sexta-feira, outubro 26, 2012

Coloquio Internacional: PULSÃO, AFECTO, INCONSCIENTE: DA FILOSOFIA À PSICANÁLISE, DA PSICANÁLISE À FENOMENOLOGIA



Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Edifício ID – Av. de Berna, 26  Sala 0.06
8 e 9 de Novembro de 2012
 (Entrada livre)
 

A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em associação com o Centro de Historia da Cultura, a Associação Portuguesa da Filosofia Fenomenológica e a Sociedade Portuguesa de Psicanálise vão realizar



Colóquio Internacional - Pulsão, afecto, inconsciente: da filosofia à psicanálise, da psicanálise à fenomenologia



Apesar de terem as suas origens na reflexão filosófica, as noções de afecto, de pulsão e de inconsciente deslocaram-se para um novo campo de investigação psicológica, aberto tanto pelo desenvolvimento do conhecimento neuro-fisiológico como pela redefinição médica da etiologia da histeria e do grupo das neuroses. Elaboradas de maneira original por Freud, o destino destas três noções, assim como a série de implicações que têm na teoria e na clínica, foi sobretudo psicanalítico. No entanto, e apesar do obstáculo que parecem apresentar a uma filosofia centrada na descrição das vivências e das configurações imanentes da consciência, estes conceitos fundamentais da metapsicologia freudiana não deixaram de suscitar interrogações e desenvolvimentos originais no campo da fenomenologia, para cuja transformação contribuíram.

A realização deste colóquio permitirá reunir resultados recentes do trabalho de uma reflexão centrada no ponto de encontro entre o conhecimento psicanalítico e a interrogação filosófica, esclarecendo os clínicos sobre as raízes profundamente filosóficas de noções centrais para a teoria que põem em prática e dando a conhecer simultaneamente aos filósofos a importância que a psicanálise teve para a redefinição de alguns campos de investigação fenomenológica, nomeadamente daqueles em que são interrogados o corpo e a vida, o desejo e a linguagem, a memória e a história.  

PROGRAMA


08/11/2012
9h30 -  Abertura / Ouverture
10h00 - Irene Borges-Duarte (AFFEN, Universidade de Évora)
O afecto na Análise existencial heideggeriana .  Debate / Débat.
11h00 – Pausa / Pause
11h15 Fernando Belo (Universidade de Lisboa)
Limites ontoteológicos  da psicanálise, que ela transgride.
11h45André Barata (AFFEN, Universidade da Beira Interior)
A psicanálise e a psicanálise de Sartre – relacionamentos e perspectivas.

12h15  Debate / Débat
12h45 – Almoço/ Déjeuner  
15h00 - Nuno Proença (CHC, Universidade Nova de Lisboa)
Sur le refoulement: Freud, Schopenhauer et Henry.
15h30  - Elisabetta Basso (Postdoctorant A.v.Humboldt /Technische Universität Berlin Institut für Philosophie, Literatur-,Wissenschafts- und Technikgeschichte)

Phénoménologie et psychanalyse: un débat entre Binswanger et Jaspers 1913-1914.
16h00Paulo de Jesus (Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa)
Self narratives with emotional intensities: the dialectics of (in)articulacy and (dis)embodiement.
16h30 Debate / Débat
17h15 Fim da primeira Jornada/ Fin de la première Journée         


09/11/2012
10h00 - Guy-Félix Duportail (Université Paris-1 Panthéon-Sorbonne)
«Le nœud et la Terre».  Lecture phénoménologique du nœud borroméen de Lacan.
Débat/ Debate
11h00 – Pausa / Pause
11h15Manuel Silvério Marques (Médico/Médecin, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa)
O delírio e o “delíquio” nas cartas de Freud a Fliess
11h45Carmo de Sousa Lima (Psicanalista, Sociedade Portuguesa de Psicanálise)
O “pequeno Hans“ – um pequeno filósofo...
12h15 Debate/Débat
12h45 – Almoço / Déjeuner
14h45Franca Madioni (Psychiatre, Psychanalyste / Fonds National Suisse)
Phénoménologie de la deuxième topique freudienne et ses rapports à la temporalité dans la synthèse passive.
15h15Carlos Morujão (Universidade Católica Portuguesa)
Sensação, afecção e corpo somático. Perspectivas a partir de Husserl e de Freud.
15h45Debate / Débat
16h00 Pausa / Pause
16h15Rudolf Bernet (Université Catholique de Louvain /Archives Husserl)
 Entre mécanique, clinique et métaphysique : l’insistance de la pulsion de mort.
Débat/ Debate
17h15 - Encerramento do Colóquio/ Fermeture du Colloque.



