sexta-feira, agosto 21, 2009

FLEXIBILIDADE E COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS

Estava ontem a ler uma entrevista com Guta Moura Guedes no i, em que ela se refere ao design como uma forma de flexibilidade cognitiva, isto é, passo a citar, "a capacidade que temos de reformular um núcleo de conhecimento que aprendemos num determinado contexto para o utilizarmos num contexto diferente. Esta é uma das características mais fascinantes do cérebro humano e também está na base do design".
Nunca tinha pensado no design assim, porventura por ignorância, mas faz todo o sentido. A flexibilidade, em termos psíquicos, é também uma competência emocional que nos permite re-utilizar recursos emocionais e de conhecimento em diversas situações.
Sem nos tornarmos contorcionistas, ou vira-casacas, é importante sermos capazes de enfrentar situações novas sem uma dose exagerada de angústia, e sobretudo mantermos a capacidade para saber reconhecer as oportunidades de crescimento pessoal e de transformação. A mudança traz sempre alguma ansiedade, mas pode ser uma ocasião, mais do que uma coisa necessariamente má. Em tempos de mudança rápida e de convulsões sociais - a elevada taxa de desemprego é já por si uma convulsão do sistema, porventura artificialmente adiada mas sem dúvida gravosa - é importante, parece-me, mantermos uma perspectiva construtiva.

quarta-feira, agosto 19, 2009

(IR)RESPONSABILIDADE - COMO EXPLICAR?

A notícia de que faço o link não é para ouvidos e olhos sensíveis. Chega a ser pornográfica. Porque, meus caros leitores, a pornografia é isto mesmo. A caricatura de tudo o que deveriam os cuidados de saúde.
Não acredito que os "responsáveis"e não saibam o que é um mapa de férias, daqueles que todos os colaboradores das empresas preenchem no início do ano.
A gente pensa que conhece a mente humana e pasma. O que será que está na origem deste tipo de atitudes? Estupidez? Inépcia? Maldade? Chamar-lhe só irresponsabilidade não basta para explicar uma aberração destas.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1396770&idCanal=62

sábado, agosto 15, 2009

ACERCA DO LIBERALISMO E DA FALTA DE ESPÍRITO CRÍTICO


Leio sempre com gosto os artigos de João Carlos Espada, que agora escreve ao sábado no i. É o nosso liberal de serviço, e ainda bem que o temos,porque a espécie não abunda em Portugal. Porquê? Bem, parece uma tautologia, mas uma das explicações reside no facto de não termos uma tradução liberal de pensamento. Os ingleses têm-na e souberam travar as tendências absolutistas dos seus governantes há séculos. A gente ainda anda a aprender, mas sem muita vontade.
É verdade que os "anos de chumbo" da ditadura salazarista também não ajudaram nada. Gerações e gerações amordaçadas e sem capacidade crítica (e de auto-crítica). Só isto pode explicar as tentativas patéticas da ERC para proibir comentadores/candidadatos, com o pretexto da igualdade de acesso. Como se não bastasse já a reduzida participação cívica das pessoas, a ausência de discussão de ideias e a aberração de não sabermos em quem votamos (as famosas listas de candidatos), ou seja, de pensarmos que votamos num conjunto de pessoas e saem-nos outras na rifa. Os programas eleitorais parecem feitos para gozar com a gente. Nem eles acreditam naquilo, nem nós, que já sabemos que é para não cumprir, mas todos jogamos ao faz-de-conta.
Tudo isto vem a propósito do tal espírito liberal que nos passou ao lado na roda da história. Uma coisa completamente diferente é o relativismo cultural e moral, que tanto está na moda e que, associado ao politicamente correcto, e à omnipresença tentacular do Estado e das suas clientelas, cria monstros por toda a parte. As criaturas fogem ao controlo do criador, como o monstro de Frankestein, e estão por aí à vista. Na melhor das hipóteses, dão pelo nome de ASAE, ERC, etc. Na melhor das hipóteses.

sexta-feira, agosto 07, 2009

ACONSELHAMENTO PROFISSIONAL E PSICOTERAPIA - APOIO NA CRISE


A crise e a ameaça do desemprego obrigam a novos desafios, tanto psicológicos e pessoais como sociais e do próprio país.

O quadro de ansiedade, os especialistas são unânimes, tem vindo a acentuar-se, assim como a sintomatologia a ele associada: angústia, depressão, falta de expectativas futuras, inibição na procura de saídas, sentimento de inutilidade, isolamento, etc. O problema da velhice, e da dificuldade em encontrar soluções sociais para atender a este sector da população, tem vindo a agravar a situação das famílias, já de si expostas a pressões de toda a ordem.

