quarta-feira, março 20, 2013

"AMOUR": UMA HISTÓRIA DE AMOR OU DE HORROR?


George e Anne são um casal que se vê confrontado com a invasão do inesperado. Anne sofre um AVC que a leva a um rápido declínio físico e à demência. George mantém-se junto da mulher e mãe dos seus filhos, assumindo o seu cuidado e contrariando o desejo de morrer, manifestado através de palavras e atos nos momentos de maior lucidez.

“Amour” confronta-nos com uma série de situações reais: o envelhecimento, a doença, o declínio, a dependência, a solidão, o isolamento, a depressão, a perda de dignidade, a morte. Ao abordar estes temas, aborda, provavelmente, os maiores fantasmas do ser humano. Por este motivo, a par com a admiração pela persistência e amor de George, provoca-nos um nó no estômago por nos obrigar a pensar no que procuramos manter distante de nós.

Os seniores irão provavelmente terminar o filme em silêncio, pela angústia de um quadro que pode aproximar-se a uma velocidade imprevisível. Os adultos mais jovens antecipam a morte dos seus pais ou dos seus avós e, até mesmo, a sua própria morte. “Amour” confronta-nos com a finitude, sem a paz com que a maior parte de nós gostaria de a encarar.

“Amour” é uma história de amor que nos horroriza pela crueza com que nos apresenta a realidade e nos leva, pouco subtilmente, à polémica da eutanásia. O final é entendido por uns como um ato de amor e, por outros, como um ato de raiva. 

4 comentários:

Anónimo disse...

Como é que se perde dignidade?
Os bebés têm dignidade ou nascem com ela?

A dignidade está na existência ou na memória dela. Um velho a vegetar ligado à máquina tem tanta dignidade quanto um feto abortado.

Anónimo disse...

*os bebés ADQUIREM dignidade

Alexandra Barros disse...

Agradecemos o seu contributo para as nossas reflexões. De facto, quando falamos em "perda de dignidade" não nos referimos aos olhos do outro. Concordamos que em qualquer situação, a dignidade se mantém. Mas será que o próprio, na situação de total dependência do cuidado do outro, se sente igualmente digno?

João Ferreira disse...

Obrigado Alexandra por este post tão aberto e incentivante ao diálogo. Efetivamente também me sinto complelido a dizer qualquer coisa sobre este filme que também vi mas não gostei muito. Para mim foi sobretudo uma história de horror. Horror não só pela história trágica mas principalmente pela expressão tão difícil e tortuosa da forma de amar representada pelo casal protagonista. Deixo aqui mais uma opinião pessoal. Obrigado