segunda-feira, julho 20, 2015

Algumas orientações práticas sobre o funcionamento da psicoterapia psicanalítica



O papel de um psicoterapeuta é ajudar quem o procura a lidar com as suas emoções mais difíceis e a organizar o pensamento, sempre no sentido de se encontrarem conjuntamente formas mais adaptativas de lidar com as dificuldades pessoais, reduzir angústias e insatisfações nas diferentes áreas da vida, e promover a autonomia.

O psicoterapeuta respeita e promove a autonomia e a identidade individuais e procura ajudar a própria pessoa a encontrar dentro de si as respostas que procura para os problemas que a afligem, que comprometem as suas relações e os seus objetivos de vida. 

À medida que o "falar" se desenrola em sessão o psicoterapeuta constrói e aplica intervenções que procuram conter a ansiedade e transforma-la em coisas positivas; pôr a pessoa a pensar; oferecer novos pontos de vista; identificar padrões de funcionamento por detrás de dificuldades pessoais e relacionais; construir uma "aliança terapêutica"; ajudar na regulação das emoções e da autoestima; trabalhar resistências internas, etc..

O psicoterapeuta é alguém com vastos conhecimentos, experiência pessoal e experiência clínica na área do desenvolvimento psicológico e da personalidade, normal e patológico, e das funções e princípios mentais universais (por exemplo, o facto da mente não ter capacidade para se curar sozinha dos efeitos de situações traumáticas ou particularmente adversas, sobretudo quando acontecem durante a infância, o que tende a resultar na formação de sintomas e psicopatologia ao longo da vida). É especialista no entendimento do porquê o ser humano sofre, como muda e em que circunstâncias.

É com estas ferramentas que o psicoterapeuta trabalha ao nível da reabilitação e/ou construção de recursos internos que permitem romper amarras e quebrar circunstâncias internas (e de vida) aprisionantes que tornam a vida mais difícil de ser vivida.

-- Qual o papel do paciente? --

Falar livremente

Quanto mais livremente conseguir falar das suas preocupações ou daquilo que lhe vai surgindo durante a sessão, melhor. Pode falar sobre as suas preocupações, pensamentos, sentimentos, angustias, medos, desejos, necessidades, ideias, valores, etc, tudo o que achar importante. Se à medida que fala lhe surgirem, por exemplo, outras ideias em paralelo, determinadas emoções, alguma memória ou flash, procure falar sobre isso, ainda que lhe pareçam aspetos estranhos, desadequados ou irrelevantes no momento.

Poder falar da dificuldade em falar

Se sentir dificuldade em falar sobre algo específico pode tentar falar sobre essa dificuldade específica, de modo a que você e o seu psicoterapeuta se possam debruçar sobre essa mesma dificuldade, bem como o que se encontra por detrás da mesma.

Falar sobre os sonhos

Caso dê consigo sem nada para dizer, pode tentar falar dos seus sonhos. Os sonhos são recursos precisos que nos dão informações importantíssimas e profundas sobre nós, muitas vezes quando sentimos que nada se está a passar ao nível consciente.

Falar sobre o que se passa na psicoterapia e em relação ao psicoterapeuta

Tanto ou mais importante que falar das suas preocupações é poder falar abertamente do que vai sentindo em relação à psicoterapia e em relação ao próprio psicoterapeuta. É importante falar sobre algum aspeto que lhe causa incómodo no consultório onde decorre a sessão, ou, por exemplo, sobre um eventual (repentino ou gradual) sentimento de que há algo no terapeuta, a sua forma de estar, a sua forma de olhar ou o seu tom de voz, por exemplo, que parece ser igual a alguém próximo de si ou que marcou o seu passado, como por exemplo, o seu pai. Poder falar sobre estes paralelos é fundamental.

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