sábado, julho 15, 2006
“Coisas Novas e Coisas Boas”
Marcello Caetano, que, segundo consta, era um ilustre Professor de Direito, ter-se-á dirigido em tom sarcástico na arguência da tese de doutoramento do seu aluno Pedro Soares Martínez (e actualmente um importante vulto daquela academia): “O Sr. Dr. fez um bom trabalho. Tem aqui muitas coisas boas e muitas coisas novas, só que as coisas boas não são novas, e as coisas novas não são boas!”.
Não imagino o que me espera na discussão do meu trabalho, sei sim que até lá me servirei desta história para, projectando os mesmos laivos superegóicos aos membros do júri, continuar a melhorar o texto até à data da entrega!
quinta-feira, julho 13, 2006
Dano psíquico - o caso do Bullying
Bullying é um termo criado por Dan Olweus para designar todo o tipo de mal-estar psíquico que o aluno é alvo durante o seu percurso escolar, estando sujeito a uma forte pressão social. Esta pressão é exercida por alguns alunos, em alunos mais vulneráveis, provocando dor e sofrimento psíquico, estando o agredido, subordinado a exigências e mal tratos psíquicos continuados e repetidos, e ao mesmo tempo, subjugado a um silêncio na tentativa de evitar novas retaliações. Esta forma de violência psíquica perpetua-se através de insultos, piadas, gozações, apelidos cruéis e ridicularizações.
A criação deste termo está associada a uma pesquisa que o autor (Dan Olweus) fazia sobre tendências suicidas nos adolescentes, tendo constatado que a maioria dos jovens que cometiam estes actos tinham sofrido algum tipo de ameaça desta índole.
Vejamos então a pressão que é exercida nestes alunos e as consequências nefastas para o psiquismo. Estejamos atentos ao aparecimento das fobias escolares, à diminuição do rendimento escolar, às depressões e à sintomatologia psicossomática, perturbações associadas a este fenómeno.
Prestemos atenção quer ao abusado, quer ao perpetrador do abuso, porque ambos são vulneráveis do ponto de vista emocional, seja pela susceptibilidade ao abuso, seja pela necessidade de abusar, mas cada uma das situações manifesta perturbações emocionais.
terça-feira, julho 11, 2006
Have a nice... concert
Lila Downs
19/07/06 - Aula Magna (Quarta 22h)
www.liladonws.com
Lizz Wright
23/07/06 - Pequeno Auditório CCB (Domingo 21h)
www.lizzwright.net
Have a nice... concert
“Estou! Onde é que estás?“
Acabada a conversa fiquei a pensar que as censuras ao dito aparelho não se ficavam por aqui. Sem imputar a nenhuma nacionalidade em particular aquilo que referirei em seguida, outros aspectos há a considerar. Frases como a que podemos ler no título são disso, em meu entender, bom exemplo. Esta pergunta tão banal com a qual começamos a maioria das nossas conversas telefónicas encerra algo que o telemóvel viabiliza, a saber, a possibilidade do Outro, a qualquer momento, poder indagar acerca do nosso paradeiro. Não posso fechar os olhos à utilidade desta pergunta em alguns contextos, mas comparemos com o que se passava aqui há uns anos – o tempo que mediava aquele momento em que estávamos contactáveis através do telefone do emprego e a chegada a casa, onde estávamos novamente alcançáveis através de um telefonema... O que se passava entre um momento e o outro abria um espaço que hoje infelizmente se perdeu, e para o qual me parece importante chamar a atenção: Um espaço passível de ser ocupado por inúmeras fantasias (mais ou menos ajustadas à realidade) da parte de quem espera, dos habituais interlocutores que nos “apanham” entre um sítio e outro.
Acaba, a meu ver, esta inevitabilidade dos tempos de hoje, por favorecer alguma pobreza fantasmática – a mesma que grassa numa sociedade pouco apta a tolerar aquele tempo de latência, com tudo o que de organizador isso podia ter para o nosso mundo interno. Mas esta “ubiquidade virtual” é apenas um exemplo da quantidade enorme de aspectos que poderíamos elencar... Então e as chamadas de números não identificados e a possibilidade de se exercer uma forma de controlo sobre o Outro? A quantidade de tempo que deixamos de estar com alguém só porque, achando que podemos falar com todos os nossos amigos à distância de umas “digitadelas” de telemóvel, nos ficamos por um sms?
segunda-feira, julho 10, 2006
As palavras mais pesquisadas no Sapo
As de hoje são:
1. Filme;
2. Portugal;
3. Amor;
4. Jogos;
5. Hotel;
6. Apartamentos;
7. Hotel
8. Algarve;
9. Jornal;
10. Férias;
11. Lisboa.
Não é só calor, o espírito já é mesmo de férias!
domingo, julho 09, 2006
Os Inconscientes
Não é a época em que decorre a história, não é a importância histórica das personagens, que dá na minha opinião importância ao filme.
