segunda-feira, abril 27, 2015

||Perturbações de Personalidade|| - Personalidade Ansiosa



A ansiedade é característica transversal da esmagadora maioria dos problemas psicológicos. Perto da fronteira com a psicose, as pessoas com psicologias movidas pela ansiedade tornam-se tão inundadas pelo medo que o funcionamento defensivo em torno da negação e da projeção torna-se central. Nestes casos o diagnóstico de perturbação paranóide de personalidade poderá ser mais adequado.

As pessoas que sofrem de uma perturbação ansiosa de personalidade estão cronicamente conscientes da sua ansiedade já que os esforços defensivos contra essa ansiedade falham na função de manter a apreensividade fora da consciência. Contrariamente ao que acontece nas fobias, onde a ansiedade se liga a determinados objetos ou situações, as pessoas caracterologicamente ansiosas vivem uma ansiedade global e difusa, frequentemente não sabendo o que as assusta.

A ansiedade-sinal (sensações afetivas que nos dizem que certas situações foram perigosas para nós no passado), a ansiedade moral (medo de violação dos próprios valores), a ansiedade de separação (medo da perda das figuras principais de vinculação) e a ansiedade de aniquilação (terror da fragmentação ou da perda do sentido do Eu) todas elas podem ser discerníveis em pessoas que sofram de uma perturbação ansiosa de personalidade. Regra geral, quanto mais grave o nível de organização da pessoa ansiosa, mais provável que a ansiedade de aniquilação domine o quadro clínico.

A fonte da ansiedade caracterológica relaciona-se com a desregulação afetiva e o não desenvolvimento de estratégias internas ou defesas destinados a mitigar os medos normais do desenvolvimento. As pessoas com ansiedade caracterológica referem tipicamente cuidados ansiosos por parte de um cuidador de infância que, devido à sua própria ansiedade, não conseguia acalma-las adequadamente ou transmitir um sentimento de segurança ou apoiar um sentido de controlo/mestria interior das próprias emoções. Aspetos que são posteriormente alvos principais do trabalho em psicoterapia.

Preocupação/tensão central: Segurança/perigo
Afetos centrais: Medo
Crença patogénica característica sobre si próprio(a): Estou em perigo constante por forças desconhecidas
Crença patogénica sobre os outros: Os outros são fontes ou de proteção ou e perigo

 Fonte: PDM - Psychodynamic Diagnostic Manual 

sexta-feira, abril 24, 2015

Sugestão musical para um ótimo e relaxante final de semana...


Um muito bom fim-de-semana para todos os que nos acompanham semanalmente através do nosso blogue e página no Facebook.

Bom fim-de-semana!!!


quarta-feira, abril 22, 2015

O mal de Amar demais



Amar demais em geral é sinónimo de fazer tudo pelo outro. Deixar de dar para si mesmo por amor ao outro. Privar-se, doar-se, entregar-se totalmente e sem reservas, deixar de dizer coisas para não magoar, passar a mão na cabeça para amenizar sofrimentos que a vida traz, diminuir as verdades na tentativa de suavizar dores, engolir sapos e lagartos e tudo isto como sinal de amor, ou pior de amar demais. 
Bem, vamos repensar isto. Amar não é nada disto. Amar é cuidar do outro sim, é estar junto, é apoiar, acompanhar e valorizar o outro, mas em nenhum momento é auto abando. Amar alguém não é obscurecer as verdades e nem passar por cima dos seus princípios, pois isto é falta de amor próprio. E de uma grande inversão de valores.

Amar demais é desvalorizar-se em nome do amor e ficar à espera que, magicamente, o outro o valorize. Será isto possível?
Quem se valoriza é valorizado.
Quem se impõe é respeitado.
E o contrário é verdadeiro na mesma intensidade.
Temos medo do sofrimento e por isso tentamos aplacá-lo para não alcançar quem amamos, contudo isto não ajuda em nada. Ao contrário, só prejudica. Acabamos por criar um mundo fantasioso e irreal. 