Na sequência dos post colocados pela Profª Clara Pracana e dado o interesse crescente pelo tema e a necessidade premente da sociedade, a PSICRONOS, sente que tem obrigações éticas para com a comunidade. Esta é uma altura em os problemas têm que ser enfrentados com coragem e com apoio especializado. As soluções não são mágicas mas sentimos que temos de contribuir para a melhoria da vida psíquica e da saúde mental, dos nossos concidadãos, numa fase em que os graves problemas económicos e sociais aparecem agora agravados por expectativas de pandemia, situação sempre desestabilizante psicologicamente e que atinge particularmente as famílias.

Assim, a equipa clínica e de aconselhamento da Psicronos, propõe-se a uma acção junto da comunidade, a iniciar no mês de Agosto, para a dispensa de tratamentos psicoterapêuticos, apoio psicológico e aconselhamento profissional e pessoal, a preços acessíveis e de carácter social. Desta acção fará parte um apoio visando a elaboração de curricula e análise do comportamento em entrevistas para novo emprego, ou, nos casos aplicáveis, visando a melhoria das relações profissionais existentes.
Os horários disponíveis abrangerão sábados e domingos, para que as pessoas (sobretudo mulheres) com menos disponibilidade de horário durante a semana não deixem de ter apoio.

Veja as condições do Apoio na Crise em http://psicronos.pt/apoionacrise.htm

quinta-feira, agosto 06, 2009

Estudo sobre a actividade cerebral e a saúde

Pode ser lido em:

Study Shows Brain Fitness Can Save Medicare Billions
http://www.medicalnewstoday.com/articles/159931.php

O argumento saúde é importante, e o económico também. Vale a pena seguir com atenção.

terça-feira, agosto 04, 2009

ACONSELHAMENTO PROFISSIONAL E PSICOTERAPIA


Nos últimos tenho lido uma série de artigos online sobre estes dois temas, o aconselhamento profissional e a psicoterapia, e sobre o esbatimento progressivo de fronteiras entre um e outro. O que parece que está a acontecer, tanto no estrangeiro como aqui no país, é que as duas técnicas estão, por pressão dos acontecimentos ou seja, das pressões do mundo exterior (problemas profissionais que se agravm, crise, etc), a amalgamarem-se.
Como consultora e como psicoterapeuta, não vejo os dois modelos como antagónicos. São técnicas diferentes? É verdade que são. Mas parece-me que ao nível da prática clínica (que não é exactamente o mesmo da teoria) o importante é contribuir para o bem-estar da pessoa que nos procura, ou pelo menos para a redução do seu nível de sofrimento e para a sua realização.
O aconselhamento profissional, na sua perspectiva mais relacionada com o que os anglo-saxónicos designam por coaching, é mais focado numa questão profissional (ou várias). Em geral menos longo no tempo, este tipo de tratamento não irá talvez tão fundo na forma como analisa as questões psíquicas, mas é tão estimável como o modelo psicodinâmico ou mesmo a psicanálise. Tudo depende do que a pessoa pretende. O esclarecimento das expectativas e dos objectivos é aqui crucial, porque muitas vezes as pessoas não sabem do que vêm à procura, sabem apenas que se sentem mal e pretendem ajuda.
Como sou por princípio avessa a confusões, tento sempre que as pessoas percebam, tanto quanto se pode saber numa primeira ou segunda entrevista, o que poderá estar em causa e o que se pode fazer. Promessas, só pode haver uma: é a do comprometimento conjunto e cooperante das duas pessoas envolvidas: cliente e terapeuta (seja coach ou psicoterapeuta, ou psicanalista). Estou aqui a usar a palavra cliente com uma intenção declarada, que é a de desfazer o carácter vago e mesmo ambíguo da palavra paciente, de cuja conotação clínica estou bem ciente. Não se trata aqui de pôr em causa aspectos essenciais como os da neutralidade, ou do segredo médico, mas de tão só de enfatizar que se trata de uma relação mediada por um pagamento e por uma ocupação de tempo e de mente. Tão respeitável como qualquer outro trabalho, tendo o cliente o direito de saber com o que pode contar e quais as regras a respeitar no contrato entre as partes.

domingo, agosto 02, 2009

Fado/Carminho

E para que não digam que eu falo só de conflitos laborais, ouçam esta voz de uma jovem muito, muito prometedora:

www.carminho.net

sábado, agosto 01, 2009

Poema de um poeta-filósofo (lido hoje no Washington Post)

