segunda-feira, agosto 18, 2014

Palavras e Imagens


This is the precept by which I have lived: Prepare for the worst; expect the best; and take what comes. 
Hannah Arendt







sexta-feira, agosto 15, 2014

FÉRIAS


O que são férias?


A resposta mais óbvia refere-se ao período em que não se trabalha. É portanto um espaço-tempo mais livre onde podemos utilizar o tempo de outras maneiras e desfrutar de experiências gratificantes.

Para os emigrantes, as férias são muitas vezes sinónimo de reencontro com as famílias, de regresso ao país de origem e à cultura onde foram criados. 

Mas consoante as condições, a personalidade e os gostos pessoais, cada pessoa escolhe à sua maneira como quer passar as suas férias. Estas podem então significar viajar, fazer praia, ir a festivais, fazer hobbies, iniciar novos projetos, fazer outros trabalhos (de verão), juntar a família, juntar amigos ou não fazer nada.

Chamo a atenção para esta última sugestão, "não fazer nada"; basicamente "PARAR". Parar como uma forma não estruturada de meditar: não fazer nada na medida do possível. É portanto relativo: pode querer dizer estar imóvel ou fazer algo que requeira pouca energia ou até algo que de que se goste muito.

Pode ser durante um grande período de tempo (ex. dias) ou pequenos intervalos de minutos. A sua essência? Respirar fundo, auscultar-se, lembrar quem é e o que quer (os seus valores).

Para quê PARAR? Para melhor prosseguir; para me recentrar, reconectar mais e melhor comigo e com o mundo à minha volta; para refletir sobre algo ou simplesmente fazer o ponto da situação ou reganhar o sentido e a vitalidade. As questões mais importantes das nossas vidas (prático-filosóficas) só as podemos encontrar dentro de nós com a serenidade que permite escutar as verdades difíceis e com a lentidão - atenção, dedicação, consciencialização -que preciso para me aperceber delas.

PARAR é deixar a vida acontecer. Não fazer nada é algo de muito profundo; é deixar de reagir compulsivamente ao mundo. É alimentar a ação (centrada e criativa) e diminuir a reatividade (automática e repetitiva).

“Milhares de pessoas que anseiam pela imortalidade não sabem o que fazer numa tarde de chuva” Susan Ertz

domingo, agosto 10, 2014

Palavras e Imagens para o fim de semana


Séneca:

 "Não nos devemos preocupar em viver muito, mas sim em viver plenamente.
Viver muito depende do destino, viver plenamente, depende de nós próprios.
Que interessam os oitenta anos daquele homem passados na inacção?
Ele não viveu, demorou-se nesta vida; não morreu tarde, levou foi muito tempo a morrer. O que importa é ver a partir de que data ele começou a morrer.
Viveu oitenta anos? Não, existiu durante oitenta anos, a menos que se diga que ele viveu no mesmo sentido em que nos referimos à vida das árvores".







quinta-feira, agosto 07, 2014

O pensador e o pensamento


Existe alguma relação entre o pensador e seu pensamento, ou existe apenas pensamento e não um pensador? 
Se não houver pensamentos não há pensador. 
Quando você tem pensamentos, existe um pensador? 
Percebendo a impermanência dos pensamentos, o próprio pensamento cria o pensador que lhe confere permanência; então o pensamento cria o pensador; e o pensador se estabelece como uma entidade permanente apartada dos pensamentos que estão sempre em estado de fluxo. Assim, o pensamento cria o pensador e não o contrário. 
O pensador não cria o pensamento, pois se não houver pensamentos, não há pensador. O pensador se separa de sua origem e tenta estabelecer uma relação, uma relação entre o chamado permanente, que é o pensador criado pelo pensamento, e o impermanente ou transitório, que é o pensamento. Então, ambos são realmente transitórios. Vá investigar o pensamento completamente até seu fim. Reflita nele inteiramente, sinta-o e descubra por si mesmo o que acontece. Descobrirá que não existe absolutamente pensador. Pois quando o pensamento cessa, o pensador não existe. 
Nós pensamos que existem dois estados, o pensador e o pensamento. Estes dois estados são fictícios, irreais. Existe apenas pensamento, e o fardo de pensamento cria o “eu”, o pensador. - 

Krishnamurti, What Are You Doing with Your Life?

sexta-feira, agosto 01, 2014

Referência a algumas perturbações psiquiátricas graves


Eis um video ilustrativo de algumas perturbações psiquiátricas graves, que incorporam ou manifestam aspetos próprios do funcionamento psicótico da personalidade.