Os pais tendem a ser as maiores “vítimas” neste sentido, pois já viveram mais e sabem que a vida é feita de dores e que algumas são bastante intensas. Um desejo imenso que os pais têm é de impedir que seus filhos passem por tais emoções. Contudo, ao tentar privá-los disto, impedem-nos de amadurecer. Pois só se aprende a enfrentar a vida com a verdade, ou seja, encarando a realidade. A cada momento em que os pais tentam amenizar o sofrimento estão a impedir os filhos de desenvolver capacidades de enfrentamento. Não é abrandar a sua dor mas sim estar ao lado para enfrentar junto, não é enfrentar por ele, é ajuda-lo a pensar em alternativas ou quando não houver é chorar e viver a dor em companhia, aliás, que grande aprendizagem é saber que nas horas difíceis temos com quem contar. Os pais esquecem muito facilmente que venceram os seus próprios sofrimentos. Não será isto um indicio de que os filhos também são capazes?
Depois quando os filhos crescem e já não se pode mais protegê-los a dor alcança-os e, neste momento, os filhos percebem o quanto são incapazes de se defender. E o que eles fazem? Voltam-se contra os pais acusando-os como se fossem culpados pelos seus males, pois todo o ódio que sentem projetam-no em quem mais os ama. Injusto não é? Sim, muito!!!  Mas a uma determinada altura eles precisam amadurecer, não há como impedir, só adiar.
Nas relações amorosas o amar demais aparece na forma de fazer tudo pelo outro, aceitar tudo, perdoar tudo, estar sempre disponível e, aqui também, há a expectativa de que o outro o valorize. Quem fica muito à disposição deixa de ser gente para ser visto como objeto. Pode ser um lindo objeto e até bastante necessário, mas não será entendido como alguém com valores e necessidades próprias. Afinal, os objetos não falam. Quem quer ser valorizado, precisa antes de se valorizar. Quem quer ser amado, precisa antes de se amar. E isto não se conquista com discussões ou pedidos mas sim com novas condutas. 
Talvez por isso Jesus tenha deixado dois importantes mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.
Não é possível amar o outro sem nos amarmos a nós mesmos! E aqui cabe uma reflexão muito importante: Como você se ama? Conhece as suas qualidades, tem clareza dos seus princípios, valoriza os seus desejos, lida bem com os seus erros e defeitos? Como cuida de si mesmo? Espera que sejam os outros a satisfazer as suas necessidades? Como se vê em relação aos outros? Demonstra as suas vontades, entendendo-as como dignas de serem valorizadas ou sem importância? Enfim, como se vê a si mesmo?
É como você se ama que determinará como se colocará diante dos outros. 
Amar demais alguém na verdade pode ser um grande sinal de que se ama pouco a si.
  Adaptado do original de Fernanda Rossi
Fernando Mesquita
Psicólogo Clínico
Terapeuta Sexual

segunda-feira, abril 20, 2015

A relação terapêutica: O aspeto mais importante no tratamento da psicose


Um estudo pela Universidade de Manchester e a Universidade de Liverpool que envolveu 300 pessoas que sofriam de psicose determinou que independentemente da técnica terapêutica utilizada é a relação terapêutica (relação que se cria entre o paciente e o terapeuta, sobre a qual este último é responsável) que em ultima análise determina a melhoria ou agravamento do bem estar.

Foram comparadas as terapias cognitivo-comportamental e familiar com tratamentos menos
estruturados como o aconselhamento de apoio ou a atitude amistosa para com o paciente. Com frequência os pacientes que receberam a abordagem menos estruturada beneficiaram de igual forma em comparação com aqueles que receberam apoio mais estruturado.

Os pacientes de ambos os grupos demonstraram melhorias muito mais sigificativas que aqueles que apenas receberam medicação e os cuidados habituais.

O estudo debruçou-se sobre a análise do efeito da "aliança terapêutica", ou da relação de confiança entre o paciente e o terapêuta. O estudo conclui que quando a aliança é boa há um impacto positivo na melhoria do bem estar, todavia quando a aliança não é boa o tratamento pode mesmo ser prejudicial.

As implicações desta realidade apontam no sentido de que manter um paciente em tratamento quando a relção não é boa não é algo apropriado.

As psicoterapias são eficazes desde que exista confiança, objetivos partilhados e respeito mútuo entre paciente e terapêuta.

