quarta-feira, fevereiro 06, 2008

A Psicronos no 7.º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde


No passado dia 31 de Janeiro a Psicronos, Clínica de Consultoria e Formação, fez-se representar no 7.º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde que teve lugar no Porto. Apresentámos uma comunicação intitulada: "Desafios a uma Intervenção Integrada em Psicologia Clínica: Experiência de um Serviço de Saúde Privado". Neste âmbito, apresentámos os nossos serviços, a "filosofia de intervenção" na qual estes se fundam, e as apostas-chave da Psicronos nos últimos três anos.

Adiantámos ainda informações acerca de outras actividades que queremos implementar num futuro próximo e que, em nossa opinião, dão conta do forte desejo de continuidade que queremos imprimir a este Projecto. Para nós foi muito gratificante poder partilhar experiências com outros colegas (de diferentes nacionalidades), tendo aprendido imenso com os comentários que a comunicação suscitou e que foram, simultaneamente, um impulso muito positivo para o nosso trabalho.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Controvérsias contemporâneas acerca da Teoria, Prática e Aplicação Psicanalíticas.



A Editora Climepsi acaba de publicar um livro de Otto Kernberg que se intitula "Controvérsias contemporâneas acerca da Teoria, Prática e Aplicação Psicanalíticas" e que aborda o processo de de transformação e enriquecimento activo dos pressupostos fundamentais no qual a Psicanálise Contemporânea está envolvida, nomeadamente no que diz respeito ao desenvolvimento, à psicopatologia e ao tratamento. São apresentadas algumas dessas transformações e as controvérsias a elas associadas; a técnica psicanalítica tradicional é repensada, bem como as suas modalidades de tratamento em função do impacte causado por novas considerações sobre o desenvolvimento e a psicopatologia.
Leitura recomendada aos que se interessam pelo assunto.

sábado, fevereiro 02, 2008

Nutrição Infantil e Dinâmicas Parentais

WORKSHOP:
Nutrição Infantil (Dr.ª Solange Burri) e Dinâmicas Parentais (Dr.ª Rita Gameiro)

Data: dia 8 de Março
Horário: 14h-18h
Dirigido a: mães, pais, avós, educadoras (e outros preocupados com o bem-estar das crianças)

1. Alimentação e Nutrição Infantil
Objectivos:
Passar pouco tempo na cozinha!
Rentabilizar o orçamento doméstico!
Mais tempo para momentos em família!
Ideias culinárias para os mais pequenos!
Plano de Acção:
Aprender a comprar bem os alimentos
Preparar refeições com qualidade nutricional
Hábitos alimentares saudáveis
Esclarecer dúvidas do dia-a-dia.

Solange Burri: é Licenciada em Microbiologia, Pós-Graduada em Segurança Alimentar e Mestranda em Inovação Alimentar. Inaugurou o seu Projecto babySol em Nov/2007 que visa apoiar as mãmãs na dificil tarefa de alimentar os seus bébés.

2. Dinâmicas Parentais (transformações familiares com a chegada de um filho - uma perspectiva psicológica)
Temas de Discussão:
Ser pai/mãe o que mudou?(Vida a dois, relações familiares, sociais)
Expectativas anteriores/Realidade actual
Objectivos:
Fortalecimento da relação de casal
Estruturação de uma rede de suporte
Resolução de problemas práticos
Plano de Acção:
Discussão, esclarecimento e partilha de ideias.
Troca de experiências.

Rita Gameiro: é Psicóloga Clínica, Licenciada e Mestranda pelo ISPA.O seu trabalho na Clínica Infantil/Lisboa incide no diagnóstico e seguimento psicoterapêutico de crianças, no apoio aos pais e ligação às escolas.

Localização – Centro Evolution - Amadora
Inclui:
• Palestra em Nutrição Infantil
• Palestra em Dinâmicas Parentais
• Documentação e Certificado de Presença
• Crianças: Babysitter, Actividades e Lanchinho
• Chá & Café para os participantes

As inscrições são limitadas ao nº de vagas
Os pais poderão trazer os seus filhos.
Para mais informações contacte: mailto:ritagameiro@gmail.com
Blog: http://psicologiaritagameiro.blogspot.com/

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Feira de Livros na Gare do Oriente


Entre os dias 31 de Janeiro e 24 de Fevereiro, das 9:30 às 23:00, dezenas de editoras portuguesas colocam à disposição milhares de títulos em fim de edição. Podem encontrar-se livros que não se encontram no mercado a preços reduzidos. Aqui fica uma sugestão de lazer para este primeiro fim de semana de Fevereiro!

