que era simples mas eficiente. E o mais
importante é que o filho percebia, através do nó afectivo, o que o pai lhe
estava dizendo.

Por vezes, importamo-nos tanto com a forma de dizer as coisas e
esquecemos
o principal, que é a comunicação através do sentimento. Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais do que presentes ou desculpas vazias.

É válido que nos preocupemos com as pessoas, mas é importante que elas
saibam, que elas sintam isso. Para que haja comunicação é preciso que as pessoas "ouçam" a linguagem do nosso coração, pois, em matéria de afecto, os
sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.

É por essa razão que um beijo cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro.

As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas SABEM
registar um gesto de amor.

Mesmo que esse gesto seja apenas um nó num lençol..."


Foi-me enviado este mail com esta pequena história que achei interessante poder partilhar convosco. Num período em que o tempo é muitas vezes um elemento chave e, infelizmente, insuficiente para uma relação suficientemente afectuosa e educativa dos pais em relação aos seus filhos, esta pequena história vem talvez nuancear, ou simplesmente presentear-nos com o exemplo de como, mesmo o impossível se pode tornar possível (dentro dos possíveis...!). Como foi sublinhado neste texto, o amor transmite-se de muitas formas e muitas vezes pelos pormenores que passam assim a ser "por-maiores". Esperamos que este seja realmente um exemplo de resiliência familiar mas ainda assim é preciso não confundir sucesso escolar (do menino em questão), com "sucesso afectivo" ou segurança interior. Às vezes estas duas dimensões estão mesmo dissociadas...

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