No outro dia a almoçar com um colega e amigo falávamos daquilo a que circunstancialmente denominados como o efeito de dessensibilização. O efeito dessensibilização é amoral e manifesta-se sobre coisas boas e menos boas. Quando se manifesta sobre coisas más, desagradáveis é ótimo :-). É uma espécie de efeito inverso ao efeito do trauma que hipersensibiliza. Quando se manifesta sobre coisas boas é uma carga de trabalhos. É o efeito de dessensibilização que faz, entre outras coisas, com que os ricos não consigam ser felizes por serem ricos, habituam-se à riqueza, aos luxos e a tudo aquilo que a disponibilidade financeira ilimitada permite e deixam de ser capazes de a gozar porque dessensibilizaram.
No outro dia, bem antes do referido almoço, ao ver o filme Larry Crowne pensei: porque raio um homem que tem em casa uma mulher linda de morrer como a Julia Roberts, fica em casa a ver pornografia obsessivamente à procura de sites de mulheres com seios grandes?! E hoje, a minha resposta é: efeito de dessensibilização. Podemos até ter por parceira uma mulher linda de morrer como a Charlize Teron (a rapariga da foto) e ao fim de algum tempo o efeito de dessensibilização faz-se sentir e ela deixa de causar o impacto da realização de um sonho.
Claro que o efeito de dessensibilização demora mais a fazer-se sentir numa mulher ou homem lindo de morrer do que na mulher ou homem de beleza comum, mas não é isso que interessa, aquilo que interessa é o efeito de dessensibilização e a forma como ele acaba por burilar e suavizar a vivência emocional banalizando-a, neutralizando-a.
Na minha opinião o efeito de dessensibilização é evitado quando estimulado o efeito de refinamento (ou apuramento) - mais um nome inventado por mim -, este efeito corresponde ao aprimoramento da capacidade de tornar cada vez mais fina a sensibilidade a um determinado assunto, produto, etc. É o efeito gerado pelo melómano, o enólogo (profissional da degustação). A atenção concentrada e a procura do novo e do diferente no igual ou semelhante estimula a acutilância dos sentidos e desenvolve a capacidade de usufruto. Com o efeito de refinamento a mulher e o homem comum descobrem a possibilidade do gozo intensificado que o melómano encontra na escuta de uma obra prima musical ouvida centenas ou milhares de vezes. A intemporalidade de algumas peças musicais está no refinamento da capacidade de escuta a par da inesgotabilidade de uma peça que se cria e enriquece a cada audição.
sábado, maio 12, 2012
A voz de Freud com 81 anos.
A voz de Freud com 81 anos.
Uma gravação realizada pela BBC em 1938.
Todos aqueles que estão intimamente ligados à Psicanálise desde há longos anos (e mesmo aqueles que são recém chegados) nutrimos um interesse particular e quase mítico por Freud, esse grande homem da cultura que concebeu e desenvolveu um sistema complexo que permite a compreensão e a modificação do psiquismo: A PSICANÁLISE.
Freud nasceu a 6 de Maio e este post é também uma homenagem ao seu nascimento e à sua memoria.
Ouçam a voz de Freud com 81 anos e compreendam o sofrimento de um tumor que o massacrava para além do insuportável.
Uma gravação realizada pela BBC em 1938.
Todos aqueles que estão intimamente ligados à Psicanálise desde há longos anos (e mesmo aqueles que são recém chegados) nutrimos um interesse particular e quase mítico por Freud, esse grande homem da cultura que concebeu e desenvolveu um sistema complexo que permite a compreensão e a modificação do psiquismo: A PSICANÁLISE.
Freud nasceu a 6 de Maio e este post é também uma homenagem ao seu nascimento e à sua memoria.
Ouçam a voz de Freud com 81 anos e compreendam o sofrimento de um tumor que o massacrava para além do insuportável.
