A ideia da família reunida a festejar o Natal está longe de despertar afectos consensuais, pois a forma como cada pessoa sente a sua família e a sua relação com cada um dos seus elementos, pais, irmãos, primos, etc, é única. Ora se nesta época é socialmente obrigatório que essa re-união aconteça é também psicologicamente obrigatório que a re-actualização dos conflitos latentes venha ao de cima, com tudo o que isso implica.
Zangas antigas, por vezes tanto quanto as pessoas e/ou velhos ciúmes, todos se enfeitam para a noite de Natal e ameaçam sair do armário à hora da Ceia. Seja a rivalidade com o irmão pelo lugar preferido junto do pai ou mãe, seja a tristeza pelo sentimento de falta de amor ou atenção. Não é portanto de estranhar que as vésperas sejam vividas com um misto de excitação e/ou inquietação, à medida da história de cada um.
Se a força das mágoas antigas ou o vazio de afectos dominarem a cena poderá emergir a tristeza, a depressão, o sentimento de profunda solidão, mais violenta ainda pelo sentimento de diferença e inadequação face a um mundo inteiro que festeja.
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3 comentários:
Post muito oportuno e claro. Dele darei notícia no meu blogue pois Natal também é 'festa à volta da mesa' com tudo o que envolve para quem sofre de TA.
É de facto uma época muito difícil, de afectos exacerbados, em que os mais antigos sentimentos de abandono, rejeição vêm ao de cima.
É importante que as pessoas percebam que não são as únicas a sentir este tipo de coisas. Há muita culpabilidade a "pesar" nesta altura do ano.
Ex ana, o q é o TA?
Clara,
Agradeço a pergunta. Uso TA como abreviatura de Transtorno Alimentar (Anorexia Nervosa, Bulimia). Em Portugal o termo Distúrbios Alimentares ou Doenças do Comportamento Alimentar é talvez seja mais comum.
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