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quarta-feira, janeiro 29, 2014

A Psicanálise é apenas uma das inúmeras riscas na pelagem do Tigre

Bion desenvolveu e concebeu uma visão muito particular da psicanálise. De uma forma ainda mais radical do que outros psicanalistas, a meu ver, Bion construiu aquilo a que eu designaria por uma nova psicanálise. Com rigor não se pode afirmar de forma categórica que a Psicanálise de Bion e a Psicanálise de Freud sejam uma e a mesma coisa. Bion apoiou-se, como todos sabemos, imenso em Freud, mas, a certa altura aquilo que saiu da pena de Bion ganhou vida própria, estou convencida que isso aconteceu até contra a sua própria vontade, mas aconteceu. 

psicanálise desenvolvida por Bion deixou de se poder identificar totalmente com a psicanálise Freudiana. Na minha opinião passou a ser uma outra psicanálise, ainda hoje difícil de diferenciar e definir. As ideais inovadoras de Bion e as suas repercussões ainda são difíceis de medir e avaliar.


O aparelho mental que Bion e Freud nos apresentam não é o mesmo. As regras e as leis que o gerem também não são exactamente as mesmas. Bion cria um outro mundo. Uma outra realidade. Uma perspectiva única e inovadora sobre a realidade psíquica.

Acompanhe o Salpicos e a nossa pagina do facebook e descubra com os meus posts esta nova psicanálise.


sexta-feira, janeiro 24, 2014

Quando o Passado Inconsciente Dita a Escolha do Parceiro


Há quem diga que no momento em que escolhemos o nosso companheiro ou a nossa companheira, já sabemos, ainda que inconscientemente, como irá ser ou como irá terminar essa relação.

De facto, a psicanálise e a experiência clínica mostram-nos como isto é particularmente verdadeiro quando existe psicopatologia das relações de objeto internalizadas. Isto é, a interiorização profunda (e não voluntária ou consciente) de relações e padrões relacionais disfuncionais ou desadaptativos com os nossos cuidadores principais durante os primeiros anos de vida. Falamos aqui da forma como sentimos que fomos cuidados (sobretudo durante um período no qual ainda não conseguíamos formar memórias, portanto não há memória senão emocional desse período) e das identificações que fizemos com esses cuidadores e com todo o ambiente envolvente.

Essa experiencia relacional precoce e os respetivos papéis e padrões relacionais interiorizados durante a infância exercem tanto mais força na escolha do companheiro e no curso das nossas relações quanto menos conscientes e elaborados todos estes conteúdos se encontrarem dentro de nós. Nestes casos, o parceiro é frequentemente escolhido de forma inconsciente, apresentando características (atitudes, comportamentos) semelhantes a uma qualquer personagem do nosso passado que nos marcou significativamente, ou então por apresentar uma história de problemas relacionais semelhantes ou muito próximos dos nossos - existe uma identificação com o outro, na medida em que nele nos vemos a nós próprios, sem que muitas vezes consigamos reconhecer esses aspetos identificados no outro enquanto aspetos nossos.

Por exemplo, uma mulher que se queixa insistentemente que os seus companheiros tendem a “transforma-la” numa mãe, apercebe-se gradualmente e durante a sua psicoterapia da sua dificuldade em entrar em contacto com as suas próprias partes carentes, feridas e vulneráveis; da sua tendência na seleção de companheiros com histórias de problemas relacionais e feridas emocionais enquanto uma “expressão” da sua necessidade de contacto (a uma distância segura) com as suas próprias partes carentes e feridas, projetando e identificando essa sua parte emocional vulnerável no outro; de uma dimensão da relação com os companheiros enquanto tentativa de auto-reparação emocional pela reencenação de algo próximo de uma relação mãe-bebé – assumindo ela o papel da mãe que gostaria de ter tido ou que ainda sente precisar; e do facto de tudo isto não só não ter qualquer efeito reparador, como causar vários outros problemas nas suas relações.

Os papéis e padrões relacionais desadaptativos internalizados são inconscientemente ativados nas relações com os nossos companheiros. Esta ativação é ao mesmo tempo acompanhada da indução mútua de papéis complementares a essas relações do passado. Como consequência pode formar-se uma conspiração inconsciente que interprende o casal, configurando uma espécie de “união na loucura” que surge tanto mais poderosa e inescapável quanto a perturbação do casal.