Proliferação do mercado de novas drogas
O Observatório
Europeu de Drogas e Toxicomanias fez saber que, em 2011, se descobriram 49 drogas novas. Representam o
dobro dos anos anteriores acrescentando que o fenómeno está ligado ao crime
organizado e cresce “a um ritmo sem precedentes” - é
descoberta uma por semana.
Dá que pensar... e inquieta. O “artificial” está
cada vez mais a atropelar o “natural”. Novos tempos, novos paradigmas, novas e
rápidas mudanças a todos os níveis que exigem adaptação por parte de todos mas
também reflexão, monitorização e adaptação (influência) no meio por parte de
cada um de nós...
sexta-feira, maio 11, 2012
REDES SOCIAIS - parte II
O MUNDO da BLOGOSFERA
Este imenso mundo, que todos nós gostamos de percorrer, fonte de sabedoria, conhecimento e transmissão, pode, por vezes tornar-se numa poderosa ferramenta de destruição, maldizer e difamação. Num estudo levado a cabo nos Estados Unidos acerca do tipo de utilizadores das redes sociais, verificou-se que a faixa dos 30 aos 40 era a mais"consumista", seguida da adolescência.
Alertada para o conteúdo de certo tipo de plataformas mais para adolescentes (por uma mãe), pude constatar que era um mundo de maldizer, difamação, puro "corte e costura" sem qualquer teor construtivo ou amigável. Orkut e Springform (especialmente esta última, na altura em que acedi) mais pareciam frentes de combate não poupando no arsenal defensivo e destrutivo, arrasando tudo por onde passavam...
Há relativamente pouco tempo, em conversa com um familiar (grande adepto da blogosfera), fui novamente alertada para o teor de alguns blogs, comentários, neste caso! De uma maldicência, de uma frieza de conteúdos, de um jargão corrosivo, sem qualquer teor educativo, ou crítica construtiva...
O Bebé Silencioso
O Hospital Estefânia abriu consultas do bebé silencioso. "Há bebés calmos demais, e que quase não dão trabalho. Mas estes comportamentos podem esconder problemas graves como o autismo..."
A entrevista ao responsável pela unidade da primeira infância em http://www.paisefilhos.pt/index.php/actualidade/noticias/3613-bebes-calmos-demais-podem-ter-problemas
quinta-feira, maio 10, 2012
OS JOVENS E OS PAIS DOS JOVENS
O jornal Publico traz hoje uma entrevista com o prof. e investigador do ICS José Machado Pais sobre a sexualidade entre os jovens.
Interessante a referencia à falta de limites e de orientação que muitos jovens sentem.
http://jornal.publico.pt/noticia/10-05-2012/os-jovens-sofrem-uma-nova-censura-que-os-empurra-para-o-sexo-24515496.htm
Foto Miguel Madeira, Publico
Interessante a referencia à falta de limites e de orientação que muitos jovens sentem.
http://jornal.publico.pt/noticia/10-05-2012/os-jovens-sofrem-uma-nova-censura-que-os-empurra-para-o-sexo-24515496.htm
Foto Miguel Madeira, Publico
ELES LÁ SABEM PROQUÊ
Jovens empreendedores, de varias nacionalidades, explicam por que escolheram Lisboa para viver e trabalhar.
http://www.youtube.com/watch?v=8NkJ9QrO2xo&feature=youtube_gdata_player
http://www.youtube.com/watch?v=8NkJ9QrO2xo&feature=youtube_gdata_player
PROJECÇÕES E INTROJECÇÕES
“SHAME” : o novo filme do artista britânico Steve McQueen / Adição sexual e muito mais
E na nossa condição de voyeurs somos mais voyeurs, tão próximos que ficamos da personagem principal do Brandon, magnificamente interpretada pelo actor Michael Fassbender. Sentimo-nos colados à sua pele, e ao mesmo tempo vemos dele o que os que com ele convivem não vêem totalmente, sem, contudo, o viver por dentro, sem identificação projectiva.