Algumas destas perturbações podem também indiciar lesões neurológicas, podendo simultâneamente ter uma origem ou componente psicogénica.

sábado, julho 26, 2014

Palavras e imagens 3

"A vida é como uma bicicleta, é preciso avançar para não perder o equilíbrio"
Albert Einstein







quinta-feira, julho 24, 2014

Nomofobia


Medo de viver sem telemóveis está a transformar-se 

numa patologia


Novo medo afecta cerca de 66% dos jovens adultos



Os novos distúrbios emocionais são o reflexo do estilo de vida cada vez mais autocentrado que levamos. Nos últimos anos, a tecnologia aproximou as pessoas, mas também as tem afastado.

Nos dias que correm, imperam a carreira profissional, o estatuto social, as relações virtuais e as gratificações fáceis e imediatas, pelo que importa conhecê-los.
E se há atitudes que conseguem incomodar profundamente, pegar num smartphone para enviar um SMS ou espreitar o que está a acontecer nas redes sociais durante um jantar entre amigas, é uma delas.
Já perdi conta ao número de vezes em que deparei com a minha amiga Catarina Pires (nome fictício) a distanciar-se da conversa do grupo para enviar (mais) um SMS, ler um e-mail ou para responder a um dos amigos que está online numa das várias aplicações de conversação que tem instaladas no seu smartphone.
Eu só dou por mim a questionar-me, mas porquê tantos chats? Se a melhor forma de comunicar com alguém continua a ser através de um simples telefonema ou, sempre que possível, cara a cara. Pelo menos, para mim. Mas, parece que para a Catarina Pires, não. Nem para ela, nem para uma grande maioria. Estudos internacionais recentes revelam que mais de metade da população receia ficar sem telemóvel.
Falamos de nomofobia, um novo medo que afecta cerca de 66 por cento dos jovens adultos, sobretudo mulheres e que se enquadra no âmbito das perturbações do controlo dos impulsos, tal como a compulsão por compras ou a compulsão sexual. Perturbações cada vez mais relatadas dentro dos consultórios de psicologia, que podem ter consequências nefastas.
O aumento da utilização dos smartphones e a necessidade de ligação constante às redes sociais acentuou a prevalência da nomofobia, «um desconforto causado pela incapacidade de comunicar por telemóvel, que pode dar origem a um medo patológico de ficar incontactável, que se enquadra nas perturbações do controlo dos impulsos», refere Cláudia Sousa, psicóloga clínica.
«Pode surgir associado a quadros de depressão ou ansiedade generalizada, mas também em pessoas saudáveis», alerta a psicóloga. Um estudo recente, realizado no Reino Unido, revelou que mais de metade das pessoas confessam que têm medo de perder o telemóvel (cerca de 66 por cento). Os adolescentes e os jovens adultos (principalmente mulheres) são os mais afectados.
Os sinais do medo
Caracteriza-se por uma sensação de pânico e de impotência, tremores, suores frios, falta de ar, náuseas, taquicardia e dores de cabeça. «Nos casos mais graves, pode chegar à depressão e à perturbação de pânico», alerta a psicóloga clínica Cláudia Sousa.
Actualmente, todos nós estamos permanentemente ligados, pelo telemóvel ou pelas redes sociais, mas, como acontece com qualquer outra perturbação psiquiátrica, o comportamento passa a ser patológico, quando interfere significativamente com os compromissos da pessoa.


De acordo com a especialista, os primeiros sinais que indiciam esta fobia são a necessidade de estar constantemente a olhar para o telemóvel, verificar obsessivamente se existem chamadas perdidas, sms ou emails, deixar de fazer algo importante para atender uma chamada e, caso se esqueça do telemóvel em casa, voltar atrás para o ir buscar, pondo em causa um compromisso importante.


Original em: Mulher.sapo
Texto: Sofia Cardoso com Ana Cristina Almeida (psicóloga clínica e directora clínica da Clínica Psicronos em Lisboa), Cláudia Sousa (psicóloga clínica no Instituto Cuf) e Fernando Mesquita (psicólogo clínico e sexólogo)

domingo, julho 20, 2014

Mais uma vez a questão da felicidade

Este interessante artigo, que remete para vários estudos de psicologia, refere que mesmo aquilo que nos faz feliz deixa de fazer a longo prazo.
Por outras palavras, é o desassossego, benção e maldição da humanidade.









Palavras e imagens 2

Ventos nos vales em África (via NASA)









quinta-feira, julho 17, 2014

A "ATENSÃO"


O que é estar atento? Até que ponto é importante?

Estar atento implica estar presente, consciente e disponível. Implica um estado de tranquilidade, de acalmia: um estado de "a-tensão" que permita que o sujeito não esteja distraído, ou seja, um estado em que não hajam demasiados focos de atenção a competirem (em "tensão") uns com os outros.

Estar atento implica um sentido de quietude recetiva. 
Quando algo não corre como gostaríamos ou nos magoa (física e/ou psicológicamente), sofremos. O que fazer? Como lidar da melhor maneira com as dores da vida (umas breves outras crónicas)?