A propósito de livros, queria partilhar com todos os interessados, uma verdadeira viagem ao mundo das bibliotecas que este site nos convida a fazer:

http://curiousexpeditions.org/2007/09/a_librophiliacs_love_letter_1.html#more

Vale a pena espreitar!

domingo, janeiro 27, 2008

O Olhar de Henri Cartier-Bresson











"Ele deu-lhes o seu olhar."




"Henri Cartier-Bresson ofereceu o seu olhar àqueles que fotografou, àqueles a quem fez o retrato fotográfico. Àqueles a quem tirou o retrato, espressão que devemos entender num sentido próprio e antigo, de retirar o traço, de traçar as linhas e o desenho do retrato, quer num sentido mais moderno, de impressão fotográfica: em ambos os casos, trata-se de trazer à luz do dia, trata-se de iluminar e, por consequência, de desvendar um enigma."


Jean-Luc Nancy in Um silêncio interior: os retratos de Henri Cartier-Bresson.

Emoções


"Pior que sentir tristeza, é nada sentir"

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Livro "O incesto".

Saído do seminário organizado no Collège de France por Françoise Héritier, realizado em 1994, este livro da editora Pergaminho aborda a temática do incesto sob diversos pontos de vista assentes em experiências díspares: a clínica, a jurídica e a antropológica, dando ênfase aos desgastes psicológicos que o mesmo acarreta.
Françoise Héritier, antropóloga africanista; Aldo Naouri, pediatra; Boris Cyrulnik, étologo neuropsiquiatra; Dominique Vrignaud, juíza de menores e Margarita Xanthakou, etnóloga prestam as suas contribuições a esta obra.
Leitura recomendada.

domingo, janeiro 13, 2008

A PROPÓSITO DA NEUROCIÊNCIA

Freud manifestou várias vezes a esperança de que a neurociência viesse, no futuro, confirmar as suas teorias. O texto que se segue foi tirado de uma recente entrevista no jornal Times, que me pareceu ser interessante para os leitores deste blog.
O prof. Chris Firth, neuropsicólogo, sustenta que o nosso cérebro opera a maior parte das vezes inconscientemente. O nossos cérebros estão constantemente a absorver, a processar e a moniterar informção, a maior parte da qual nunca chegará à nossa consciência. Em vez disso, o cérebro parte dessa matéria prima e cria um modelo do mundo; esse é o mundo mental em que cada um de nós vive.
Utilizando equipamentos para scanerizar o cérebro, os cientistas “espreitam” para a parte do cérebro que produz o self.
Se usássemos toda a informação disponível, diz o Prof. Firth, os nosso mecanismo da consciência “derretia-se”. Inconscientemente, juntamos informação de várias fontes, sem pensar nisso.
O Prof. Frith, autor de “Making Up the Mind: How the Brain Creates our Mental World”, afirma que se começássemos a pensar como é que fazemos aquilo que fazemos, ficaríamos confusos.
A capacidade do cérebro para trabalhar em modo automático pode ser um exemplo de como funcionou a evolução, protegendo-nos dos perigos externos.
Somos capazes de fazer muita coisa ao mesmo tempo – por exemplo guiar um carro enquanto pensamos em algo de completamente diferente. O Prof. Firth afirma que o nosso cérebro possui vários níveis de consciência, o que é confirmado pelas ressonâncias magnéticas.
Se só temos conhecimento de parte da informação, será que o nosso cérebro contém partes conscientes e inconscientes?
De uma forma esquemática, sim. A parte de trás do cérebro lida com a percepção e a parte frontal com a acção.
Os cientistas acreditam que a nossa consciência resulta da interacção entre estas duas partes do cérebro. As nossas personalidades são criadas pela parte da frente (memórias e intenções). A parte de trás monitoriza o mundo externo e extrai a informação. Mas só a comunica à parte consciente se algo fora do normal merece atenção.
Nas pessoas debaixo de anestesia, embora os seus cérebros estejam activos, só o está a parte inconsciente. Quando falamos com alguém anestesiado, a parte inconsciente do cérebro que reconhece a fala activa-se. No entanto, a área que a compreende e processa não mostra actividade. O cérebro ouve, mas não processa a informação.
A quaquer momento, o nosso cérebro está a receber 100 milhões de informações através dos ouvidos, olhos, nariz, língua e receptores da pele. Consome 10 watts por dia. Se estendêssemos todas as suas conexões nervosas, elas prolongar-se-iam por 3,2 milhões de kilómetros.
Até há cerca de vinte anos, não se fazia nenhuma ideia da dimensão da parte inconsciente do cérebro.

