terça-feira, junho 05, 2007

Procura de sensações.


Procura de sensações é o “traço” que descreve a tendência para procurar sensações novas, variadas, complexas e intensas, e a vontade de aceitar os riscos que podem acarretar. (Zuckerman, 1994)

Quantos de nós vivemos na ânsia de algo novo, intenso e satisfatório?

É interessante ver como os desportos radicais vão no sentido de fornecer essas sensações novas, variadas, complexas e intensas.

Mas na verdade o que procuram as pessoas?
Será que procuram simplesmente descargas de adrenalina?
Ou será que procuram viver o momento sem ter a habitual corrente de pensamentos automáticos que por vezes tanto nos perturba?

No fundo quem pratica desportos de alto risco tem que “está lá” na sua totalidade, senão corre o risco de se desconcentrar… com tudo o que isso pode acarretar para o praticante.
As palavras de António Variações descrevem bem o oposto quando só queremos estar onde não estamos, só queremos ir onde não fomos!

Será que a nossa procura de sensações não “apenas” querer um estado “zen” onde estamos centrados no local e na acção do momento?

8 comentários:

Teresa disse...

Nunca pratiquei desportos radicais (nem me parece que algum dia o venha a fazer) mas pratiquei durante alguns anos (interrompidos à outros tantos) e “apaixonadamente” sky de neve.

Posso afirmar convictamente que foram as férias que mais me souberam SEMPRE a férias, exactamente no sentido da alienação de tudo o resto e na focalização da actividade em si, da concentração e ao mesmo tempo da sensação de liberdade. Mas sobretudo de um enorme prazer, à medida que ia dominando a descida das pistas com mais segurança e maior velocidade.

Fiquei com saudades!
... e anseio lá voltar!

Jorge disse...

Eu acho que sim. É que estas "peak experiences" (Maslow) fazem com que nos sintamos em uníssono com a realidade e a tarefa.
Para mim são altamente viciantes, é o que eu entendo por "transcender".

Pedro Correia Santos disse...

Olá Teresa!

Partilho inteiramente a sua descrição das sensações do Sky de neve.

Mas devo dizer que o Sky de neve foi dos primeiros despostos radicais... talvés por ser dos primeiros já não lhe chamem radical!!

Olá Jorge!

De facto estar "in the Zone" é do melhor... é 100% natural e é legal.

Ao contrário do que dizem, que tudo o que é bom, ou é imoral, ou ilegal... ou então engorda!!

Saudações e obrigado pelos comentários

Miguel Fabiana disse...

Caro Pedro,

Tornei-me ex-jogador de Rugby aos 22 anos por causa de uma lesão na coluna e hoje aos 39 gosto muito de caça submarina (é mais mergulho do que andar a aborrecer os peixes com a minha falta de pontaria), faço BTT, perco-me frequentemente nas serras Lusitanas por teimosia (caminhadas sem auxilio de GPS), subo e desco por cordas naquilo a que se chama de escalada, gosto de me ausentar do reboliço das cidades fazendo bivaque longe da civilização e mesmo assim não me acho radical. Se quiser aceitar a minha explicação quando ando neste desassossego é “apenas” na procura de um estado “zen” onde estou centrados na acção do momento - como quando faço meditação!

Pedro Correia Santos disse...

Viva Miguel!

Gosto do seu percurso desportivo, mas gosto ainda mais do estado "zen" que retira da meditação. (que eu ás vezes também tento fazer)

Afinal a meditação acaba por ser um estado de atenção ao interior e ao exterior... o problema é a maioria das pessoas está totalmente virada para o exeterior!

Obrigado pelo comentário!

Miguel Fabiana disse...

Viva Pedro,

Há um post aqui, do João Guerreiro que diz "...Contudo é justamente a prevalecente ideologia do sucesso e da eficiência que impede a muitos indivíduos o acesso ao próprio Eu; sendo que a adaptação às normas sociais, induzida pela pressão educacional atrofia a vitalidade, a criatividade e a capacidade de amar. Tamanha perda gera dependência e submissão...". Este fim de semana estive nos Picos da Europa, no norte de Espanha, a fazer bivaque "a solo", ie, eu na companhia de mim mesmo, rodeado pelos Bosques selvagens e intocados que existem nesta reserva natural da região da Cantábria. Quando confrontados com força da natureza e as gentes que nesta região são puros e nada "civilizados", pouco nos serve os "exeteriores", para garatirmos o nosso regresso à civilização. Radical é estar perante uma mãe javali a proteger os seus 4 bácoros e as únicas "paixões" ou sensações que existem naquele momento são: ou "alguém desiste" do confronto ou nenhum dos dois (a mãe Javali e eu) sai dali em bom estado - a mãe Javali hesitou, desistiu e fugiu atrás dos seus bácoros; passei o resto da tarde em estado Zen, dentro de um lago quase gelado que uma cascata com mais 30 metros de altura, construiu nos últimos séculos - nunca senti frio e mesmo assim suava... Hoje voltei à gravata!

Cumprimentos,
Miguel Fabiana

Miguel Fabiana disse...

Caro Pedro,

Pretendo clarificar o meu último comentário. Quando escrevi "exeteriores" foi pensando que o Pedro quando se referia a exeterior estava a conceptualizar uma espécie de (corpo) exo-esqueleto-do-Ser e não como um erro de teclado (exeterior em vez de exterior). Quando escreveu "exeterior" em vez de "exterior", a que se referia o Pedro?

Pedro Correia Santos disse...

Viva Miguel!

Está bem visto o erro de escrita. Em vez de exeterior , deveria estar exterior.

Em caso de dúvida em respostas posteriores pode assumir um erro de escrita da minha parte... a pressa e a dislexia são responsáveis por isso.

Saudações
Pedro