A este nível, as crianças ajudam-nos a perceber o que fazer: quando sofrem, o que precisam quase sempre é - sobretudo - de ATENÇÃO. Querem muitas vezes "coisas", brinquedos, prendas, dinheiro; mas o que realmente "querem" e precisam é de atenção, uma atenção que reifique/valide o valor da sua existência ("ser o centro das atenções"). Ser o centro das atenções devolve um sentido de existência plena e preciosa a quem é alvo dela. Dar atenção a uma criança que sofre, uma atenção plena e empática, é ter espaço interno para acolher as suas dores. Dar atenção às "dores" é não lutar com elas, não as rejeitar (uma vez que elas se impõem independentemente da nossa vontade); é, pelo contrário, uma espécie de rendição, aceitação em relação "ao que é" que pacifica, não as dores, mas o nosso sofrimento em relação a elas. 

É pois um estado de A-TENSÃO em relação à realidade. Podemos e devemos fazê-lo connosco mesmos mas por vezes (ou muitas vezes!) a atenção de um nosso semelhante é uma preciosa ajuda.

domingo, julho 13, 2014

Palavras e imagens 1

Vi há dias um filme de Fred Schepisi, com o Clive Owen e a Juliette Binoche, cujo título é "Words and Pictures". Está traduzido em português como "Por falar de amor", um título completamente a despropósito e que desvirtua a questão essencial do filme. Sendo formalmente uma comédia romântica, o tema tem a ver com o valor e peso das palavras vs as imagens. Esta é uma questão muito importante para nós, psicoterapeutas, que trabalhamos com a palavras mas também com metáforas. Uma metáfora bem conseguida pode ser preciosa, mas por outro lado, a palavra....

Apesar da "guerra" entre a Juliette Binoche e o Clive Owen, gosto da palavra e gosta da imagem e acho que ambas podem ter grande impacto. Proponho-me postar uma ou outra a cada fim de semana.

Como "a princípio era o verbo", vou começar pela palavra:

When I was a boy of 14, my father was so ignorant I could hardly stand to have the old man around. But when I got to be 21, I was astonished at how much the old man had learned in seven years.

Mark Twain

quarta-feira, julho 09, 2014

Sigmund Freud e Carl Jung: Divergências, tensão e fim de uma relação



Freud e Jung são duas personagens de referência histórica para a psicologia, mais particularmente para a psicanálise.

Originalmente Freud considerava Jung um possível sucessor que poderia vir a liderar o movimento da psicanálise no futuro. Contúdo as divergências teoricas e tensões pessoais entre ambos conduziram à deterioração da relação que mantinham, o que resultou finalmente no fim da relação por meio da célebre carta que Freud dirigiu a Jung em 1913 (na foto).
  

Nesta carta Freud alega ser "demonstrávelmente falso" o facto de o próprio tratar os seus seguidores como pacientes, ainda que na mesma carta Freud faça alusão à "doença" de Jung.

Citando um exerto (traduzido) desta carta, Freud diz:
"A sua alegação de que o trato que dou aos meus seguidores é de os considerar enquanto pacientes é demonstrávelmente falsa... Trata-se de uma convenção entre nós analistas o facto de nenhum de nós necessitar de se sentir envergonhado pela sua própria neurose. Contúdo, um de nós (referindo-se a Jung), que ao mesmo tempo que se comporta de forma anómala também reivindica continuamente a sua normalidade, gera entre nós margem para suspeita de que ele próprio carece de insight relativamente à sua doença. Em consonância com este facto, proponho que abandonemos completamente as nossas relações pessoais."

"Não perderei nada à luz da presente decisão", continua Freud, "pois meu único laço emocional consigo tem sido de caráter frágil - o efeito lento e cumulativo de desilusões passadas - e você tem tudo a ganhar, de acordo com o comentário que fez recentemente sobre como a sua relação ínitma com determinado homem inibia a sua liberdade científica."

Freud e Jung relacionavam-se desde 1906. As diferenças profissionais e intelectuais, tão profundas quanto mais tarde se tornaram, possivelemente não teriam por si só conduzido ao fim drástico da relação entre ambos. Os conflitos pessoais que existiam na relação entre Freud e Jung, e que facilmente os conduziam a adotar falsas atitudes e tons ambigúos entre eles, parecem ter reforçado a tendência de alienação mútua.

sábado, julho 05, 2014

A mudança

Vi há dias num site esta imagem, cujo autor não estava identificado. Ao ler o que nela estava escrito ocorreu-me mais uma vez uma questão de que já tenho falado aqui: a da mudança e transformação. 
Quase toda a gente afirma convictamente que gostaria de mudar uma série de coisas na sua vida. Eu também (já agora).
Mas queremos mesmo mudar? Ou será que no fundo, no fundo, preferimos acomodarmos-nos nos velhos hábitos, rotinas, pensamentos, atitudes? Parece que mais vale um mal conhecido do que o desconhecido, como muitas vezes comento com os meus pacientes. 
Temos medo da mudança. Será que o inferno existe mesmo, como nesta imagem?










segunda-feira, junho 30, 2014

PARA QUE SERVEM AS CÓCEGAS?