Este é um estudo que parece ser congruente com algo que a psicanálise e as psicoterapias psicanalíticas defendem há muito tempo e que faz parte destas formas de psicoterapia, ou seja, aquilo que realmente é importante numa dada intervenção psicológica é a preocupação e o envolvimento do terapêuta com o paciente, no sentido de um bem querer e interesse genuino em ajudar que vão construindo uma relação de confiança mútua, onde acontecem as transformações.

Fonte: http://www.sciencedaily.com/releases/2015/04/150410083508.htm

sexta-feira, abril 17, 2015

Depressividade e Psicoterapia (II)

Olá, o meu nome é Patrícia e eu tenho 27anos...

Eu sei que o que vou perguntar talvez nem vá obter resposta por vossa parte mas eu sinto-me com a autoestima demasiado em baixo e não me sinto bem comigo mesma porque eu não sei se preciso de apoio psicológico, de apenas medicação, ou ate mesmo outra alternativa.

A minha dúvida é esta: eu sempre que gosto de alguém amorosamente, eu deixo de gostar de mim e passo a viver em função daquela pessoa, faço tudo para a agradar e depois sempre que o amor por parte da outra pessoa acaba, eu sofro pois não sei lidar com a perda dela de tal modo que chego a humilhar-me e sentir que culpa é sempre minha por não ter resultado mais uma vez.

Este sentimento leva-me a tal sofrimento que eu tenho dias que choro consecutivamente durante dias seguidos sendo que posso depois andar sem chorar uma semana mas depois esse pesadelo volta, não tenho vontade de fazer nada, refugiu-me, rebaixo-me a essa pessoa mesmo sabendo que o melhor para mim é não dizer nada e me afastar, mesmo sabendo que corro risco de ela me tratar mal e mesmo que ela o faça, eu perdoo pois sinto que a falta que ela me faz é maior que o sofrimento que ela me causou por momentos... 

Eu sinto que não estou bem mas não sei bem que tipo de tratamento devo procurar para que seja mais eficaz, porque chego a ter dias que penso que se morresse não fazia falta a ninguém... 

Basicamente não tenho amigos porque "abdico" deles quando estou em um relacionamento o que torna as coisas mais complicadas para mim. Eu sinto-me "perdida" sem saber o que fazer ou pensar... 

Ajudem-me por favor com uma opinião. Obrigada

-- A nossa resposta --

Olá Patrícia, muito obrigado pelo seu contacto.

Li atentamente tudo o que escreveu e penso compreender um pouco o que está a passar e o que se passa dentro de si. 

Na sua mensagem há muitos pontos que remetem para uma mesma angústia. Quando diz "se morresse não fazia falta a ninguém" é como se de facto estivesse a tocar no âmago do problema. Não é à toa que no início da sua mensagem diz sentir que provavelmente até nem iria receber resposta à sua mensagem...

Na sua mensagem descreve um sentimento profundamente angustiante, o sentimento de não ser importante para ninguém. Fico a pensar que talvez em determinados momentos nas suas relações também acabe por sentir-se mais insegura em relação ao afeto que a outra pessoa tem por si, ou dê consigo a preocupar-se com persistência sobre a possibilidade de deixar de ser importante para a outra pessoa (deixar de ser amada) e a relação poder terminar... 
 
De algum modo esse medo/angústia tende a estar particularmente relacionado com a tendência à auto-anulação (por assim dizer) nas relações, com o tentar "com unhas e dentes" garantir o interesse e o amor da outra pessoa. Os sentimentos que descreve e a descrição que faz de como vive as suas relações, ainda que sejam descrições sucintas, são de facto aspetos clinicamente característicos da depressão. Ou mais concretamente da depressividade, já que pelo que consigo apurar, a Patrícia parece descrever um pouco sentimentos persistentes e um padrão de funcionamento mais geral nas suas relações onde surge um anulamento de si perante o outro, uma tendência a afastar todas as outras relações menos aquela específica e parece reagir às perdas pela auto-culpabilização e auto-inferiorização, portanto, pela depressão.

