Está a decorrer neste momento na revista The Economist um debate online sobre os tempos de trabalho europeus e americanos em termos de férias e feriados.
A questão não tem nada de ocioso, sobretudo numa altura em que as dificuldades apertam e muitas sociedades (muito especialmente a portuguesa!) estão a empobrecer.
O ponto de partida é muito simples: apesar da produtividade ter aumentado mais na Europa do que nos USA, o rendimento per capita europeu permanece à volta dos 70% do dos norte-americanos.
Quem quer participar no debate? Lá porque somos portugueses não temos de ser desinteressados.
http://www.economist.com/debate/days/view/435
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5 comentários:
Olá Clara,
Confesso que não sei muito bem como começar o debate. Porque será que o nosso rendimento é apenas 70% do dos americanos? A única coisa que consigo pensar, neste momento, é que os Americanos são extremamente simplista (em algumas coisas, claro) e talvez por isso mais orientados para a produtividade... ou seja, será que se dispersam menos que nós, europeus, que gostamos de filosofar e especular...
Penso q a maior ou menor produtividade tem sobretudo a ver com:
1. qualificação e capacidade dos recursos humanos
2. organização e gestão dos recursos.
Em Portugal, tradicionalmente, estas 2 condições são fracas: fraca qualificação, fraca organização.
Por isso é que antigamente os portuguese pouco qualificados emigravam e, como se dizia, se "safavam" lá fora. A 2ª condição era melhor assegurada do q em Portugal. Agora já avmos tendo melhor qualificação e formação mas a gestão continua, pelo que vou sabendo, mazota. A somar a isto tudo, trabalha-se pouco. É verdade, sei que as pessoas detestam ouvir isto, mas podem perguntar a alguém que trabalhe no estrangeiro e constarão que é verdade. Aqui trabalha-se até tarde, com prejuízo da vida pessoal, mas mal e desorganizadamente - ou seja, com pouca produtividade. Basta entrarem num ministerio de manha para verem o que eu quero dizer. E não é só no Estado. Os exemplos estão por todo o lado. Uma passagem pela A5 ou IC 19 de manhã já tarde dá uma ideia das horas a que começamos a trabalhar, já sem falar falar do cafézinho no café da esquina mal se acabou se chegar...
Sobre a gestão dos recursos, tb não posso dizer nada de bom, e há anos que trabalho com empresas. Já nem falo do Estado.
Por que é que isto é grave? É grave porque:
1. sacrificamos a vida pessoal sem a devida recompensa (níveis salariais baixos e pouco tempo disponível para o lazer)
2. ficamos insatisfeitos e pouco realizados
3. não somos competitivos nos mercados internacionais o que nos torna cada vez mais pobres e mal pagos
É um círculo vicioso infernal.
O debate e votação no Economist acabam daqui a duas horas. Parece que a maioria é a favor da manutenção das actuais férias e feriados.
Também há quem expresse posição semelhante à minha: não é tanto o tempo que se trabalha que interessa, mas trabalhar bem, o que depende não só do trabalhador mas também da gestão e dos recursos tecnológicos envolvidos.
Há aqui um dado que é ambíguo e que não permite este tipo e comparação: o PIB não é medido do mesmo modo no USA e na UE: p. ex. as despesas militares na UE são despesa pública e nos USA são investimento (coisa interessante para shrinks se entreteram, porque tem um significado). Em segundo lugar, as flutuações cambiais retiram precisão ao cálculo.
Eu sou assinante há anos do Economist e já me habituei a ler essa revista (que é quase óptima). Em tudo o que respeita a UE, o Economist é panfletariamente maledicente : não se encontra uma (meia) linha que diga bem. Este é só mais uma exercício de «euro-bashing»)que (como os outros) não é de levar a sério.
A situação é diferente: os trabalhadores europeus têm muito mais produtividade/hora que os americanos mas trabalham menor número de horas por ano (fonte: Financial Times).
This is «Economist-bashing».
Tem o commonsense razão qdo diz que a Economist é por vezes parcial. Tb eu a leio há muito anos e venho constatando isso.
Mas o interessante neste debate "à maneira de Oxford" foram os argumentos usados por uma e outra parte (o proponente e o opositor), o moderador e os leitores. Houve comentários muito interssantes. Não tanto sobre o cálculo do produto (neste aspecto, se as despesas militares são ou não consideradas investimento pouco importa, porque a produtividade em Portugal sai sempre péssima na fotografia), mas sobretudo sobre aquilo que as pessoas prezam e o que estão dispostas ou não a sacrificar. Os comentários dos leitores do Economist costumam ter bastante nível e vale a pena lê-los, sobretudo numa altura em que em Portugal as confederações patronais pretendem uma redução do número de feriados. Será isso realmente importante ou mais COMO se trabalha? Eu se fosse aos patrões gastava um pouco mais de tempo a pensar na ORGANIZAÇÃO.
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