O que são as cócegas? Porque nos fazem rir? Qual é a sua função?
Estas são algumas das questões mais pertinentes acerca do intrigante fenómeno que diz respeito às cócegas. No texto abaixo reproduzido, poderemos compreender melhor as suas características e modo como se interligam os seus aspetos evolutivos e sociais.  

1.    As cócegas têm a função de estreitar laços de amizade

Quem nunca fez cócegas em amigos ou parentes só para descontrair? Pois segundo Robert Provine, neurocientista da University of Maryland, nos Estados Unidos, é justamente essa a função do mecanismo das cócegas: estreitar laços de relacionamento entre familiares e amigos.
Além disso, a cócega é considerada um gatilho primitivo do riso, uma ação instintiva e contagiante que está relacionada à demonstração do humor. Segundo Provine, o controle de respiração que usamos durante a risada é a base da nossa capacidade de pronunciar palavras, motivo pelo qual, segundo ele, um chimpanzé não consegue articular a fala.

2.    Nós rimos quando sentimos cócegas porque ficamos tensos

Quando alguém faz cócegas em você, sensores do corpo indicam para o cérebro que há um perigo – afinal, a ação é inesperada. Sobrecarregados de informação, esses sensores mantém o corpo tenso, em alerta, fazendo com que você tente se desenvencilhar das cócegas e dizer coisas como “Pare!” ou “Saia!”.
No entanto, se as cócegas continuam, a risada é uma forma de descarregar a tensão do corpo frente à situação. Afinal, todo mundo sabe que dar risada é uma boa forma de relaxar, certo?

3. É impossível fazer cócegas em você mesmo

Se no tópico anterior foi dito que o corpo fica tenso durante um ataque de cócegas devido, principalmente, ao fato de que se trata de uma situação inesperada, é meio óbvio que não possamos fazer algo em nós mesmos que nosso cérebro já não saiba.
Cócegas
Fonte: Reprodução/WebCoursesBangkok
Conforme explica o neurocientista David Eagleman, “o cérebro está sempre prevendo as nossas ações e como o nosso corpo irá reagir frente a elas”.  Assim, surpreender-se a si mesmo é impossível.

4. Não é natural fazer cócegas em estranhos

Enquanto que parece ser extremamente comum pegar seu irmão de surpresa e enchê-lo de cócegas, não parece ser muito apropriado fazer isso em um completo estranho. Segundo Robert Provine, você pode até fazer isso em alguém aleatório na rua, mas o seu cérebro sabe (e avisa!) que esta é uma ação nada natural.
Afinal, as cócegas, aparentemente, não têm a função de fazer novas amizades, mas de estreitar laços já existentes. Ou você já fez amigos a partir de um ataque de cócegas aleatório, no meio da avenida?

5. Você sente mais cócegas nas partes mais vulneráveis durante uma briga

Cócegas
Fonte: Reprodução/SXC
Pense no lugar onde você mais sente cócegas. Este é, provavelmente, uma das partes mais vulneráveis do seu corpo durante uma briga. Geralmente, as pessoas apresentam maior sensibilidade nos pés, no peito, no pescoço e no sovaco. Faz sentido?

6. Pessoas com mais de 40 anos sentem menos cócegas

Provine também explica que as cócegas parecem ter sido feitas para jovenzinhos. Pessoas com 40 anos ou mais sentem menos cócegas e ficam menos à vontade durante essas brincadeiras. O curioso motivo o neurocientista ainda não soube explicar.

7. Cócegas incentivam a comunicação entre pais e bebes e incentivam o senso de autodefesa 

As risadas provocadas pelas cócegas são uma forma comum de expressão durante os primeiros meses de vida de uma criança. “É uma das primeiras formas de comunicação entre a criança e os pais”, afirma Provine. A mãe tende a fazer cócegas na criança enquanto uma risada é dada em troca. Quando a resposta muda, às vezes com uma cara brava ou retorcida, a mãe imediatamente para.
Cócegas
Fonte: Reprodução/Micah Sittig
Segundo o psiquiatra Donald Black, da University of Iowa, nos Estados Unidos, a ação de uma criança fazer cócegas na outra é fundamental no senso de proteção. Já que as partes onde mais sentimos cócegas são as mais sensíveis durante uma situação de risco, o alerta é estimulado na criança.
http://www.zoinc.com.br/ciencia/02-2013/7-fatos-que-voce-nao-sabia-sobre-as-cocegas

sexta-feira, junho 20, 2014

As leis da atração

Química. Já quase toda a gente a sentiu, mas dificilmente alguém a sabe explicar. É aquele click inexplicável faz soar alarmes e acender luzes, as borboletas no estômago e o sorriso tolo na cara, aquela sensação de ter havido alguém que acampou dentro da nossa cabeça e se recusa a sair de lá. Mas porque sentimos nós estas coisas - e tantas outras - com umas pessoas e não as sentimos com outras? Quais são (será que as há?) as leis da química e da atração?

