sexta-feira, janeiro 12, 2007
Há muito que não sonha...?
É frequente dizermos que há muito que não sonhamos, ou que durante uma altura sonhamos muito, mas que depois existe outra em que nada sonhamos.
Mas será mesmo que sonhamos muito nuns dias e muito pouco nos outros?
Mediante estudo polissonográfico podemos definir o padrão do sono e perceber que este oscila entre ondas lentas, rápidas, alfa e teta, oscilando entre várias fases que vão desde o estado de vigília até ao sono profundo. Estas fases dividem-se em quatro que correspondem à fase NREM (no rapid eyes movements) que vai desde o estado de vigilia ( fase 1 e 2) até ao sono profundo (fase 3 e 4) mais o sono paradoxal que corresponde à fase REM (rapid eyes movements), onde sonhamos por excelência.
Nesta fase são activados uma série de circuitos, assim como uma torrente de emoções, todos ao serviço dos sonhos. Existe ainda uma "limpeza" da informação que deixou de ser importante, bem como a passagem da memória a curto prazo, para a memória a longo prazo. Aqui o limiar do despertar é extremamente alto.
Existe uma diminuição do tónus muscular assim como a presença de movimentos oculares rápidos (REM), correspondendo à fase em que o corpo está paralizado, mas a mente activa.
Poder-se-á dizer que no estádio 3 e 4 do sono o indivíduo encontra-se numa fase de reparação física, cabendo ao sono paradoxal a recuperação mental e psicológica.
Todos estes estádios estão presentes ao longo do sono, repetindo-se num ciclo que dura entre 90 a 120 minutos. O sono paradoxal ocorre cerca de 100 minutos após o adormecimento, tendo uma ocorrência total, no ciclo do sono, de 29%.
O facto de sonharmos muito numa noite e nada sonharmos em noites seguintes, tem que ver com este ciclo do sono e com a fase em que acordamos.
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3 comentários:
"Um corpo que não sonha é como uma casa desabitada - a ruína é o seu destino!"
Coimbra de Matos
Foi da primeira coisa que me lembrei quando li o post! É uma grande verdade!
Olá Tânia.
A fisiologia do sonho não deixa margem para dúvida: todos nós sonhamos, mas nem todos nos lembramos deles com a mesma facilidade. A recordação dos sonhos e o impacto emocional que essa recordação produz é, muitas vezes, essencial para a descoberta de áreas da nossa mente, normalmente inconscientes, fundamentais para a compreensão de nós mesmos. O que será que faz com que recordemos mais ou menos dos sonhos. Algumas pessoas recordam-se com muita facilidade dos seus sonhos e outras não. Como compreende e justifica isso?
Olá Ana.
Sim de facto podemos comprovar que todo o indivíduo sonha. A maior ou menor recordação dos sonhos de cada indivíduo, foi, neste post, analisada à luz neurofisiológica, e, neste sentido, o homem recorda-se mais ou menos dos sonhos, pela fase em que acorda, e também pela presença ou ausência de ruído (factor que contribui para uma diminuição da recordação do sonho). Mas, e num prisma mais dinâmico, de interpretação dos sonhos, como irei referir num outro post, penso que de facto o impacto emocional interfere na qualidade da recordação. Quando os sentimentos são muito dolorosos os mecanismos de defesa operam, e provavelmente nestes casos, existe um recalcamento, impedindo assim, que opere ao nível consciente.
Erguem-se mecanismos de escamoteamento dessas recordações, por forma a não lidar com o impacto que produz na nossa vida e na compreensão dos nossos problemas/dificuldades.Penso que a maior ou menor facilidade, num nível dinâmico, tem que ver com a maior ou menor utilização de mecanismos de trabalho do sonho e de defesa, e da intensidade da experiência.
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