Comissão Científica: Rudolf Bernet, Irene Borges-Duarte, Carmo Sousa Lima, Pedro M. S. Alves.

Comissão Organizadora: Nuno Proença, Adelino Cardoso, Ana Paula Rosendo, Igor Lobão

Inscreva-se enviando um email para afecto.pulsao.inconsciente@gmail.com com a seguinte informação até dia 5 de Novembro:

Nome:                                                                             
Apelido:                                                        
Actividade:                                                
Instituição:                                        
 
 

terça-feira, outubro 23, 2012

NEGLIGÊNCIA E ISOLAMENTO SOCIAL INTERFEREM NO NEURODESENVOLVIMENTO

As investigações científicas têm suportado cada vez mais a existência do impacto significativo da negligência grave e do isolamento social no desenvolvimento cognitivo e social.

Um estudo recente aponta para menor maturação da substância branca e produção de mielina, causando uma lentificação na comunicação entre as diferentes regiões do cérebro, e alterações no desenvolvimento do córtex pré-frontal. Estas alterações tem repercussões significativas ao nível das funções intelectuais e do ajustamento social, estando muitas vezes na base de perturbações graves da saúde mental.

Mais um trabalho que salienta o problema da privação e que relança a necessidade de um alerta e de uma intervenção precoces, particularmente em meios socialmente desfavorecidos e/ou disfuncionais, bem como a urgência de refletir sobre as condições e a duração das institucionalizações de crianças.

O artigo pode ser lido aqui:

http://www.medicalnewstoday.com/releases/250283.php

segunda-feira, outubro 22, 2012

A Presença (in)discreta da Psicanálise em Portugal

Foi realizada uma investigação sobre a representação social da Psicanálise em Portugal (Lusófona, 2006) por Erika Morbek e Filipe Pereirinha.

Quem estiver interessado neste assunto poderá ler o artigo publicado na Afreudite - Ano II, 2006 - n.o3/4 em http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/55/a_presenca_indiscreta_da_psicanalise_em_portugal.pdf?sequence=1

A investigação teve como objetivo estudar a representação social da psicanálise perante os cidadãos portugueses. Utilizou-se um Questionário sóciodemográfico sobre a Perceção da Representação Social da Psicanálise. Foi analisada uma amostra de conveniência, constituída por 275 indivíduos (cidadãos portugueses), 167 mulheres e 108 homens, com idade média de 31.79. Concluiu se que os portugueses já ouviram falar da psicanálise, mas não sabem ao certo o que ela é. Recorrem pouco ao tratamento Psicanalítico, confundindo-o muito frequentemente com tratamento psicológico, o que parece indiciar alguma confusão entre a representação social de Psicanálise e Psicologia.

Acho que seria interessante replicar este estudo agora em 2012. Seria interessante tentar responder à questão: Será que a Psicanálise tem vindo, desde 2006, a "perder" terreno na representação social?

domingo, outubro 21, 2012

O mundo está a mudar e muito depressa

Esta Ted Talk de Eddie Obeng confronta-nos com o facto de estarmos a viver num mundo que muda tão depressa, que a aprendizagem, tal como a concebíamos no final do século XX, se torna difícil.

