quarta-feira, março 05, 2008

Sobre a Solidão, o Amor e as suas Questões…


“A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflecte. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre”.


As palavras de Vinicius de Moraes, reflectem a solidão de quem vive com uma “armadura” que impede o sentir das emoções, fechando-se sobre si próprio, aprisionado na sua “torre”, numa protecção que desprotege.
Ao reler as suas palavras, penso em como os nossos medos nos podem confundir… as “armaduras” poderão tornar-se incómodas e constrangedoras… poderão ficar muito apertadas e sufocantes… poderão agora tornar-se mais pesadas… difíceis de as despir e guardar… correremos o “risco”?
Não será o maior “risco” da existência humana a relação de amor? E não será também a que mais distorce a realidade? E haverá “risco” maior do que o de não o correr?
Não será por tudo o que nos provoca (agradável e desagradável) que, apesar de não a conseguirmos explicar, continuamos a vive-la?
Quando penso nas relações de amor, várias questões me surgem, muitas sem resposta… talvez por isso… se continua tanto a escrever sobre elas… e talvez por isso queira partilhá-las convosco… talvez saibam mais algumas do que eu…

3 comentários:

Eliana Vilaça disse...

Olá Marta, são mesmo muitas as questões, não tenho respostas, mas ao ler o que escreveste pensei que muitas vezes as nossas armaduras são mais para nos protegermos de nós mesmos do que dos outros.

Fechamo-nos em nós quase para nos impedirmos de expõr as nossas fragilidades, ou para nos impedirmos de amar de forma tão intensa que nos perdemos no outro, etc.

Podemos ainda pensar na armadura defensiva como um casulo, do qual só saímos quando estivermos preparados para enfrentar as adversidades (e intensidades) do amor ;)
Até lá ficamos a arrumar e fortalecer a casa interna para o próximo amor que a vier desarrumar... lol

maria inês disse...

Olá Marta, e Eliana
Faço minhas as vossas palavras, de facto as questões parecem não ter fim, e ainda bem.

"Podemos ainda pensar na armadura defensiva como um casulo, do qual só saímos quando estivermos preparados para enfrentar as adversidades (e intensidades) do amor ;)
Até lá ficamos a arrumar e fortalecer a casa interna para o próximo amor que a vier desarrumar..."

Parece-me uma visão bem positiva, em que temos a possibilidade de pôr fim a essa armadura defensiva, sem nos envolvermos numa espiral da qual, corríamos o risco, de não mais sair. Há "esperança";)

Cleopatra disse...

Porque será que a palvra Amor nos sugere de imediato ódio?

As relações de amor são de doação, de partilha no incio, quando um acieta o outro como ele é, ou como não sabe que ele é.
De súbito um desequilibra a relação e o Amor dá lugar ao conflito, ao medir forças, ao ódio muitas vezes.
Mas um ódio dorido pela impossibilidade ou pela teimosia de não amar.

Muitas vezes... acho que o que existe nas relações de amor , por falhas, fragilidades ou fraquezas , é um medir de forças inexplicável e irracional...mais nada.

Um não querer percebert o outro. Um não querer ver nem sentir o que o outro está a sentir. Um egoísmo doentio...E um braço de ferro que não leva a lado nenhum...

A questão da armadura fez-me lembrar " O Cavaleiro da Armadura enferrujada" Alguém já leu??