È frequente a experiência de um dos parceiros sentir o outro enquanto um perseguidor implacável, uma autoridade moral que sente prazer cruel em fazer com que o outro se sinta culpado e esmagado; enquanto que o segundo parceiro sente o primeiro como pouco confiável, enganador, irresponsável e traidor, tentando “safar-se com a dele”. Estes papéis são frequentemente permutáveis.

Os parceiros podem ser altamente eficazes em reforçar ou mesmo induzir aquelas mesmas características que mais temem no outro, o que tende a configurar relações sadomasoquistas persistentes. As encenações podem tornar-se altamente destrutivas, por vezes simplesmente porque elas despoletam reações circulares que engolfam a vida amorosa do casal para além das intenções do casal e da sua capacidade de conte-las.

Caso os conflitos precoces em torno da agressão tenham sido severos, surge a possibilidade de reencenar imagens de mãe-pai primitivas/precoces (imagens construídas pelo funcionamento próprio da mente de uma criança de poucos anos de idade) e combinadas em fantasia que comportam pouca semelhança às características reais dos cuidadores do passado.

Transformação e libertação do padrão de escolha inconsciente

No polo da saúde mental prevalece a interdependência livre e flexível, própria de pessoas que experienciam o outro e são experienciadas por esse outro enquanto “pessoas separadas”, ou seja, pessoas não confundidas com figuras e vivências relacionais internalizadas patológicas de um passado longínquo do parceiro.

A exploração, compreensão e dissolução gradual de identificações problemáticas com figuras do passado e de padrões relacionais desadaptativos internalizados no passado é uma das características exclusivas da psicanálise e da psicoterapia psicanalítica. A relação com o terapeuta permite e estimula a reativação de toda a problemática internalizada, agora encenada pelo paciente na relação com o psicoterapeuta. Este, por sua vez, deverá manter a sua atitude empática, serena e compreensiva, ajudando a pessoa a ir tomando consciência do que está a acontecer naquele momento na relação entre os dois, e eventuais ligações que isso possa ter com figuras e padrões relacionais do passado. A identificação das vivências internas da pessoa, lado a lado com a atitude receptiva, empática e compreensiva do psicoterapeuta, conduz à internalização gradual desta nova experiência relacional e simultaneamente à dissolução gradual das experiências relacionais patológicas.

A transferência contínua para as relações do presente dos papéis complementares e padrões relacionais patológicos internalizados do passado interfere seriamente com os objetivos da própria de conseguir uma vida amorosa ou conjugal satisfatória. O desejo inconsciente de reparar as relações patogénicas dominantes do passado e a tentação de as repetir nos termos de necessidades agressivas e vingativas não gratificadas resultam na sua reencenação contínua com o parceiro amado.

Por Diogo Gonçalves
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta

quinta-feira, janeiro 02, 2014

Dinâmicas Patológicas na Relação Amorosa: Conflito e Instabilidade


Para quem almeja uma relação amorosa profunda e duradoura, a compreensão em profundidade sobre a complexidade de si próprio(a) e do outro é vital.

Uma dificuldade, incapacidade ou resistência acentuada na compreensão em profundidade e empática de nós mesmos e dos demais significa, entre outras coisas, que existem aspetos intolerados na nossa personalidade que rejeitamos e expulsamos da nossa consciência. Estes aspetos são tendencialmente evacuados para os outros por mecanismos psicológico tanto mais ativo quanto os níveis de ansiedade de uma pessoa e/ou a sua intolerância a determinados conteúdos psíquicos, ou dificuldade de pensar sobre eles.

A psicanálise mostra-nos como podem existir em nós fortes tendências psicológicas para expulsar para os outros, induzir e consequentemente recear e/ou controlar neles, desejos, impulsos, ideias ou aspetos pessoais rejeitados em nós mesmos. Por outras palavras, algo intolerável, aversivo ou muito ansiogénico em nós próprios pode ser facilmente transformado em “É o outro (e não eu) quem é, sente, pensa ou se comporta desta ou daquela maneira.” Seguem-se respostas de medo ou indignação face a esse outro, podendo surgir mesmo o ataque a esse outro, ou tentativas de o manter debaixo de controle.

Aquando deste funcionamento psicológico (identificação projetiva) perde-se a exatidão da percepção real do outro, substituída agora por uma percepção distorcida, colorida por aquilo que é atribuído ao outro (projetado sobre este). Um companheiro ou uma companheira infiéis ou com um forte desejo ou impulso para a infidelidade podem facilmente começar a acusar o parceiro de infidelidade, procurar controla-lo e ás suas atividades, etc.. O que é procurado no fundo não é a tranquilização de que não existe traição mas a sim a legitimação da desconfiança persistente, a confirmação de que esses aspetos infiéis pertencem ao outro e não ao próprio. Lamentavelmente muitas vezes essas acusações e esse controlo acabam por levar o outro ao desgaste e a tornar-se aberto a outras relações, o que acaba por concretizar a fantasia de infidelidade.

