#1
À Inês Mega e ao Rui leitores deste blog salpicos e a quem desde já agradeço os comentários sobre o post A VIDA DEPOIS DA VIDA, comunicar que a resposta à vossa solicitação de bibliografia já foi feita e pode ser encontrada na sequência dos vossos comentários.
#2
Destino: Maastricht, Países Baixos (vulgo Holanda)
País flat, o que em linguagem de surfista significa mar chão, sem ondas, sem irregularidades. Porém este é apenas o conteúdo manifesto de um país que no seu mundo interno é cheio de controvérsias, arrojos e formas diferentes de viver. Paisagem literalmente verde água (ou talvez seja melhor dizer verde com água) que nos abraça o espírito e acalma o corpo dorido de tanto caminhar. É um boculismo que para uns é reforçado por visitas às coffee shop, com os seus cheiros e fumos agridoces e que para outros abre as portas da estranheza e da adrenalina do acesso a substâncias que estão etiquetadas nisso a que se chama super-ego como Proibido. É um país que se ama na sua beleza, na sua diversidade e que se traz para casa no coração.
No extremo sul do país encontra-se Maastricht onde decorreu a 22ª Conferência da EHPS “Health Psychology and Society”. Os abstract das conferências podem ser encontrados em http://www.ehps2007.com/
O programa foi organizado em redor de 16 sub-temas (http://www.ehps2007.com/callforpapers.html ). Uma das conferências apresentadas Understanding Individual Behaviour Change Over Time, por Wayne Velicer da Universidade de Rohde Island, versou sobre aquilo que se designa como Análise Ideográfica. Deixo aqui alguns apontamentos do que é e da sua importância.
É mais frequente ser utilizada nas análises de dados qualitativos particularmente na análise qualitativa de natureza fenomenológica. Na análise Ideográfica (assim chamada porque procura tornar visível a ideia presente no documento qualitativo em análise, podendo para isso lançar mão de ideogramas ou símbolos expressando ideias), o pesquisador procura por unidades de significado, o que faz após várias leituras de cada uma das descrições. As unidades de significado então definidas são recortes julgados significativos pelo pesquisador. Para que as unidades significativas possam ser recortadas, o pesquisador lê os depoimentos à luz de sua interrogação, da sua questão de investigação. Como é impossível analisar um texto inteiro simultaneamente, torna-se necessário dividi-lo em unidades. Estas unidades são representativas do fenómeno pesquisado. Estas unidades de significado são seguidamente agrupadas em categorias que permitem agora o trabalho de generalização, comparação entre sujeitos e a própria análise quantitativa.
A diferença desta conferência é que introduz este método como metodologia de trabalho fundamental em dados quantitativos como por exemplo estudos sobre a adesão às terapêuticas da apneia do sono, da cessação tabágica, entre outros exemplos dados. São dados de raiz quantitativos na sua maioria recolhidas por telemetria (dispositivos electrónicos que registam a evolução ao longo do tempo da variável em estudo). O método ideográfico neste contexto permite acompanhar a mudança do individuo ao longo do tempo. Na maioria das vezes fazemos estudos comparativos entre variáveis independentes e variáveis dependentes. Na análise ideográfica deixa-se pensar no grupo para abordar o individuo. Assim, a cada individuo corresponde um gráfico da evolução da variável ao longo do tempo. Por exemplo, o gráfico do tempo que utilizou a máscara de oxigénio durante a noite no tratamento da apneia do sono ao longo de um determinado período de investigação. Da análise de cada um dos gráficos, é possível fazer uma análise de clusters em que se formam grupos, representado cada um, um padrão de evolução da variável. Seguindo com o mesmo exemplo, forma-se o cluster 1 que representa o grupo de indivíduos que ao longo do tempo diminui a frequência de utilização da máscara. O cluster 2 o grupo de pessoas que mantém a frequência de utilização e o cluster 3 aquelas que a aumentam. A etapa seguinte e fundamental é a investigação de quais as variáveis preditoras da pertença a cada um dos clusters podendo-se assim intervir no sentido da mudança do comportamento. Nestes estudos o mínimo adequado são 40 a 50 momentos de avaliação ao longo do tempo.