Na nossa vida, quando perdemos pessoas importantes para nós (por rejeição amorosa por exemplo), isso coloca em marcha um processo interno de luto. Contudo quando esse luto é substituído por uma auto-culpabilização e auto-inferiorização então estamos no território da depressão, ou luto patológico. No luto a pessoa culpa o outro, na depressão culpa-se a si mesma.

A depressividade é também um problema relacionado com a dificuldade em expressar e defletir a agressividade... 

Na depressividade a luta interna trava-se contra o medo da perda do amor da outra pessoa, uma angústia que é trazida para as relações ou ativada na relação após o seu início (imediatamente ou passado algum tempo). Ou seja, é uma angústia que existe já na própria pessoa, e que pré-existe à relação, mas que se ativa nela e quando isso acontece acaba muitas vezes (de forma intermitente ou contínua) por tomar as rédeas da relação, de forma mais intensa ou mais subtil. Os ciúmes intensos são marca deste medo quando adota proporções intoleráveis.
 
A auto-anulação nas relações (que se liga à baixa autoestima) no interesse de por vezes proteger e garantir o amor da outra pessoa pode muitas vezes ter o efeito exatamente oposto, de levar a outra pessoa a perder o apreço por quem por ela se anula. Imagine-se por exemplo que alguém gosta tanto de outra pessoa que se sacrifica sistematicamente por ela, que durante as discussões cede aos argumentos e em certas alturas até se deixa de alguma forma abusar (não se conseguindo zangar, por medo de que isso resulte na perda da pessoa amada). A dada altura a outra pessoa poderá começar a sentir que aquela pessoa que diz e reivindica que a ama e faria tudo por ela parece ter de facto muito pouca consideração por si mesma, deixando-se abusar, não se dando ao respeito ou se valorizando. Gradualmente o apreço ou estima por essa pessoa (pela pessoa que se anula) pode começar a diminuir, podendo até o amor transformar-se em pena (ou num amor mais materno, cuidador, próprio de uma mãe que cuida de uma criança mais desamparada ou incapaz de se proteger ou defender). 

Não é por acaso que se diz "se eu não gostar de mim, quem gostará?". Nós, seres humanos, amamos/estimamos quem se ama/estima, quem se dá ao respeito e quem não se deixa abusar. Nas relações amorosas gostamos de estar associados a quem se estima (q.b.), a quem se respeita e isso tem um papel importante em atrair e manter o nosso amor por essa pessoa. Assim, pode acontecer que na tentativa de lutar contra o medo da perda do amor da outra pessoa pela auto-anulação, inconscientemente isso acabe por ter um efeito contrário, de afastar a pessoa. Posteriormente isso pode mesmo reforçar o medo e tal pode levar a uma ainda maior anulação, e assim sucessivamente. 
Todos nós temos períodos ao longo da vida em que nos vamos a baixo, precisamos de maior apoio, sentimo-nos mais inseguros em algum momento das nossas vidas, deprimimos, e isso é normal ao longo da vida. No entanto a persistência sentimentos negativos e certos funcionamentos nas relações que as levam sempre ao mesmos desfechos já será algo mais desadaptativo, que diminui as hipóteses de as coisas poderem resultar positivamente no futuro.

Algumas vezes (ou em simultâneo) estas dinâmicas na depressividade estão relacionadas com sentimentos e padrões de relação que pertencem a um passado precoce, que mesmo que não seja recordado por memória tradicional (imagens mentais), é recordado pela memória afetiva (repetição ao longo da vida - sem ligação aparente ou consciente com situações passadas - de certos sentimentos e padrões nas relações). O intuito inconsciente no presente é o de corrigir o padrão da relação gravada internamente e os sentimentos mais dolorosos (e carências), mas quando tudo isto emerge na relação, resulta sempre na repetição de mais do mesmo e aos habituais desfechos.