A frase "houve uma química entre nós" pode ter um sentido bastante mais literal do que aquele com o qual se habituou a olhá-lo. Estrogénio, testosterona, dopamina, serotonina, norepinefrina e adrenalina: eis uma grande parte da explicação para o que está a acontecer no seu corpo e no seu cérebro quando se sente atração por alguém. De certa forma, sentir-se atraído por alguém é uma experiência semelhante a estar sob a influência de certas drogas. Porque na realidade, está mesmo.

Provavelmente quase todos os dias conhece pessoas novas, cruza-se diariamente em todos os locais que frequenta com centenas de pessoas. Porque é que umas lhe são indiferentes e outras despertam o seu interesse e a fazem sentir-se atraídas por elas? Provavelmente já pensou sobre isto e pergunta-se o que será que essas pessoas têm de especial, mas na realidade essa é uma pergunta incompleta... A questão correta é: o que é que a atração por uma determinada pessoa diz sobre si.

A resposta começa no universo dos sentidos, afinal são eles que nos permitem o contacto com tudo e todos à nossa volta, como refere o psicólogo e sexólogo Fernando Mesquita. E, como explica, privilegiamos por norma os sentidos da distância, considerados nobres – ver e ouvir –, enquanto aqueles que exigem proximidade (o gosto, o olfato e o tato) foram classificados como inferiores. "Os outros têm o direito a me ver e ouvir, mas não têm o direito de me saborear ou cheirar a menos que eu queira. Mas se temos uma relação amorosa não basta ver e ouvir, queremos acima de tudo cheirar, saborear, tocar e acariciar", conclui o sexólogo. Quer isso dizer que a atração é marcada por tudo isso que nos é agradável: o que vemos, ouvimos, cheiramos, saboreamos e tocamos.


Fernando Mesquita refere as muito faladas feromonas, apesar de todo o ceticismo no que concerne à sua influência nos humanos. Alguns estudos defendem que os humanos, à semelhança de outros animais, têm a capacidade inata de identificar, através do cheiro e, portanto, das feromonas, sistemas imunitários diferentes dos seus, que são sempre os preferidos na altura de escolher um companheiro e que estão ligados a comportamentos primitivos essenciais à preservação da espécie. De resto, é essa mesma atracão primitiva, que tem origem no hipotálamo, que marca o comportamento "dos homens que sentem atracão por mulheres com peito grandes e ancas largas (características associadas à fertilidade), tal como o caso de mulheres que sentem atração por homens com características associadas à força e poder", explica Fernando Mesquita.

Por fim, também a β-feniletilamina, uma hormona conhecida como a "anfetamina do amor", cumpre o seu papel neste cocktail bioquímico dentro de nós: é uma hormona que "faz desaparecer bloqueios, inibições e censuras e provoca o aumento da produção de dopamina [libertada em situações de prazer]. Este neurotransmissor também é, em certa parte, responsável pelo estado de euforia vivido na fase de paixão", refere o sexólogo.

As nuances da atração

Sabia que os homens podem interessar-se por mulheres diferentes dependendo se é manhã ou tarde? E que as mulheres podem sentir-se atraídas por homens de tipos muito distintos consoante a altura do mês? É a química a funcionar e, embora não se saiba ainda "da missa a metade", já muito é explicável e até mensurável. Um estudo realizado no Face Research Lab da Universidade de Glaslow, na Escócia, pelo psicólogo Benedict Jones, defende que, nos homens, as oscilações nos níveis de testosterona que ocorrem ao longo do dia têm uma influência decisiva na escolha de uma parceira: no início da manhã, quando o organismo masculino tem níveis mais altos de testosterona, as probabilidades indicam que optará por uma mulher de traços suaves, delicados e femininos, à tarde, com os valores mais baixos é bem possível que lhe chame a atenção uma mulher de rosto mais "pesado" e traços mais masculinos.

Já esta "matemática hormonal" feminina sofre alterações ao longo do mês, acompanhando a fase do ciclo menstrual. Os níveis hormonais de estrogénio, progesterona e testosterona sobem e descem drasticamente ao longo do mês. As consequências práticas destas alterações de valores refletem-se também naquilo que chama a atenção da mulher: os investigadores referem que do primeiro ao quinto dia do ciclo a mulher está menos disponível para sexo, razão pela qual se fizer escolhas sobre um parceiro, estas vão tender para o homem pacato e com feições suaves. Do quinto dia para a frente, os níveis de estrogénio e de testosterona começam a aumentar e, no período de ovulação, a partir do 14º dia, são os homens com um ar mais másculo e feições marcadas, como o queixo proeminente, que dominam a atenção feminina.


