No artigo “Sobre como é que as mulheres ficaram em silêncio”, Maria Emília Marques questiona-se partindo de dois pressupostos, um primeiro, explicitado no excerto do post deste blog, “O amplo feminino”, directamente ligado às várias visões e discursos históricos, sociais e culturais lançados sobre a natureza da mulher.
“… uns afirmam uma natureza leviana e instável, mesmo violenta, que contém em si o germe e a essência da desordem e da discórdia, que exigiria a sua inscrição numa lei-ordem que teria de lhe ser imposta de fora; outros proclamam uma natureza sagrada, fértil e fertilizante, mas a precisar de ser conduzida e dominada por ser perigosa; outros, referem a natureza já dominada, masoquista e submissa; por fim, outros inquietam-se porque teria uma natureza enigmática.”
Ainda dentro desde pressuposto, a autora frisa o inevitável lugar que o feminino sempre ocupou, lugar de um questionar constante e fundamental, embora surja, neste tipo de discursos, ora silenciado, ora subjugado.
“Depois, o silenciar o feminino ressurge numa forma inquietante, o silenciado é algo que está sempre prestes a emergir. O masculino, aquele que ordenaria e subjugaria o feminino, impondo-lhe várias leis e reivindicando e conquistando os seus produtos, remeteu-o para o duplo lugar da exclusão e do indizível, enquanto, por outro lado, ele permanece no lugar do imanente e do inacessível.”
Um segundo pressuposto seria o da leitura do próprio psiquismo no seio da compreensão psicanalítica. Este pressuposto remete a leitura do feminino para uma questão mais ampla, em que, e mediante a apreensão que a autora tem do humano e de acordo com o seu exercer clínico, feminino e masculino habitariam cada um de nós à luz das identificações, no seio das relações e da intersubjectividade. Desta forma, feminino e masculino separar-se-iam da condição da mulher e da sua correlação à condição do homem. De uma forma directa e concisa, feminino não será mulher e masculino não será homem. Esta leitura requererá uma maior e mais profunda captação de significações, não se prende com uma mera diferença de sexos.
“A diferença de sexos tem sido sempre alvo de caracterização, de classificação, mesmo de hierarquização. (…) De facto, o dizer sobre um sexo está sempre na relação com o outro sexo. Falar de um sexo impõe sempre colocá-lo perante o outro sexo. Há uma inevitável e incontornável reciprocidade entre os sexos. Só que temos de saber o que nesta reciprocidade sabemos sobre o específico de cada um dos sexos, ou se só sabemos da relação de um a outro.”
Para não prolongar mais este post, termino deixando a questão em aberto… para um amplo feminino III.
“Será necessário poder afirmar-se uma especificidade para além desta reciprocidade, na busca de uma identidade.”
“… uns afirmam uma natureza leviana e instável, mesmo violenta, que contém em si o germe e a essência da desordem e da discórdia, que exigiria a sua inscrição numa lei-ordem que teria de lhe ser imposta de fora; outros proclamam uma natureza sagrada, fértil e fertilizante, mas a precisar de ser conduzida e dominada por ser perigosa; outros, referem a natureza já dominada, masoquista e submissa; por fim, outros inquietam-se porque teria uma natureza enigmática.”
Ainda dentro desde pressuposto, a autora frisa o inevitável lugar que o feminino sempre ocupou, lugar de um questionar constante e fundamental, embora surja, neste tipo de discursos, ora silenciado, ora subjugado.
“Depois, o silenciar o feminino ressurge numa forma inquietante, o silenciado é algo que está sempre prestes a emergir. O masculino, aquele que ordenaria e subjugaria o feminino, impondo-lhe várias leis e reivindicando e conquistando os seus produtos, remeteu-o para o duplo lugar da exclusão e do indizível, enquanto, por outro lado, ele permanece no lugar do imanente e do inacessível.”
Um segundo pressuposto seria o da leitura do próprio psiquismo no seio da compreensão psicanalítica. Este pressuposto remete a leitura do feminino para uma questão mais ampla, em que, e mediante a apreensão que a autora tem do humano e de acordo com o seu exercer clínico, feminino e masculino habitariam cada um de nós à luz das identificações, no seio das relações e da intersubjectividade. Desta forma, feminino e masculino separar-se-iam da condição da mulher e da sua correlação à condição do homem. De uma forma directa e concisa, feminino não será mulher e masculino não será homem. Esta leitura requererá uma maior e mais profunda captação de significações, não se prende com uma mera diferença de sexos.
“A diferença de sexos tem sido sempre alvo de caracterização, de classificação, mesmo de hierarquização. (…) De facto, o dizer sobre um sexo está sempre na relação com o outro sexo. Falar de um sexo impõe sempre colocá-lo perante o outro sexo. Há uma inevitável e incontornável reciprocidade entre os sexos. Só que temos de saber o que nesta reciprocidade sabemos sobre o específico de cada um dos sexos, ou se só sabemos da relação de um a outro.”
Para não prolongar mais este post, termino deixando a questão em aberto… para um amplo feminino III.
“Será necessário poder afirmar-se uma especificidade para além desta reciprocidade, na busca de uma identidade.”
1 comentário:
Ora cá está o excerto contextualizado!! Eh..
Agora sou eu a deixar um olá.
Gosto de a ver 'postar'..
Beijos ;)
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