sexta-feira, setembro 18, 2009

BULLYING, MAIS UMA VEZ

Mais uma horrível notícia de bullying, desta vez em Inglaterra. Dá que pensar.

http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/crime/article6838691.ece?&EMC-Bltn=ACQCFB

O regresso à Escola

Eis que a azáfama das compras escolares terminou. As grandes superfícies já não estão cheias de famílias a escolher dossiers, estojos, mochilas.

Normalmente esta é uma fase apreciada pelos alunos, que anseiam voltar à escola, os dois meses e meio de férias já se tinha tornado aborrecidos; mas e para aqueles que a escola é sentida como ameaçadora, desorganizante, não pelas aulas, pelas aprendizagens, mas pelo espaço de convivência?
Aquele friozinho na barriga, natural depois de um largo período de ausência, transforma-se em algo mais complexo e começa a aumentar para uma dor mais aguda, os intestinos começam a funcionar em demasia, algumas náuseas são sentidas, dores de cabeça, cansaço, tiques que se agravam, gaguejo que se descontrola…

Tudo isto acontece porque existe um momento de provação emocional, de começar de novo. A escola, como espaço de convivência, favorece o reencontro, as amizades, os grupinhos, mas quando os jovens não se sentem integrados neste ou naquele grupo tudo se complica. É partir da estaca zero, é o arranjar forças para se tentar integrar, ou pelo menos para não se sentir demasiado excluído. O esforço para não cometer nenhum erro, falha, gafe para que não seja gozado e abra caminho para um percurso desgastante, pautado por sucessivas gozações, impera. É o tentar fazer “aliança” com alguns dos colegas para que se sinta mais apoiado, é o tentar passar o mais despercebido para não se sentir posto à prova. É o deambular de um lado para o outro nos intervalos (aliás altura mais temida) na tentativa de arranjar alguma entretenha, pois o receio de chegar ao pé dos outros colegas é tanto que mais vale estar só e esperar pelo toque (esse salvador)...

quinta-feira, setembro 17, 2009

Robert Polidori


http://www.macm.org/en/expositions/59

Para quem goste de fotografia, um link para a obra de Robert Polidori. Gosto em especial das fotos de La Habana.

(o meu link para o URL hoje não funciona, peço desculpe pelo incoveniente de terem de fazer copy e paste)

HUMOR ELEITORAL



O humor foi introduzido na campanha eleitoral, provavelmente com resultados positivos, quem sabe.
Aqui vai o meu contributo, mandado por mão amiga.

sábado, setembro 12, 2009

A PROPÓSITO DA INOVAÇÃO

Tenho falado aqui várias vezes na questão da criatividade e do entusiasmo que pomos (ou não) nos que fazemos. A nível das organizações, mas também dos indivíduos, esta questão cruza-se com a da inovação e da mudança.
No passado dia 8 o meu amigo Fernando Gonçalves, que é professor de economia no Instituto Superior de Economia e Gestão, escreveu um artigo no jornal i sobre a "ilusão da inovação mágica".
Ele tem razão. De tanto ouvir falar em inovação, corremos o risco de pensar que é uma espécie de poção mágica que nos livrará de todos os males. Inovar só por inovar, não faz sentido. As organizações, quando inovam, devem fazê-lo num quadro estratégico bem definido (como ele refere, escolha do mercado-alvo, ampliação da quota de mercado, forma de disputar oportunidades, aperfeiçoamento da estratégia comercial e de marketing). Em caso contrário, pode ser apenas um dispêndio de energia e de recursos.
Também os indivíduos não mudam por mudar.
O processo de mudança a nível psíquico é um processo quase sempre doloroso, muitas vezes necessário, desestabilizador, por vezes essencial para o crescimento da pessoa como pessoa. Compete a cada um de nós perceber o que deve mudar, porquê, para quê, quando, como. É mais fácil de dizer do que fazer. Veja-se o seguinte caso:
Eu, por exemplo, preciso de inovar na forma de ilustrar os posts com imagens, mas tenho sempre grande dificuldade, além de me preocupar em assegurar as autorias. Nem sempre corre bem. Por que é que preciso de inovar? Porque tenho dificuldades técnicas que já deveria ter ultrapassado, porque ainda não encontrei uma boa base de dados, porque tento sempre explicitar a autoria. Será que as pessoas que me lêem dão mesmo importância às imagens? Será que elas reforçam o sentido do que quero dizer ou o contrário? Será que é mesmo importante inovar nesta matéria ou devo continuar assim e preocupar-me sobretudo com o conteúdo? Em que medida a estética dos outros é também a minha? O que eu gostaria, gostaria, era poder fotografar ou desenhar para cada post, mas isso não é exequível e tal exigência levar-me-ia a nada escrever e portanto a não comunicar. Há que fazer escolhas. Por isso, desculpem lá, mas aqui vai outro post sem imagens.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Síndrome de Estocolmo