The Solipsist
por Troy Jollimore

Don't be misled:
that sea-song you hear
when the shell's at your ear?
It's all in your head.
That primordial tide—
the slurp and salt-slosh
of the brain's briny wash—
is on the inside.
Truth be told, the whole place,
everything that the eye
can take in, to the sky
and beyond into space,
lives inside of your skull.
When you set your sad head
down on Procrustes' bed,
you lay down the whole
universe. You recline
on the pillow: the cosmos
grows dim. The soft ghost
in the squishy machine,
which the world is, retires.
Someday it will expire.
Then all will go silent
and dark. For the moment,
however, the black-
ness is just temporary.
The planet you carry
will shortly swing back
from the far nether regions.
And life will continue—
but only within you.
Which raises a question
that comes up again and again,
as to why
God would make ear and eye
to face outward, not in?

Fonte: Poetry (January 2008).

Esculturas em vidro no Victoria and Albert Museum



As esculturas em vidro são de David Reekie. A foto de cima foi retirada do Flickr, infelizmente não me recordo do nome do fotógrafo (a net tem destas coisas, nem sempre se dá a César o que é de César), porque é uma excelente fotografia. Quem me dera ter sido eu a tirá-la...

terça-feira, julho 28, 2009

ACERCA DA RESILIÊNCIA (PSICOTERRORISMO PARTE III)


A resiliência é a capacidade de enfrentar condições adversas com coragem e determinação e ser capaz de transformar um problema numa oportunidade.

A resiliência é uma capacidade que se pode desenvolver - como, é uma das questões que mais vêm à baila no decorrer do aconselhamento profissional. Temos de aprender a ser resilientes para que a força não nos falte nas fases menos propícias. Capacidade egóica por excelência, remete também para a construção do self e da identidade da pessoa. Um self forte, coeso, construído por acumulação de experiências gratificantes ou, pelo menos, que garantiram a aprendizagem com o erro, é meio caminho andado para se ser resiliente. É uma capacidade invejável mas que, repito, se pode adquirir ou melhorar.

Mas ser resiliente não é fazer como a avestruz e resistir à transformação e, por essa via, a resistir a melhorar o desmpenho. Tenho notado que há quem confunda melhorar o desempenho com "fazer a vontade" aos chefes. Donde terá nascido esta confusão, não sei dizer (embora a história sindical dê pistas para uma explicação), mas o que verifico é que ela é frequente e perniciosa. O primeiro que fica a perder é o trabalhador. A melhoria do desempenho, um aspecto fundamental do trabalho de qualquer pessoa, é algo de desejável porque também nos traz satisfação. è importante que retiremos prazer do que façamos, e possamos ser criativos. O trabalho, que nos ocupa tantas horas por dia, não pode ser uma fonte constante de desprazer e de mal-estar, sob pena de ficarmos psicologicamente enfraquecidos e mesmo deprimidos.

É preciso perceber que as relações laborais não são um jogo de soma zero. Ou seja, não há um que ganha e outro que perde. A satisfação com um trabalho bem feito é importante para a construção da nossa identidade (e auto-imagem) e contribui também para o melhor desempenho da empresa, devido ao aumento da produtividade e da competitividade. O melhor desempenho das empresas é assunto que não diz respeito apenas ao donos das empresas, mas a todos nós. O emprego é algo que começa a escassear e o problema não é apenas local, é global. No caso do nosso país, a situação é duplamente grave, porque se junta à crise internacional um péssimo índice de competitividade que é já estrutural.

O que acabei de escrever poderá não se aplicar ao fucionalismo público ou seja, a todos aqueles que não trabalham para empresas a actuar no mercado, mas para o Estado. Coisa curiosa, os conflitos laborais não são nesse caso menores, nem o mal-estar das pessoas. Já pensaram por que será?

domingo, julho 26, 2009

PSICOTERRORISMO PARTE II


Muitas das consultas online que a Psicronos tem recebido nos últimos tempos dizem respeito ao bullying/mobbing. Por isso vou continuar com o tema e com as formas de enfrentar o problema.