A técnica de filmagem recorre ao close-up, a planos muito belos, próximos e precisos que nos aproximam forçadamente dos personagens, com uma crueza que capta o vazio e a nudez, e simultaneamente nos fazem ver e sentir... mais ou menos desconfortavelmente a vida sem passado, nem futuro de Brandon. Inóspita porque sem espaço para albergar afecto.
A história centra-se sobre o tema da adição sexual e do consumo de pornografia que tapa o vazio da existência do executivo nova-iorquino. Apesar da brutal proximidade, e da crueza doméstica do corpo, da quase ausência de história, não nos escapamos da trama tecida de conflitos internos e relacionais, de desespero, de drama do vazio, e da incapacidade de intimidade. Este último aspecto fica bem claro num encontro com uma colega de trabalho, em que esta procura estabelecer um contacto mais humano e emocional, resultando num encontro sexual defraudado. O sexo já não pode acontecer ali contaminado que está pela aproximação e contacto.
Mas o epicentro da perturbação, uma tensão incestuosa indizível e omnipresente que atravessa o filme, acontece com a chegada da irmã Sissy ( belissimamente interpretada por Carey Mulligan) e na intensidade da cena em que esta canta uma melancólica e perdida (como ela) versão do “New York, New York”.
O tema da incapacidade para estabelecer relações íntimas e verdadeiros laços afectivos, recorrente nos nossos dias, encontra eco nos nossos consultórios. Uma espécie de dor sem narrativa, nem conteúdo que se encontra enraizada no mais longínquo da história e experiências pessoais de cada um. Sissy explode, e Brandon implode, como duas facetas desfeitas da mesma coisa.
Um filme que nos faz pensar, e que nos faz sentir, interpelando-nos como se espera de uma experiência estética, sem que a indiferença ocupe o lugar do espectador. Vício e abismo. Auto-destruição e vergonha. Sem redenção. A ver.
terça-feira, maio 08, 2012
JEAN LAPLANCHE 21/06/1924- 06/05/2012
Morreu Jean Laplanche, distinto e influente psicanalista francês, que dedicou várias décadas à revisão e ao (re)pensamento da teoria freudiana, bem como à defesa de uma maior cientificidade da Psicanálise.
Fica uma entrevista de 2007, com algumas das suas ideias.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372007000100002&lng=pt&nrm=is
Fica uma entrevista de 2007, com algumas das suas ideias.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372007000100002&lng=pt&nrm=is
REDES SOCIAIS - parte I
Vieram para ficar e possuem um impacto fenomenal no nosso quotidiano. A título de exemplo deixo-vos um vídeo postado no youtube, com um cover de uma música muito badalada nas rádios mais comerciais, e da qual gosto particularmente. Este vídeo permitiu aos seus criadores o reconhecimento e ascensão no seu trabalho.
Possui: 948,612 likes, 9,556 dislikes
Reparem no sentido de grupo, de partilha do espaço e noção de oportunidade (sabendo esperar o seu tempo para intervir)!
segunda-feira, maio 07, 2012
PARA NOS ENTENDERMOS UM POUCO MELHOR
Aqui está um video que explica de forma incrivelmente simples e didáctica o papel do id, ego e super-ego no nosso funcionamento mental.
Muito útil para quem se quer entender um pouco melhor, mesmo que não saiba nada de psicanálise.
http://youtu.be/O78LXXGQFvE
Muito útil para quem se quer entender um pouco melhor, mesmo que não saiba nada de psicanálise.
http://youtu.be/O78LXXGQFvE
domingo, maio 06, 2012
SER MÃE
Num dia dedicado a todas as mães vale pensar o quer é ser mãe!
Será que existe uma única definição de mãe, um conceito restrito e partilhado por todos?