Fotografia do assalto ao banco, que deu origem ao nome da síndrome


Os meios de comunicação social destacaram mais um caso de rapto, seguido de um longo período de cativeiro, que a vítima viveu com uma aparente tranquilidade.

Este fenómeno designa-se como Síndrome de Estocolmo.

Documentado pela primeira vez em 1973, aquando um assalto a uma agência dependência bancária em Estocolmo, onde durante seis dias os empregados foram mantidos nas instalações pelos assaltantes. Após a sua libertação e para estranheza de todos, estes empregados bancários em vez de incriminarem os seus opressores defenderam-nos.

Este comportamento sugere a existência de um mecanismo de sobrevivência físico e psicológico.

Entre as possíveis explicações para este síndrome, destaca-mos:

- a ligação ao agressor, mecanismo psicológico adaptativo que pode possibilitar a sobrevivência;

- a identificação com o agressor, mecanismo que aumenta a probabilidade de sobrevivência;

- e a ilusão de estabilidade e controlo, onde a ligação emocional ao agressor torna a situação vivenciada mais suportável.

No sentido inverso destacamos o Síndrome de Lima, onde os raptores ficaram gradualmente sensibilizados pela situação vivida pelos seus reféns.



VOLTAR DE FÉRIAS

As férias são normalmente um corte com a rotina do resto do ano. Nisso, são óptimas, mas tornam mais difícil o “regresso”, mesmo que não se tenha ido para lado nenhum (o que pode ser também uma forma de fazer férias). Também há quem tente fazer férias de si próprio, mas isso já exigiria uma elaboração que terá de ficar para outra vez. Tudo isto para dizer que, sim - já voltei.

Está a haver este ano um acréscimo de pedidos de aconselhamento profissional. A crise económica/social está aí, e não se irá embora tão depressa, por mais que os políticos em exercício gostem de dizer que o pior já passou. Os portugueses precisam de se requalificar, como se diz agora. Temos de aumentar e melhorar as nossas competências. Atrever-me-ia mesmo a dizer que só há uma saída possível: temos de transformar esta sociedade ainda em tantos aspectos atrasada numa sociedade do conhecimento, como escreveu recentemente o Prof. João Caraça.

Temos de saber fazer mais e melhor, e mais organizadamente, nas nossas várias actividades. Mais e melhores recursos de gestão, sim, mas também de vontade e de saber. Está nas mãos do estado torná-lo possível e nas mãos de todos nós fazê-lo. No fundo, tem a ver com a motivação. Temos de a encontrar dentro de nós, para nosso próprio bem.

Nascer... partir...

"As recentes palavras de meu pai sobre o meu incompleto nascimento ecoavam em mim. E me veio à mente que eu era o culpado da minha própria orfandade. Minha mãe morrera não porque tivesse deixado de viver, mas porque havia separado o seu corpo do meu. Todo nascimento é uma exclusão, uma mutilação. Fosse vontade minha e eu ainda seria parte do seu corpo, o mesmo sangue nos banharia. Diz-se "parto". Pois seria mais acertado dizer "partida". E eu queria corrigir aquela partida."
Jerusalém - Mia Couto

quinta-feira, agosto 27, 2009

A importância dos contos tradicionais no desenvolvimento infantil




Quem não se recorda de estórias como o Patinho Feio e o Capuchinho Vermelho? Quem não brincou ao pião e à macaca, ao elástico e demais jogos da Majora?

