Eis que a azáfama das compras escolares terminou. As grandes superfícies já não estão cheias de famílias a escolher dossiers, estojos, mochilas.
Normalmente esta é uma fase apreciada pelos alunos, que anseiam voltar à escola, os dois meses e meio de férias já se tinha tornado aborrecidos; mas e para aqueles que a escola é sentida como ameaçadora, desorganizante, não pelas aulas, pelas aprendizagens, mas pelo espaço de convivência?
Aquele friozinho na barriga, natural depois de um largo período de ausência, transforma-se em algo mais complexo e começa a aumentar para uma dor mais aguda, os intestinos começam a funcionar em demasia, algumas náuseas são sentidas, dores de cabeça, cansaço, tiques que se agravam, gaguejo que se descontrola…
Tudo isto acontece porque existe um momento de provação emocional, de começar de novo. A escola, como espaço de convivência, favorece o reencontro, as amizades, os grupinhos, mas quando os jovens não se sentem integrados neste ou naquele grupo tudo se complica. É partir da estaca zero, é o arranjar forças para se tentar integrar, ou pelo menos para não se sentir demasiado excluído. O esforço para não cometer nenhum erro, falha, gafe para que não seja gozado e abra caminho para um percurso desgastante, pautado por sucessivas gozações, impera. É o tentar fazer “aliança” com alguns dos colegas para que se sinta mais apoiado, é o tentar passar o mais despercebido para não se sentir posto à prova. É o deambular de um lado para o outro nos intervalos (aliás altura mais temida) na tentativa de arranjar alguma entretenha, pois o receio de chegar ao pé dos outros colegas é tanto que mais vale estar só e esperar pelo toque (esse salvador)...
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