sábado, junho 29, 2013

Projecto "Pai e Mãe na gravidez" - Um projeto que merece atenção






Atendendo à elevada taxa de depressões pós parto sinalizadas na comunidade, surge a necessidade de desenvolver estratégias inovadoras que permitam combater esta realidade. Dados da investigação apontam para que homens que se envolvem activamente na gravidez e no nascimento do filho reforçam a sua auto-estima, bem como a estima pelas companheiras e sentem-se mais vinculados aos seus bebés. Por sua vez, as grávidas com companheiros envolvidos sofrem menos sintomatologia depressiva na gravidez, menos complicações físicas, menor necessidade de medicação no parto e menor incidência de depressão pós-parto
Neste sentido - preventivo e não só -, estou a desenvolver o seguinte projecto:
Acompanhamentos a Grávidas e aos respectivos pais dos bebés, durante os quais, ao longo da gestação (antes, durante e após) serão abordadas as questões da gravidez sobre a óptica e a vivência maternas e paternas, sensibilizando este último para a importância do seu papel activo e interventivo na promoção da saúde mental da mãe e do bebé.
Neste sentido, o presente projecto poderá ter dois formatos de acompanhamento:
(1) acompanhamento a Grávidas e aos respectivos pais dos bebés (sendo este mais direccionado aos pais), e um outro formato, complementar - caso os casais assim o decidam/queiram -, na forma de um (2) acompanhamento individual e direccionado apenas às grávidas.
De notar que é ainda, e apenas, um ponto de partida para eventuais acompanhamentos, podendo, obviamente, sofrer posteriores alterações...! 

Os "serviços de que disponho" serão então:

- Rastreios à depressão na Grávida:
- Acompanhamentos Psicoterapêuticos: Grupos terapêuticos de Pais e Mães e/ou Grupos de Grávidas e/ou Acompanhamento individual às Grávidas e ao casal;

- Massagem Infantil - massagem para bebés onde mãe e pai massajam o seu bebé;

- Workshops variados a este nível, com vários temas abordados: Adaptações à gravidez; Aleitamento materno; Desenvolvimento fetal; Massagem Infantil; Grupos de avós; O que é ser pai num mundo de mães?; Nascimento Humano; Antropologia do parto; Sexualidade na gravidez; Infertilidades; Perdas perinatais/Luto de um filho; entre outros (com a colaboração da Dra. Lúcia Paulino);

- Books Fotográficos (em colaboração com um fotógrafo);

- Eventualmente, em alguns casos, poderemos fazer domicílios.
Se posteriormente souberem de alguém que esteja interessado neste tipo de acompanhamento e/ou formação, agradeço imenso, caso encaminhem para mim!

O meu obrigada a todos!
Eva Coelho
Página de Facebook: "Gravidíssimos"

segunda-feira, junho 24, 2013

HIPERATIVIDADE: UM DIAGNÓSTICO FÁCIL?


O diagnóstico de PHDA não é fácil, pois não existem marcadores biológicos exclusivos, nem instrumentos de avaliação específicos. Por outro lado existem vários fatores que podem levar a confundir sintomas “hiperativos” com a problemática propriamente dita, nomeadamente:
  • A variedade de condições emocionais e do desenvolvimento com características semelhantes;
  • O facto de crianças com PHDA terem muitas vezes um desempenho normativo durante a avaliação psicológica, por se tratar de um ambiente novo, individualizado e controlado por um adulto, para além de serem solicitadas tarefas curtas, variadas e estimulantes. Ao contrário do que é muitas vezes comunicado, a hiperatividade pode não estar presente em todos os contextos. Ter a criança colaborante e focada durante a avaliação psicológica não é critério de exclusão.

As informações devem ser obtidas primordialmente a partir de relatórios dos pais, professores, médicos e técnicos de saúde escolar e mental envolvidos, sendo também essencial averiguar quaisquer causas alternativas, bem como a coexistência de outras condições emocionais ou comportamentais (depressão, ansiedade, oposição, perturbação do comportamento), de desenvolvimento (aprendizagem, linguagem ou outros distúrbios do neurodesenvolvimento), e física (tiques, apneia do sono). Deve-se, portanto, fazer uma recolha abrangente de informações sobre o comportamento da criança em casa, com amigos, sobre o desempenho académico e intelectual, e sobre o desenvolvimento e o funcionamento emocional. Será ainda essencial recolher a história sobre a família alargada e as relações familiares, tendo em conta que existe uma significativa carga hereditária.

São amplamente conhecidos alguns questionários que são preenchidos pelos pais e pelos professores, que embora, só por si, não tenham um valor diagnóstico, permitem uma descrição do comportamento quotidiano.

É importante ainda ter em conta o impacto da agitação comportamental e das dificuldades de atenção nas atividades diárias; a ausência de um défice académico e/ou relacional decorrente dos sintomas exclui o diagnóstico de PHDA. Por outro lado, qualitativamente, deve ter-se em conta que os sintomas de hiperatividade devem ter tido início antes dos 3 anos. Uma criança que era calma e fica muito agitada aos 8 anos ou outra que começa a revelar sinais de desatenção aos 10 anos não terão PHDA, mas sim outro quadro que importará esclarecer. Aliás, é frequente os pais de crianças hiperativas dizerem “ele/a é assim desde que começou a andar” e desde cedo tiveram dificuldades em realizar algumas atividades sociais, como ir a um restaurante ou a casa de amigos.

Dada a hipótese cada vez mais sustentada de que a PHDA se enquadra num défice das funções executivas, mediadas pelo funcionamento frontal e pré-frontal, será importante a avaliação do planeamento, da flexibilidade cognitiva e da inibição da resposta, para além da atenção, da sustentação do esforço e da memória de trabalho. Será importante incluir na avaliação algumas tarefas mais monótonas, repetitivas e prolongadas, às quais os sujeitos com PHDA serão mais sensíveis.

A resposta ao título desta publicação será “Não, o diagnóstico não é fácil”. Requer uma investigação exaustiva, avaliação especializada e observação atenta e compreensiva, que implica uma articulação estreita entre pais, professores, psicólogo/neuropsicólogo e neuropediatra. Parece, no entanto, ter-se tornado num diagnóstico fácil para pais impacientes, professores desgastados e profissionais de saúde assoberbados. Não é possível fazer um diagnóstico em consultas de 10 minutos de regularidade mensal (na melhor das hipóteses).


É muitas vezes no contexto da intervenção terapêutica que o diagnóstico é esclarecido. Muitas problemáticas com sintomas semelhantes melhoram apenas com psicoterapia e aconselhamento parental, enquanto que a PHDA requer também, na maior parte das vezes, intervenção medicamentosa. Abordaremos a polémica questão da medicação nas próximas semanas.

segunda-feira, junho 17, 2013

HIPERATIVIDADE: QUANDO O DIRETOR ADORMECE

A neurofisiologia e neuropsicologia da PHDA continuam a ser amplamente estudadas, através de técnicas como a Ressonância Magnética, a Ressonância Magnética Funcional, a Magnetoencefalografia e a corrente sanguínea cerebral. Têm sido encontradas, de forma consistente, várias alterações estruturais e funcionais, essencialmente ao nível do funcionamento pré-frontal:

  • Metabolismo mais baixo nas regiões pré-frontais em tarefas de sustentação da atenção;
  • Anomalias nas áreas corticais frontais direitas, nos gânglios da base (particularmente no núcleo caudado), no corpo caloso e no cerebelo;
  • Volume cerebral mais reduzido, menor volume de substância branca global e parieto-occipital posterior;
  • Padrões atípicos do fluxo sanguíneo cerebral, especificamente em áreas corticais pré-frontais, durante o período de repouso;
  • Fluxo sanguíneo diminuído no córtex pré-frontal lateral direito, em ambas as áreas orbitais do córtex pré-frontal e no cerebelo;
  • Aumento do fluxo em regiões corticais posteriores, como o córtex parietal superior e o córtex parieto-occipital esquerdo.

Em síntese, parece existir um distúrbio de hipofrontalidade (baixa ativação do córtex pré-frontal), que envolve também estruturas subcorticais, especificamente os gânglios basais e o cerebelo.

Trocando por miúdos, o córtex pré-frontal é uma espécie de “comando cerebral”, que regula a ação e inibe ou desinibe determinadas respostas. O que se passa na PHDA é que este comando parece estar adormecido, falhando na inibição dos impulsos (daí a agitação). O vídeo que se segue traz-nos uma representação interessante do que se passa no cérebro de um indivíduo com PHDA, como se fosse um filme sem diretor:


Uma vez que os lobos frontais são as últimas áreas do cérebro a desenvolver-se completamente, os sintomas hiperativos poderão ser, em parte, devidos a um atraso maturativo no desenvolvimento dos mecanismos inibitórios. Por outro lado, alterações do funcionamento pré-frontal estão também envolvidas em grande parte dos quadros psicopatológicos. Assim, é importante esclarecer se se trata de uma agitação própria de uma mente e de um corpo ainda pouco amadurecidos, de alterações da saúde mental ou de PHDA propriamente dita.

Continuaremos a desenvolver o tema para que possamos aprofundar estas diferenças.

domingo, junho 09, 2013

Vertigens e medo das alturas

O medo das alturas é bastante comum e é frequentemente acompanhado de outro tipo de fobias. A psicanálise considera que as fobias são por um lado um excesso de ansiedade, e por outro uma forma de defesa contra angústias mais primitivas. O medo das alturas é muitas acompanhado por algum fascínio pelo perigo.

No cinema, o filme de Alfred Hitchcock, "Vértigo" é uma ilustração perturbadora e fascinante deste tipo de problemática. Foi considerado recentemente O Melhor Filme de Sempre e quem já o viu percebe porquê.

No filme,James Stewart é um ex-polícia que tem medo das alturas. Sofre de vertigem e de uma particular atracção para situações (e mulheres) perigosas.

Eu também acho que é o melhor filme de sempre (para um psicanalista é uma delícia, mas já adorava o filme antes de o ser). As fotografias que se seguem, do site buzzfeed, não têm a ver com o filme (excepto uma), mas com o medo das alturas e das escadas vertiginosas. Agarrem-se ao corrimão.

http://www.buzzfeed.com/peggy/staircases-that-will-give-you-instant-vertigo?utm_source=Triggermail&utm_medium=email&utm_term=Buzzfeed&utm_campaign=BuzzFeed%20Today%20v2.2

 

sexta-feira, junho 07, 2013

Procura Activa de Emprego


No passado dia 6 a Junta de Freguesia da Graça efectuou um Workshop sobre Gestão de Ansiedade em Entrevistas de Emprego.

Esta acção contou com 15 participantes e teve como facilitador Pedro Santos, psicoterapeuta na Psicronos.  
O principal objectivo desta acção foi, dar a conhecer quais são os mecanismos da ansiedade e como cada um dos participantes pode lidar com a ansiedade. Os participantes aprenderam a efectuar relaxamento muscular, para controlar a ansiedade somática, e aprenderam a fazer registo de pensamentos automáticos que levam a ansiedade cognitiva. Ficaram com a noção que podem controlar a sua ansiedade somática e cognitiva utilizando estas técnicas e que o controlo emocional é sempre importante em várias situações de procura activa de trabalho.

Um enorme agradecimento á Dr.ª Eliana Vilaça pelo trabalho desenvolvido neste projecto.

segunda-feira, junho 03, 2013

HIPERATIVIDADE: INCAPACIDADE OU INCONSISTÊNCIA?

A PHDA tem uma base essencialmente neuropsicológica e os factores genéticos conjugam-se com as experiências do indivíduo no seu meio ambiente, moldando o seu comportamento e a forma como enfrenta e se integra na vida em sociedade.

Envolve distúrbios na atenção, na auto-regulação, no nível de atividade e no controlo do impulso, sendo cada vez mais encarada como uma constelação de sintomas que interage de forma complexa com o ambiente, dificultando a criação de testes de diagnóstico. Por outro lado, existem poucos critérios desenvolvimentais exclusivos e não existem marcadores específicos para o seu diagnóstico. A PHDA parece distinguir-se de outras condições psiquiátricas e desenvolvimentais devido à intensidade, persistência e constelação de sintomas. De certa forma, a PHDA reflete um exagero do comportamento normal, seja por demasia ou insuficiência do que é esperado em certos contextos, pelo que desde muito cedo os indivíduos se debatem com a gestão dos impulsos, o controlo do movimento, a sustentação da atenção, e a auto-disciplina do comportamento.

Apesar da grande ênfase colocada nos sintomas da desatenção e da excessiva atividade como défices centrais, a literatura emergente aponta para um défice nas funções executivas, nomeadamente na auto-regulação. A dificuldade não está em prestar atenção, mas em prestar atenção eficazmente, sendo portanto um problema de desempenho e consistência, e não de capacidade. Será, assim, um problema que resulta do facto de ser capaz de aprender a partir das experiências, mas ser incapaz de agir eficazmente essa aprendizagem no desempenho.

Importa acrescentar que existem diferenças significativas entre a ausência de controlo e a desobediência, a desatenção e a distração, e ainda entre a atividade excessiva e a agitação.

Continuaremos a desenvolver o tema ao longo das próximas semanas, nomeadamente no que respeita ao funcionamento neuropsicológico e ao "comando cerebral" da atenção e da atividade.

quarta-feira, maio 29, 2013

Dia Mundial da Esclerose Múltipla (II): programa de atividades


SPEM


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Celebrado sempre na última quarta-feira de Maio, o Dia Mundial da Esclerose Múltipla (EM), institucionalizado pela Federação Internacional da EM (MSIF) em 2009, tem como objectivo aumentar a sensibilização para a Esclerose Múltipla de toda a Sociedade. A quinta edição, que marca o grande dia deste ano, é 29 de Maio!
  
O tema escolhido para 2013 é "Jovens e Esclerose Múltipla". Na realidade, ser diagnosticado com uma doença crónica e potencialmente incapacitante, numa altura da vida em que se iniciam carreiras, relacionamentos e se fazem planos para o futuro, leva a que se reavalie tudo o que conhece até àquele momento. (Fonte: www.worldmsday.org/wordpress)

Os portadores de EM gostariam que a sociedade conhecesse a doença e de que modo afecta as suas vidas. Daí a importância de se criarem redes de sensibilização e conhecimento junto dos organismos públicos, empresários e público em geral. Esta é a base para gerar mais oportunidades de emprego e educação, para garantir o acesso aos cuidados de saúde e para obter fundos para as instituições que trabalham em prol dos doentes. Ambicionamos a criação de uma nova realidade onde as pessoas compreendam o que é a EM e que, nem sempre, a falta de coordenação é sinónimo de bebedeira, ou a fadiga é igual a preguiça.

A campanha do Dia Mundial da EM será lançada a partir do dia 8 de Maio. Até lá, vamos apresentar o programa de actividades que as Delegações, Núcleo e Sede da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla - SPEM têm preparado para as comemorações. Juntem-se a nós para celebrar o Dia Mundial da EM e levar mais longe a nossa causa!


5º Dia Mundial da Esclerose Múltipla
29 Maio 2013

Programa de Actividades SPEM


SPEM Porto

29 Maio - Convívio nas instalações da Delegação
Hora: a confirmar

Mais informações:
Delegação Distrital do Porto
R. António Francisco Costa, 9
4465-002 SÃO MAMEDE DE INFESTA
Telefone/Fax: 229 548 216
Telemóvel: 938 232 958
Horário: Dias úteis, 11h às 13h e 14h às 18h30


SPEM Coimbra

29 Maio - Concentração de pessoas com EM, familiares e amigos
Local: Parque Verde de Coimbra
Hora: a confirmar

Parceria: Ordem dos Enfermeiros

Mais informações:
Delegação Distrital de Coimbra
Morada provisória:
LAHUC - Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra
(Junto à entrada Norte dos HUC)
Avenida Bissaya Barreto
3000-075 Coimbra
Telemóvel: 934 387 659


SPEM Leiria

29 Maio - Lançamento de um Livro de Receitas, elaborado por pessoas com EM.
Local: FNAC - Centro Comercial Leiria Shopping
Hora: 18h00

Mais informações:
Delegação Distrital de Leiria
Rua 1.º de Maio, Lote 21
Marinheiros
2415 - 461 LEIRIA
Telefone: 244 852 439
Telemóvel: 934 386 918
Horário: Segundas-feiras, 9h30 às 13h30 e 14h às 16h


SPEM Lisboa

29 Maio - "Super-Heróis contra a Esclerose Múltipla" - Sessão de sensibilização sobre EM para jovens
Com a presença da neurologista Drª Joana Nunes, que reviu a versão portuguesa do livro "Medikidz explicam a Esclerose Múltipla" (horário a confirmar). Segue-se um convívio com lanche aberto a todos, na Sede.
Local da Sessão: Sala de eventos da Extensão da Sede (a 50m do edifício principal)
Local do Convívio: Sede
Hora: a confirmar

Mais informações:
Sede Nacional
Rua Zófimo Pedroso, 66
1950-291 LISBOA
Telefone: 218 650 480
Telemóvel: 934 386 904
Horário: Dias úteis, 9h às 13h e 14h às 18h


SPEM Portalegre

29 Maio - "Relaxe... Pela sua mobilidade!"
A sessão será composta por uma série de exercícios de manutenção física ligeira, terminando com uma sessão de relaxamento que o preparará para o final de tarde bastante tranquilo. Sem limite de idade e aberto a todo os interessados do distrito de Portalegre, portadores de Esclerose Múltipla ou não, "Relaxe... Pela sua mobilidade" propõe um tempo de relaxamento e boa disposição.
Inscrição gratuita e limitada a 40 pessoas.
Local: Pavilhão Rui Nabeiro
Hora: 18h30

Inscrições e mais informações:
Telefones: 932 681 409 | 268 687 058

SPEM Faro

29 Maio - Venda de Solidariedade
Sensibilização para o que é a EM, qual a intervenção e serviços da SPEM Faro e angariação de fundos.
Local: Mercado Municipal de Faro (manhã) e peditório nas ruas de Faro a favor da SPEM (tarde)

30 Maio a 1 Junho - Feira da Cidadania, Festa da Criança e Feira do Livro
Local: Praça do Auditório Municipal, em Lagoa.

Mais informações:
Delegação Distrital de Faro
Praceta Salgueiro Maia - Bloco D
8000-189 Faro
Telefone: 289 829 268
Telemóvel: 938 232 957
Email: faro-geral@spem.pt
  

terça-feira, maio 28, 2013

ESCLEROSE MÚLTIPLA: A IMPORTÂNCIA DA PSICOTERAPIA INDIVIDUAL E FAMILIAR

Celebra-se na última 4ª feira de Maio o Dia Mundial da Esclerose Múltipla.

“A EM é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa, que afecta o Sistema Nervoso Central (SNC).É uma doença que surge frequentemente entre os 20 e os 40 anos de idade, ou seja, entre os jovens adultos. Afecta com maior incidência as mulheres do que os homens. Esta patologia é diagnosticada a partir de uma combinação de sintomas e da evolução que a doença apresenta na pessoa afectada, com recurso a exames clínicos/exames complementares de diagnóstico (Ressonância Magnética Nuclear, Estudo de Potenciais Evocados e Punção Lombar). Estima-se que em todo o mundo existam cerca de 2.500.000 pessoas com EM (dados da Organização Mundial da Saúde) e em Portugal mais de 5.000 (João de Sá, 2005). A EM pode produzir sintomas idênticos aos de outras patologias do SNC, pelo que o diagnóstico poderá demorar anos a acontecer.” (Informação disponível no site da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla- SPEM).

Os sinais e sintomas principais são fadiga, visão turva, perda de força muscular, alterações da sensibilidade (formigueiro, picadas, dormência, sensação áspera no tato), dor, alterações urinárias e intestinais, problemas sexuais, desequilíbrio e falta de coordenação motora, alterações cognitivas (atenção, memória, resolução de problemas) e alterações do humor. Sobretudo numa fase inicial, estes sintomas podem ser desvalorizados por surgirem de forma intermitente.

O diagnóstico de EM é dramático para a pessoa e para a sua família, tendo em conta o caráter degenerativo. O tratamento, que procura travar a doença, traz frequentemente efeitos secundários muito desconfortáveis e incapacitantes, que podem levar à não adesão à terapêutica e, consequentemente, a um agravamento mais rápido.

A qualidade de vida diminui drasticamente, sobretudo devido às dificuldades motoras. É frequente um funcionamento marcado pela euforia, que muitas vezes se confunde com uma falta de consciência dos défices.

Consoante a frequência e gravidade dos surtos, vai havendo uma oscilação entre o agravamento dos défices e a recuperação. A EM é uma doença crónica e requer aprendizagem do doente e da família.

É de extrema importância que o doente e a família tenham acompanhamento psicológico. Para o doente, o processo psicoterapêutico será essencial na adaptação ao diagnóstico e na adesão aos tratamentos. Por outro lado, elaborar a angústia, o medo e a revolta é crucial para que exista um maior equilíbrio emocional e, consequentemente, maior capacidade para lidar com a evolução da doença e para a descoberta de capacidades. Para além do trabalho psicoterapêutico, recomenda-se intervenção neuropsicológica no sentido de minimizar ou travar os défices cognitivos (atenção, memória, lentificação, raciocínio, etc). É importante não esquecer ainda a família, que sofre igualmente com a evolução da doença e com a progressiva dependência do familiar com EM.

Em Portugal ainda parece dar-se pouca importância à intervenção psicoterapêutica aliada às doenças crónicas e degenerativas, quando uma maior estabilidade emocional do doente e da família é essencial para uma melhor qualidade de vida de ambos.


A Psicronos está sensível a este aspeto, motivo pelo qual estabeleceu um protocolo com a SPEM há algum tempo, no sentido de permitir condições especiais aos seus membros.

segunda-feira, maio 27, 2013

HIPERATIVIDADE OU HIPER-DIAGNÓSTICO?

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é o distúrbio neuro-comportamental mais comum na infância, que pode afetar profundamente o desempenho académico, o bem-estar e as interações sociais das crianças. Caracteriza-se por instabilidade da atenção, agitação excessiva e impulsividade.

Muitos dos sintomas não são exclusivos da PHDA, podendo ser encontrados em outras patologias, pelo que é importante uma avaliação especializada.

Apesar de se usar o termo “hiperatividade” num sentido lato para explicar a agitação das crianças, são muito poucos os casos em que estamos perante um quadro de PHDA propriamente dito. Por exemplo, os casos mais frequentes são, talvez, os “hiper-mal-educados”! A falta de regras leva a uma agitação frequente, associada à ausência de limites, e a uma baixa tolerância à frustração que leva a conflitos constantes. Mesmo perante estes casos, estamos perante sofrimento emocional uma vez que a criança sente que ninguém a controla (daí a sua necessidade de controlar). Estas crianças testam constantemente os limites, à espera de encontrar um adulto capaz de perceber a sua insegurança e que lhes dê uma autoridade firme e afetuosa.