A intolerância ao reconhecimento de aspetos mais desagradáveis ou vulneráveis da nossa psicologia pode criar problemas significativos para a estabilidade e para a maturação do casal. Esses aspetos podem ser responsáveis por problemas importantes na relação amorosa, contudo a confrontação direta pode igualmente ser de tal forma problemática e intolerável que resulta em crises de atribuição ou projeção de culpa. Por outras palavras, a situação e os papéis invertem-se subitamente e naquele momento – emerge um sentimento de se estar a ser vítima de um outro sentido agora como fundamentalmente cruel, insensível, intolerante, culpabilizante, e logo, merecedor de ser agredido.

A confrontação abrupta com partes intoleradas da personalidade tendencialmente não promove insight ou ganhos de compreensão, mas um reforço das tendências projetivas,  entre outras, que neste caso acabam por atribuir ao outro a própria parte cruel, insensível e intolerante da personalidade.

A perda da aliança na relação amorosa

Sob o efeito dos mecanismos projetivos, e consoante uma maior atividade dos mesmos e também de um maior grau de fragilidade constitucional de uma dada personalidade, perde-se momentaneamente e parcialmente o contacto com a lógica racional. Dissipa-se, em maior ou menor grau, o contacto com as partes boas do outro, com as boas recordações que guardamos sobre ele ou ela, com as boas intenções e o desejo de amor dele ou dela por nós. Tudo isto desaparece, de uma forma aparentemente mais subtil ou mais radical, mais momentânea ou mais duradoura (ou mesmo irreversível, nos casos que resultam em rotura permanente da relação). 

A perda de contacto com as partes boas do outro impossibilita formar ou manter o contacto com um sentimento de aliança com esse outro – uma aliança securizante, que procura acolher e trabalhar questões individuais e conjuntas que atormentam a relação. Ao fim ao cabo a maioria de nós consegue aliar-se ao que e a quem gosta e com quem se consegue identificar. Esta aliança é a base para a possibilidade de transformação dos conflitos do casal e do acesso a novas vivências e novos equilíbrios na relação amorosa.

As fragilidades constitucionais da personalidade podem de facto ser tais que não há tolerância ao reconhecimento de vulnerabilidades pessoais. Fica então comprometida a capacidade de responsabilização pessoal aquando dos problemas na relação de casal, bem como a capacidade de ser formada essa aliança com o outro, com as partes boas do outro – as partes generosas, pacientes, compreensivas, gratificantes, tolerantes, apoiantes.

O conflito ou a instabilidade prevalecentes conduzem à insatisfação crónica, à estagnação e ao fim da relação amorosa. Ou então a um prolongar e a um suportar masoquistas da mesma, alicerçados muitas vezes na eterna esperança de uma mudança.

A relação psicoterapêutica na psicoterapia psicanalítica estimula na pessoa as suas vivências e padrões relacionais habituais, oferecendo uma oportunidade única para que, num contexto e numa aliança seguros e securizantes, possam ser trabalhadas e resolvidas questões em torno de, por exemplo, conflitos específicos e instabilidade nas relações afetivas da vida da pessoa.

Por Diogo Gonçalves
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta

sexta-feira, dezembro 13, 2013

Psicoterapia Psicanalítica: A cura na relação, pela relação


“O que é uma relação psicoterapêutica?”, “Como saberei se a tenho ou já a tive na minha vida?”, “Porque preciso dela?”. São estas as questões que organizam a nossa presente comunicação.

Relações há muitas. Relações mais íntimas ou mais superficiais, mais gratificantes ou mais frustrantes, mais sanígenas ou mais patogénicas, mais livres ou mais inescapáveis.

Aquela que verdadeiramente nos interessa aqui é a relação sanígena, que alberga em si verdadeiro potencial psicoterapêutico. É a relação com capacidade reparadora, desbloqueadora e promotora do desenvolvimento (inter-)pessoal e da criatividade. Relação   suficientemente boa, vivida plena e atempadamente para alguns, mas não para outros. Para alguns a realidade é a de falha desta relação, a de uma relação desajustada, insuficientemente vivida e precocemente perdida. Ou mesmo, o desconhecimento total desta relação.