Muitas vezes, na clínica, deparo-me com a culpabilidade de mães que sentem que não são suficientemente boas (já Eduardo Sá escreveu acerca das mães suficientemente boas), que sentem que o que fazem é sempre pouco, que possuem sentimentos contraditórios, que apesar de gostarem dos filhos, por vezes sentem que se não os tivessem tido estavam melhor, e, claro está, este pensamento gera culpabilidade....
Enfim... uma teia onde constantemente ficam presas...
Muitas vezes esquecem que ser mãe é uma relação bidimensional; só somos mães se tivermos filhos e que é no seio desta relação que a cumplicidade se vai estabelecendo e nos vamos aperfeiçoando ao papel e ao filho. Que é através deste que também aprendemos muita coisa, e que ser mãe também é errar, falhar, frustar, esgotar, desesperar...
É necessário que cada uma de nós saiba dosear esta paleta de sentimentos e não deixe que a culpabilidade entre e ameace o bem-estar, pois deprimidos vemos tudo mais difícil e complexo (vide post da Clara) e a espiral do desespero cresce e lá estamos nós de volta à culpabilidade.
Ser mãe é errar, mas também o é reconhecer que errar faz parte do papel, é frustar pois nem sempre as coisas correm como previsto, ou o cansaço faz-nos ter menos disponibilidade, mas também o é desejar, aprender, ensinar e amar. É esgotar porque as horas de sono roubadas começam a fazer-se sentir, a desregulação hormonal faz-nos sucumbir num turbilhão de emoções e a dificuldade na gestão do tempo exige-nos mais do que podemos dar, mas também o é brilhar quando finalmente conseguimos perceber que, por entre muito desespero, podemos fazer asneiras, ter dias em que nos sentimos mais próximos ou mais distantes dos nossos filhos, alturas em que achamos que não estamos preparadas para lidar com tamanha responsabilidade, altura em que queremos nada fazer para além de uma boa conversa ou leitura, longe dos ruídos infantis, que temos necessidade de deixar os nossos rebentos com familiares e amigos para também nos divertirmos sem eles, e que isto não faz de nós piores mães, pelo contrário, faz-nos sentir realizadas, animadas e para além de mães, mulheres felizes!
Será que existe uma única definição de mãe, um conceito restrito e partilhado por todos?
Muitas vezes, na clínica, deparo-me com a culpabilidade de mães que sentem que não são suficientemente boas (já Eduardo Sá escreveu acerca das mães suficientemente boas), que sentem que o que fazem é sempre pouco, que possuem sentimentos contraditórios, que apesar de gostarem dos filhos, por vezes sentem que se não os tivessem tido estavam melhor, e, claro está, este pensamento gera culpabilidade....
Enfim... uma teia onde constantemente ficam presas...
Muitas vezes esquecem que ser mãe é uma relação bidimensional; só somos mães se tivermos filhos e que é no seio desta relação que a cumplicidade se vai estabelecendo e nos vamos aperfeiçoando ao papel e ao filho. Que é através deste que também aprendemos muita coisa, e que ser mãe também é errar, falhar, frustar, esgotar, desesperar...
É necessário que cada uma de nós saiba dosear esta paleta de sentimentos e não deixe que a culpabilidade entre e ameace o bem-estar, pois deprimidos vemos tudo mais difícil e complexo (vide post da Clara) e a espiral do desespero cresce e lá estamos nós de volta à culpabilidade.
Ser mãe é errar, mas também o é reconhecer que errar faz parte do papel, é frustar pois nem sempre as coisas correm como previsto, ou o cansaço faz-nos ter menos disponibilidade, mas também o é desejar, aprender, ensinar e amar. É esgotar porque as horas de sono roubadas começam a fazer-se sentir, a desregulação hormonal faz-nos sucumbir num turbilhão de emoções e a dificuldade na gestão do tempo exige-nos mais do que podemos dar, mas também o é brilhar quando finalmente conseguimos perceber que, por entre muito desespero, podemos fazer asneiras, ter dias em que nos sentimos mais próximos ou mais distantes dos nossos filhos, alturas em que achamos que não estamos preparadas para lidar com tamanha responsabilidade, altura em que queremos nada fazer para além de uma boa conversa ou leitura, longe dos ruídos infantis, que temos necessidade de deixar os nossos rebentos com familiares e amigos para também nos divertirmos sem eles, e que isto não faz de nós piores mães, pelo contrário, faz-nos sentir realizadas, animadas e para além de mães, mulheres felizes!
