domingo, janeiro 07, 2007

BABEL

Há que ir ver Babel, o filme de Alejandro González Iñarritù. Um estúpido, mas grave, incidente em Marrocos, que envolve dois miúdos, articula-se com o caos em Tóquio e na fronteira entre o México e os USA. A globalização está aí, com os lados bons e maus que sempre acompanham as coisas da vida. E depois, é o irracional, a violência, por vezes o pânico, a incapacidade de comunicação que comanda o jogo. Não há nem bons nem maus, só imprevidentes. Que somos todos nós. A miúda em Tóquio está, à sua maneira, tão desamparada como o rapazito marroquino que quer ser homem e atira a matar. Há também lugar à generosidade, à compaixão. Ou à mais absoluta indiferença. Enfim, é a nossa história e a nossa condição. O desamparo da espécie humana diante das agruras da vida. E como prevê-las? Alguém sabe? Como estar preparados para o pior, sem cair na paranóia? Como estar vigilante sem cair na obsessão? Enfim, é sempre a mesma pergunta que o Homem se coloca há milhares de anos: como viver?
PS:
O filme foi premiado no Festival de Cannes (o que nem sempre é garantia, mas desta vez acertaram). Conta com os desempenhos de Brad Pitt e Cate Blanchett. Está em exibição em vários cinemas do país.

7 comentários:

Rosa Silvestre disse...

Espero ir ver, após esse relato minucioso e bem conseguido não se pode perder!Um abraço!

João Guerreiro disse...
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João Guerreiro disse...

Olá Clara,

Um filme realmente inesquecível… Vi-o numa sala de cinema do centro de Lisboa a rebentar pelas costuras (o que também nem sempre é bom sinal, mas que, neste caso, talvez seja!). Das palavras que bem soube escolher para falar do filme sublinhava apenas uma - desamparo. Essa condição ubíqua a todos os personagens e que, independentemente das especificidades culturais, tão bem ficou retratado pelo realizador.

Uma palavra de louvor ainda para o modo como foi pensada a montagem do filme e que lhe confere uma cadência verdadeiramente genial!

Tania Paias disse...

olá Clara, João e Rosa. De facto é um filme arrebatador, que faz deambular delo desamparo e desespero das tramas engendradas. É mesmo a "condição ubíqua a todos os personagens" que está patente ao longo dos 142 minutos de filme. Pelo facto de decorrer mais do que uma trama ao mesmo tempo, recordei-me do velhinho Magnólia, filme que igualmente me agradou e que tem uma banda sonora também muito rica.
Rosa, de facto não perca
Cumprimentos

Raquel Félix disse...

Pois, ao contrário dos restantes colegas não gostei do "Babel". Achei superficial e, cinematografiamente falando, muito mal montado. É um filme de frames e não de histórias. O realizador perde-se no meio de tantas imagens (reconheço a beleza de muitas e a intenção da mensagem). Alejandro González Iñárritu, tem o estilo das imagens e das histórias entrelaçadas, já o fizera em "Amores Perros", mas mais não consegue fazer. Babel é um filme que cansa. A meu ver, a ideia do filme é bastante boa, coberta de boas intenções, mas Iñárritu apenas se fica por aí... e de boas intenções...
Louvo o filme Magnólia, sem intenções de pretensão a filme moral, com uma montagem bem conseguida e uma Aimee Man a brindar-nos com a sua voz de anjo abatido pelas dores dores vida.
Outro do género e vencedor dos Óscares 2005, Crash de Paul Haggis.
Um abraço a todos.

Anónimo disse...

Curiosa pelos comentários neste post, fui ver Babel.

Sem dúvida uma realização e montagem brilhante, em grande parte responsável pela inquietação e angustia crescente que senti ao longo de todo o filme.

Relativamente às histórias que podiam ser as de qualquer um de nós(cujo desenrolar são consequências de acções imprevidentes e /ou meramente casuais) retive a "salvação" de todos (à exepção do miudo Marroquino) porque têm uma ancora, um porto de abrigo, seja ele o irmão, o marido, a mulher, o pai - a familia.

João, eu não sublinharia o desamparo (realmente patente ao longo de todo o filme e que talvez por isso me pareceu deasiado longo)mas sim a importancia do amparo,que nos conforta no final.

Clara Pracana disse...

Olá Felixthecat,
estamos em desacordo, mas assim é que é bom. Suspeito normalmente dos consensos em demasia.
É preciso é que as pessoas se exprimam e discutam os vários pontos de vista.
E continuo a gostar muito da montagem. Mas ainda no último Expresso alguém a criticava fortemente...