O Prof. Cary Cooper, da universidade de Leicester, afirma que trabalhar num ambiente "macho", de intimidação (bullying) e manipulador aumenta a:
  • ansiedade

  • depressão

  • perda da auto-estima

  • tendência para a auto-culpabilização

  • sentimento de impotência


Esta coisa do ambiente "macho" pode parecer esquisita, mas é uma realidade. Sabem aqueles locais de trabalho em que as piadolas menorizam a imagem das mulheres, reduzem o sexo a uma macacada e permitem a uns quantos imbecis darem-se ares de machões? É a esses ambientes que o Prof. Cary Cooper se refere. E isto é em Inglaterra...


No ambiente que actualmente se vive, com o espectro do desemprego a pairar, suspeito que as tendências manipulatórias estão em alta. Não quero aqui insinuar que todos os chefes são uns sádicos à solta. É evidente que não, e que a maior parte deles está em situação de alta pressão por parte das próprias chefias (aí também há psicoterrorismo). Nestes ambientes, as fronteiras tendem a esbater-se e vale tudo. São variados os estudos que apontam para o esbatimento das fronteiras como o maior factor de stress.

Como no Seringetti, os mais frágeis são a presa ideal. E às vezes o leão até se agarra ao pescoço... (ver foto).
Como fazer para não ser vítima de intimidação e simultaneamente melhorar o desempenho profissional?


sexta-feira, julho 24, 2009

PSICOTERRORISMO (MOBBING)


Esta é a designação que os espanhóis dão ao fenómeno do bullying, também conhecido por mobbing. Ou seja, a coacção psicológica, ou física, no emprego ou na escola. Ou mesmo em família, ou no grupo de "amigos". O i de hoje tem um artigo sobre o tema


De acordo com o estudo, quase 30% dos consultados já sofreram, ou sofrem, este tipo de agressão.

O Salpicos tem já referido o assunto, mas nunca é demais falar dele. Ouço cada vez mais pessoas, de facto, a queixarem-se deste tipo de abusos. Chefes sádicos que aproveitam uma fragilidade de um colaborador para o massacrar e intimidar, muitas vezes recorrendo à humilhação pública, colegas que fazem verdadeiras campanhas de má língua para conseguiram a exclusão da vítima escolhida. A crueldade humana não conhece limites, já o sabemos. No bullying, é frequente as pessoa serem agredidas até por questões de aparência física, por exemplo, e que nada têm a ver com o seu desempenho profissional. No entanto, este tipo de fenómenos parece ter tendência a aumentar em situações de crise económica, em que o espectro do desemprego é habilmente utilizado pelo(a) agressor(a).

O curioso é que as vítimas são normalmente pessoas competentes profisionalmente. Perfeccionistas e inseguras, muitas vezes, os ataques de que são vítimas tem ressonâncias internas dolorosas e que lhes retiram a capacidade de resposta em relação ao agressor. Quase que se sentem culpadas por estarem a ser agredidas.

Na minha experiência, uma pessoa deprimida e com falta de auto-estima é uma vítima potencial para os sádicos e predadores que por aí se movem. É, assim, necessário que a vítima perceba que não está condenada a ser vítima, e que a agressividade natural de cada um tem de ser dirigida para quem nos agride, e não para dentro. Isto parece uma verdade de La Palisse, mas é frequente encontar pessoas que não imaginam sequer (ou não ousam imaginar) o impacto que pode ter uma alteração de postura. A vida é feita de interacções e há todo um código de sinais e de posturas que fala por nós. Na vida profissional, em particular, convém estar muito atento. Não alimentando paranóias, mas com assertividade e firmeza. Deixemos o dar da outra face para os seres excepcionais (se é que existem).

A gestão da culpa é outra questão essencial e que é essencial saber gerir: a vítima do psicoterrorismo costuma até culpabilizar-se pelo mal que lhe é feito e fica paralisada como a mosca que cai na teia da aranha.

quarta-feira, julho 22, 2009

PARA OS MAIS FÓBICOS...

...lugares a evitar:
http://ow.ly/hU38

"Un conte de Noël"


O filme "Un conte de Noël" ("Conto de Natal") de Arnaud Desplechin, com Catherine Deneuve e Mathieu Almaric, gira em torno de uma reunião de uma família dispersa, fragmentada e acima de tudo disfuncional.

Uma família marcada pela doença (do sangue), que se expandiu por causa dela: um dos filhos (Mathieu Amalric) foi gerado na expectativa de vir a ser um dador de medula compatível com o irmão mais velho, vítima de um cancro do sangue. Contudo a criança não se revelou compatível, o irmão morreu, e o primeiro ficou com o estigma de ser um filho "inútil".

Recomendo vivamente.