terça-feira, janeiro 08, 2008

II Congresso Luso-Brasileiro Revisitado




O Instituto de Psicanálise vai realizar nos dias 18 e 19 de Janeiro um evento que recria as participações dos Psicanalistas Portugueses no Congresso Luso-Brasileiro que decorreu Novembro de 2007 no Brasil (Salvador da Baía).

O II Congresso Luso-Brasileiro Revisitado vai ter lugar na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa. A participação neste evento implica a inscrição (Profissionais - 50€; Estudantes e Sócios da Sociedade Portuguesa de Psicanálise - 40€).

Todos os interessados podem fazer a sua inscrições e obter informações no Instituto de Psicanálise:
Av. da Republica, 97 - 5º
1050-190 LISBOA
21 797 21 08
institutopsicanalise@gmail.com

No princípio era o afecto!


O INSTITUTO DE PSICOLOGIA E NEUROPSICOLOGIA DO PORTO, constituído recentemente no Porto, desenvolverá actividade ao nível da prática clínica de psicologia, da formação profissional multidisciplinar, da investigação e da publicação de conteúdos científicos. No dia 12 de Janeiro de 2008, será feita a sua apresentação ao públicoem geral e aos profissionais de diferentes áreas, nomeadamente psicólogos, médicos, professores, educadores, entre outros. Para o efeito, será organizado um ciclo deconferências, com o título "NO PRINCÍPIO, ERA O AFECTO", onde estarão presentes nomes de elevado prestígio científico, nomeadamente Professora Doutora Ana Bertão, Professor Doutor Carlos Amaral Dias, Professora Doutora Marisalva Fávero, Professora Doutora Milice Ribeiro dos Santos, Professor Doutor Pinto da Costa e Dr. Alberto Serra.

Este evento, decorrerá no Ateneu Comercial do Porto, com início às 09 horas e terminus às 16horas, continuandoo evento nas instalações do INSTITUTO DE PSICOLOGIA E NEUROPSICOLOGIADO PORTO.
Devido ao limite de vagas, é necessária a confirmação de presença por e-mail(geral@institutopsicologiaporto.com) ou por telefone: 222 019 839.

domingo, janeiro 06, 2008

segunda-feira, dezembro 31, 2007

2008

Votos de Próspero Ano Novo

Irvin Yalom - 3 livros a ler




Tenho aproveitado os últimos dias de férias para me dedicar à leitura de alguns livros de ficção e terminei a leitura dos 3 livros publicados pela Saída de Emergência de Irvin Yalom.
Irvin Yalom é psicoterapeuta e professor “Emeritus” de psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford e escreve sobre a sua actividade profissional.

Comecei por ler Quando Nietzsche Chorou. É uma história interessante: Irvin desenrola quase todo o romance centrando-se em conversas imaginadas (mas que remetem para situações descritas nos textos de Freud e Josef Breuer) entre Breuer e Nietzsche. O romance é muito cativante, com uma escrita fácil e absorvente.

A Cura de Schopenhauer faz uso da figura do célebre filósofo e de algumas das suas ideias principais para entrelaça-las com a dinâmica do trabalho semanal da grupanalise. Neste livro o psicoterapeuta, um dos personagens do livro, expõe ao leitor os seus “dramas” pessoais, as suas dúvidas, incertezas e a forma como ele próprio tenta lidar com a consciência de que vai morrer dentro de um ano (no inicio do livro é-lhe diagnosticado um tumor) e como se prepara para esse momento.

