Estava ontem a ler uma entrevista com Guta Moura Guedes no i, em que ela se refere ao design como uma forma de flexibilidade cognitiva, isto é, passo a citar, "a capacidade que temos de reformular um núcleo de conhecimento que aprendemos num determinado contexto para o utilizarmos num contexto diferente. Esta é uma das características mais fascinantes do cérebro humano e também está na base do design".
Nunca tinha pensado no design assim, porventura por ignorância, mas faz todo o sentido. A flexibilidade, em termos psíquicos, é também uma competência emocional que nos permite re-utilizar recursos emocionais e de conhecimento em diversas situações.
Sem nos tornarmos contorcionistas, ou vira-casacas, é importante sermos capazes de enfrentar situações novas sem uma dose exagerada de angústia, e sobretudo mantermos a capacidade para saber reconhecer as oportunidades de crescimento pessoal e de transformação. A mudança traz sempre alguma ansiedade, mas pode ser uma ocasião, mais do que uma coisa necessariamente má. Em tempos de mudança rápida e de convulsões sociais - a elevada taxa de desemprego é já por si uma convulsão do sistema, porventura artificialmente adiada mas sem dúvida gravosa - é importante, parece-me, mantermos uma perspectiva construtiva.
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