A partir das poucas informações que a Patrícia partilhou esta é apenas uma resposta muito geral, que aborda aspetos típicos do funcionamento psíquico e relacional na depressividade. Mas o importante é mesmo que a Patrícia possa falar com um psicólogo clínico (de preferência pós-graduado e com especialização em psicoterapia por alguma sociedade científica) e fazer uma entrevista de avaliação e diagnóstico. A psicoterapia pode ajuda-la a entender-se melhor a si mesma e às suas relações, bem como a resolver e/ou diminuir a angústia e tristeza, o sentimento de ser pouco interessante/importante para os outros, o medo da perda do amor dos namorados, a tendência em anular-se nas relações, a dificuldade em lidar com as perdas efetivas, a dificuldade em poder zangar-se (em lidar com a agressividade), os sentimentos de culpabilidade e inferiorização excessivos (agressividade dirigida para dentro de si) e a sua autoestima. 

Espero de alguma forma ter conseguido dar-lhe alguma orientação... 
Os dados pessoais dos envolvidos foram alterados de modo a proteger a privacidade dos mesmos.

quarta-feira, abril 15, 2015

Depressividade e Psicoterapia (I)



A modificação da estrutura de personalidade é um trabalho árduo e complexo. Mudar as estruturas psicológicas que são a base do estar e do agir na vida, da forma como determinada pessoa ao longo da sua vida foi sentindo a sua realidade, as suas relações, os outros à sua volta e a si mesma, é um trabalho longo pois não se está a trabalhar uma doença (o que a pessoa têm) mas sim a personalidade de uma pessoa (o que a pessoa é). 

Alguém que procura ajuda para resolver a sua estrutura de personalidade depressiva têm meio percurso percorrido na direção da transformação caso consiga encontrar um terapeuta dedicado, disponível, que consegue colocar-se no lugar de quem procura tratar, que se interessa sobretudo por quem procura tratar e não só pela patologia que essa pessoa traz. Um terapeuta que consegue perceber bem e "ecoar" os sentimentos daquela pessoa que está à sua frente, e demonstrar que entende as formas como ela tende a agir e a reagir na sua vida e nas suas relações quando as suas emoções se tornam mais difíceis. É esse o caminho para que se desenvolva uma verdadeira cumplicidade e confiança na relação terapêutica, através do bem-querer de um terapeuta dedicado e capaz de motivar. Para a depressividade este encontro é crítico. 

O trabalho sobre a relação que se desenvolve com o psicoterapeuta é importante, pois através de tal dissolvem-se as figuras criticas, culpabilizantes e inferiorizantes internalizadas do passado (a voz interior que diz "tu não és capaz", "não vales nada"). O trabalho sobre a confiança nas próprias capacidades (ou desenvolvimento dessa confiança) é vital, bem como o trabalho no sentido de ajudar a pessoa a criar, encontrar e manter na sua vida outras relações tão boas ou melhores que aquela desenvolvida na psicoterapia. Essas relações vão desempenhar um papel fundamental ao longo da vida, sobretudo para quem trás um historial de depressão.

Entre outros aspetos destaca-se também a necessidade da pessoa se sintonizar e trilhar um caminho bem de sucessos ao longo da vida, realidade que também incorpora o trabalho da psicoterapia e relaciona-se com a área da gestão da autoestima ao longo da vida.

Na realidade não existe uma patologia "pura" senão enquanto entidade teórica ou clinica definida, ou o que lemos nos livros. A maioria das pessoas são bem mais complexas que uma descrição nosológica de uma perturbação de personalidade, e é isso que deve ser tomado em consideração acima de tudo. A depressividade pode mesmo ser a última etapa a trabalhar numa determinada psicoterapia, quer porque só se torna acessível ao tratamento (ou evidente para a própria pessoa) após muitas outras questões (ou outras perturbações) terem sido trabalhadas. Outras vezes a depressividade é trabalhada transversalmente. 

Tudo isto é valido particularmente para o caso da psicoterapia psicanalítica.

A medicação pode ser importante de modo a gerir episódios mais graves de depressão, servindo enquanto suporte por vezes muito importante durante uma psicoterapia. A psiquiatria não é incompatível com a psicoterapia, antes pelo contrário. Tendencialmente os psicoterapeutas têm formação de base em psiquiatria ou psicologia clínica e a medicação tem um papel importante em muitas situações cuja gestão dos sintomas transcende a capacidade da psicoterapia de os conter (no inicio da psicoterapia, em determinados momentos da psicoterapia que colocam a pessoa em contacto com certas angústias mais difíceis até então "escondidas", ou por outros motivos).