Uma empresa norte-americana dedica-se a produzir bonecos que correspondam o mais fielmente possível ao desenho da criança.
É uma ideia um pouco perturbante - poderão ler mais aqui.
http://www.childsown.com/
Entre a fantasia e o concreto é suposto existir um território indefinível - o da brincadeira.
E agora?
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6 comentários:
Percebo a dúvida e a perplexidade, mas não será esta, afinal,uma versão moderna das antigas bonecas de trapos ou da vassoura que fazia a vez do cavalo?
JM
Há teorias que afirmam que a criança para crescer precisa de "jogar" (brincar) para trás e para diante num espaço entre a fantasia e o real.
Ao concretizar-se, tornar-se real, o sonho - ou o pesadelo - a duvida que se me coloca tem a ver com esse espaço de crescimento.
Além de que nao tenho nada a certeza de que em criança quisesse dormir com um peluche desenhado por mim! V tem? Então se fosse um coelho destes, ainda menos... Tem ar de ter saído de um pesadelo. :)))
Queria dizer outra coisa: a vassoura em vez do cavalo é um bom exemplo daquilo que nao acontece ese caso. Quando a criança usa uma vassoura a fingir que monta num cavalo esta justamente a brincar nesse tal espaço entre a fantasia e o real, fingindo para ela e para os outros que a vassoura é um cavalo. Ela pode imaginar um cavalo em vez da vassoura. Aqui é o contrario: o imaginado passa a real.
Sem dúvida que é através da fantasia, seja no desenho ou no brincar, que a criança expressa e (desejavelmente) transforma o que vai no seu interior. Daí que estes sejam os principais instrumentos utilizados na psicologia infantil.
Se alguns destes desenhos simbolizam uma fantasia "cor de rosa", mais serena, outros espelham certamente os medos, os monstros que perturbam a criança. Concordo que esta transformação no real, de certa forma personifica estes medos, dando ideia que os mesmos podem sair do papel, o que pode ser assustador. Também me parece que, nalguns casos, poderia ser utilizado, não como companhia para dormir, mas como monstro a derrotar, elaborando e transformando o que representa. Mas tal pode ser feito a partir do papel, mais estático e por isso menos ameaçador.
Sim, também achei pouco 'atraentes' aqueles bonecos...
Mas eu sou adulto, não sei se uma criança não os acharia atraentes e até relaxantes... Um peluche desenhado por si, Dra Clara, poderia ser (quem sabe?) um sucesso :))
O que pretendi referir foi a transição do abstracto (ou simbólico) para o concreto. A vassoura simboliza o cavalo, aqueles desenhos simbolizam para quem os desenha uma 'coisa' concreta que a criança pretendeu representar através de traços que nos parecem toscos, mas que ela identifica com a tal 'coisa'.
Admito (mas não sei) que a materialização do desenho em algo palpável, a 3 dimensões, possa criar um laço forte entre aquele boneco e a criança, sem lhe retirar a dimensão do jogo e do sonho.
Um pouco à semelhança do fascínio pelo 'mistério' do Pai Natal, que não desaparece pelo facto de haver um, de carne e osso, em cada centro comercial :))
Em relação ao comentário da Dra Alexandra, que também me pareceu muito interessante, atrevo-me a fazer a seguinte observação: será que aquelas crianças estão a desenhar monstros que as assustam? Não poderão estar apenas a (tentar) desenhar bonecos que as atraem e com quem brincam no seu imaginário?
Provavelmente, seria interessante vermos as reacções de cada uma dessas crianças no momento em que, pela 1ª vez, são confrontadas com o seu desenho materializado num boneco :)
JM
Conheço uma empresa que acaba de nascer em Portugal com o conceito idêntico ao que a Dra. Clara Pracana referiu e efectivamente, nunca me tinha apercebido que tal "transformação para o real" pudesse ser tão assustador no Mundo Interno Infantil... É realmente um assunto que deveria levantar um debate... Nós, passaremos a questionarmo-nos e a ser cautelosos face a tal transformação... E se pedirmos para a criança desenhar o boneco dos seus sonhos? Mesmo neste caso, o seu sonho, pode ter partes do pesadelo, certo? Realmente, deixou-me a pensar... Obrigado por todas as partilhas aqui na Salpicos! o º o O º o º o
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