Urge recordar algumas destas tradições que já soam a outros tempos, é necessário o Polegarzinho, o Patinho Feio, a Princesa e a Ervilha, O Soldadinho de Chumbo, o Capuchinho Vermelho...
Os Contos Tradicionais, com os seus enredos e tramas possibilitam às crianças, lidar com valores universais, e ajudam-nos a conhecerem-se a si e aos outros.


Vão de encontro aos seus medos e angústias falando-lhes numa linguagem muito própria do bem e do mal, da vida e da morte, com o objectivo de insinuar soluções.
É um espaço que medeia as relações do sujeito e promove a capacidade de elaborar conflitos internos, dado que têm o poder de multiplicar imagens, com recurso ao imaginário das crianças.
Por exemplo, na estória do Capuchinho Vermelho lidamos com a ambivalência infantil, com a ingenuidade, com a contradição da natureza do homem (do nosso eu)...
" A menina do Capuchinho Vermelho foi o meu primeiro amor. Sentia que se pudesse ter-me casado com ela teria conhecido a verdadeira felicidade." Charles Dickens

terça-feira, agosto 25, 2009

Fotografia e Narcisismo - O Auto-retrato Contemporâneo


Para quem continua de férias, eis uma sugestão de leitura.


Fotografia e Narcisismo - O Auto-retrato ContemporâneoMargarida Medeiros, Assírio & Alvim


Sinopse:
Paralelamente à edição de livros de fotografia, a Assírio & Alvim interessa-se por uma abordagem teórica, ou melhor, pela reflexão sobre os modos de ver. (...) Para abreviar, é uma espécie de incursão na nossa própria identidade com as complementares “paisagens mais subterrâneas do ser humano”, diz a autora.

Contar a miúdos contando com os graúdos...


Uma sugestão para narrativas em família na quinta pedagógica.
http://quintapedagogica.cm-lisboa.pt/index.php?id=5580
Boas partilhas...

sexta-feira, agosto 21, 2009

FLEXIBILIDADE E COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS

Estava ontem a ler uma entrevista com Guta Moura Guedes no i, em que ela se refere ao design como uma forma de flexibilidade cognitiva, isto é, passo a citar, "a capacidade que temos de reformular um núcleo de conhecimento que aprendemos num determinado contexto para o utilizarmos num contexto diferente. Esta é uma das características mais fascinantes do cérebro humano e também está na base do design".
Nunca tinha pensado no design assim, porventura por ignorância, mas faz todo o sentido. A flexibilidade, em termos psíquicos, é também uma competência emocional que nos permite re-utilizar recursos emocionais e de conhecimento em diversas situações.
Sem nos tornarmos contorcionistas, ou vira-casacas, é importante sermos capazes de enfrentar situações novas sem uma dose exagerada de angústia, e sobretudo mantermos a capacidade para saber reconhecer as oportunidades de crescimento pessoal e de transformação. A mudança traz sempre alguma ansiedade, mas pode ser uma ocasião, mais do que uma coisa necessariamente má. Em tempos de mudança rápida e de convulsões sociais - a elevada taxa de desemprego é já por si uma convulsão do sistema, porventura artificialmente adiada mas sem dúvida gravosa - é importante, parece-me, mantermos uma perspectiva construtiva.

quarta-feira, agosto 19, 2009

(IR)RESPONSABILIDADE - COMO EXPLICAR?