"Pranzo di ferragosto"



O filme "Pranzo di ferragosto" ("Almoço de 15 de Agosto") de Gianni Di Gregorio é uma verdadeira "delícia no seio dum grupo de velhinhos". Recomendo vivamente.

"Home"

O filme "Home" ("Lar, doce lar") de Ursula Meier retrata o quão "desestruturante" pode ser a quebra de rotina no seio duma família.
Isabelle Huppert no seu melhor...imperdível.

sábado, julho 11, 2009

DISCURSO DE OBAMA NO GHANA


http://www.nytimes.com/aponline/2009/07/11/world/AP-AF-Obama-Text.html?_r=2&pagewanted=all

Sintético, corajoso, motivador. Para ler e reler.

quarta-feira, julho 08, 2009

Em Nova Iorque há poucos meses...



Perdoem-me a pouca qualidade da fotografia, mas dá que pensar... O respeito pelas mulheres terá realmente de ser encarado assim pelas camadas mais jovens da população? Como se fosse uma "obrigação" a somar a outras? Ou haverão leituras alternativas deste anúncio? Reparem nas inscrições da camisola do adolescente.

sábado, julho 04, 2009

SERVIR O PODER

"Servir o poder tornou-se assim o caminho único para alcançar um estatuto de riqueza e acreditação social que se iria tornar uma fatalidade nacional".
Retiro estas palavras do artigo que Miguel Sousa Tavares publicou hoje no Expresso (não ponho o link porque não é aberto) sobre a confusão, que faz parte da nossa história, entre nação, estado e governo. A ler absolutamente.

sexta-feira, julho 03, 2009

Weekend musical: Mazgani

ttp://www.youtube.com/watch?v=ItXPgiWzcZQ
Tenho o prazer de vos apresentar o trabalho de um jovem de que eu gosto muito. Cresceu em Portugal, nasceu na Pérsia.

A democracia que temos

http://tinyurl.com/l87lu7
A SEDES condiziu um estudo sobre a (fraca) qualidade da demcracia portuguesa. Os resultados não surpreendem, mas vêm confirmar o pior.
Aos candidatos a PM: atenção à justiça! Sem ela não há demcracia.

quarta-feira, julho 01, 2009

Kieran Goss - Reach Out (I'll Be There)

Tenho estado a pensar em como é difí­cil sairmos de nós próprios...
Havia uma música antiga, dos Four Tops, que não encontro, mas esta versão também é boa...
Divirtam-se!

terça-feira, junho 30, 2009

Amanhã

A propósito do post da Clara



Poema encontrado na parede de um dos dormitórios de crianças no campo de concentração de Auschwitz

Ilustração de Ceó Pontual

domingo, junho 28, 2009

Kadishman e o Museu Judaico em Berlim



Shalechet ("Fallen leaves" by Menashe Kadishman

Vi pela primeira vez o trabalho de este escultor no Museu Judaico em Berlim, um dos locais mais perturbadores onde alguma vez estive. Sente-se uma terrível angústia só por seguir por um corredor, numa espantosa recreação (se posível) do que deveria ser uma caminhada para uma câmara de gás. No museu explicam que o arquitecto, Daniel Libeskind, desenhou os interiores exactamente de forma a conseguir esta reacção do visitante (parece que o corredor terá, por exemplo, uma inclinação especial, mas os pormenores técnicos escapam-me). E depois há aquele tremendo jardim das Folhas Caídas, caras esculpidas em ferro jazendo pelo chão (são muitas, como se verá na vista virtual ao museu), eu escolhi apenas uma para se ver melhor uma foto do conjunto, mas não se consegue ter uma ideia da angústia que tudo aquilo desencadeia em nós.
É preciso ir lá para se viver a experiência. Há actualmente viagens low cost para Berlim, uma cidade muito interessante. Entretanto, poderão ir a :
http://www.juedisches-museum-berlin.de/site/EN/05-About-The-Museum/03-Libeskind-Building/03-Voids/voids.php
e
http://kadishman.com/works/

quinta-feira, junho 25, 2009

DOCA AO ENTARDECER

Mudanças de casa e outras trabalheiras similares têm-me impedido de estar presente no Salpicos como gostaria.
Mas quero manifestar o meu contentamento pela vivacidade do debate sobre a culpa que teve lugar no passado dia 19, e desejar que se façam mais coisas do género.
Entretanto, partilho convosco uma fotografia da doca de Ponta Delgada, ao entardecer. Memórias.

