sexta-feira, maio 04, 2012

IMPULSIVIDADE E CAPACIDADE DE ADIAR A GRATIFICAÇÃO

Na continuação dos posts sobre a impulsividade, é interessante descrever melhor a experiência citada abaixo (no post "ainda sobre a impulsividade"), realizada nos anos 60 sobre o auto-controlo e a "força de vontade" que envolvia o chamado "teste da guloseima" (marshmallow's test). O teste consistia em dar a possibilidade a uma criança de 4 anos de comer uma guloseima (disposta à sua frente num prato) ou esperar que o adulto, condutor da experiência (que entretanto se ausentava deixando a criança sozinha), retornasse à sala, passados 15 minutos, deixando-a comer, não uma, mas 2 guloseimas. Uma amostra, muito divertida do que se passou na experiência pode ser vista no vídeo (já postado anteriormente sobre o mesmo assunto):


Esta simples experiência parece estar relacionada com a capacidade de adiar a gratificação, algo que pôde ser confirmado mesmo muitos anos mais tarde: na faculdade verificou-se que os estudantes que tinham participado na experiência e resistido os 15 minutos para receber a segunda guloseima, tinham menos problemas de comportamento, de adições, de obesidade e, mais tarde, eram mais bem sucedidos nas suas vidas academico-profissionais!


quinta-feira, maio 03, 2012

A importância do Amor


O amor é um factor essencial na construção do sentimento de valorização de si mesmo, enquanto percepção da auto-imagem e auto-estima.

A maior reserva amorosa forma-se na infância, pelo amor que os pais dedicam aos filhos. Se esta reserva não for constituída ou se for insuficiente, o indivíduo com necessidade de ser amado e deprime face à mais leve perda de amor ou à sua curta ausência.

Inicialmente somos apenas matéria, para que possamos ser mais do que um simples corpo, necessitamos de quem nos pense, compreenda e satisfaça as necessidades básicas. O que exige uma preexistência de um ninho mental confortável, construído através do investimento no outro. Este interesse genuíno pelo outro, este amor é a semente da vida, que transforma o corpo em pessoa. A privação de condições adequadas tem como causa principal a deficiência ou falência do envolvimento do sujeito com o objecto.

O conhecimento afectivo de sentir-se existente perante o outro (no coração e na memória) e existir aí com permanência, garante a permanência e a constância do amor. Esta solidificação permitirá ao sujeito lidar com a introdução da frustração sem que esta adquira um carácter traumático.

Ainda sobre a impulsividade

Já faz algum tempo que não contribuo para o blog, e hoje tinha pensado partilhar algo diferente, mas não pude deixar de me sentir "influenciada" pelo post da Alexandra e mostrar um vídeo que ilustra na perfeição alguns pontos sabiamente tecidos pela minha querida colega.

Como poderão constatar cada um destes miúdos utiliza estratégias de evitamento, contenção distintas, sendo que alguns nem se esforçam!!

terça-feira, maio 01, 2012

CONTROLAR A IMPULSIVIDADE


São cada vez mais frequentes as preocupações relativamente à impulsividade e aos problemas de comportamento na infância. Este é um tema muito abrangente e muito mais haverá a explorar, mas pareceu-me interessante partilhar esta publicação.


As crianças passam ao ato de várias formas, desde as birras até à agressão, sendo estas explosões frequentemente encaradas como algo inevitável na infância. Porém, de acordo com os neurocientistas Sandra Aamodt and Sam Wang, co-autores de Welcome To Your Child’s Brain, o auto-controlo na infância é tão importante para a aprendizagem como a inteligência. Como ajudar então a criança a gerir a impulsividade? Existem três fatores que desempenham um papel fundamental na impulsividade: temperamento, funções executivas e desenvolvimento.

Temperamento: certas características, como o nível de atividade, a capacidade de adaptação, a intensidade do humor e os períodos de atenção são próprias da criança e não apenas o resultado das práticas parentais. É importante observar o temperamento da criança e identificar as suas reações a situações ou estímulos, bem como refletir sobre a forma como o temperamento dos pais se assemelha ou não ao da criança, e reconhecer os sentimentos de ambos como independentes. Esta reflexão pode influenciar a resposta do adulto à impulsividade da criança. A hesitação de uma criança inibida pode ser mais frustrante para uns pais extrovertidos, do que seria para uns pais mais introvertidos. Pais com uma personalidade mais controlada podem interpretar a impulsividade da criança como atitudes desafiantes, sem que o sejam.

Funções Executivas: alguns processos do funcionamento executivo, incluindo a capacidade de planear, resolver problemas e executar tarefas são até certo ponto inatas. Por exemplo, algumas crianças debatem-se com a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), enquanto outras sofrem de “hiposensibilidade”. Uma das formas de se ajudar a criança a desenvolver o controlo dos impulsos, e assim libertar energia mental para a aprendizagem, é promover um pensamento baseado no planeamento (porque é que vou fazer isto, como vou fazer, para quê), em oposição à ação-reação.

Desenvolvimento: assim que nasce, a criança manifesta estratégias de auto-regulação para se defender sobre-estimulação (ex.: vira-se quando há muita luz, leva a mão à boca para se tentar consolar). É importante observar estas capacidades e fortalecê-las, ajudando-a construir o momento entre o impulso e a ação. Crianças pequenas debatem-se com a intensa motivação para a independência perante o reconhecimento da sua (ainda) incompetência. Quando a criança bate ou morde, será importante parar o comportamento com ordens simples e firmes: “Não se bate, bater magoa”, e validar a sua frustração ou zanga, modelando formas apropriadas de as expressar, e promovendo assim o reconhecimento dos limites. A partir dos 3 anos, descobre o poder da linguagem na afirmação dos seus desejos e das suas necessidades, apesar das suas emoções por vezes explosivas. Adiar a gratificação (resistir à tentação) ajuda a criança a aprender a experimentar emoções, e não a ser conduzida pelas mesmas. Até aos 5/ 6 anos o auto-controlo pode ser promovido através de jogos/atividades físicas, e não pela expetativa de que a criança fique sentada e atenta por grandes períodos. A partir dos 7 anos, a criança possui uma grande capacidade de imaginação, que é aliada da construção da concentração e da auto-regulação. Quando a criança ultrapassa os limites, é importante ajudá-la a aprender formas de se acalmar a si própria.

Estratégias para encorajar o auto-controlo:

1.Ensine a criança a falar consigo própria. O discurso interno desempenha um papel fundamental no controlo do comportamento impulsivo. As crianças com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção parecem adquirir esta capacidade mais tarde do que a maior parte das crianças, o que contribui para uma menor capacidade de controlo dos impulsos.
  
2. Jogos de Memória. Muitos estudos apontam para a ligação entre a memória a curto-prazo e o controlo dos impulsos. Desenvolvendo a suas capacidades mnésicas, a criança compreende, interioriza e antecipa melhor as consequências dos seus atos.

3. Seja um modelo. Quando algo não corre bem, verbalize o que está a sentir e o que precisa de fazer para se acalmar.

4. Seja positivo: o criticismo e os julgamentos aumentam as reações emocionais (de sobrevivência) da criança. É importante recompensar o que merece ser recompensado, e guiar e apoiar o que não corre bem.

5. Mexam-se! O exercício e o movimento influenciam o foco e a atenção, melhoram a concentração e a motivação e tendem a diminuir a agitação e a impulsividade.




VIDA E MORTE

Poética animação. Palavras de Edgar Alan Poe.


http://vimeo.coRm/40291524

segunda-feira, abril 30, 2012

OS ATAQUES DE PÂNICO

Os ataques de pânico caracterizam-se por um medo muito intenso. Os pensamentos mais comuns durante o ataque são perda de controlo físico e/ou emocional, medo de desmaiar, enlouquecer e mesmo de ter um ataque cardiaco ou morrer. Estes surgem habitualmente acompanhados de sensações físicas, tais como batimento cardiaco acelarado, tonturas, falta de ar, dores no peito, dormência/formigueiro, transpiração, agitação e náuseas.


Na maioria dos casos o ataque de pânico atinge um pico dentro de poucos minutos, diminuindo depois gradualmente. Porém, pode levar algum tempo até voltar ao estado emocional normal. A primeira coisa a fazer é despistar causas com origem na saúde fisica, pelo sim pelo não. Se o resultado for que está tudo bem com a sua saúde, a razão é mesmo emocional e é isso que deve começar a tratar, procurando ajuda por parte de um psicólogo. Uma das abordagens com bons resultados em poucas sessões é o EMDR, abordagem sobre a qual pode ler mais na página da PSICRONOS.

Enquanto não obtém ajuda especializada pode tentar tranquilizar-se um pouco com a ideia de que a ansiedade que sente é desproporcional face ao perigo existente. Um ataque de pânico não pode causar insuficiência cardíaca ou um ataque cardíaco, não pode fazer você parar de respirar, desmaiar ou “enlouquecer”. O que não deve fazer é tentar distrair-se ou fingir que não está a sentir ansiedade porque muitas vezes é esse facto que aumenta a ansiedade, nem passar a evitar as suas atividades habituais pois isso vai fazer com que se tornem num problema ainda maior a longo prazo. Evite também auto-medicar-se, alguns medicamentos para a ansiedade podem criar dependência. Não receie procurar ajuda, ter um ataque de pânico não significa que seja fraco ou que tenha falhado, é apenas um sintoma que algo dentro de si não está bem e está a pedir-lhe ajuda.

domingo, abril 29, 2012

A NEBULA TARÂNTULA

Imagem, colorida, da nebula Tarântula, assim chamada por causa daquilo que parecem ser umas pernas de aranha.
Tanto mundo para além do nosso. E identificamos noutras formas as que nos são familiares e fazem parte do nosso mundo. Melanie Klein dizia que o bébé começa a ter uma ideia da geografia do seu mundo através do corpo da mãe.

(photo:NASA)

SOBRE O CASAMENTO

Um pequeno, interessante e provocante artigo sobre as origens do casamento. A autora é professora de sociologia.

http://bigthink.com/ideas/the-origin-of-marriage-and-the-evolution-of-divorce?utm_source=Big+Think+Weekly+Newsletter+Subscribers&utm_campaign=cd0bfeda32-You_Are_Not_Your_Brain4_27_2012&utm_medium=email

POR QUE PERDEMOS A CRIATIVIDADE?

Picasso dizia que toda a criança é um artista. Este artigo da BigThink explora a questão da perda da criatividade à medida que crescemos: perdemos a capacidade de brincar e de sonhar acordados.


http://bigthink.com/ideas/killing-creativity-why-kids-draw-pictures-of-monsters-and-adults-dont?page=2

sexta-feira, abril 27, 2012

Homofobia ou auto-fobia? - A importância do Inconsciente


Porque é que podemos ser mais intolerantes face a determinadas ideias ou pessoas?
De onde vem o potencial extremista que existe em cada um de nós?

O especialista Richard Ryan explica como a noção de inconsciente e consciente pode ajudar a compreender certas tendências e atitudes mais "viscerais" e radicais em relação aos outros, mais especificamente, em relação a sentimentos homofóbicos. A noção do "outro" dentro do "eu" ilustra a noção de inconsciente e permite compreender melhor as razões que levam as pessoas a se melindrarem e importarem tanto com comportamentos alheios.

terça-feira, abril 24, 2012

"AH, MAS É MUITO SIMPLES... É SÓ TER TINTA E FAZER FESTINHAS NO PAPEL COM O PINCEL!"


Fico apreensiva sempre que uma criança me diz que não sabe o que fazer com um pincel e uma caixa de aguarelas. É suposto as crianças terem uma capacidade quase inata para experimentar, fantasiar, brincar. Quando não o fazem, ecoa o ruído de um vazio interior, de uma prisão afetiva.

“Ah, mas é muito simples. Olha, tu arranjas um pincel, e depois é só ter tinta e fazer festinhas no papel com o pincel”

Estas são palavras de um menino que tentava ensinar a mãe a pintar, depois desta lhe dizer que não sabia pintar tão bem como ele. João dos Santos via nesta descrição espontânea, o reflexo do afeto, das festinhas que esta criança recebera em bebé. Afinal, fazer festinhas implica a consciência de um corpo, de onde começa e acaba o eu e o outro, que se adquire no contacto com os outros e com o próprio, ou seja, na relação. Através da sua espontaneidade, “tudo o que aparece é sensibilidade, é sentimento, é tudo o que há de menos intelectual e de mais expressivo, de mais sentimental”, defendia este psicanalista de referência em Portugal. Preocupa-me, portanto, que mesmo antes de iniciar o percurso escolar a criança já tenha perdido, ou nem chegado a desenvolver, esta espontaneidade.

As primeiras crianças que me disseram que não sabiam o que fazer com as tintas eram de famílias muito pobres e muito disfuncionais, que pouco mais sabiam fazer para além de destruir. Os seus olhos brilhavam quando juntos descobríamos o que podíamos afinal construir e unir. Seria o não saber brincar a consequência das carências económicas? Não. Há crianças não tão pobres que igualmente paralisam perante uma caixa de brinquedos ou uns frascos de tinta. A pobreza do brincar será, afinal, afetiva. Mas também aqui se vê a transformação quando repito as palavras daquele menino. “Vês? É só fazermos festinhas com o pincel”. E quando a criança se espanta com a gota de tinta que lhe cai na mão, “não faz mal, limpamos e fazemos festinhas nas nossas mãos e agora deixamos os pincéis e fazemos festas no papel com as mãos!”. E a inibição e o medo parecem dar lugar a um sorriso que espelha a esperança do afeto, das festinhas no coração.

É através da fantasia e da espontaneidade que a criança melhor se expressa, daí a importância do brincar e das expressões em psicoterapia infantil. Poder pintar o céu de verde e fazer de um livro um castelo, sonhar, imaginar, sentir… sem medo de estar certo ou errado.

A ausência da expressão na criança (brincar, pintar, saltar, rir, chorar) não constitui “apenas” uma problemática infantil.  Pergunto-me que adulto virá a ser esta criança que não sabe fazer o que de mais natural e genuíno existe? Afinal, como aprender a dar e a receber festinhas quando se tem uma infância tão vazia?

Felizmente, algumas destas crianças chegam-nos pela mão de pais preocupados com sinais que os filhos vão dando de uma ou outra forma. Pais e mães muitas vezes também vazios de afetos e que precisam de ajuda na reconstrução de uma relação saudável, na leitura e tradução das mensagens da criança, na construção de uma pele forte, mas permeável ao afeto.

segunda-feira, abril 23, 2012

Saúde, vida mental e psicoterapia


De acordo com  o U.S. Substance Abuse and Mental Health Services Administration  os adultos que tiveram algum tipo de doença mental no ano anterior tiveram maior probabilidade de ter hipertensão, asma, diabetes, doença cardíaca e AVC. 

Com a mente doente e incapaz de pensar o corpo assume o comando, dando voz a esse mal estar mas ficando assim exposto a um infindável numero de doenças.

Cuidar da nossa mente é pois essencial para ter uma vida saudável a todos os níveis. Fazer psicoterapia pode ser a solução, na medida em que permite ultrapassar situações traumáticas, perdas dolorosas, conflitos que bloqueiam a capacidade de ser. 



sábado, abril 21, 2012

sexta-feira, abril 20, 2012

A actual educação estraga as crianças - Eduardo Sá



Foi assim que iniciou a sua palestra no Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro, uma iniciativa promovida em colaboração por aquela instituição e pelo Centro de Formação Ria Formosa sobre o "Envolvimento Parental na Escola". 

Perante um auditório com cerca de 280 pessoas, o conferencista afirmou que "a estrutura tecnocrática, em que se transformou a educação, faz mal" e criticou o "furor da formação técnica e científica" que levou ao esquecimento de que "o melhor do mundo não é a escola mas as pessoas e, em particular, as relações familiares". "Estamos a criar uma mole de licenciados e de mestres aos 23 anos que esperamos que sejam ídolos antes dos 30 e o fundamental não é isso", lastimou, lembrando que "estamos a exigir aos nossos filhos que sejam iguais a nós: que ponham o trabalho à frente de tudo o resto", esquecendo-nos de brincar com eles. 

O conferencista considerou que "criámos uma ideia absurda de desenvolvimento" e lembrou que "a vida não acaba aos 17 anos com a entrada no ensino superior". "Só os alunos que tiveram pelo menos uma negativa no seu percurso educativo é que deviam entrar no ensino superior porque estamos a criar uma geração de pessoas imunodeprimidas", defendeu, sustentando que "errar é aprender". 

Eduardo Sá defendeu que as "educações tecnológicas" possam dar lugar à "educação para o amor" como "a questão mais importante das nossas vidas". "Acho fundamental que tenhamos a coragem, a ousadia e a verticalidade de dizer que a maior parte das pessoas se sente mal-amada e acho fundamental explicar aos nossos filhos que é mentira que acertemos no amor à primeira e que é notável aquilo que se passa dentro do nosso coração", afirmou. 

Neste sentido afirmou que "devia ser proibido dizermos aos nossos filhos que se deve casar para sempre". "Sempre que namoramos mais um bocadinho, casamo-nos mais um pouco e sempre que deixamos de namorar, divorciamo-nos em suaves prestações", concretizou a provocação, considerando o casamento tão sagrado como frágil. "É uma experiência sagrada porque duas pessoas que decidem comungar-se é uma experiência tão preciosa que é sagrada, mas é frágil porque, às vezes, os pais estão tão preocupados com a educação dos filhos que se esquecem de namorar todos os dias", lamentou, lembrando que "pais mal-amados tornam-se piores pais". "É fundamental que a relação amorosa dos pais esteja em primeiro lugar, antes da relação dos pais com as crianças", sustentou. 

Eduardo Sá defendeu que "as crianças devem sair o mais tarde possível de casa" e jardins de infância "tendencialmente gratuitos para todos". 

Eduardo Sá disse ainda não achar que "mais escola seja melhor escola", criticando os blocos de aulas de 90 minutos porque aulas expositivas daquela duração são "amigas dos défices de atenção". "Acho um escândalo que as crianças comecem a trabalhar às 8h, terminem às 20h e que tenham, entre blocos de 90 minutos, 10 minutos de intervalo. Quanto mais as crianças puderem brincar, mais sucesso escolar têm", defendeu, acrescentando que "os pais estão autorizados a ser vaidosos com os filhos mas proibidos de querer a criar jovens tecnocratas de fraldas". "Devia ser proibido que as crianças saíssem do jardim de infância a saber ler e escrever", advertiu. 

A terminar, defendeu ser possível "ter sucesso escolar" e "gostar da escola". "Tenho esperança que um dia as crianças queiram fugir para a escola", concluiu.

COACHING E PSICOTERAPIA

O coaching e as psicoterapias de varias tendências têm em comum a característica de se enquadrarem na relação de ajuda.
No entanto, existem diferenças, maiores ou menores conforme o tipo de coaching e o modelo psicoterapêutico.
O objectivo do coaching é também o desenvolvimento pessoal do cliente, mas com um foco num objectivo determinado. O coaching centra-se nas soluções e nos resultados (observáveis), as psicoterapias mais na problemática do paciente e na mudança interna.
O coach faz essencialmente perguntas com vista a aumentar a consciência (awareness) do cliente.
Embora também exista o life coaching, e e o objectivo dependa do cliente, o coaching é muito orientado para a actividade profissional, designadamente o trabalho de equipa. Por essa razão, é recomendável que o coach tenha experiência empresarial. As organizações, como os grupos, têm dinâmicas especificas que exigem uma rápida apreensão por parte do coach.
O processo de coaching é rápido e dirigido ao futuro, muitas vezes de curto prazo. Assenta numa técnica de perguntas e em processos de feedback bem definidos.
Correndo o risco de ser redutora, diria que o coaching é mais rápido e incisivo, mas vai menos fundo em termos do mecanismo psíquico.

Mitos Conjugais


Quando pensamos sobre o amor parece existir qualquer coisa enigmática, qualquer coisa que só pode ser explicada de maneira insuficiente, mas que todos consideramos como vital nas nossas vidas. 
Numa relação amorosa, o casal existe, mas não surge do nada, traz consigo outras histórias, outras vivências, coexistindo duas famílias, modelos e regras e um ideal romântico. Este ideal leva ao paradigma do amor romântico através dos mitos conjugais que contribuem para a decepção, tornando a comunicação disfuncional, impedindo a resolução de conflitos e uma adequada evolução da relação conjugal.
Alguns exemplos de mitos conjugais que verificamos no trabalho com casais:

·         “Amar significa estarmos sempre juntos”;
·         “Devemos estar sempre de acordo em qualquer tipo de assunto”;
·         “Com amor irei muda-lo(a) para o(a) tornar melhor;
·         “O nosso amor, desejo e paixão manter-se-á inalterável com o passar do tempo”;
·         “O meu parceiro deverá ser capaz de antecipar todos os meus pensamentos, desejos e necessidades”;
·         “Amar significa nunca me chatear com o ele(a);
·         “Os níveis de sexo, carinho e compromisso na nossa relação nunca diminuirá”;
·         “Conheço-o(a) e ele(a) a mim muito bem por isso não preciso falar nem explicar, ele(a) já sabe”….

terça-feira, abril 17, 2012

EU BRINCO, TU BRINCAS, NÓS BRINCAMOS


Numa altura em que as crianças brincam cada vez menos e os adultos estão cada vez mais sérios, carregados de angústias, de responsabilidades e de vazio relacional, vale a pena relembrar o pensamento de Winnicott:


“É no brincar, e apenas no brincar, que a criança ou o adulto é capaz de ser criativo e de usar toda a sua personalidade, e é apenas no ser criativo que o indivíduo descobre o seu Eu”.

segunda-feira, abril 16, 2012

COACHING: A QUEM SE DESTINA

Ultimamente tenho-me interessado por uma ferramenta nova na área da relação de ajuda: o coaching.
Trata-se de um processo que visa estimular a consciência e a reflexão no cliente, possibilitando-lhe empowerment e desenvolvimento pessoal.
Como todas as técnicas sérias nesta área, não faz milagres. É preciso que o cliente queira de facto fazer alguma coisa por si próprio.
O coaching aplica-se na área pessoal (life coaching) e na area profissional (executive coaching, team coaching, etc).
O livro cuja capa está na imagem é um dos livros básicos acerca do assunto.

sábado, abril 14, 2012

Mulheres Inteligentes, relações saudáveis - Um livro com bom-senso

Na minha prática clínica as relações amorosas e as suas vicissitudes estão sempre na ordem do dia. Ontem, na reunião clínica habitual das segundas sextas de cada mês, o grupo de trabalho da Psicronos debruçou-se sobre a terapia de casal.

A traição amorosa e os ciúmes são temas constantes nas sessões com os pacientes e nas conversas com os colegas sobre os “casos” (já para não falar nas nossas próprias vidas, é que apesar de psicólogos também somos homens e mulheres em relações amorosas).

Acho que um livro cheio de bom-senso pode ser um excelente auxiliar psicoterapêutico e este livro do psiquiatra Augusto Cury entra, na minha opinião, nessa categoria. Não é um livro técnico (apesar de elencar categorias e estabelecer tipologias). É um livro que ajuda a estruturar o pensamento e que dá bons conselhos. Lê-se numa tarde de fim-de-semana (foi o que aconteceu comigo hoje à tarde), fica alguma coisa e transmite alento e o sentimento de que podemos ser autores do nosso próprio destino (pelo menos de uma parte).

Ele diz que os ERROS CAPITAIS DE UMA RELAÇÃO DOENTE são:

. A ditadura do ciúme e a perda de admiração
. A ditadura do excesso de trabalho e da insensibilidade
. A ditadura da crítica excessiva e do medo da perda

E depois, enuncia as LEIS FUNDAMENTAIS DE UMA RELAÇÃO SAUDAVEL:

. O poder do elogio e os investimentos em sonho
. A arte de surpreender e a arte de agradecer
. A arte de dialogar e de autodialogar

É, num certo sentido, um livro simplista para um problema híper-complexo, mas não deixa de ser interessante e útil. Uma leitura a ter em conta, principalmente quando não se é psicólogo e se anda às voltas com estas questões.

quinta-feira, abril 12, 2012

Crise Social e Suicídio




Os números do suicídio têm vindo a aumentar, tornando este um tema emergente.

Para além dos quadros clássicos de depressão; o desemprego, a pobreza e a exclusão social despoletam sentimentos de tristeza e de desamparo, que têm uma correlação positiva com a ideação suicida e o suicidio.

Em tempos de crise, com o agravamentos destes sintomas o apoio médico e psicológico torna-se imprescindível, assim como o apoio daqueles que estam por perto.