Será uma questão de tamanho, uma questão de escala (um mundo global) mas também uma questão de ferramentas. Temos as ferramentas para sobreviver neste "brave new world", como lhe chamou Aldous Huxley? A maior parte de nós, não. É triste admiti-lo, mas tudo leva crer que venha a ser essa a dura realidade.

E essa será a maior desigualdade na sociedade de amanhã, uma sociedade que será, como já lhe chamaram, low cost. A distinção, e o acesso à qualidade de vida, far-se-á pelos "skills".

Há que saber aprender, falhar, tornar a aprender. Eddie Obeng não é muito fácil de perceber, mas vale o esforço.

http://www.ted.com/talks/eddie_obeng_smart_failure_for_a_fast_changing_world.html?utm_source=newsletter_weekly_2012-10-19&utm_campaign=newsletter_weekly&utm_medium=email


sexta-feira, outubro 19, 2012

OPP - Não há recuperação económica sem cuidar da Saúde Mental dos cidadãos!



A Ordem dos Psicólogos Portugueses tomou recentemente uma posição clara face à importância dos cuidados psicológicos na nossa sociedade, salientando os benefícios destes como indo claramente muito para além dos benefícios de saúde: a nível direto e indireto, é também a economia e o crescimento da sociedade e do país que estão em causa. Como pode ser lido na notícia apresentada no site da OPP:


"(...) A Ordem dos Psicólogos Portugueses publicou um relatório que reúne um conjunto de estudos que demonstram o contributo da Psicologia para a redução dos custos e melhoria da eficiência dos serviços de saúde.
A intervenção psicológica apresenta um custo-efectividade que possibilita não só pagar a própria intervenção como obter ganhos em saúde. Isto acontece porque a intervenção psicológica tem custos reduzidos e taxas de recuperação elevadas comparativamente aos custos elevados da incapacidade.
A evidência demonstra que a intervenção psicológica permite uma poupança de cerca de 20 a 30% nos custos directos da saúde, através da redução da utilização dos cuidados de saúdeA consulta psicológica chega mesmo a permitir uma diminuição das consultas de medicina familiar por utente. Em utentes com patologia crónica como a diabetes, a hipertensão arterial, cancro ou asma verifica-se que intervenção psicológica dirigida à depressão e ansiedade permite reduzir os custos totais com a doença em cerca de 20%. (...)"
Para ver a notícia completa, consultar: https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/noticia/542#.UIFa6m81T7M

Violência nas crianças - reflectindo a partir de Alice Miller

Os pais que batem nas crianças (e são agressivos, seja de que forma for), foram eles próprios alvo de violência física e psicológica pelos seus próprios pais. A nossa sociedade, aos poucos, está consciente da devastação psicológica e emocional que todas as formas de violência causam nas crianças e jovens. Desde as antigas "réguadas" a outras formas de humilhação e castigo, a nossa sociedade persistiu durante muito tempo (com o reforço e conivência da Igreja Católica...) com a ideia de que o ser humano teria que ser castigado (física e psicologicamente) para se poder tornar melhor. Aos poucos estamos mudando de uma cultura violenta para uma cultura mais tolerante e protectora dos mais fracos e desprotegidos. Mas muito devagarinho... Recomendo vivamente a leitura das obras da psicanalista suíça ALICE MILLER, que com o seu esforço e dedicação, conseguiu mostrar a hipocrisia que a sociedade tem face às diversas formas de violência para com as crianças e jovens e o quanto o passado infantil e seus tramas (frutos da violência parental) condicionam e determinam as escolhas violentes dos adultos, que em si ainda mantém essa violência que a que formam sujeitos em criança(mesmo que muitíssimas vezes não sejam disso conscientes. (NOTA: Agradeço ao Dr. João Ferreira (PSICRONOS), o facto de me ter sugerido as leituras desta psicanalista, que me permitiu aumentar em muito o entendimento que eu tinha destes fenómenos.