À Inês Mega e ao Rui leitores deste blog salpicos e a quem desde já agradeço os comentários sobre o post A VIDA DEPOIS DA VIDA, comunicar que a resposta à vossa solicitação de bibliografia já foi feita e pode ser encontrada na sequência dos vossos comentários.
#2
Destino: Maastricht, Países Baixos (vulgo Holanda)
País flat, o que em linguagem de surfista significa mar chão, sem ondas, sem irregularidades. Porém este é apenas o conteúdo manifesto de um país que no seu mundo interno é cheio de controvérsias, arrojos e formas diferentes de viver. Paisagem literalmente verde água (ou talvez seja melhor dizer verde com água) que nos abraça o espírito e acalma o corpo dorido de tanto caminhar. É um boculismo que para uns é reforçado por visitas às coffee shop, com os seus cheiros e fumos agridoces e que para outros abre as portas da estranheza e da adrenalina do acesso a substâncias que estão etiquetadas nisso a que se chama super-ego como Proibido. É um país que se ama na sua beleza, na sua diversidade e que se traz para casa no coração.
No extremo sul do país encontra-se Maastricht onde decorreu a 22ª Conferência da EHPS “Health Psychology and Society”. Os abstract das conferências podem ser encontrados em http://www.ehps2007.com/
O programa foi organizado em redor de 16 sub-temas (http://www.ehps2007.com/callforpapers.html ). Uma das conferências apresentadas Understanding Individual Behaviour Change Over Time, por Wayne Velicer da Universidade de Rohde Island, versou sobre aquilo que se designa como Análise Ideográfica. Deixo aqui alguns apontamentos do que é e da sua importância.
É mais frequente ser utilizada nas análises de dados qualitativos particularmente na análise qualitativa de natureza fenomenológica. Na análise Ideográfica (assim chamada porque procura tornar visível a ideia presente no documento qualitativo em análise, podendo para isso lançar mão de ideogramas ou símbolos expressando ideias), o pesquisador procura por unidades de significado, o que faz após várias leituras de cada uma das descrições. As unidades de significado então definidas são recortes julgados significativos pelo pesquisador. Para que as unidades significativas possam ser recortadas, o pesquisador lê os depoimentos à luz de sua interrogação, da sua questão de investigação. Como é impossível analisar um texto inteiro simultaneamente, torna-se necessário dividi-lo em unidades. Estas unidades são representativas do fenómeno pesquisado. Estas unidades de significado são seguidamente agrupadas em categorias que permitem agora o trabalho de generalização, comparação entre sujeitos e a própria análise quantitativa.
A diferença desta conferência é que introduz este método como metodologia de trabalho fundamental em dados quantitativos como por exemplo estudos sobre a adesão às terapêuticas da apneia do sono, da cessação tabágica, entre outros exemplos dados. São dados de raiz quantitativos na sua maioria recolhidas por telemetria (dispositivos electrónicos que registam a evolução ao longo do tempo da variável em estudo). O método ideográfico neste contexto permite acompanhar a mudança do individuo ao longo do tempo. Na maioria das vezes fazemos estudos comparativos entre variáveis independentes e variáveis dependentes. Na análise ideográfica deixa-se pensar no grupo para abordar o individuo. Assim, a cada individuo corresponde um gráfico da evolução da variável ao longo do tempo. Por exemplo, o gráfico do tempo que utilizou a máscara de oxigénio durante a noite no tratamento da apneia do sono ao longo de um determinado período de investigação. Da análise de cada um dos gráficos, é possível fazer uma análise de clusters em que se formam grupos, representado cada um, um padrão de evolução da variável. Seguindo com o mesmo exemplo, forma-se o cluster 1 que representa o grupo de indivíduos que ao longo do tempo diminui a frequência de utilização da máscara. O cluster 2 o grupo de pessoas que mantém a frequência de utilização e o cluster 3 aquelas que a aumentam. A etapa seguinte e fundamental é a investigação de quais as variáveis preditoras da pertença a cada um dos clusters podendo-se assim intervir no sentido da mudança do comportamento. Nestes estudos o mínimo adequado são 40 a 50 momentos de avaliação ao longo do tempo.