Por último em Mentiras no Divã, Irvin vai ainda mais longe e mostra como os psicoterapeutas e os psicanalistas são acima de tudo pessoas que se defrontam, como qualquer outras, com sentimentos de ciúme, inveja e ganância. Neste, mais do que nos outros romances, observa-se a exposição do psicoterapeuta/psicanalista enquanto pessoa e a alternância de papéis entre pacientes e psicanalistas. A mensagem que se destaca com mais impacto (pelo menos para mim) é a de que o psicanalista tem que estar atento para não deixar que a sua criatividade e autenticidade seja esmagada pelo peso do trabalho solitário e pela pressão do grupo de colegas de referência.

Recomendo vivamente a leitura de todos eles!

quinta-feira, dezembro 27, 2007

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Peritos em Psicanálise Aplicada debateram os aspectos clínicos, sociais e culturais das manias, numas jornadas em Santiago de Compostela.



As manias são necessárias ao desenvolvimento normal do indivíduo já que geram “prazer e evasão da dor” e, por conseguinte só podem chegar a ser “muito danosas” se degenerarem numa patologia clínica, segundo psicólogos. Um dos peritos abordou “Ler Dom Quixote como cura”, já que tal como explicou Blanca Martínez, uma das psicólogas do comité organizador, este personagem literário reflecte de “forma brilhante algo que todos nós temos cá dentro”. Assim, argumentou que em cada indivíduo está presente o desejo e idealização da realidade que representa o cavaleiro da triste figura, para além de que também “os pés na terra” de Sancho, “ainda que no fundo todos nós quiséssemos ser Dom Quixote”.
Deste modo, outra das coordenadoras Maria da Cruz Cabada frisou que a mania é necessária ao desenvolvimento normal do indivíduo e a sua degeneração em patologia é uma questão de grau e intensidade da mesma.
O presidente de Gradiva, Eugénio Cornide, destacou que “o problema é que o facto de ser um dom ou gerar criatividade não é garantia de saúde”, enfatizando que a sua derivação em transtornos clínicos pode assumir as formas de bipolares ou de depressões, conjuntamente com estados latentes de excessiva de euforia com sentimentos de “grandiosidade”; hiperactividade; ou hipersexualidade, sendo que é imprescindível o recurso à farmacologia e psicoterapia para tratar os mesmos.
De qualquer das formas, estes peritos frisaram que as manias correspondem “à busca de prazer e do evitar da dor, que está presente em todos nós”, salientou Carnide. Deste modo, a psicóloga Maria da Cruz Cabada destacou o facto de que pode chegar a evitar suicídios pela ajuda e escape que proporcionam em momentos de intensa dor.

FONTE: EFE
Publicado em 16 de Novembro de 2007.
Picture by Picasso.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

medo

O medo de voltar a sentir o medo que não se pode dizer nem chorar nem falar, nem lágrimas, nem palavras de dizer.
A guerra onde tudo se pode perder. Violência de mortes morridas muitas vezes.
O mundo acaba. Acaba sempre que pontes ficam sem lados norte e sul de pontes.
Momentos em que o medo e a raiva e o medo e a raiva, e a fúria, de gritar e não poder.E não saber e não poder.
O mundo acaba ali. De cada vez que a vez era uma vez de ser agora.
E nessa vez de fim de mundo - que só pode haver uma, mas muitas a prenunciavam - e de noite, num frio que é choro sozinho, de ninguém poder ouvir, uma mão fechada, outra mão fechada, pede e chora e pede e sente que tudo tem que ser mais.
E pede e chora e sente, que alguma coisa, alguém, surja e..... medo, silêncio, a noite que é a hora que os olhos cegam de tanto sentir dor, e pede e chora e sente, e fala todas as línguas que são línguas do mundo mas ninguém ouve, ninguém pode ouvir.
É silêncio de que se fala. É silêncio de ninguém vir, nem ver, nem nada.
O choro e o silêncio que pede.
E o olhar muito aberto na noite, que escurece mais ainda o que sempre será.
Vem, venham.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Gente

