Pedras que se perdem. Perde-se nos passos que a perseguem. Pedras que a seguem na paciência de uma calçada.
Pedras que se perdem, e perdas que se ganham, que se pisam num chão que não respira.
Pisa e pensa quem a terá seguido no caminho que faz perdida de medo e sonho, num chão que não respira.
‘Não tenho coração’.
Perde-se e perde todos nos labirintos que constrói para que nada a possa alcançar.
Perde o sentido das pedras, perdas que pisa para nunca chegar a lado nenhum.
O vento leva-a, coloca-a, mergulha-a no que não sabe de sentido.
‘Não tenho coração’.
Tem um muro que se constrói num espaço esquecido de paredes e pedras que a protegem e perde-se de si.
Sombras que se revelam na luz ténue de tudo que se apaga.
Pisa perdas, pedras que a confundem, caminha na paciência das calçadas que constrói.
Olha à volta. Chão, pés descalços de frio e sujo. Um atrás do outro, ou o primeiro na frente do segundo.
Não vai a lado nenhum, num chão que não respira, que não ousa pisar.
Pensa como pisa. Pisa como pensa. Descalça, quase nada. Muros que envolvem o coração que não tem.
Perde-se nas pedras que perdem sentido.
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2 comentários:
Lindíssimo!
Este poema evocou-me aqueles momentos tantas vezes partilhados em que a dor de não conseguir chegar é ainda assim menor do que a fantasia da dor de tentar e poder não conseguir. Por isso não se vai, fica-se em lado nenhum, na ausência de sentido...
Gostava de ler mais...
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