Muitos de nós enquanto adolescentes e adultos continuamos (consciente ou inconscientemente) em busca desta relação, de forma mais intermitente ou mais incessante, na fantasia e na prática, de forma mais concreta ou mais abstrata. É frequente confundi-la, mistura-la com, ou procura-la em, outros tipos de relações,  as quais com alguma frequência se transformam sistematicamente em relações insatisfatórias, conflituais e inscritas num ciclo repetitivo de más relações que mais parecem ilustrar a crueldade do destino ou o tormento de um mau karma.

Compreensão e apoio emocional. Estes são dois dos mais vitais “nutrientes emocionais” que enquanto seres humanos procuramos nas nossas relações – dado que em certos casos psicopatológicos tanto a procura daquilo que o outro nos pode dar como a vivencia da dependência na relação com o outro são aspetos fortemente repudiados, de tal forma aterradores que fortíssimas resistências psicológicas (presentes por vezes durante toda uma vida) se colocam ao mero reconhecimento desta necessidade de depender do outro, de se poder ser e desejar ser cuidado.

A compreensão e apoio emocional, inscritos numa relação de verdadeira receptividade, envolvimento e preocupação empática, isenta de critica ou juízos de valor – que pouco ou nada contribuem para o desenvolvimento da personalidade – permite a experiência profundamente sanígena de nos sentirmos compreendidos no nosso sofrimento e em todos os subsequentes desenvolvimentos. Por sua vez, a experiência da compreensão em profundidade da nossa complexidade e contradição moral, comportamental e emocional permite-nos o acesso à serenidade e à maturidade psicológica, bem como à capacidade de compreensão em profundidade do outro, e logo, à capacidade de estabelecermos relações mais profundas, genuínas e plenas.

Em condições ótimas a relação aqui descrita é apanágio das interações entre uma criança e os seus cuidadores principais durante a infância. Ela ajuda a organizar toda a experiência emocional do bebé e da criança, o que irá mais tarde influenciar a atitude do adolescente ou do adulto para consigo mesmo, para com o mundo e para com as relações, bem como o seu comportamento e a sua capacidade de pensar.

O apoio nesta organização emocional é bastante importante aquando das etapas maturativas da infância e dos conflitos emocionais que lhes subjazem. Consoante a maior ou menor elaboração destes problemas maturacionais em cada um de nós enquanto adultos, o significado inconsciente das ansiedades e dos problemas emocionais que nos afligem varia bastante de pessoa para pessoa, o que significa que a experiência desses stressores é diferente de pessoa para pessoa.

É também por este motivo que muitas vezes o conselho de um amigo ou amiga, ou mesmo de um cônjuge, não surtem esse efeito psicoterapêutico pois frequentemente, ainda que bem intencionados, esses conselhos não estão verdadeiramente dirigidos nem consideram a forma peculiar da outra pessoa sentir e organizar a sua experiência emocional. Ainda que os nossos amigos sejam sagrados, por vezes é preciso ir e procurar mais além.

É ao fim ao cabo esta a relação e a transformação oferecida pela psicoterapia psicanalítica. Mais que a cura pela palavra, a psicoterapia psicanalítica é também a cura pela relação.

Diogo Gonçalves
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta

sexta-feira, novembro 15, 2013

EMDR e Psicanálise





A Estimulação bilateral é a ferramenta determinante na terapia EMDR. Após ter descoberto os efeitos da Estimulação bilateral, Francine Shapiro, desenvolveu o enquadramento da sua aplicação e estruturou-a predominantemente no quadro de referência da psicologia cognitiva.

O EMDR enquanto psicoterapia estruturada é, apesar de conter alguma rigidez, suscetível de ser compatibilizada com outras abordagens. Na esmagadora maioria das situações os terapeutas utilizam a abordagem EMDR conjugada com outras abordagens. 

Na PSICRONOS estamos interessados e empenhados em desenvolver uma abordagem que tenha por base a teoria psicanalítica, as suas premissas base, os seus pressupostos e métodos dominantes de trabalho e simultaneamente utilize os enormes benefícios da estimulação bilateral. A esta abordagem foi dado o nome Psicoterapia Psicanalítica Apoiada em Estimulação Bilateral. O nosso trabalho sobre esta abordagem está ainda no início, temos, ainda, um longo caminho pela frente. A ideia nuclear é a de que a Estimulação Bilateral promove, a partir de um mecanismo neurofisiológico desconhecido, a metabolização da experiência emocional promovendo a associação livre e seu o reprocessamento e progressiva reintegração pela reconstrução dos vínculos associativos conscientes e inconscientes. As ferramentas da intervenção em Psicoterapia Psicanalítica como a clarificação, a confrontação, a observação, a anotação da experiência, a interpretação e análise do funcionamento mental e da transferência são utilizadas de acordo com a Psicoterapia Psicanalítica, mas utiliza-se, simultaneamente, a Estimulação Bilateral para promover  a potenciação, transformação e assimilação dos insgths.  