"Anorexias"


Com a publicação destes pequenos textos, pretendo dar a conhecer aos leitores certos temas que julgo pertinentes e actuais e que, embora tratados de forma um pouco superficial devido às limitações de espaço neste tipo de artigos, espero que possam ser esclarecedores.
Nos dias que correm, a anorexia (também chamada de anorexia nervosa) tornou-se não só uma simples “doença” mas também uma das muitas “doenças da moda”. Por um lado, a sociedade do consumo valoriza demasiadamente o aspecto exterior das pessoas e transmite constantemente mensagens em que a perfeição é algo que deve ser atingido a todo o custo e em que o sofrimento é um sinal de fraqueza que só os fracos o manifestam. Facilmente constatamos através dos mass media a imagem que os ídolos dos jovens transmitem: beleza, alegria, fama, dinheiro e felicidade. E de forma imediata os jovens são confrontados com estes ídolos (super-homens e super-mulheres) difíceis de igualar.
Nas imagens presentes em muitas publicidades e meios de comunicação social, são feitos apelos e sugestões (muitas vezes directos ou noutras vezes bastante subtis) em que a magreza extrema é valorizada e tida como único ideal de moda a seguir. Esta publicidade ”anoréctica e cadaverizante”, que anula a individualidade de cada pessoa, é pois uma das fontes de muitos dos comportamentos anorécticos.
A anorexia nervosa, em qualquer idade que se manifeste (e excluindo as anorexias com origem directa em problemas físicos) é um sintoma de que algo não vai nada bem em termos de desenvolvimento emocional e psicológico e é, acima de tudo, a manifestação de um profundo mal-estar e de várias dificuldades psicológicas.
Os dados científicos demonstram claramente que esta é uma doença feminina: as anorexias surgem maioritariamente em jovens do sexo feminino e no início da adolescência mas podem ter início num período anterior (a infância) ou posterior (aos 30, 40 anos de idade).
As anorexias são perturbações do comportamento alimentar (como a bulimia) e caracterizam-se por uma perda excessiva de peso, resultante de uma restrição alimentar (não comer ou comer muito pouco) e em que existe um medo enorme de engordar. Na realidade, as obsessões persistentes por dietas e emagrecimentos “à força” poderão ser um indicador de que alguma coisa não vai bem em termos de auto-imagem. Quase sempre, a anorexia tem início nas vulgares dietas que as adolescentes fazem… “Mas ao contrário das "dietas comuns", que terminam quando o peso desejado é alcançado, na anorexia a dieta e a perda de peso subsistem até que a pessoa atinge níveis de peso muito inferiores ao esperado para a sua idade. A quantidade ínfima de calorias que são ingeridas; a restrição cada vez mais acentuada de alimentos até ao ponto de só serem ingeridas saladas, fruta ou vegetais; a prática vigorosa de exercício físico e a tomada de comprimidos dietéticos, devem ser vistas como sintomas claros de uma possível anorexia nervosa”. Embora o termo "anorexia" signifique "perca de apetite", o que se passa na realidade é que a pessoa com anorexia mantém o seu apetite normal mas controla drasticamente o mesmo. Com o decorrer do tempo, a anoréctica pode começar a sofrer de sintomas opostos, próprios da bulimia e tentará, para eliminar aquilo que ingeriu, tomar laxantes ou provocar o vómito de modo a controlar o peso. Ao contrário das pessoas que sofrem de bulimia nervosa "pura", nas anorécticas o peso continuará a ser muito baixo” (in página web da Universidade Nova de Lisboa).
As causas da anorexia nervosa são diversas mas podemos resumidamente referir que na adolescente anoréctica existe um medo muito grande do desenvolvimento do seu corpo de mulher. São “meninas” que têm medo de crescer e de se desenvolverem fisicamente, ou seja, de se tornarem mulheres! É como se, ao chegarem ao ponto em que o seu corpo infantil começa a manifestar os sinais de um corpo com formas mais femininas, isso se tornasse um facto insuportável para elas. Ficam assustadas e começam a “combater” o corpo adulto (e a sexualidade feminina ele associada) que se quer desenvolver, através de se recusarem a comer e assim “engordar mais”.
Um facto importante que falta frisar é que nesta problemática (anorexia), o problema não é só individual (da anoréctica) mas é também um problema familiar: em muitas famílias de anórecticas, os pais ou familiares próximos sofrem também de algum tipo de dificuldades psicológicas…
O tratamento da anorexia nervosa é duplo: médico e psicológico. A jovem anoréctica ou que está a ter sintomas anorécticos deverá ser acompanhada sempre e simultaneamente:
- por um médico (para assegurar que os seus indicadores físicos não descem para valores críticos e para melhorar a sua condição física)
- por um psicólogo clínico (para que sejam analisados os receios que existem na jovem e poder ser iniciada uma psicoterapia, em que serão compreendidas e resolvidas as suas principais dificuldades psicológicas e emocionais).
A jovem que sofre destes sintomas, em conjunto com os seus pais e familiares mais próximos, deverão ser apoiados e esclarecidos sobre as características destes sintomas e deverá ser iniciada uma estratégia terapêutica adequada.