A agitação também é cada vez mais identificada nas perturbações depressivas e bipolares, sobretudo nos rapazes. Trata-se de “não parar, para não pensar”. Nos problemas de ansiedade, a agitação psicomotora também é frequente e traduz a inquietação interna. Na deficiência mental e nas Perturbações Globais do Desenvolvimento, a irrequietude está associada à não compreensão das normas e do contexto, entre outros aspetos que podem ser partilhados com a base da hiperatividade e do défice de atenção. Na psicose, existe um estado de alerta permanente devido ao sentimento persecutório que leva a uma agitação como defesa contra a ameaça percecionada. Há ainda as alterações transitórias, como a mudança de escola, o nascimento de um irmão, um conflito familiar, algo que acontece na vida da criança que requer compreensão e adaptação da sua parte.

Em qualquer dos casos, existe sofrimento emocional. A grande distinção entre estes quadros é talvez a causa e a consequência. No caso da PHDA, temos a agitação (de origem neurobiológica) que provoca sofrimento devido à crítica e à punição constantes, bem como pelo sentimento de não corresponder às expetativas. Nos restantes casos, há um sofrimento que causa a agitação.

Esta tem sido a minha visão da hiperatividade Vs agitação, motivo pelo qual considero que tem havido um sobrediagnóstico e, consequentemente, uma sobremedicação das crianças. Preocupa-me que a nova revisão do manual das perturbações mentais (DSM-V), publicada há menos de um mês, não tenha, ao contrário do esperado, afunilado os critérios de diagnóstico. Aliás, aumentou até a sua abrangência, por exemplo ao considerar o início dos sintomas até aos 12 anos, quando anteriormente se considerava que as manifestações deviam estar presentes antes dos 7 anos e, qualitativamente, com sinais evidentes anteriores aos 3 anos.

Só esta pequena alteração nos critérios irá, na minha opinião, aumentar o risco de confusão e de diagnósticos apressados, colocando no mesmo “saco” da Hiperatividade outros quadros, com causas diferentes e, como tal, que requerem intervenções diferentes.

Continuarei a desenvolver o tema da PHDA nas próximas semanas.

sexta-feira, maio 24, 2013

THE OVERVIEW EFFECT




"Tudo depende da perspetiva"
Quando dizemos esta frase estamos a referir-nos, normalmente, à maneira de ver algo. E apesar de querermos dizer "a maneira de pensar/encarar/interpretar algo", a verdade é que o termo tem as suas origens na experiência sensorial visual e está, por isso, carregado de metáforas visuais (ex: "ponto de vista"). 

O vídeo que se segue remete-nos para uma experiência onde a perspetiva visual apresentada afeta profundamente a perspetiva fenomenológica/psicológica/cognoscível ao mais profundo nível. 


Faz-me pensar na importância da consciência e da sua relação intrínseca com o mundo sensorial/experiencial, como contentor, como espaço mais ou menos inclusivo dos seus objetos; e na forma como o tipo de conteúdo (e o espaço para o mesmo) na consciência, modifica radicalmente os sentimentos, pensamentos, humor, atitudes e até o sentido da vida e de quem somos. 

quarta-feira, maio 22, 2013

Bullying (III): um ciclo que se perpetua?


Como consequência da violência repetida do Bullying, existe uma clara diminuição da auto-estima e surgem manifestações de ansiedade, irritação, agitação, depressão e medo. Do ponto de vista somático, são frequentes alterações no sono, dores de barriga e diminuição do apetite. A partir de certa altura, a criança ou adolescente tende a começar a resistir a ir para a escola e apresenta uma quebra no rendimento escolar. Em situações mais dramáticas, pode mesmo haver tentativa de suicídio, algumas vezes conseguida, como nos têm vindo a dar a conhecer os meios de comunicação.Em alguns casos, a vítima convence-se que a agressividade é o melhor meio para atingir os fins e passa a assumir a postura de agressor em vários contextos da sua vida.

O ciclo do Bullying deixa a vítima relativamente isolada. De um lado temos o agressor ou o mentor do bullying, o seu seguidor, que é muitas vezes o perpetrador da agressão, o apoiante que participa no ato e o apoiante passivo que, apesar de não participar, aprova. Existe ainda o observador neutro, que não assume nenhuma posição. Do lado da vítima, estão o defensor passivo, que desaprova o bullying, mas não protege, e o defensor que procura ativamente proteger a vítima. É claramente uma situação de desequilíbrio que mantém a vítima num ciclo que pode prolongar-se por um período extremamente longo.