terça-feira, outubro 16, 2012

A HISTÓRIA DE UMA GAIVOTA E DO GATO QUE A ENSINOU A VOAR


“Esta é a história do gato Zorbas. Um dia, uma formosa gaivota apanhada por uma maré negra de petróleo deixa ao cuidado dele, momentos antes de morrer, o ovo que acabara de pôr. Zorbas, que é um gato de palavra, cumprirá as duas promessas que faz nesse momento dramático: não só criará a pequena gaivota, como também a ensinará a voar. Tudo isto com a ajuda dos seus amigos Secretário, Sabetudo, Barlavento e Colonello, dado que, como se verá, a tarefa não é fácil, sobretudo para um bando de gatos mais habituados a fazer frente à vida dura de um porto como o de Hamburgo do que a fazer de pais de uma cria de gaivota”

Ditosa, a pequena gaivota, apegada à sua nova família, não quer voar. Acha que se irão esquecer dela e quer ser um gato… Mais uma tarefa para Zorbas, que passo a citar:

“Tu és uma gaivota (…), gostamos de ti porque és uma gaivota (…). Não te contradissemos quando te ouvimos grasnar que és um gato, porque nos lisonjeia que queiras ser como nós; mas és diferente e gostamos que sejas diferente (…). Demos-te todo o nosso carinho sem nunca pensarmos em fazer de ti um gato (…). É bom que saibas que contigo aprendemos uma coisa que nos enche de orgulho: aprendemos a apreciar, a respeitar e a gostar de um ser diferente. É muito fácil aceitar e gostar dos que são iguais a nós, mas fazê-lo com alguém diferente é muito difícil (…)”.

Li há tempos esta história escrita por Luís Sepúlveda, uma delícia que se devora num instante, contendo várias mensagens implícitas. Uma das minhas preferidas é esta que citei.

Quantas vezes nos nossos relacionamentos, sejam de que tipo for, procuramos mudar o outro? E quantas vezes procuramos ser o que achamos que os outros querem que sejamos? Vale a pena refletir sobre a aceitação do próprio e do outro, sobre a complementaridade em vez da exclusividade.

segunda-feira, outubro 15, 2012

QUINO - VALORES







À boa maneira de Quino, mais um cartoon que nos alerta para questões fundamentais e que muitas vezes vão sendo negligenciadas.

EFEITO PLACEBO E MAIS ALÉM


O efeito placebo  (do latim placere, significando "agradarei") é como se denomina um fármaco ou procedimento inerte, que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos associados à convicção do paciente de que está a ser tratado.

Atualmente, este efeito tem vindo a ser alargado e mitigado com experiências que sugerem que o efeito da mente sobre o corpo não fica por aqui: existem experiências que mostram que, mesmo uma pessoa sabendo que o comprimido que está a tomar não contem nenhuma substância curativa (princípio ativo nulo), existem, ainda assim, efeitos curativos em alguns casos. Ou seja, a convicção de que algo vai curar não é imprescindível havendo casos, como estes últimos, em que parece haver efeito curativo pelo facto de "uma parte da mente simplesmente desejar que a cura aconteça"!

Outra experiência foi ainda feita, não com o efeito placebo (profecia auto-confirmatória de cura) mas com o efeito oposto, nocebo (profecia auto-confirmatória de dano), onde se verificou um fenómeno ainda mais extenso: desta vez puseram-se substâncias quentes no braço de pessoas e mostraram-se imagens de rostos de pessoas com uma expressão de dor ligeira e depois de dor elevada. Como esperado as pessoas, que não sabiam que o calor que estavam a sentir era sempre o mesmo, expressaram maior dor quando viam as expressões das caras com maior dor. O interessante foi a segunda fase desta experiência: repetiu-se o aparato mas desta vez as imagens das caras foram mostradas durante escassos milisegundos; ou seja, os sujeitos não tinham acesso conscientemente às imagens. O intrigante foi que, ainda assim, o mesmo efeito foi obtido, parecendo haver um efeito semelhante ao placebo (neste caso nocebo) sem que as informações tenham de passar pela consciência!

domingo, outubro 14, 2012

Ansiedade social

 
É um dos tipos de ansiedade mais comuns, especialmente na casa dos 20-40 anos. Pode ir desde a pessoa sentir-se muito nervosa e pouco à vontade, até a um verdadeiro estado de pânico.