O cerne da questão está no envolvimento de um dos terapeutas na vida dos seus clientes e como ele se torna um cliente virtual de si próprio. Ou seja, será um sinal de aviso quando desejamos viver alguns aspectos da vida dos nossos clientes? Será isso, um indicador que algo está errado na nossa?
Creio que sim!
Afinal sempre que deixamos de viver o aqui e agora, para viver o passado e futuro dos outros estaremos numa rota certa para a insanidade!
Dentro deste filme encontramos retratos, ou arquétipos, da sociedade actual, estes tem um traço próprio que nos faz rir. Aliás todo o filme é bastante leve e por vezes muito divertido.
Vale a pena ver o filme! E acima de tudo vale a pena reflectir se na verdade gostaríamos de viver outra vida que seja a nossa própria!
Pedro Correia Santos
Foi dito...
Thomas Carlyle
(1795-1881)
sexta-feira, julho 07, 2006
quarta-feira, julho 05, 2006
A sinceridade para connosco próprios e para com os outros
Uma das linhas de reflexão que emergiu da troca de comentários anteriores foi a ideia de que é importante sermos sinceros connosco próprios em primeiro lugar para sermos capazes de ser sinceros com os outros.
Tendo em vista a ideia inicial de “criar” uma ética da relação amorosa, poderíamos afirmar que um dos pontos desse “regulamento” ético seria:
1. Para que a relação amorosa funcione bem é necessário que cada um dos intervenientes seja em primeiro lugar sincero consigo próprio.
Agir em conformidade com esta afirmação é extraordinariamente difícil. Sermos sinceros connosco próprios é uma tarefa para a vida e impossível de cumprir em rigor. As dinâmicas internas estão cheias de “armadilhas” e auto-enganos, alguns deles até bastante úteis e ao serviço do crescimento emocional. Proponho que se reestruture o primeiro ponto:
1. Para que a relação amorosa funcione bem é necessário que cada um dos intervenientes faça um esforço activo no sentido de não ocultar as suas emoções e pensamentos face a si próprio.
O que vos parece?
sexta-feira, junho 30, 2006
A importância da sinceridade e da honestidade nas relações amorosas
Dentro da lógica que apresentei no post anterior, gostaria de lançar o debate sobre a importância da sinceridade e da honestidade nas relações e conquistas amorosas.
Quando penso numa ética das relações amorosas, uma das primeiras ideias que me ocorre é a importância da sinceridade das pessoas consigo próprias e face ao companheiro(a).
A sinceridade e a honestidade são conceitos muito amplos e difíceis de definir e enquadrar. Um dos meus autores preferidos, Wilfred Bion, diz num dos seus livros. “Verdade sem amor é crueldade e amor sem verdade é hipocrisia”.
Quais são os limites da sinceridade e da honestidade?
A máxima “verdade a qualquer preço” poderá ser aplicada com rigor nas relações amorosas? Dizer à namorada “hoje estás horrível!” só porque é verdade ou pelo menos é a verdade que se percepciona nesse momento, é bom? É bom para quem? Para a pessoa que ouve? Para a pessoa que diz? Para a relação? Nesta situação, dever-se-ia mentir? Dever-se-ia omitir?
quinta-feira, junho 29, 2006
Para uma teoria da ética nas relações amorosas
Há inúmeras perguntas em torno deste tema que inevitavelmente ficam sem resposta. Porque é que as pessoas se apaixonam? Porque é que “escolhem” esta ou aquela pessoa? Porque é que certas relações duram imenso e outras se extinguem muito rapidamente? Porque há pessoas que se apaixonam por várias ao mesmo tempo? Porque desaparece o amor? etc., etc.
A psicologia das relações amorosas é uma área de investigação ainda muito recente e cheia de contradições (diferentes correntes têm opiniões diversas e por vezes contraditórias).
Proponho que se pense numa ética das relações amorosas. Por ética das relações amorosas entendo a especulação de qual seria o comportamento (ou conjunto de comportamentos) que potencialmente facilitaria a instalação e a manutenção de uma relação amorosa “boa”. Na wikipédia lê-se: “o objectivo de uma teoria da ética é determinar o que é bom, tanto para o indivíduo como para a sociedade como um todo”. Num certo sentido a ética estipula determinados preceitos de conduta. Neste caso, seriam condutas (comportamentos ou posturas mentais) que visariam a manutenção da relação amorosa com um nível de satisfação adequado.
Convido-vos a participarem dando a vossa opinião e, entretanto, eu própria vou escrevendo as minhas ideias sobre o assunto.
sábado, junho 24, 2006
A duração da psicoterapia psicanalítica
A velocidade da vida actual torna muito difícil compreender a necessidade de uma relação tão longa e intensa. Muitos dos meus pacientes dizem-me que sou a pessoa que melhor os conhece. Por vezes a psicoterapia dura mais do que o casamento deles e, muito frequentemente, observo o início e o fim de várias relações amorosas.