A NOSSA OUTRA METADE
Li um artigo muito interessante sobre as melhores circunstancias para que ocorra a criatividade e o insight. Parece que se confirma que as associações mais improváveis e mais criativas têm origem no nosso hemisfério direito - a nossa outra metade.
Podem lê-lo aqui - e vale a pena:
http://bigthink.com/humanizing-technology/undisciplined-the-creative-insight-of-the-outsider?utm_source=Big+Think+Weekly+Newsletter+Subscribers&utm_campaign=695f3944b5-The_Creative_Insight_of_the_Outsider5_4_2012&utm_medium=email
Podem lê-lo aqui - e vale a pena:
http://bigthink.com/humanizing-technology/undisciplined-the-creative-insight-of-the-outsider?utm_source=Big+Think+Weekly+Newsletter+Subscribers&utm_campaign=695f3944b5-The_Creative_Insight_of_the_Outsider5_4_2012&utm_medium=email
A VIDA E A COR
E finalmente a primavera!
Sol (ainda intermitente), flores, abelhas...
A vida parece mais colorida, mais saborosa. É tudo uma questão de percepção (Vd. TED Talk do Rory Sutherland que a Ana Almeida postou)
(foto minha)
Sol (ainda intermitente), flores, abelhas...
A vida parece mais colorida, mais saborosa. É tudo uma questão de percepção (Vd. TED Talk do Rory Sutherland que a Ana Almeida postou)
(foto minha)
O PODER AO DOENTE
Este estudo divulgado pela psychomedia online
http://www.psychomedia.qc.ca/sante/2011-04-12/choix-de-traitements-recommandations-des-medecins
mostra que uma grande percentagem de médicos aconselham diferentes soluções quando estão a tratar alguém ou quando são eles próprios os doentes.
Alarmante, sem dúvida, mas nada que surpreenda. Contra isto só há uma solução: temos de tomar conta da nossa saúde (ou da falta dela), ouvir varias opiniões, informarmo-nos muito bem, decidirmos após madura reflexão.
No fim de contas, trata-se daquilo a que se chama o "empowerment". Nisto como noutras coisas, temos de saber tratar da nossa vida e da nossa morte.
Médicos, advogados, políticos, psicólogos, economistas, irão sempre dizer que eles é que sabem. Sim, sim...
http://www.psychomedia.qc.ca/sante/2011-04-12/choix-de-traitements-recommandations-des-medecins
mostra que uma grande percentagem de médicos aconselham diferentes soluções quando estão a tratar alguém ou quando são eles próprios os doentes.
Alarmante, sem dúvida, mas nada que surpreenda. Contra isto só há uma solução: temos de tomar conta da nossa saúde (ou da falta dela), ouvir varias opiniões, informarmo-nos muito bem, decidirmos após madura reflexão.
No fim de contas, trata-se daquilo a que se chama o "empowerment". Nisto como noutras coisas, temos de saber tratar da nossa vida e da nossa morte.
Médicos, advogados, políticos, psicólogos, economistas, irão sempre dizer que eles é que sabem. Sim, sim...
sábado, maio 05, 2012
A importância da perspectiva
Numa apresentação do TED Talks, Rory Sutherland explica de uma forma brilhante a importância da perspetiva sobre a realidade. Raramente é a realidade que importa. Aquilo que importa é a perspetiva que temos dela.
