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quarta-feira, abril 16, 2014

Provas científicas e validade do EMDR


Muitas pessoas já ouviram falar do EMDR como método ou abordagem integrativa psicoterapêutica que promete resultados, ou pelo menos uma maior eficácia, na ultrapassagem de uma variedade de situações traumáticas. Nestas se incluem as experiências relacionadas com a guerra, as situações de abuso sexual e/ou físico ou de negligência na infância, desastres naturais, assalto ou ataque, traumas cirúrgicos e de diagnóstico de doenças crónicas, acidentes de viação e de trabalho. Dos traumas grandes aos traumas pequenos, ou vice-versa, abrangendo as situações cuja perturbadora vivência deixou na nossa mente/corpo uma espécie de caixa de ressonância (aglomerado de memórias, imagens, emoções e sensações) muito sensível a tudo aquilo que consciente ou inconscientemente toca nos seus gatilhos.

Assim, pode acontecer que uma experiência negativa intensa vivida há muitos anos, por vezes está recalcada e foi esquecida, possa continuar a produzir efeitos que abalam a qualidade de vida e o bem estar de uma pessoa, sem que esta consiga conscientemente produzir uma ligação entre a situação original e a situação desencadeante, que justifique as suas reações - por exemplo, impulsividade exagerada ou intempestividade, perda de auto-controlo, ataque de ansiedade, stress, fuga e medo irracionais. Muito se tem avançado nas últimas décadas no campo das neurociências mas ainda nos é algo difícil compreender como se estabelecem no cérebro estes processos, e como se desencadeiam reações desproporcionadas e desadaptadas  que podem, entre muitos outros efeitos,  limitar a qualidade das interacções com os outros e afectar a auto-estima.

O EMDR, enquadrado e aplicado por psicoterapeutas, não é uma moda, é um tratamento psicológico que apesar da sua recência já possui um corpo teórico e prático bastante consistente e um conjunto de evidências científicas que o validam, reflexo da investigação acumulada, que fazem com que esta abordagem psicoterapêutica seja considerada um tratamento eficaz e internacionalmente recomendado para as perturbações de stress pós-traumático(PSPT).  Um já vasto conjunto de organizações recomendam o EMDR nas suas  orientações práticas de métodos de tratamento para o PSPT, onde se incluem a Organização Mundial de Saúde (2013), a Associação Psiquiátrica Americana (em 2004 e 2010), o Departmento dos Assuntos de Veteranos e pelo Departamento de Defesa dos EUA (em 2010), a Sociedade Internacional de Estudos de Stress Traumático  (em 2009), o National Institute for Clinical Excellence do Reino Unido (em 2005) e outras organizações pelo mundo fora, incluindo a maioria das Associações de Psicólogos e de Psiquiatras.

Com um nome pouco apelativo, a meu ver, o EMDR é todavia uma terapia poderosa que produz resultados surpreendentes e que vale a pena conhecer.

Abaixo seguem os links para uma entrevista dada pela Dr. Francine Shapiro (criadora do EMDR, e fundadora do EMDR INSTITUTE) ao New York Times (2012):



e para um outro artigo (Dr. James Alexander) que documenta a perspectiva neurológica do EMDR:



Isabel Botelho
Psicóloga-Psicoterapeuta-Executive Coach