Será então justo afirmar que, no campo da química, nada é controlado pela nossa racionalidade e são as hormonas que mandam em nós? Felizmente, não. Muito embora na fase da paixão percamos um pouco a capacidade de pensar racionalmente (daí que seja tão difícil ver defeitos no outro quando estamos apaixonados), não somos guiados apenas por instintos, até porque algures no nosso subconsciente existe, para cada um de nós, um modelo já construído daquele que será o parceiro ideal.

Como nos explica o psicólogo e sexólogo Fernando Mesquita, como seres racionais que somos, os nossos comportamentos e decisões não se limitam a questões bioquímicas. "Está comprovado que, apesar de toda a importância da dita 'química', as vivências prévias e os fatores psicológicos são um fator determinante na seleção do (ou da) 'tal'", conclui o sexólogo. No fundo, remata, Fernando Mesquita, apesar do amor produzir reações químicas cerebrais específicas, a ligação afetiva entre duas pessoas não se limita exclusivamente a consequências biológicas.

Da atração ao amor, do amor à atração

A fase inicial da atração, do desejo, da paixão, bem sabemos que é maravilhosa, mas não dura para sempre. Nem podia: ninguém resistiria por muito tempo ao coração a bater descompassado, ao aumento da pressão arterial e da frequência respiratória, aos tremores e à falta de apetite, de concentração e sono! Estamos por isso programados para passar à fase seguinte, de mais estabilidade e de uma afeição mais tranquila para a nossa mente e para o nosso corpo. Ou seja, para passarmos da paixão ao amor e vinculação.

"Passada a fase de excitação, instala-se no cérebro um estado chamado de 'euforia-dependência', cuja presença da pessoa amada proporciona alegria interior e serenidade, e que se torna cada vez mais indispensável", explica Fernando Mesquita. De acordo com o sexólogo, quem ama, vive "drogado" de endorfina (morfina produzida pelo próprio corpo). "Mas, ao contrário do que acontece com os toxicómanos que precisam de doses cada vez maiores de morfina, o nosso organismo tem um limite na produção de endorfinas. E é neste ponto que alguns casais acabam a relação pois a quantidade de endorfinas produzida deixa de ser suficiente para saciar esta dependência", conclui. Como contrariar então esta quebra e acender o desejo nas relações de longa duração?

A terapeuta sexual e investigadora Esther Perel dedica-se há vários anos a estudar questões relacionadas com o desejo, amor e erotismo, sobretudo nas relações de longa duração. "Porque é que o amor e a intimidade não garantem bom sexo?", "Podemos querer aquilo que já temos?" ou "Porque é que aquilo que é proibido é tão erótico?" são algumas das perguntas de partida da sua investigação.

Mas, afinal, porque é tão difícil manter o desejo e o erotismo nas relações de longa duração? Esther Perel defende que na origem desta dificuldade está o desafio de conciliar duas necessidades humanas muito diferentes: a segurança, estabilidade e previsibilidade das quais precisamos e que são próprias de uma relação duradoura e de confiança e, por outro lado, a necessidade de aventura, novidade e mistério, características do desejo e do início de relação.

Porque, na verdade, muitas vezes, os ingredientes que alimentam o amor - como a responsabilidade e a preocupação - são os mesmos que matam o desejo. A investigadora concluiu que os casais que, passado décadas, ainda mantém a paixão e o erotismo na sua relação são aqueles que mantém alguma privacidade e espaço individual; que entendem que os preliminares não algo que é feito cinco minutos antes do sexo, mas antes uma coisa que começa logo no fim do orgasmo anterior; que entendem que a paixão, como a lua, tem fases, não é constante e aceitam isso, mas sabem como a trazer de volta porque abandonaram o mito da espontaneidade e sabem que a vida sexual exige presença, foco e intencionalidade.

Fontes:
- Fernando Mesquita, psicólogo e sexólogo
- Esther Perel, The secret to desire in a long-term relationship
- Gildersleeve, LM DeBruine, MG Haselton, DA Frederick, IS Penton-Voak, BC Jones & DI Perrett (2013). Shifts in Women's Mate Preferences Across the Ovulatory Cycle: A Critique of Harris (2011) and Harris (2012). Sex Roles, 69: 516-524.


Escrito por  Sofia Teixeira com entrevista a Fernando Mesquita, psicólogo e sexólogo





quinta-feira, junho 12, 2014

II Congresso Luso-Brasileiro sobre o Pensamento de Donald W. Winnicott


Divulgamos hoje no nosso blog o II Congresso Luso-Brasileiro sobre o Pensamento de Donald W. Winnicott, subordinado ao tema “A Retomada do Amadurecimento”, organizado pela AP – Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, em colaboração com a Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana e a International Winnicott Association, e que irá decorrer nos próximos dias 20 e 21 de Junho, no ISPA.


