"As recentes palavras de meu pai sobre o meu incompleto nascimento ecoavam em mim. E me veio à mente que eu era o culpado da minha própria orfandade. Minha mãe morrera não porque tivesse deixado de viver, mas porque havia separado o seu corpo do meu. Todo nascimento é uma exclusão, uma mutilação. Fosse vontade minha e eu ainda seria parte do seu corpo, o mesmo sangue nos banharia. Diz-se "parto". Pois seria mais acertado dizer "partida". E eu queria corrigir aquela partida."
Jerusalém - Mia Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário