segunda-feira, setembro 28, 2009

A (BAIXA) PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÂOS

A abstenção no acto eleitoral de hoje foi a maior desde sempre. E não terá sido à falta das redes sociais falarem incessantemente sobre as eleições. Ainda não vi uma análise detalhada de quem foram esses abstencionistas (idade, sexo, etc), mas quer-me parecer que o desencanto com a política não deve ser alheio ao fenómeno.
A campanha, em lugar de discutir os gravíssimos problemas do país (e que não se resolverão com a passagem da crise, porque são estruturais), dedicou-se a esfarelar as miudezas e viu-se de tudo: calúnias (nunca esclarecidas, claro), ataques pessoais, até sobre o aspecto físico dos candidatos (uma vergonha), tabús que aparecem quando dão jeito para ir amealhando vantagens para os tempos duros que se seguem (como as proximas presidenciais).
No meio de tanta poeira para os olhos, deixo aqui três espantos meus:
- alguém sabe o que aconteceu ao apuramento das responsabilidades no caso dos ceguinhos de Sta. Maria? Parce q alguns deles irão ao EUA à procura de recuperar a visão. Têm razão, pior do que aqui é impossível. Aliás, já diz o ditado: "Ao Sta. Maria vais, do Sta. Maria não sais".
- alguém sabe do caso Freeport? Está no congelador? Ou será a justiça toda que congelou e agora já está fora de prazo?
- e as escutas? Estão no armário dos tabús?
- E quanto ao desemprego? Alguém percebeu o que os nossos candidatos se propoem - a sério - fazer?

Triste país este onde a gabarolice substitui a busca da verdade, e a insinuação torpe a oposição desassombrada. Teremos sido sempre assim, como alguns historiadores defendem?

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Clara,
Acho que deveriam perguntar aos abstencionistas porque é que não votaram. Eu não fui votar por preguiça. Não tenho "saco" para ir a uma escola apanhar uma seca e votar. Para além disso acho que os políticos (quase todos) insultam a minha inteligência com a falta de seriedade na abordagem à resolução de problemas. Mas se tivesse ido votar sabia em quem seria.
Acho que enquanto não criarem uma nova forma de votar - com menos formalismo e que não se assemelhe tanto a uma ida à repartição pública -, muitas pessoas, como eu, vão deixar-se levar pela preguiça e pelo comodismo.

Anónimo disse...

Alguém que não vota porque é uma seca ir às urnas poderá falar de seriedade e inteligência?

Não se preocupe, talvez um dia o voto lhe chegue a casa, em mãos, transportado por um representante, para que possa votar sem sair de casa. Depois será uma maçada ter de se levantar do sofá para abrir a porta... vida durissima esta!