Estar em psicoterapia é sabermos que temos alguém que nos escuta e que, num certo sentido, vive connosco a nossa vida. É sentirmos que aquilo que somos constitui uma descoberta permanente e que as transformações que sofremos são subtis e que em cada mudança nos aproximamos mais daquilo que verdadeiramente somos. O psicoterapeuta não pretende “moldar” o paciente ou fazê-lo ficar desta ou daquela maneira. Simplesmente está lá, para ouvir, apoiar, estimular o questionamento e ajudar a pessoa a perceber aquilo que ela própria não consegue entender sozinha.
A personalidade muda e a psicopatologia fica atenuada ou desaparece porque esta “nova relação” funciona como um outro olhar que a pessoa tem sobre si própria, um olhar desprovido de censuras, desejos e preconceitos. Lentamente a pessoa abre-se e restaura-se, sarando as suas feridas e procurando novos pontos de apoio para edificar uma “nova” personalidade.
O grau de confiança e, num certo sentido, de intimidade que se gera entre um psicoterapeuta e o seu paciente só pode ser conquistado com tempo e paciência. Para sermos capazes de comunicar o que há de mais privado e profundo em nós temos que confiar muitíssimo no outro, o que demora muito e muito tempo. Precisamos de ter a garantia de que o psicoterapeuta não vai “mesmo” censurar-nos, diminuir-nos, explorar-nos, humilharmo-nos, etc. Só depois de um bom tempo em psicoterapia é que nos “instalamos” verdadeiramente nela.
quinta-feira, junho 22, 2006
A cultura do narcisismo
A sociedade actual estimula a cultura do narcisismo. Cada vez mais competimos de forma acirrada por um “lugar ao sol” num mundo em que impera a lei do mais capaz e do sucesso ou da aparência dele.
As exigências de sucesso provocam um enorme desgaste. As pessoas sentem-se obrigadas a atingir metas idealizadas e a ultrapassarem a qualquer custo as suas limitações. Instala-se um conflito entre o “eu idealizado” e o “eu real” que nos leva a desenvolvermos a crença de que valemos mais pelo que temos ou aparentamos ser do que pelo que realmente somos.
A ânsia de reconhecimento faz com que a aparência tenha um enorme valor; quando somos confrontados com a diferença entre aquilo que pretendemos ser e aquilo que somos verdadeiramente a nossa auto-estima sofre, e esta diminuição da auto-estima torna-nos vulneráveis à depressão.
segunda-feira, junho 19, 2006
Biblioteca virtual com revistas de psicologia e psiquiatria
A Scielo Portuguesa é uma biblioteca virtual que abrange uma colecção seleccionada de revistas científicas portuguesas. Das 9 revistas disponíveis destaco a Análise Psicológica e a Revista Portuguesa de Psicossomática.
A Scielo brasileira tem 159 revistas com números online. Tem 48 números dos Arquivos de Neuro-Psiquiatria; 45 números da Revista Brasileira de Psiquiatria; 21 da Revista de Psiquiatria Clínica; 9 números da Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul; 20 números da Estudos de Psicologia (Natal); 10 números de Psicologia & Sociedade; 18 de Psicologia USP; 12 números de Psicologia em Estudo; 26 números de Psicologia: Reflexão e Crítica; 18 números de Psicologia: Teoria e Pesquisa e 5 números da Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica.
sexta-feira, junho 16, 2006
As diferentes teorias de Melanie Klein
Nos últimos dias tenho estado a preparar uma aula sobre as teorias desenvolvidas por Melanie Klein. Continuo a ficar impressionada pela forma persistente e tenaz com que Klein se apegou às teorias clássicas. Como deveria ser difícil ir contra as ideias de Freud nos anos 20, 30 e 40!
As últimas concepções de Klein, nomeadamente a teoria da posição depressiva, da posição esquizoparanóide e por último da inveja primária destronam as clássicas teorias do desenvolvimento psicossexual, do superego e do complexo de Édipo, entre outras.
quinta-feira, junho 15, 2006
Prime - Terapia do Amor
No filme Prime, traduzido em português por Terapia do Amor, Meryl Streep interpreta o papel de uma psicoterapeuta e Uma Thurman representa o de paciente.
O filme em si, na minha opinião, não é particularmente bom, mas levanta um problema ético de difícil resolução e que todos nós, psicoterapeutas, corremos o risco de ter que enfrentar em algum momento do nosso percurso profissional.
A decisão da psicoterapeuta de continuar a seguir a paciente sem lhe dizer que o namorado dela é o seu filho é, para muitos, no mínimo, questionável; contudo a decisão inversa, a de contar de imediato à paciente que a pessoa por quem ela se está a apaixonar é o seu filho, também seria igualmente questionável. Este não é um problema de fácil solução e qualquer que seja a posição do psicoterapeuta, esta pode ser defendida e atacada.
No filme a psicoterapeuta opta, até a um certo ponto da história, por não dizer nada à paciente e tenta esforçar-se por pensar e viver aquela situação como se não se tratasse do seu filho, mas de qualquer outro rapaz. Tenta, num certo sentido, manter uma posição profissional, não querendo prejudicar a paciente por aquilo que lhe parece, na altura, uma situação passageira e sem futuro. Ao longo das sessões podemos observar o profundo incómodo da psicoterapeuta com o relato minucioso e íntimo da vida do casal e a necessidade que tem de recorrer ela própria a um psicoterapeuta para tentar lidar com a situação que está a viver.
