sábado, novembro 10, 2007

Entrar

Sentir que tudo nada é foi será sentir que nada tudo é foi. Talvez um dia possa entrar na casa com chão precário e mexer nos papéis e nas fotos que espalham e espelham a confusão de dentro.
Quem serão estas caras, estes sonhos, estes olhos, estaria frio? Frio como este que junta o corpo, faz encolher, existir pouco, para que pouco tenha frio. Ou juntar tudo que resta e ser menos, e mais quente. Papéis velhos de tanto estarem a respirar e ser pó e peso, e lixo, e coisas que querem ser lidas e vistas, e sentir que nada é foi será sentir que nada tudo é foi. Dói.
Fotografias, momentos maiores que o tempo, momentos no momento maior do tempo, que tempos, momentos, medem-se no sentir. Que nada foi é dói, tudo, nada será sentir que foi. Dói.
Entrar na sala com o chão precário, com chão que existe entre o ser ainda chão e não ser mais chão. Sentir que nada será sempre, tudo foi sempre, nada é foi. Nunca será.
Talvez quando o chão cair seja mais seguro. Dói como quando só se sente, sem poder dizer.

5 comentários:

Tiago Barata disse...

Minha filha, isto que tu dizes pode ser muito psicológico... Agora, em psicologia (não sei se sabes, pelos vistos não) também se usa o português... Por isso em vez de andares a "mergulhar" na psicologia, tenta ler primeiro um DICIONARIOZINHO de língua portuguesa. Os leitores agradecem.

Obrigado pela atenção.

ali_se disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ali_se disse...

Passei por aqui e relativamente a este texto poético, é pois difícil de ler como está!
Mas basta a autora fazer as respectivas quebras em parágrafos, para todo o texto nos dar de imediato, o lindíssimo sentido poético que possui. Ex.:

Sentir que tudo
Nada é
Foi
Será sentir que nada
Tudo é
Foi
Talvez um dia
Possa entrar na casa com chão precário
E mexer nos papéis e nas fotos
Que espalham e espelham a confusão de dentro.
Quem serão estas caras
Estes sonhos, estes olhos
Estaria frio?
Frio como este que junta o corpo
Faz encolher
Existir pouco
Para que pouco tenha frio.
Ou juntar tudo que resta
E ser menos
E mais quente.
...

(continuar)


Cumprimentos
Alice

Helena Velho disse...

Fico estupefacta( e não preciso de ir ver ao Dicionarizinho! para escrever!) com a sensibilidade "saloia" de doutos leitores.
Nunca ouviram falar, nunca leram ou nunca pensaram que liberdade poética é um exercício de direito e/ou necessidade intrínseca do(a) autor(a)?
Certamente não teriam capacidade intelectual ou até física para lerem um livro todo escrito em minúsculas ou sem pontuação..mas para serem sarcásticos e tentarem o insulto fácil, ah! para isso congeminam todas as vossas capacidades!

Helena Velho disse...

errata:

onde se lê Dicionarizinho deverá ler-se Dicionariozinho!