Há gente que fica em nós, há gente que nos cobre e enche.
Há gente que nos inunda pelo que sentimos, pela ilusão que nos permite o respirar dos dias em nós.
Há gente que nos liga ao desejo de estar, poder, continuar, saudades, vem, vou, sim, espera. Lembrança que dói e faz sorrir, gente que fica em nós. Poder, continuar, sentir, estar com. Saudade.
Gente que nos olhou com os olhos mais doces e mais ternos. Gente que é braços quando pouco mais há a fazer.
Gente que é chão. Gente que se sente na saudade. Estar com. Doce. Não vou esquecer.
Percorro o labirinto que construo e perco-me, perco-me nas perdas que me vão consumindo.
Sei que há gente. Gente que é chão. Braços que me tomam. Gente que é chão em mim.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Pequenos Grandes Consumidores

“Ocupar-se dos filhos não implica a quantidade de tempo. A qualidade da comunicação compensa a escassez de quantidade” (A. Naouri).

Estudo refere que apenas 6% dos pais portugueses brincam diariamente com os seus filhos, colocando assim Portugal no fim da tabela dos países da europa (fonte: telejornal).

Numa época onde a mulher, com a sua integração no mundo laboral, reduziu o tempo de dedicação aos filhos e onde o homem teve de envolver-se na educação dos mesmos, a quantidade e a qualidade de tempo privilegiado nas relações entre pais e filhos – momentos de brincadeira - está longe de ser o desejável.

A troca de tempo e de atenção dos pais por prendas e caprichos dá-nos algumas chaves sobre crianças que estam sempre a pedir coisas materiais.

Se acrescentar-mos a isto a televisão, que cumpre muito frequentemente as funções de companheira durante horas, e dos os anúncios que procuram astuciosamete seduzir as crianças de modo a que estas acabam por acreditar que têm necessidade de ter os objectos anunciados, teremos um panorama completo sobre as causas do consumismo infantil.

Os pais cobrem essas necessidades irreais e, na verdade, acabam por contribuir para transmitir a ideia de utilizar os outros como meio de alcançar os seus fins. Não se está a procurar a correcta socialização da criança.

Para “não traumatizar”, os pais não introduzem o “não” na linguagem dos filhos. É importante que desde uma fase precoce, as crianças sejam acostumadas a não terem tudo o que pedem, mesmo que economicamente seja possível. As crianças devem avaliar as coisas, aprender a esperar, a desejar o que querem, a esforçar-se para conseguir o que anseiam, e, a não ficarem frustradas quando não podem obtê-lo. De outro modo, começam a não dar volta as coisas e acabam por desvalorizar as pessoas.

A sociedade consumista não ajuda a criança a frustrar a sua omnipotência infantil, mas alimenta-a com a sua oferta para cobrir as suas necessidades e desejos, a ser possivel de maneira imediata. As crianças não estão a aprender a esperar para atinguir um objectivo, o que querem têm de obtê-lo “já”, no momento.

Hoje, os quartos das crianças estão repletos dos mais recentes brinquedos. Não se deve mergulhar as crianças em brinquedos, porque, além de as tornar incapazes de apreciar o valor de cada um, proporcionamos-lhe ansiedade e a interiorização de um premanente consumo.

O melhor dos brinquedos são pais disponíveis para brincar, amigos, um lugar para poder brincar com plasticina ou tintas sem medo de sujar.

Numa época em que o Natal se avizinha, e onde se verifica o “corre corre” dos pais e familiares junto das lojas de brinquedos em busca da satisfação dos intermináveis pedidos na carta ao Pai Natal, é importante reforçar que não se deve comprar complusivamente, nem deixar-se guiar unicamente pelas crianças, pois estas sofrem a pressão da publicidade. Por isso, é necessário moderá-las, pôr-lhes limites, fazê-las compreender.

É muito positivo fazê-las saber que há outras crianças que não têm brinquedos, como forma de semear a semente da solidariedade e de erradicar o egoísmo precoce.

A actividade lúdica é fundamental para o desenvolvimento global da criança. Os adultos têm de deixar que brinquem como querem e dotá-las, isso sim, de um ambiente seguro, e de amor.

O tempo e o carrinho não podem ser substituidos por nada.