Quando a psicoterapeuta percebe que o frágil equilíbrio entre o benefício e o prejuízo se inclina no sentido de ser prejudicial para ambos (psicoterapeuta e paciente) deve, na minha opinião, revelar e dar por terminada a psicoterapia, por não existirem condições adequadas para a realização da mesma.
quarta-feira, junho 14, 2006
O tratamento pela fala e pela escuta
A psicanálise e as psicoterapias psicodinâmicas são tratamentos pela fala e pela escuta, enquanto a psicofarmacologia e as psicoterapias cognitivo-comportamentais são intervenções sobre o corpo e sobre o condicionamento.
Os três tipos de intervenção têm as suas finalidades e, por vezes, é aconselhável que sejam “recomendados” como intervenções complementares e simultâneas. Existem no entanto alguns domínios em que parecem ser incompatíveis e visarem objectivos diferentes. Praticamente todo o tipo de abordagem terapêutica à saúde mental tem pretensões a ser a melhor ou aquela que deveria ser aplicada em exclusividade. Esta pretensão parece-me válida e inclusivamente tem permitido que as correntes se esforcem no sentido de desenvolver o seu método até a um ponto máximo.
Podemos hierarquizar os tipos de intervenções anteriormente referidas de acordo com o grau de intrusão do método e os possíveis efeitos secundários ou colaterais. Os tratamentos pela fala e pela escuta estão no topo desta lista dado que são particularmente pouco intrusivos e os efeitos secundários prejudiciais, quando acontecem, são facilmente detectados pelo paciente (por exemplo, devido a um psicoterapeuta pouco correcto eticamente) e o paciente pode defender-se deles com alguma facilidade, suspendendo o tratamento ou mudando de psicoterapeuta. O tratamento pela fala e pela escuta assenta na convicção de que as pessoas poderão modificar o seu comportamento e a sua forma de sentir e viver através do estabelecimento de uma relação que privilegia a observação, a análise e a reflexão.
No patamar seguinte vêm as intervenções cognitivo-comportamentais que privilegiam igualmente a observação, mas que assentam na convicção de que podemos modificar o comportamento condicionando a cognição ou utilizando mecanismos de recompensa e castigo. O condicionamento é uma técnica manipuladora que pode esmagar a originalidade e a espontaneidade.
No fim da nossa lista encontram-se as intervenções psicofarmacologicas que induzem estados emocionais ou alteram os existentes. As intervenções químicas sobre o corpo são muito poderosas e evitam algumas das dificuldades que as técnicas anteriores colocam, nomeadamente no tempo de intervenção e a exigência de dedicação do paciente ao tratamento. Por outro lado, as intervenções químicas tendem a criar efeitos massificadores: o consumo de Prozac foi elucidativo desse efeito, pois as pessoas que tomam Prozac ficam parecidas na maneira como sentem, pensam e vivem.
b) O paciente preza a liberdade de ser quem é e não pretende ser “manipulado”, nem psíquica nem quimicamente?
c) O paciente gosta de pensar sobre ele próprio e as suas relações e está disposto a auto-investigar-se?
A utilização conjugada dos diferentes tipos de intervenções é muito benéfica em quase todos os tipos de pacientes, mas principalmente naqueles que não melhoram significativamente com nenhuma das abordagens individualmente.
Se gosta deste blog e pretende acompanhar a colocação de novos posts, a melhor forma é recorrendo a um leitor de RSS, veja como em Agregadores
domingo, junho 11, 2006
Uma pequena biografia de Freud
Uma pequena Biografia de Freud no blog Caminhar. Vá lá ver! Lê-se com facilidade e é muito interessante.
sexta-feira, junho 09, 2006
Agregadores de RSS
Uma das dificuldades em seguir um blog é sermos obrigados a visitá-lo periodicamente para verificar se foram colocados ou não novos posts. Esta tarefa pode ser aborrecida e muitas vezes os leitores, apesar de interessados e motivados deixam de frequentar determinado blog porque simplesmente se esquecem dele.
Se gosta deste blog e pretende acompanhar a colocação de novos posts, a melhor forma é recorrendo a um agregador, como, por exemplo, o Omea Reader. Proceda do seguinte modo:
- Clique no link OmeaReader
- A partir do Site JetBrains instale o programa OmeaReader seguindo as instruções que lhe são facultadas
- Quando estiver de visita ao nosso Blog pressione o símbolo RSS que se encontra na barra lateral.
- Da próxima vez que abrir o programa OmeaReader ele irá mostrar-lhe automaticamente os novos posts do SALPICOS e de todos os outros blogs ou sites que tenha previamente registado.