JOAO BALROA - Psicólogo Clínico
(Texto publicado no jornal "Povo da Beira" no mês de Junho de 2009)

segunda-feira, junho 22, 2009

Psicodrama Público "Dialogar é Crescer" - Entrada Livre!


Psicodrama Público "Dialogar é Crescer"
Dirigido por Luísa Branco Vicente
Dia 24 Junho
Hora: 21.30h
Local: Espaço "Na Rua da Prata" - Rua da Prata, 250, 3º Esq Lisboa
Entrada Livre
Info: rua.da.prata@gmail.com

quinta-feira, junho 18, 2009

Ciclo de Conferências em Psicanálise e Psicoterapia Psicanalitica - ISPA



Conferência “O Conceito de Contra Investimento na Clínica e na Teoria Psicanalítica”, que terá lugar no sábado, 20 de Junho, às 10h30, no Auditório Armando de Castro do ISPA. Conferencista - DR. ERNESTO FAINBLUM

segunda-feira, junho 15, 2009

Dia Mundial da Consciencialização da Violência contra a Pessoa Idosa



Hoje, dia 15 de Junho, celebra-se o Dia Mundial da Consciencialização da Violência contra a Pessoa Idosa. O objectivo é promover uma consciência social e política da existência da violência contra a pessoa idosa, e não aceitá-la como sendo normal. A ONU reconhece que a violência à pessoa idosa fundamenta-se na discriminação etária e é uma grave violação dos Direitos Humanos.

Está ao alcance de todos a diminuição deste lamentável problema de saúde pública e garantir que este direito seja efectivamente salvaguardado.

Clique sobre estes links para ver três exemplos dos tipos de violência mais comuns contra a pessoa idosa:

Violência física>

Violência verbal>

Abuso da precária situação financeira em que muitos idosos se encontram>

domingo, junho 14, 2009

Debate sobre a CULPA na Clínica e na Teoria - dia 19 de JUNHO em Lisboa






No dia 19 de Junho irá realizar-se um debate sobre a Culpa em torno de um caso clínico no Palácio SottoMayor em Lisboa às 21h com a participação de:

Clara Pracana
Ana Almeida
Paula Nascimento

Para participar basta ligar-nos para 918 31 02 08 ou enviar um email para geral@psicronos.pt. As inscrições são limitadas ao numero de lugares disponíveis.

terça-feira, junho 09, 2009

Política, vida e morte


O monstro levanta a cabeça...
Haverá um cheirinho no ar, a anos 20 e 30 do século passado, em que floresceram os regimes fascistas?

Vejam este artigo do Le Monde sobre as últimas eleições:

http://europeennes.blog.lemonde.fr/2009/06/09/la-liste-antisioniste-se-rejouit-de-son-13/#xtor=EPR-32280229-[NL_Titresdujour]-20090609-[zoneb]

Releiam por favor "Se isto é um homem", de Primo Levi, memórias de um sobrevivente de um campo de extermínio nazi. Para os mais jovens, que talvez nunca tenham lido (e também para os mais velhos que estejam mais esquecidos, já agora), aviso que o livro naõ tem nada de sentimentalismos fáceis. Levi era engenheiro químico de profissão, quando foi preso pelos nazis. O relato é factual, minucioso, quase distanciado. Uma obra prima.

O último livro de José Gil

Recomendo absolutamente a leitura do livro de José Gil, "Em busca da identidade. O desnorte", publicado pela Relógio d'Água. Trata da identidade dos portugueses, que parece estilhaçada, como escreve o autor, "entre o medo duplo de perdermos para sempre o território das subjectividades identitárias, arcaicas e o de não resistirmos á desterritorialização onde se formam as novas subjectividades 'modernizadas', éfemeras, supostamente superprodutivas mas em estado permanente de sobrevivência precária".
Livro actualíssimo - não só pela actualidade do tema mas também porque este é o ano de todas as eleições. Repararam nos números da abstenção para as Europeias?
Lamento não poder pôr fotografia da capa, mas não está disponível nem no site da editora. Ah, estes nossos editores... Mas isso é outra história.