Os pares, ou a audiência, têm portanto um papel fundamental na manutenção do bullying. De um lado aprovam e incentivam, dou outro afastam-se sem se comprometer. Alguns colegas e amigos querem ajudar, mas não sabem como. Muitos estudos indicam que um episódio pode terminar em menos de um minuto se o bullie não tiver audiência.



quarta-feira, maio 15, 2013

DIA da FAMÍLIA


Hoje comemora-se o dia internacional das famílias. Este conceito tão abrangente faz referência a uma panóplia de sentimentos; viver na família é o mais poderoso antídoto contra as perturbações emocionais. É no seio desta que se adquirem interesses, vontades, segurança, amor, carinho. Podemos já não ter, e como referiu Daniel Sampaio, duas gerações à volta da lareira, mas certamente teremos um grupo de pessoas atentos, envolvidos emocionalmente e capazes de responder às necessidades dos outros.

Mas nem sempre é fácil uma vivência salutar em família, se por um lado é aqui que adquirimos segurança, bem-estar e autonomia, por outro, e quando as famílias não estão bem organizadas, ou nelas reside medo constante, insegurança permanente e culpabilidade dilacerante, vemos que os alicerces sucumbem ao mais pequeno sopro de vento.

É então importante podermos ouvir os nossos medos, anseios, incapacidades e adequá-los para que estes surjam como momentos de reflexão e progressão e não como momentos de incapacitação e frustração, impedindo a livre circulação dos afetos mais importantes.

Num mundo que cada vez mais está apressado, interessa recordar que não só importa o tempo que se passa com os nossos, mas também a qualidade desse tempo.

Amor de mãe, amor de pai, de avó, de avô, de tios, primos… são dos afetos mais puros e grandiosos que existem. Quem nunca chorou de emoção, ou referiu que nunca tinha sentido um amor deste tamanho? É isto que vale recordar e é isso certamente que as crianças irão reter.

sábado, maio 11, 2013

Kenneth Robinson sobre o que é educar

Educação, aprendizagem, curiosidade. Uma TED talk de Kenneth Robinson

http://www.ted.com/talks/ken_robinson_how_to_escape_education_s_death_valley.html?utm_source=newsletter_weekly_2013-05-10&utm_campaign=newsletter_weekly&utm_medium=email&utm_content=talk_of_the_week_button

sexta-feira, maio 10, 2013

Vacina consegue bloquear acção da heroína no cérebro



A vacina tem por objectivo impedir que a droga e os seus produtos de degradação psicoactivos circulem na corrente sanguínea, impedindo-os de chegar ao cérebro. A heroína é metabolizada muito rapidamente para outro composto chamado 6-acetilmorfina, que segue para o cérebro e é responsável por grande parte do efeito que a droga produz.
A equipa desenvolveu uma vacina capaz de activar anticorpos contra a heroína, mas também contra 6-acetilmorfina e a morfina. Já alguns testes iniciais, mostraram que a vacina consegue alguns dos efeitos agudos da heroína, tal como obstrução da dor.

Para o estudo, os cientistas administraram o fármaco em ratos viciados em heroína, privando-os durante algum tempo da substância e quando reiniciados na toma, voltam a consumi-la avidamente. A equipa verificou que a vacina alterou o comportamento dos roedores, evitando a dependência habitual.

Segundo os investigadores, a vacina bloqueia a heroína e 6-acetilmorfina na corrente sanguínea, mantendo-os fora do cérebro. A vacina não bloqueou os efeitos de metadona, buprenorfina e outras drogas opioides que são normalmente utilizadas na terapia contra a dependência de heroína.

Os cientistas esperam que, em breve, a vacina possa seguir para ensaios em seres humanos e ser usada para tratar um vício que afecta mais de dez milhões de pessoas no mundo.