Aprecie! O leitor de RSS vai poupar-lhe tempo e permitir-lhe estar sempre actualizado.
quinta-feira, junho 08, 2006
Entrevista com Elisabeth Roudinesco
Esta entrevista com Elisabeth Roudinesco foi apresentado no blog caminhar (post do dia 7 de Maio)
Elisabeth Roudinesco - Ele não contém nenhuma revelação. É um livro sem interesse e que só teve impacto porque foi capa do "Nouvel Observateur" [revista semanal de mais influência e vendagem na França].
Folha - O que mais choca nele?
Roudinesco - Ele não me choca porque é um debate antigo. Mas não se trata mais de querelas historiográficas, teóricas e intelectuais. Um "livro negro" supõe um massacre de massa, um gulag da psicanálise, muitos mortos. Tentaram inventar mortos que não existem, sobretudo drogados mortos por causa da psicanálise, além de milhares de crianças terríveis por causa de Françoise Dolto [1908-88, psicanalista especializada em infância].
Os fatos são inexatos. Freud é apresentado como um mentiroso, um falsificador. O caso de um autor sério como Patrick Mahony é exemplar. Para explicar as pulsões incestuosas de Freud, ele publicara um texto sobre a análise de Anna Freud por seu pai, num livro sério, nos EUA. No contexto do "livro negro", a pulsão incestuosa se transforma em incesto de fato para o grande público. Também não é verdade que Freud era apegado a dinheiro. Não é verdade que ele era um escroque, não é verdade que mentiu. Ele era autoritário, teve problemas com seus discípulos. Mas não há nada de secreto em sua vida.
Além disso, esse livro desenvolve uma teoria do complô, do conspiracionismo, isto é, que os psicanalistas do mundo inteiro são um movimento de bandidos, de gângsteres, que ocupam lugares indevidos nas instituições. Fica difícil discutir com autores de mentiras.
Folha - "Por Que Tanto Ódio" é uma resposta ao "Livro Negro"?
Roudinesco - Não, trata-se apenas de um artigo que fiz na imprensa seguido de uma grande nota informativa. Não tive a intenção de fazer uma análise precisa dos textos do "Livro Negro". O livro que escrevi e que é uma resposta antecipada ao livro negro é "Por Que a Psicanálise?". Esse debate entre os que combatem e os que defendem a psicanálise já aconteceu nos EUA.
Folha - As críticas à psicanálise dizem respeito, entre outras coisas, ao seu caráter não-científico. A psicanálise é uma ciência?
Roudinesco - Nunca foi. O problema é que ela desperta, como Marx, como todo movimento de emancipação que perturba a ordem do mundo, um ódio particular. Hoje não podem atacar a revolução sexual, não podem mais acusar a psicanálise de ser uma pornografia.
Mas já tentaram tudo, acusaram-na de ser uma ciência judaica, de ser uma falsa ciência. Cada época, segundo sua ideologia, a acusa de alguma coisa. A tese segundo a qual ela é uma falsa ciência remonta a antes da Primeira Guerra, mas perdeu seu impacto hoje por causa da evolução da psiquiatria, que reintegrou o campo da medicina orgânica, passando ao domínio da psicofarmacologia e das neurociências.
Agora, volta o grande debate entre os defensores do psiquismo e os organicistas, que data do fim do século 19, e que volta com o progresso da genética e das neurociências, com a idéia de que se pode tratar da doença mental sem tratamento psíquico. A psicanálise continua um obstáculo que precisa ser destruído.
Folha - Pela farmacologia?
Roudinesco - O melhor ainda é o tratamento pela palavra, a psicanálise, mais a farmacologia. O que não é desejável é a ideologia farmacológica, a idéia de tratar apenas pela farmacologia. Por outro lado, há o comportamentalismo, onde não há clínica, que trata os sujeitos como ratos de laboratório. É o condicionamento, uma ideologia extremamente perigosa para a sociedade, independentemente da psicanálise.
Tem-se um exemplo disso na idéia de que, para tratar dos desvios sexuais, devem-se realizar castrações químicas ou cirúrgicas. É o que se chama intervenção sobre o corpo e o condicionamento. Nessa visão, tratam-se os sintomas por meios que excluem a evolução humana. Ou se continua a crer que a alma humana é aperfeiçoável, mas que não há o risco zero, e isso é uma ideologia progressista. Ou então é a barbárie.
Essas pessoas pensam que se pode prevenir a delinqüência com exames nas crianças de três anos. Parece ridículo, mas acreditam nisso. De um lado, os desvios sexuais, de outro as crianças. E nós no meio. Significa que todo mundo deve passar por controle para tentar ser normal. Mas o que é ser normal?
Folha - É o controle total do Estado sobre o cidadão?
Roudinesco - Sim, mas é normal que se controle o cidadão, que se lancem políticas contra o câncer. Mas até onde se vai? Será normal que um biopoder controle nossas emoções, nosso psiquismo, nosso afeto, que determine uma norma, que não se sabe bem o que é? A experiência com os criminosos e desviantes vai nos levar a refletir sobre o que querem fazer conosco. A partir de um momento, podem considerar que todas as pessoas que fumam são criminosas, criminosas contra elas próprias e contra o outro.