Estarão presentes especialistas internacionais, tais como Elsa Oliveira Dias, Zeljko Loparic, Roseana Garcia e Cláudia Dias Rosa, representantes da Sociedade Brasileira  de Psicanálise Winnicottiana, e Laura Dethiville, representante da International Winnicott Association, bem como com especialistas portugueses, tais como António Coimbra de Matos, Carlos Amaral Dias, João Gomes Pedro, entre outros.


O Congresso contará com conferências, apresentação e discussão de casos clínicos, bem como mesas redondas, em que se perspectivam "diálogos com Winnicott" e dirige-se a profissionais das áreas da psicanálise e psicoterapias, da saúde (preferencialmente cuidados de saúde primários, psiquiatria, pedopsiquiatria, pediatria), protecção à infância, prevenção da delinquência, educação e desenvolvimento comunitário, entre outras.  









No dia 22 de Junho, no ISPA, irão ainda decorrer as Jornadas Clínicas da AP (apenas para associados).

Para mais informações sobre o Congresso e as Jornadas Clínicas:


- Website da AP: www.apppp.pt 


Votos de um bom congresso!

- A Psicronos -

segunda-feira, junho 02, 2014

É difícil fazer novas amizades?

(Este post tem de ir sem imagens porque não estou a conseguir descarregá-las)

Ouço muitas vezes a queixa de que a partir de uma determinada idade é difícil fazer novas amizades. Que quando se andava no liceu era fácil, mas que agora...

Vou ser directa: não, não era fácil no liceu nem é agora, se não se tem realmente vontade, disponibilidade e algumas outras capacidades que se podem desenvolver e de que falarei a seguir.

A primeira questão é a da vontade. Quero realmente fazer um(a) novo(a) amigo(a)? Com tudo o que isso implica de disponibilidade para, não só ouvir o outro, mas também expor-se ao falar de si? E, antes disso, de ir à procura de amigos?

Os amigos, como tudo o resto na vida, excepto a chuva, granizo e neve, não caem do céu aos trambolhões. Mas há pessoas que pensam que sim, como também pensam que um "bom" emprego vai aparecer de repente, sem fazerem nada por isso.

Queremos mesmo fazer uma nova amiga? (Vou adoptar aqui o feminino por comododidade, nas é evidente que também se aplica a fazer amigos homens)

Vejamos então os passos.

1. Sair da zona de conforto, do rame-rame casa-trabalho, trabalho-casa. Frequentar uma actividade cultural que se prolongue no tempo, como um grupo de leitura, um voluntariado numa biblioteca, um ginásio, uma actividade desportiva que exija encontros regulares, um fórum na internet, aulas de línguas ou de pintura em horário pós-laboral, etc, etc.

2. Sermos nós próprias. Pensar: o que é que eu gosto de fazer? Há muita gente que não sabe responder a esta pergunta. Aqui está um exercício para fazer consigo própria: se acordasse amanhã com uma nova capacidade ou habilidade, qual seria ela? Gostava de saber dançar? Há aulas de tango disponíveis em muitas cidades e locais. Tango ou outro tipo de dança. Ocorre-lhe que gostaria de ser escritora? Há variados cursos de escrita criativo, por sinal bem divertidos, como o do Rui Zink.

3. Partindo do princípio de que venceu a fácil e confortável inércia que nos impede de experimentar coisas novas (sobre isto falarei no fim), que já fez uma busca na internet ou que perguntou a outras pessoas, resta pegar nos pezinhos e ir inscrever-se.

4. Vou hoje à minha primeira aula de ...... (preencher). Mas o que é que digo quando lá chegar? Seja verdadeira. Os outros percebem facilmente quando estamos a ser genuínos ou não. Apresente-se e diga por que escolheu aquela actividade e que quer fazer amigos que partilhem os mesmos interesses. Mostre-se curiosa e aberta a novas experiências. Tente falar com a maior parte das pessoas. Interesse-se pela vida deles que eles também se interessarão pela sua. Depois, naturalmente, vai verificar que algumas pessoas se aproximarão mais, outras não. É natural. Um dos erros mais frequentes que fazemos é pensar que todos têm de gostar de nós. Trata-se de um pensamento mágico, infantil, de uma ilusão.

Vamos supor que entre si e uma outra pessoa do grupo surge uma afinidade: pode ser um sorriso, uma "asneira" feita em comum, qualquer coisa que visto aproxime. Aproveite pequenos sinais.

4. Partilhe factos e pensamentos com uma provável futura amiga. Não vai enchê-la de informação logo não primeira conversa, mas mostre-se aberta e revele qualquer coisa sobre si própria. Qualquer coisa pessoal e mesmo ligeiramente embraçosa. É contagioso.