Finalmente algo barato e prático?


Normalmente evito mencionar marcas neste blog, mas desta vez não resisto a partilhar um instrumento que ainda está em protótipo, mas que bem pode significar o fim das minhas dores nas costas, tanto por estar curvada sobre o computador, como por carregar quilos de livros para onde quer que vá, inclusive no avião.
Até hoje ainda não encontrei um e-reader que me pareça um boa opção, por várias razões, mormente a do preço. Será desta? Aleluia, se assim for!
E se estais interessados, ide ver a:
http://xelle89.free.fr/?p=465

segunda-feira, junho 01, 2009

viver no estrangeiro aumenta a creatividade?

Parece que sim, de acordo com um estudo que envolveu centenas de estudantes e que foi publicado no Journal of Personality and Social Psychology.
O estudo vem referido no Ecomomist (uma excelente revista, aliás) e refere a correlação entre viver, ou ter vivido, no estrangeiro e a criatividade das pessoas e as suas competências relacionais. Parece, no entanto, que viajar não chega. É preciso viver mesmo fora. O estudo não envolveu estudantes portugueses, para quem suspeito que a correlação seria ainda maior. Este santa terrinha nunca foi chão que desse muitas uvas. É tudo muito tacanho e pequenino.
Interessante, não?

sábado, maio 30, 2009

Amanhã, dia 31 na Fábrica de Braço de Prata

31 de Maio de 2009

Lançamento do 6.º Caderno de Filosofia das Ciências, Ciência, Psicanálise e Poética em torno de Gaston Bachelard, de Ana Gaspar.

Local - Fábrica de Braço de Prata
Hora - 21h30m.

Com a presença de Olga Pombo e dos autores: Ana Gaspar, Ana Almeida, José Luis Garcia, Joaquim Carlos Araújo, João Araújo e José Luís Pio de Abreu. Depois da sessão, haverá a abertura da exposição de pintura de Dulce Zamith e uma apresentação da arte de movimento «Tenchi Tessen» (arte do leque) do Mestre Georges Stobbaerts.

quarta-feira, maio 27, 2009

ACERCA DA SOLIDÃO E DAS RELAÇÕES AFECTIVAS

Cito a partir do blog do nosso interlocutor António, chamado “individualidadesabedoria” (http://solidaoquetranscende.blogspot.com/):

Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém”.

sábado, maio 23, 2009

POESIA E VIRTUAL

Fãs de Fernando Pessoa e da web, vejam esta animação do Hugo Almeida:
http://hugoalmeida.folha.eu/2009/02/25/pessoa-english-version/

UM JOVEM REALIZADOR E A MORTE DA MÃE

Gostava de ver o filme deste jovem realizador canadiano, mas já a entrevista é interessante. E o assunto do matricídio também. Segue o resumo e o site onde poderão lê-la.

L'AMOUR À MORT:
INTERVIEW DE XAVIER DOLAN
Il est rare de s'entretenir avec un réalisateur de… 20 ans. Xavier Dolan, cinéaste autodidacte, présente à la Quinzaine des réalisateurs cannoise 'J'ai tué ma mère', récit savoureux et violent d'un matricide fantasmé, et explique les raisons de son passage à l'acte. Un sacré film québécois, qui méritait bien qu'on s'y arrête.
http://www.evene.fr/cinema/actualite/xavier-dolan-j'ai-tue-ma-mere-quebec-2028.php

sexta-feira, maio 22, 2009

IN MEMORIAM JOÃO BÉNARD DA COSTA (1935-2009)


Morreu João Bénard da Costa, homem de uma imensa cultura e que ensinou gerações a ver cinema.
Escrevia, além disso, muitíssimo bem. Tenho religiosamente guardadas as suas célebres folhas da cinemateca.
Como diz o fantasma do Comandante (citando Keats) em “The Ghost and Mrs. Muir”, um dos filmes da vida de Bénard (e da minha),

“Darkling I listen; and for many a time
I have been half in love with easeful Death,
Called him soft names in many a mused rhyme,
To take into the air my quiet breath;
Now more than ever seems it rich to die,
To cease upon the midnight with no pain,
While thou art pouring forth thy soul abroad
In such an ecstasy! (…)
Adieu! adieu! thy plaintive anthem fades
Past the near meadows, over the still stream,
Up the hill-side; and now 'tis buried deep
In the next valley-glades:
Was it a vision, or a waking dream? “