É um fascismo ordinário, de que Gilles Deleuze e [Michel] Foucault descreveram o mecanismo. Vivemos num mundo unificado, no qual a alternativa é o integrismo religioso. Estamos entre a pornografia e o misticismo, entre a pornografia e o puritanismo. Como penso que a democracia é perfectível, o combate de amanhã é recusar esses sistemas.
Folha - Esse é um dos combates da psicanálise?
Roudinesco - Sim, mas ela não o enfrenta, o que é uma pena.
Folha - Por que os psicanalistas não o enfrentam? Por que não se envolvem mais na política?
Roudinesco - Porque se tornaram reacionários, cometeram erros monumentais, não se ocuparam do social, não trataram de política, tornaram-se conservadores. Mas não conservadores como Freud, um conservador esclarecido. Transformaram-se em psicoterapeutas, antes desprezados por eles. Não se vai nem pedir que os psicanalistas sejam subversivos. Confundiram a neutralidade na cura com a neutralidade política. Eles não pensam mais os problemas da sociedade; e, quando o fazem, é com interpretações psicanalíticas absolutamente incoerentes.
Enganaram-se de debate com os defensores da ciência, pois, em vez de debater os problemas de sociedade, debateram com os comportamentalistas. Essa é a tendência americana. A metade dos psicanalistas americanos é de comportamentalistas. Foram eles que fizeram o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
Os psicanalistas se transformaram em terapeutas comportamentalistas. E pensam que isso é ciência. Não estão mais imbuídos da força emancipadora do início, reforçada por Lacan, e da qual ainda temos vestígios na França, onde nos mobilizamos contra o comportamentalismo mais do que em qualquer parte. E por isso publicam esse livro negro.
Folha - Os autores falam de "deificação de Freud", de "hagiografia", a propósito da biografia de Ernest Jones ["A Vida e a Obra de Sigmund Freud", Imago], "de evangelho freudiano", de "peregrinação" a Viena e a Londres para conhecer as casas de Freud. Os psicanalistas seriam os discípulos de um novo messias?
Roudinesco - Essas críticas têm 50 anos de atraso. Nenhuma pessoa séria vive a psicanálise sob o ângulo de Jones. Eles acusam os psicanalistas de viverem na legenda dourada, talvez seja verdadeiro para alguns. Faz parte desse lado reacionário de que eu falava. Atacam Jones, mas esquecem trabalhos sérios sobre Freud, inclusive os meus, os de [Yosef Hayim] Yérushalmi, os de Peter Gay.
Folha - A psicanálise é vista como uma prática subversiva, de contestação da sociedade. Como praticá-la num país como a China ou sob qualquer totalitalitarismo?
Roudinesco - Não se pode praticá-la sob totalitarismos. Quando os antigos sistemas ditatoriais, totalitários, estão em via de desconstrução, começam os contatos.
É a mesma situação nos países do mundo árabe-islâmico.
Folha - Pode-se analisar alguém sem liberdade, sem democracia?
Roudinesco - Quando a palavra não é totalmente livre, não pode haver análise. Na China, há pouca coisa, menos que no mundo árabe-islâmico. Diria que os psicanalistas franceses têm um desejo de China que existe desde o maoísmo. É o sonho da China, sonho da Ásia, mais forte que eles. Só existe um psicanalista, em Chengdu, Huo Datong, objeto de todas as cobiças. Há alguns avanços da psiquiatria em Pequim. O que se passa hoje, entre os psicanalistas franceses, ocidentais e americanos, é que eles querem colonizar. É um desejo de colonização. Por isso, defendo sempre a independência.
Huo Datong fez algo muito bom, bastante independente. Mas esse é o caminho mais difícil. É preciso ao mesmo tempo ter relações com o estrangeiro e não ser colonizado, mas é muito difícil. Mas há hoje entre os psicanalistas franceses uma "chinomania". Os lacanianos têm o mesmo desejo de Oriente que Lacan. É uma identificação com Lacan, que foi ao Japão e que sonhava com a China."
domingo, junho 04, 2006
Ambiental versus Pulsional
A psicologia psicodinâmica anda sempre às voltas a tentar perceber se os factores determinantes para o saudável desenvolvimento do psiquismo infantil são ambientais (a família e os demais convivas da criança) ou pulsionais (forças internas à criança e biologicamente pré-determinadas).
sexta-feira, junho 02, 2006
Revista Portuguesa de Psicossomática
A Revista Portuguesa de Psicossomática ocupa já um espaço importante no grupo de revistas sobre Psicologia. É uma revista com uma inspiração médica bastante visível dado que o seu director, o Prof. Rui Coelho, é médico psiquiatra e Professor Associado da Faculdade de Medicina na Universidade do Porto. É também notória a influência da psicologia, quer cognitiva quer psicodinâmica, e até mesmo da psicanálise. O Prof. Rui Coelho é, para além de Psiquiatra, um eminente Psicanalista.
