Winnicott, no
artigo intitulado A capacidade de estar
só (1958), demonstra a importância da criança ser capaz de estar só, mesmo
na presença da mãe. Esta conceptualização paradoxal, mostra-nos o quão importante
é para a criança estar consigo mesma e desenvolver as suas actividades –
enquanto a mãe desempenha outras funções, não focadas na criança. Isto acontece
porque ambas – criança e mãe – estão unidas por uma confiança básica recíproca.
Segundo este
autor, a capacidade de estar só traduz um grau de maturidade para o qual se
tende.
Porém, antes
de atingir esta capacidade, dá-se o tumultuoso percurso da própria existência –
uma evolução que se expressa pela angústia de estar só, pela solidão do desencanto
amoroso ou pelo medo da morte.
A solidão
significa a presença omnipotente e ameaçadora de um objecto interno maligno,
que contamina o espaço interno do sujeito.
A capacidade
de estar só permite admitir dentro de cada um, um espaço interno, no qual somos,
simultaneamente, espectadores e agentes, porque conservamos um bom objecto
interno – ultrapassadas que foram as angústias primordiais.
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