quinta-feira, abril 12, 2007
AS falas do corpo
Saíu recentemente na Karnac um livro de Brian Broom, um conhecido psicoterapeuta e médico neo-zelandês (“Meaningfull disease”). As questões que ele levanta são da maior actualidade e vieram ao encontro de muitas das minhas prreocupações com os pacientes que, como nós dizemos, somatizam. Isto é, o corpo fala pela mente, quando a mente não consegue pensar e elaborar os conflitos e angústias: falta de ar, dores de barriga, problemas de pele, asmas, enxaquecas, dores de costas, etc, etc. O Dr. Broom acha que os psicólogos e psicoterapeutas se sentem pouco à vontade quando o paciente fala destes sintomas e remetem a pessoa para um médico, sem chegar a ouvi-la e a explorar com ela o que a aflige. Não está aqui em causa, obviamente, que seja errado sugerir uma consulta médica, mas sim o receio e o embaraço que por vezes nós temos de aprofundar com o paciente as questões do corpo. Como se o corpo fosse algo distinto da mente, uma coisa muito física e com a qual nós temos pouco a ver. Serão heranças do platonismo e do dualismo mente/corpo? Será uma defesa nossa contra as questões corporais, consideradas porventura como demasiado “físicas”? São questões que o Dr. Broom levanta e que me parecem muito importantes, especialmente quando cada vez noto mais um aumento de problemas relacionados com a somatização.
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2 comentários:
Era bom que todos estivéssemos atentos ao modelo Biopsicossocial, de modo a abandonar a ideia errada de que corpo e mente são duas entidades separadas. É que a realidade é só uma - não se pode dividir o indivisível.
Aproveito para lembrar que as pessoas que mutilam os seus corpos físicos com tatuagens, piercings e outras formas selvagens, estão a ser vítimas das suas próprias mentes em conflito, o respeito pela integridade dos nossos corpos é una, quem de nós pega num prego e faz bonitos desenhos no seu carrinho querido? ou quem corta e recorta o seu fatinho de ocasião? diz-se "vou ao médico 1 vez por ano", todos vão ao médico de família 1 x por ano para que lhe vejam o corpo de fora, quando é que começam a ir ao psicanalista para dar uma "olhadela" ao corpo de dentro? quando a boca disser algo e o corpo reagir contrariamente então há que visitar o psicanalista ( fumadores e bebedores e toda a gente "portadora" de vícios destruidores da vida física e psicológica ). É bem verdade que o corpo pede-nos outro comportamento e dá-nos as dicas todas, estamos surdos para nós próprios e nem podemos ajudar os nossos médicos, afinal onde pára a nossa inteligência?
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