A Revista Portuguesa de Psicossomática é a voz da Sociedade Portuguesa de Psicossomática, criada em 1996 e que conta actualmente com cerca de 350 sócios, ligados pelo interesse comum do estudo do homem enquanto ser psicossomático.
A psicossomática é uma “disciplina” muito complexa, com áreas enormes de cruzamento com outras disciplinas, como sejam as diferentes medicinas, a fisiologia, o desporto, a dança, etc.; ou seja, com tudo aquilo que de uma forma ou de outra implica o corpo e o seu bom ou mau funcionamento.
quinta-feira, junho 01, 2006
Exigências
Parece existir uma relação entre exigência e carência, mas essa conexão não é linear. Há muitas pessoas cujo padrão de relação com os outros se pauta pela exigência. São exigentes consigo próprias e com os outros e alimentam-se dessa exigência.
quarta-feira, maio 31, 2006
A Psicanálise de Winnicott
Este livro foi originalmente publicado em 1979, portanto oito anos após a morte do seu autor. É uma colectânea de artigos que foi escrevendo ao longo da sua vida, alguns dos quais tinham já sido publicados anteriormente.
“Ao praticar a psicanálise, tenho o propósito de:
me manter vivo;
me manter bem;
me manter desperto.
Tenho o objectivo de ser eu mesmo e me portar bem
Uma vez iniciada uma análise espero continuar com ela, sobreviver a ela e terminá-la”
terça-feira, maio 30, 2006
Psicoterapia Psicanalítica
A exposição de Nancy sobre a Psicoterapia Psicanalítica é muito clara e o livro está recheado de conselhos práticos que são de grande ajuda para os psicoterapeutas principiantes e permite aos psicoterapeutas mais batidos ficarem “mais descansados” por nem sempre cumprirem as regras clássicas das boas práticas psicoterapeuticas.
A ilustração clínica com a apresentação, mais ou menos minuciosa, de dois casos; um de uma paciente com uma estrutura de personalidade mais neurótica e um outro de uma paciente com estrutura borderline é agradável e refrescante. Nancy mostra-nos com uma abertura incomum, os seus pontos fracos e os seus “erros” clínicos, reconhecendo sempre que cada caso é um caso e que cada psicoterapeuta é único na relação clínica com os seus pacientes.
Uma nota curiosa é que Nancy se refere muita vez aos pacientes como clientes. Em Portugal a Psicoterapia e a Psicologia Clínica, talvez por ter uma estreita associação com a medicina, sempre denominou os seus ‘utentes’ por pacientes; se por um lado a palavra paciente, remete para ‘pathos’ que significa dor e por aí mesmo revela um sentido fundamental para descrever a “perturbação psíquica”, por outro a palavra cliente descreve muito mais uma relação entre duas pessoas, uma delas que presta um serviço (o psicoterapeuta) e uma outra que solicita e recebe esse serviço (o cliente). A palavra cliente é, na minha opinião, melhor, porque “despsicopatologiza”, isto é, coloca a psicoterapia muito mais ao nível da atribuição e descoberta de sentido do que ao nível da cura.
A Psicoterapia Psicanalítica que Nancy Mcwilliams nos dá a conhecer é profundamente respeitadora da individualidade dos clientes que a procuram e simultaneamente respeitadora das dificuldades e limitações dos psicoterapeutas, que ao fim e ao cabo, são pessoas como as outras.
Os outros livros da Nancy Mcwilliams igualmente editados em português pela Climepsi são também trabalhos a não perder, principalmente o Diagnóstico Psicanalítico. Um destes dias, falarei sobre ele; oferece uma forma bastante original de olhar a psicopatologia, cruzando as estruturas de personalidade com a constelação sintomatológica.
segunda-feira, maio 29, 2006
Estigma
Penso que será uma opinião de consenso dizer que não há qualquer dúvida de que actualmente em Portugal ainda existe um forte estigma associado às consultas de psicologia e, ainda mais intenso, associado às consultas de psiquiatria e de psicoterapia.
sexta-feira, maio 26, 2006
Uma entrevista com Freud – A febre chamada viver
Há uns dias estive a ler uma entrevista que Freud deu, em 1926, ao jornalista americano George Sylvester Viereck. Freud tinha na altura cerca de setenta anos.
“É possível que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque desejamos morrer. Assim como amor e ódio por uma pessoa habitam em nosso peito ao mesmo tempo, assim também toda a vida conjuga o desejo da própria destruição. Do mesmo modo como um pequeno elástico esticado tende a assumir a forma original, assim também toda a matéria viva, consciente ou inconscientemente, busca readquirir a completa, a absoluta inércia da existência inorgânica. O impulso de vida e o impulso de morte habitam lado a lado dentro de nós. A Morte é a companheira do Amor. Juntos eles regem o mundo. Isto é o que diz o meu livro: Além do Princípio do Prazer. No começo, a psicanálise supôs que o Amor tinha toda a importância. Agora sabemos que a Morte é igualmente importante. Biologicamente, todo ser vivo, não importa quão intensamente a vida queime dentro dele, anseia pelo Nirvana, pela cessação da “febre chamada viver”, anseia pelo seio de Abraão. O desejo pode ser encoberto por digressões. Não obstante, o objectivo derradeiro da vida é a sua própria extinção.”.