Vale a pena ver e ouvir!
sexta-feira, maio 04, 2012
"Comédias e Dramas no Casamento"
Deixo-vos um exemplo retirado do livro de Guglielmo Gulotta, com este titulo, que "se destina a quem é casado, a quem queira casar-se, a quem não tenha vontade de o fazer e a quem está, ainda, na dúvida. Cada um encontrará os argumentos úteis para melhorar a sua vida conjugal, para compreender que isso é impossível, para a programar com racionalidade, para superar as suas dúvidas e, também, para justificar a própria decisão de se manter afastado de tanta complicação".
O autor refere-se ao "turbilhão conjugal" com humor através da sua pratica clínica no acompanhamento a casais. Exemplo de um diálogo entre dois conjuges e o seu terapeuta (Laing, R,Nodi, Torino, 1974), e bastante frequente em terapia de casal:
Mulher: Repare, o que me faz ficar zangada é o fato de o meu marido estar sempre zangado.
Marido: Mas como pode ser isso se eu não me zango nunca...
Mulher: Está a ouvi-lo, doutor? O que me enraivece é que ele não fique zangado quando eu lhe digo que estou zangada porque ele está zangado...
Marido: Não é verdade, doutor, o fato é que sou eu que fico zangado por causa de ela estar assim tão furiosa por eu não estar zangado de fato...
Terapeuta (interrompendo): Bom, bom, de acordo, mas...
Mulher: Ele está sempre pronto a ofender-me.
Marido: Veja, eu é que acho ofensivo pensar que a minha mulher possa acreditar que eu a ofendo sempre, isso faz-me medo...
Mulher: Mas não deves ter medo, tens sempre medo de qualquer coisa...
Marido: Evidentemente, tenho medo de ter medo simplesmente porque tu me dizes que não devo ter medo.
Mulher: A verdade, doutor, é que o meu marido se diverte a fazer-me sentir estúpida.
Marido: Mas não és estúpida, sabes isso perfeitamente.
Mulher: Cá está, doutor, ele faz-me sentir estúpida pelo simples fato de o ter dito: assim, sou uma estúpida, quer por ter razão, quer por ter errado. Sou tão infeliz, doutor, por ele nunca estar contente!
Marido: Bom, eu não sou assim tão infeliz!
Mulher: É essa a minha infelicidade, ele não é infeliz mesmo sabendo que eu sou infeliz.
Marido: Se compreendi bem, eu deveria forçar-me a ser sempre feliz, para que ela esteja feliz por me ver contente; és uma grande egoísta!
Mulher: Eu, egoísta? Mas eu só penso em ti, dei-te sempre tudo!... etc, etc
O autor refere-se ao "turbilhão conjugal" com humor através da sua pratica clínica no acompanhamento a casais. Exemplo de um diálogo entre dois conjuges e o seu terapeuta (Laing, R,Nodi, Torino, 1974), e bastante frequente em terapia de casal:
Mulher: Repare, o que me faz ficar zangada é o fato de o meu marido estar sempre zangado.
Marido: Mas como pode ser isso se eu não me zango nunca...
Mulher: Está a ouvi-lo, doutor? O que me enraivece é que ele não fique zangado quando eu lhe digo que estou zangada porque ele está zangado...
Marido: Não é verdade, doutor, o fato é que sou eu que fico zangado por causa de ela estar assim tão furiosa por eu não estar zangado de fato...
Terapeuta (interrompendo): Bom, bom, de acordo, mas...
Mulher: Ele está sempre pronto a ofender-me.
Marido: Veja, eu é que acho ofensivo pensar que a minha mulher possa acreditar que eu a ofendo sempre, isso faz-me medo...
Mulher: Mas não deves ter medo, tens sempre medo de qualquer coisa...
Marido: Evidentemente, tenho medo de ter medo simplesmente porque tu me dizes que não devo ter medo.
