A confiança constrói-se com base na honestidade, e deteriora na presença da desonestidade. A confiança pode ser quebrada e mesmo traída, contudo, desde que certas situações possam ser discutidas abertamente e com honestidade, a confiança pode, em muitas circunstâncias, ser restabelecida.
Honestidade não significa revelarmos tudo o que pensamos e sentimos a alguém, mesmo o nosso companheiro ou companheira. Podemos sempre optar por manter algo confidencial porque prometemos a alguém que o faríamos, ou porque não nos sentimos confortáveis em partilhar a informação, ou apenas porque queremos guarda-la para nós próprios.
Podemos até ser vagos caso não queiramos responder a perguntas detalhadas de alguém. Mas é muito importante não mentir sobre um determinado assunto. Podemos até dizer "Essa informação foi-me transmitida em confidência, portanto não pode ser partilhada." É preferível reter informação que dar informação imprecisa.
Por vezes a atitude de retenção de informação pode mesmo informar a outra parte sobre assuntos que não queremos discutir, ao passo que dar informações erradas pode facilmente gerar confusão e algumas vezes induzir um sentimento de incómodo e inquietude por não termos recebido a verdade sobre determinada situação. Quando mentimos (ou intencionamos mentir) a nossa ansiedade tende a aumentar, pelo que as nossas atitudes e comportamentos também se alteram. Existem um sem número de sinais que emitimos e percebemos nos outros quando proferimos ou recebemos uma falsa informação. Ainda que clinicamente existam quadros psicopatológicos que podem facilmente levar a um incómodo e a uma inquietude desadequada, de um modo geral a nossa sensibilidade, os ritmos das nossas relações, o conhecimento aprofundado sobre a outra pessoa e também a nossa própria experiência de vida tendem a ser indicadores fiéis e não patológicos que acabam por nos dizer quando algo não está bem.
As pessoas geralmente confiam na honestidade alheia, até ao momento em que descobrem atitudes desonestas. Após essa violação, torna-se muito difícil saber quando a outra pessoa voltara à ser desonesta, o que acaba por ser uma realidade prejudicial para qualquer relação, e uma golpe nas relações que é difícil de reparar.
É normal cometermos erros ao longo da vida, sentirmo-nos envergonhados ou com receio de magoar outras pessoas. É adequado sermos capazes de falar das nossas intenções e de como eventualmente não fomos capazes de as cumprir, ou de como certas situações contribuíram para uma mudança de intenções. Isso não é desonestidade. Podermos ser abertos e discutir questões mais sensíveis é uma atitude que protege os interesses da outra pessoa e mantêm o respeito por ela e pela relação com ela.
A verdade é de tal ordem importante para nós que uma das linhas orientadoras de uma das mais proeminentes correntes da psicologia psicanalítica postula que a verdade é o alimento da mente e a mentira (e os seus derivados) é tóxica para a mente.
Nós, seres humanos, somos de facto muitas vezes capazes de discriminar quando alguém está a ser desonesto connosco, quando existe algo que não nos está a ser dito, ou quando alguém procura convencer-nos de algo e/ou convencer-se a si mesmo(a) da sua eficácia em convencer. Ficam algumas dicas dos especialistas em comportamentos que, de um modo geral, nos remetem para a possibilidade de estarmos perante alguma desonestidade:
- Alteração brusca do comportamento e da voz (em relação ao padrão habitual)
- Tendência à referência indireta ao próprio, ou na terceira pessoa, evitando ou restringindo o uso do pronome pessoal "Eu"
- Ter resposta preparada para tudo, o que advém de um discurso pré-preparado que se torna fácil de perceber pois se afasta de um discurso habitual e espontâneo
- Sinais de inquietude e/ou realização de ações repetitivas e aleatórias, aparentemente desnecessárias (limpar, sentar e levantar, etc.)
- Proclamar repetidamente a honestidade: "Para dizer a verdade..."; "Sendo perfeitamente honesto(a)..."
Outros sinais incluem ainda:
- Mudança rápida da posição da cabeça
- Alteração na respiração
- Permanecer muito quieto(a)
- Repetição de palavras e frases
- Discurso demasiado informativo
- Toque ou cobertura da boca
- Proteção instintiva de partes do corpo mais vulneráveis
- Breve deslizar dos sapatos no chão
- Dificuldade em falar
- Olhar fixamente sem pestanejar
- Tendência a apontar com o dedo