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quarta-feira, dezembro 11, 2013

A esperança e o desenvolvimento psicológico dos nossos filhos



A child’s vision transforms a series of obstacles into limitless opportunities for fun
Lopez, Rose, Robinson, Marques, & Pais-Ribeiro, 2009

Há muitos, muitos anos que a esperança está na sabedoria do povo, como nos confirma o provérbio “a esperança é a última a morrer”.
Muito recentemente a psicologia também a adoptou.
Nesta nova perspectiva podemos entendê-la como pensamento centrado nos objectivos.
Se a esperança tem sido de um modo geral relacionada com um desenvolvimento humano positivo tem sido também relacionada com o ajustamento na infância.   
Podemos entender facilmente este efeito protector se pensarmos que a esperança influencia o desenvolvimento de comportamentos e atitudes positivos que influenciam a forma como a criança lida e responde às situações.
Felizmente, a literatura deixa-nos esperança… é que a esperança pode ser conquistada e desenvolvida, nomeadamente, quando somos expostos a acontecimentos difíceis (Barros, 2003).
Mas como desenvolver esperança nas nossas crianças? Aqui ficam algumas dicas:
1. Ajude o seu filho a definir objectivos internos claros e específicos;
2. Apoie-o na definição de pequenos passos que o ajudem à concretização destes objectivos;
3. Não se esqueça que os adultos devem e podem servir de modelos para que a criança desenvolva um discurso interno que mantenha a iniciativa mesmo na presença de obstáculos ou insucessos.

Se ajudar o seu filho a desenvolver este pensamento vai ajudá-lo a ter um sentimento de controlo e de responsabilização pela sua vida, tão importante para a sua felicidade!

Por Mélanie Dinis, Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta na Psicronos
Departamento da Infância- Delegação de Leiria
21 314 53 09 | 91 831 02 08
geral@psicronos.pt

sábado, novembro 03, 2012

O desejo e o medo da mudança

A mudança mete sempre medo. O homem é, até certo ponto, um animal de hábitos, mas é também um ser pensante e que tem necessidade de progredir. Aqueles que se propõem mudar vão certamente deparar-se com frustrações e dificuldades. A mudança exige confronto com os nossos medos e ansiedades, exige sair-se da zona de conforto e arriscar. Muitas pessoas queixam-se e dizem: "tenho de mudar". Mas, com mais queixa ou menos queixa, verifica-se que estão instaladas nas suas rotinas e hábitos adquiridos, como se fosse preferível um mal-estar conhecido ao risco do desconhecido.

É frequente as pessoas dizerem que querem mudar mas terem tanto medo que todos os pretextos servem para adiar e não tomar decisões.

A mudança, quando desejada, traz consigo perdas mas traz também outras coisas melhores. A mudança faz parte da trindade esperança+mudança+progresso, como se vê na imagem abaixo.

 

quarta-feira, julho 18, 2012

Esperança no futuro




Na última edição de 'Janela discreta', na Antena 1 - que pode ouvir na íntegra em http://www.rtp.pt/programa/radio/p5257/c87543 -, Carlos Amaral Dias à conversa com Margarida Mercês de Mello parte da reflexão acerca da anestesia e dor, a propósito de um livro recentemente lançado sobre o tema, afirmando:


“Crescer dar dor, não crescer dá dor (do ponto de vista mental). Agora escolha a dor que quer”.

A tendência para nos anestesiarmos do mundo ou, por outras palavras, para nos alienarmos, encontra suporte numa "sociedade química ou fármaco-excessiva", que favorece a fantasia de tudo ser resolúvel através do consumo de substâncias. 

I know that is only rock’n roll but I like it (Rolling Stones).


No plano identitário dos portugueses, e dando como exemplo alguns acontecimentos recentes, para Amaral Dias é evidente a maior resignação dos portugueses, comparativamente aos espanhóis ou aos gregos.


Guerra Junqueiro, há mais de um século falava assim de Portugal e dos portugueses:


  •  "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
  • Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
  • (...)
  • Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
          (Guerra Junqueiro, 1896)


E a resignação, que não promove o crescimento ou a mudança, é muito diferente da esperança. Muitas coisas estão a mudar no nosso tempo, visível e invisivelmente, mais lenta ou aceleradamente, como é o caso da sociedade de consumo e da abundância.
“a esperança é absolutamente fundamental para que  nós tenhamos a possibilidade de organizar a relação com os nossos desejos e o tempo necessário à realização dos nossos desejos." 
"do ponto de vista  mental enquanto há esperança é que há vida", e não vice-versa, como nos diz o provérbio.
Por outro lado, se "o futuro deve manter a capacidade de dar-nos esperança",  acrescento, somos nós que precisamos de desenvolver a capacidade de ter esperança no futuro, reflectindo e intervindo, manifestando-nos e apontando novas possibilidades, correndo o risco de não ser o 'português suave' ou o menino bem comportado da Europa.
 
 

sábado, abril 30, 2011

SERÀ POSSÍVEL CONCILIAR O TRABALHO COM OS OBJECTIVOS PESSOAIS?

(Photo: comh.ca)

Estou neste momento a preparar uma longa aula no âmbito da Psicologia das Organizações, por sugestão da nossa colega Tânia Paias, que todos conhecem como a nossa especialista em bullying, e deparei-me com uma questão quase básica, mas que passará também certamente pela cabeça de muitos de nós. E que não é, afinal, tão básica como isso, porque envolve uma série de factores.
A questão, posta muito simplesmente, é esta: é possível conciliar os interesses da empresa ou organização para a qual trabalhamos e os nossos? Às vezes os conflitos e o mau ambiente são tais que até parece que não. Mas numa organização verdadeiramente funcional é possível.
Uso o termo "organização funcional" por paralelismo com a família funcional.
Como explicou muito bem o psicanalista inglês Donald Meltzer, são (ou deveriam ser) funções da família conter as ansiedades da criança, ensinar a tolerar a frustração, facilitar a aprendizagem e a socialização, promover a esperança.
E como é promover a esperança numa organização, em que somos (e devemos ser tratados como tal) adultos e não crianças?
Promover a esperança é um papel do líder. Este deverá suscitar o envolvimento dos colaboradores na definição dos objectivos, de forma que as pessoas se identiquem com eles e se sintam parte de um todo. Os objectivos devem ser claros, moderadamente difíceis, mas exequíveis. As prioridades devem ser claras e devem existir planos de contigência. A determinação e a persistência são sem dúvida qualidades na vida e na profissão, mas o líder deve também propiciar a redefinição de objectivos se tal se justificar (a teimosia cega e a falsa esperança prejudicam o bom desempenho e cria uma frustração excessiva).
Só numa organização funcional, parece-me, será possível que as pessoas cresçam como pessoas e como profissionais e retirem satisfação do trabalho. Colaboradores que gostam do que fazem e estão emocionalmente investidos, são a melhor garantia de desempenho tanto deles como da organização para que trabalham.