Mulher: A verdade, doutor, é que o meu marido se diverte a fazer-me sentir estúpida.
Marido: Mas não és estúpida, sabes isso perfeitamente.
Mulher: Cá está, doutor, ele faz-me sentir estúpida pelo simples fato de o ter dito: assim, sou uma estúpida, quer por ter razão, quer por ter errado. Sou tão infeliz, doutor, por ele nunca estar contente!
Marido: Bom, eu não sou assim tão infeliz!
Mulher: É essa a minha infelicidade, ele não é infeliz mesmo sabendo que eu sou infeliz.
Marido: Se compreendi bem, eu deveria forçar-me a ser sempre feliz, para que ela esteja feliz por me ver contente; és uma grande egoísta!
Mulher: Eu, egoísta? Mas eu só penso em ti, dei-te sempre tudo!... etc, etc
IMPULSIVIDADE E CAPACIDADE DE ADIAR A GRATIFICAÇÃO
Na continuação dos posts sobre a impulsividade, é interessante descrever melhor a experiência citada abaixo (no post "ainda sobre a impulsividade"), realizada nos anos 60 sobre o auto-controlo e a "força de vontade" que envolvia o chamado "teste da guloseima" (marshmallow's test). O teste consistia em dar a possibilidade a uma criança de 4 anos de comer uma guloseima (disposta à sua frente num prato) ou esperar que o adulto, condutor da experiência (que entretanto se ausentava deixando a criança sozinha), retornasse à sala, passados 15 minutos, deixando-a comer, não uma, mas 2 guloseimas. Uma amostra, muito divertida do que se passou na experiência pode ser vista no vídeo (já postado anteriormente sobre o mesmo assunto):
Esta simples experiência parece estar relacionada com a capacidade de adiar a gratificação, algo que pôde ser confirmado mesmo muitos anos mais tarde: na faculdade verificou-se que os estudantes que tinham participado na experiência e resistido os 15 minutos para receber a segunda guloseima, tinham menos problemas de comportamento, de adições, de obesidade e, mais tarde, eram mais bem sucedidos nas suas vidas academico-profissionais!
Um artigo mais detalhado sobre este estudo pode ser visto aqui: http://healthland.time.com/2011/09/06/the-secrets-of-self-control-the-marshmallow-test-40-years-later/
quinta-feira, maio 03, 2012
A importância do Amor
O amor é um factor essencial na construção do sentimento de valorização de si mesmo, enquanto percepção da auto-imagem e auto-estima.
A maior reserva amorosa forma-se na infância, pelo amor que os pais dedicam aos filhos. Se esta reserva não for constituída ou se for insuficiente, o indivíduo com necessidade de ser amado e deprime face à mais leve perda de amor ou à sua curta ausência.
Inicialmente somos apenas matéria, para que possamos ser mais do que um simples corpo, necessitamos de quem nos pense, compreenda e satisfaça as necessidades básicas. O que exige uma preexistência de um ninho mental confortável, construído através do investimento no outro. Este interesse genuíno pelo outro, este amor é a semente da vida, que transforma o corpo em pessoa. A privação de condições adequadas tem como causa principal a deficiência ou falência do envolvimento do sujeito com o objecto.
O conhecimento afectivo de sentir-se existente perante o outro (no coração e na memória) e existir aí com permanência, garante a permanência e a constância do amor. Esta solidificação permitirá ao sujeito lidar com a introdução da frustração sem que esta adquira um carácter traumático.
Ainda sobre a impulsividade
Já faz algum tempo que não contribuo para o blog, e hoje tinha pensado partilhar algo diferente, mas não pude deixar de me sentir "influenciada" pelo post da Alexandra e mostrar um vídeo que ilustra na perfeição alguns pontos sabiamente tecidos pela minha querida colega.
Como poderão constatar cada um destes miúdos utiliza estratégias de evitamento, contenção distintas, sendo que alguns nem se esforçam!!
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