Conheço jovens, sobretudo raparigas, que evitam sair à noite ou aos fim de semana, com medo de não se sentirem bem. Depois inventam-se desculpas e racionalizam-se os medos: "as conversas não são interessantes, nem sei o que lhes hei-de dizer". "Aborreço-me, só me quero vir embora".

Questionadas sobre se não será possível serem elas próprias a iniciar conversas mais interessantes, torna-se obvio que o argumento é apenas uma defesa, e bem fraca, contra um medo enorme e paralisante.

Fraca auto-estima, falta de confiança, sentir-se mal na pele, má auto-imagem, medo de não se ser devidamente apreciado. Trata-se normalmente de jovens que não sentiram um genuíno afecto e apreço por parte dos pais em criança ou que, pelo contrário, foram demasiadamente protegidas.

A Psicoterapia pode ser uma grande ajuda nestes casos, permitindo reconstruir uma situação de genuína confiança e apreço.

Entretanto, e para aligeirar o tom, deixo-vos uns engraçados conselhos sobre como actuar nalgumas situações. Rir também é importante.

 

http://www.buzzfeed.com/katienotopoulos/an-illustrated-guide-to-conquering-social-anxiety

 

 

sábado, outubro 13, 2012

Coitadinhas! (O orçamento de Estado ensinado às crianças)

O orçamento de Estado é um dos documentos mais importantes para os cidadãos portugueses, porque é ele que vai definir o nosso quotidiano.

Infelizmente, a sua leitura é tão fastidiosa e cheia de alçapões, que poucos se dispõem a fazê-lo.

Fazemos mal, porque ele está presente nos nossos mais pequenos gestos. Beber um café na pastelaria significa IVA e IRC para o estado. Estar sentado num sofá num gabinete a receber um cliente em psicoterapia envolve pagamentos de IRS, IRC, Seg. Social, IMI, Taxa de Esgotos, IVA. Ir à casa de banho, mais IVA. Se for preciso acender a luz, mais do mesmo, a acrescer às misteriosas taxas que constituem mais de metade das contas de electricidade. Sai-se para a rua e põe-se o pé no passeio esburacado, lá vêm as taxas municipais (pagamos todos, também). Meto-me no metro, idem, idem.

Até no ar que respiramos e pensamos que é de graça, lá está a taxa escondida nas nossas contas de electricidade, disfarçada com outro nome, inventado oportunamente e de forma pouco clara. Experimentem olhar com atenção para a ultima factura de electricidade, e é como se fosse chinês. Ou pior, porque já há quem esteja a aprender mandarim.

O Estado é necessário numa sociedade moderna. Há serviços que os privados não podem nem devem assegurar. Mas um estado-ladrão, que tem vindo ao longo de décadas a apropriar-se dos nossos recursos e do nosso trabalho para sustentar desvarios, incompetência, negócios ruinosos, corrupção, amiguismos, demagogias, inépcia?

As nossas criancinhas deviam ser obrigadas no inicio de cada ano lectivo a estudar o orçamento de Estado. "Coitadinhas!", já estou a ouvir o coro indignado de mães e de avós. Pois eu acho que não haveria melhor forma de as educar para a vida. Viriam a ser mais conscientes e mais exigentes na escolha de quem as governará no futuro. Saberiam de onde vinha e onde era gasto o dinheiro ganho pelo pai e pela mãe, que todas as manhãs vão trabalhar depois de os deixar nas escolas. Ficariam a saber a diminuta percentagem que resta dos proventos de cada dia de trabalho dos pais. E que é disso que têm de comer e pagar cadernos, livros e jogos.

Ao contrário das gerações actuais, ignorantes ou coniventes com os políticos a quem pagamos para nos (de.s)governarem e nalguns casos governarem-se a eles próprios e aos amigos, os nossos filhos e netos teriam condições para serem donos do próprio destino.