quarta-feira, maio 24, 2006
A Revista Psicologia Actual
Foi lançada à relativamente pouco tempo, uma revista de Psicologia para o grande público, ou seja, para um público não especializado. É inédito no nosso país, se bem que seja já vulgar em muitos outros países. É uma psicologia “light”, mas que não perde o rigor científico. Os temas tratados em cada número são vastos e a própria revista está organizada por secções temáticas. Infelizmente o site da revista continua em construção. É de notar que está nesta situação desde o lançamento da revista, e que não são apresentadas previsões quanto a quando ficará pronto. De qualquer forma aqui fica o endereço: www.psicologiaactual.com.
No último número contribuí com um pequeno artigo sobre o envelhecimento. Pretendia chamar a atenção para a necessidade que todos nós, independentemente da nossa idade, temos de “preparar” o nosso envelhecimento. Envelhecer é sempre algo que nos apanha desprevenidos mas, se estivermos atentos, podemos detectar os primeiros sinais e fazer um esforço para nos adaptarmos ao envelhecimento. Notem que digo, adaptarmo-nos ao envelhecimento e não deixarmo-nos esmagar por ele.
Envelhecer é sempre muito complicado por mais que queiramos “colorir o quadro”. Envelhecer está inevitavelmente associado à ideia de perda e perder algo ou alguém (mesmo que seja perdermos a nós próprios, ou uma certa imagem que temos de nós) é um verdadeiro murro no estômago que nos deixa atordoados. Não há forma, por mais fantástico que isso nos pudesse parecer, não há forma de impedir o envelhecimento, o melhor que conseguimos e para isso gastamos milhões, é retardar o envelhecimento.
terça-feira, maio 23, 2006
O Plano Suicidário de um Paciente
Ontem uma colega questionou-me sobre um problema que apesar de bastante antigo é um dos mais delicados na prática da clínica psicológica.
segunda-feira, maio 22, 2006
Esconde-se de dia e espreguiça-se à noite
Este fim-de-semana estive a ver um filme que contava a história de uma adolescente com 17 anos que engravidou sem desejar o bebé. O filme relata de uma forma subtil o crescimento da barriga e a lenta modificação que a futura mãe vai sentindo à medida que o bebé cresce dentro de si.
É um filme triste, mas de uma tristeza doce. O ritmo lento adquire a tranquilidade da actividade que une as duas mulheres (uma jovem e futura mãe que não deseja o filho e uma mulher madura que sofre em silencio o desgosto de ter perdido o filho). São bordadeiras.
A certa altura, a rapariga diz, referindo-se ao bebé que tem 7 meses de gestação: “De dia mete-se para dentro, esconde-se, mal se dá pela barriga. Mas quando estou sozinha põe-se à larga, espreguiça-se, fico com uma barriga enorme. Incrível, não é?”
O filme BORDADEIRAS foi realizado por Eléonore Faucher em 2004 e recebeu vários prémios. Saiba mais sobre este filme: Bordadeiras
Mostrar para Esconder
Na grande maioria das vezes não temos consciência de que pautamos a nossa vida pelo lema “Mostrar para Esconder”. No convívio habitualmente partimos do princípio de que aquilo que nós e os outros comunicamos é verdadeiramente aquilo que queremos comunicar, mas na verdade, muitas vezes dizemos coisas e fazemos coisas precisamente para não dar a conhecer determinada outra coisa.
As conversas ou as acções que têm por objectivo esconder os nossos defeitos, vulnerabilidades, falhas, insuficiências, etc., condenam-nos a um caminho de solidão e vazio.
Ao construirmos um discurso e uma imagem, veiculada pelas nossas conversas e atitudes, que pretende esconder aquilo que somos, afastamo-nos de nós próprios e perdemos autenticidade. Os outros deixam de se relacionar connosco para se relacionarem apenas com uma parte de nós, com uma aparência ilusória e cuidadosamente construída de nós mesmos.
Não queremos mentir ou enganar. Queremos apenas esconder aquilo que nos envergonha e embaraça; esconder a dor que sentimos por não sermos aquilo que gostaríamos de ser.
domingo, maio 21, 2006
O Início
Somos muitos e trabalhamos todos juntos num projecto de intervenção psicoterapêutica relativamente inovador, a Psicronos.
Com este espaço pretendemos abrir uma via de acesso a todos aqueles que se interessam pela psicologia clínica (que é a nossa paixão comum) e pelas diferentes abordagens psicoterapêuticas, especialmente pela psicanálise e pela psicologia psicodinâmica, já que a esmagadora maioria de nós, nutre um fascínio particular por esta abordagem.
Não queremos ser muito sérios, mas esta disciplina é séria e não há maneira de fugir a isso. Não queremos ser pesados e carrancudos como são muitos psis. Queremos ser estimulantes e controversos