Na minha experiência clínica pessoal tenho observado benefícios muito significativos com a utilização deste método. 

sexta-feira, novembro 08, 2013

Sigmund Freud – A Invenção da Psicanálise


Sigmund Freud foi um dos pensadores mais importantes para a humanidade no séc. XX. A sua importância ultrapassa o seu interesse para os psicanalistas e para todos os psicoterapeutas que de uma forma mais directa ou indirecta utilizam os seus conceitos na prática clínica. Conhecer Freud, as suas teorias e o impacto delas na cultura imprescindível.

Neste documentário tem-se uma noção muito clara da história da psicanálise que está naturalmente intimamente ligada à história do próprio Freud. 

O filme é comentado por Elisabeth Roudinesco e Peter Gay.


Rigorosamente a não perder :-).



quarta-feira, novembro 06, 2013

Saúde mental e psicanálise

Perguntaram-me recentemente se para a psicanálise a ideia de cura ou saúde mental está associado ao prazer e satisfação pessoal. Respondi com este excerto de um texto do António Coimbra de Matos, no seu livro: Vária, Existo porque fui amado.

"Desde sempre - e permanece - à psicanálise está ligada a ideia de libertação e liberdade. Libertação das peias da repressão, liberdade de expressão e de assunção do desejo. Liberdade, sobretudo, de pensar. Liberdade também de agir, tendo como limite a liberdade dos outros e a destruição.
Liberdade ainda de sentir: a dor como o prazer, o ódio como o amor."

Penso que a ideia de que a psicanálise defende o bem-estar como realização dos desejos e do princípio do prazer ainda é fruto da herança freudiana integrada no discurso do senso-comum. A saúde mental não depende da realização dos desejos e acesso ao prazer, mas antes da integração de todas as emoções.

Eu diria que o bem-estar pode advir, entre outras coisas, da capacidade de viver prazer sem culpa e dor sem drama.

Mas quero essencialmente reforçar o que me parece implícito neste excerto, embora talvez não suficientemente explícito: é hoje assumido em psicanálise que o bem-estar individual é indissociável da capacidade de estar e viver a relação com “o outro”, digamos os “vários outros” significativos e significantes na vida do próprio.

É na relação, e apenas na relação que se constrói o sentimento de existência e de identidade. É no “outro” e com o “outro” que ganham significado todas as coisas da vida de um ser humano.
A liberdade de que nos fala Coimbra de Matos não deve ser por isso confundida com individualidade, mas liberdade de Ser - em relação.


Eliana Vilaça
Psicoterapeuta psicanalítica na Psicronos

terça-feira, outubro 22, 2013

5 + 2 instrumentos essenciais da Psicoterapia Psicanalítica


A semana passada numa aula em que falava sobre o essencial da Psicoterapia Psicanalítica enumerei 5 instrumentos fundamentais desta abordagem:

- A Clarificação
- A Confrontação
- A Interpretação
- A análise (e/ou manejo) da Transferência
- A análise (e/ou manejo) da Contra-transferência

Estes 5 são sem dúvida o núcleo duro da intervenção, mas há 2 outros que têm uma importância capital:

- Observar
- Anotar/registar

Em Psicanálise de divã a Observação e a Anotação estão no lugar da Clarificação e Confrontação.
Há uns anos li um livro, do qual já não me lembro do titulo, mas que tinha como sub-titulo o seguinte:

O que se observa torna-se mente.

Esta é a essência da Psicanálise:
O que se observa torna-se mente. O analista observa a mente do analisando e nessa observação revela e cria a mente do analisando.

quinta-feira, junho 18, 2009

Ciclo de Conferências em Psicanálise e Psicoterapia Psicanalitica - ISPA



Conferência “O Conceito de Contra Investimento na Clínica e na Teoria Psicanalítica”, que terá lugar no sábado, 20 de Junho, às 10h30, no Auditório Armando de Castro do ISPA. Conferencista - DR. ERNESTO FAINBLUM