5. À primeira oportunidade, convide essa pessoa para almoçar no dia seguinte, ou irem à praia no fim de semana. Nada de vago e bem português tipo "temos de nos encontrar um dias destes". É o mesmo que dizer que está pouco interessada.

6. O sentido de humor é importante. Todos nós gostamos de rir, e não há nada que una mais as pessoas. Entre um homem e uma mulher, é tão importante como o sexo.

7. Depois de um primeiro encontro, quer seja uma ida ao cinema, um almoço, qualquer coisa, é sempre simpático e é uma forma de manter a conexão, mandar um email ou uma mensagem a dizer que gostámos muito (se foi o caso, claro). E depois, vem tudo o resto. Manter uma amizade é capaz de ser mais difícil do que fazer uma nova. Exige disponibilidade e também a capacidade de aceitar algumas pequenas coisas que não nos agradem muito. Mas o importante são as grandes coisas. Este já não é o assunto deste post.

Bem, agora vem a parte mais dolorosa. Alguns dos meus leitores dirão: mas eu sei isso tudo mas não consigo...

Primeiro, saberão mesmo?

Segundo: é um facto que um humor mais depressivo leva a um fecho sobre nós próprios - isto para não falar já das personalidades mais esquizoides. O depressivo sente - é essa a natureza do seu problema - que não tem nada para dizer, que ninguém gosta dele, que tem receio que os outros o interpretem mal, que tem medo dos falsos amigos...

Tudo desculpas (defesas, como dizemos em psicanálise) para não ir à luta, para adiar a vida todos os dias.

O ser humano precisa do seu espaço,próprio mas também precisa do contacto com os outros. Não é por acaso que é um ser gregário. Uma amizade, como um amor, pode trazer desgostos, claro. Mas também pode ser muito gratificante e nós precisamos dela. "No man is an island", como escreveu esse grande poeta que foi John Donne.

 

 

quarta-feira, maio 28, 2014

SEXO VIRTUAL

O vício do sexo virtual


Uma das consequências de um desejo sexual hiperativo

A compulsão sexual ou o desejo sexual hiperativo, nome por que também é designado o excesso de desejo sexual, é um dos problemas mais diagnosticados nas consultas de sexologia, de acordo com o sexólogo Fernando Mesquita.
Vários estudos mostram que a compulsão sexual afeta entre 5 a 6 por cento da população, principalmente homens (o número de homens que fazem sexo virtual é quatro vezes maior).
No entanto, estes números podem ser, na realidade, bem mais elevados. «Muitas destas pessoas não reconhecem o problema, outras sentem-se de tal forma constrangidas que optam por escondê-lo», alerta o especialista. A mais recente comédia de Joseph Gordon-Levitt, «Don Jon», mostra bem até onde pode ir o vício do sexo virtual. Don Jon, como os amigos lhe chamam, uma espécie de Don Juan moderno, é conhecido pela sua capacidade de seduzir o sexo oposto.
No entanto, nenhum encontro se compara ao êxtase que obtém sozinho, ao computador. Don Jon é viciado em pornografia e retrata os problemas normais de quem vive com esta compulsão, como a incapacidade de reconhecer que tem um problema e que precisa de ajuda, mas, ao mesmo tempo, é um exemplo de como o vício pode ser superado, quando conhece a mulher por quem se apaixona verdadeiramente e que o faz ver a vida de outra forma.
Está em risco?
«A visualização de pornografia, ou a prática de sexo virtual, pode tornar-se viciante, especialmente por apresentar uma grande variabilidade de oportunidades. Com o recurso à internet, a imensidão de estímulos não tem conta. Além disso, a pornografia e o sexo virtual são de gratificação imediata», explica o sexólogo Fernando Mesquita. É um problema comum em pessoas psicologicamente saudáveis, mas, geralmente afeta pessoas ansiosas e com dificuldade no controlo dos impulsos, ou pessoas tímidas, com fobia social ou dificuldade em estabelecer relações.
Os efeitos nefastos
Para estas pessoas, a necessidade de sexo leva a um dispêndio de tempo anormal em atividades necessárias para satisfazer os seus desejos. A maior parte dos dias é passada a planear, imaginar e a procurar oportunidades sexuais. Tal como nas outras dependências, pode surgir alguma tolerância e o nível de atividade passa a ser insuficiente para o indivíduo.
Essa situação faz com que necessite de quantidades crescentes para manter o nível de alívio emocional. Como resultado, este vício acaba por interferir no trabalho, hobbies e nas relações familiares e sociais. O início do tratamento começa quando a própria pessoa reconhece que tem um problema e que precisa do acompanhamento de um terapeuta.

Texto: Sofia Cardoso com Ana Cristina Almeida (psicóloga clínica e diretora clínica da Clínica Psicronos em Lisboa), 
Cláudia Sousa (psicóloga clínica no Instituto Cuf) e Fernando Mesquita (psicólogo clínico e sexólogo)
Edição internet: Luis Batista Gonçalves