A notícia de que faço o link não é para ouvidos e olhos sensíveis. Chega a ser pornográfica. Porque, meus caros leitores, a pornografia é isto mesmo. A caricatura de tudo o que deveriam os cuidados de saúde.
Não acredito que os "responsáveis"e não saibam o que é um mapa de férias, daqueles que todos os colaboradores das empresas preenchem no início do ano.
A gente pensa que conhece a mente humana e pasma. O que será que está na origem deste tipo de atitudes? Estupidez? Inépcia? Maldade? Chamar-lhe só irresponsabilidade não basta para explicar uma aberração destas.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1396770&idCanal=62

sábado, agosto 15, 2009

ACERCA DO LIBERALISMO E DA FALTA DE ESPÍRITO CRÍTICO


Leio sempre com gosto os artigos de João Carlos Espada, que agora escreve ao sábado no i. É o nosso liberal de serviço, e ainda bem que o temos,porque a espécie não abunda em Portugal. Porquê? Bem, parece uma tautologia, mas uma das explicações reside no facto de não termos uma tradução liberal de pensamento. Os ingleses têm-na e souberam travar as tendências absolutistas dos seus governantes há séculos. A gente ainda anda a aprender, mas sem muita vontade.
É verdade que os "anos de chumbo" da ditadura salazarista também não ajudaram nada. Gerações e gerações amordaçadas e sem capacidade crítica (e de auto-crítica). Só isto pode explicar as tentativas patéticas da ERC para proibir comentadores/candidadatos, com o pretexto da igualdade de acesso. Como se não bastasse já a reduzida participação cívica das pessoas, a ausência de discussão de ideias e a aberração de não sabermos em quem votamos (as famosas listas de candidatos), ou seja, de pensarmos que votamos num conjunto de pessoas e saem-nos outras na rifa. Os programas eleitorais parecem feitos para gozar com a gente. Nem eles acreditam naquilo, nem nós, que já sabemos que é para não cumprir, mas todos jogamos ao faz-de-conta.
Tudo isto vem a propósito do tal espírito liberal que nos passou ao lado na roda da história. Uma coisa completamente diferente é o relativismo cultural e moral, que tanto está na moda e que, associado ao politicamente correcto, e à omnipresença tentacular do Estado e das suas clientelas, cria monstros por toda a parte. As criaturas fogem ao controlo do criador, como o monstro de Frankestein, e estão por aí à vista. Na melhor das hipóteses, dão pelo nome de ASAE, ERC, etc. Na melhor das hipóteses.

sexta-feira, agosto 07, 2009

ACONSELHAMENTO PROFISSIONAL E PSICOTERAPIA - APOIO NA CRISE


A crise e a ameaça do desemprego obrigam a novos desafios, tanto psicológicos e pessoais como sociais e do próprio país.

O quadro de ansiedade, os especialistas são unânimes, tem vindo a acentuar-se, assim como a sintomatologia a ele associada: angústia, depressão, falta de expectativas futuras, inibição na procura de saídas, sentimento de inutilidade, isolamento, etc. O problema da velhice, e da dificuldade em encontrar soluções sociais para atender a este sector da população, tem vindo a agravar a situação das famílias, já de si expostas a pressões de toda a ordem.

Na sequência dos post colocados pela Profª Clara Pracana e dado o interesse crescente pelo tema e a necessidade premente da sociedade, a PSICRONOS, sente que tem obrigações éticas para com a comunidade. Esta é uma altura em os problemas têm que ser enfrentados com coragem e com apoio especializado. As soluções não são mágicas mas sentimos que temos de contribuir para a melhoria da vida psíquica e da saúde mental, dos nossos concidadãos, numa fase em que os graves problemas económicos e sociais aparecem agora agravados por expectativas de pandemia, situação sempre desestabilizante psicologicamente e que atinge particularmente as famílias.

Assim, a equipa clínica e de aconselhamento da Psicronos, propõe-se a uma acção junto da comunidade, a iniciar no mês de Agosto, para a dispensa de tratamentos psicoterapêuticos, apoio psicológico e aconselhamento profissional e pessoal, a preços acessíveis e de carácter social. Desta acção fará parte um apoio visando a elaboração de curricula e análise do comportamento em entrevistas para novo emprego, ou, nos casos aplicáveis, visando a melhoria das relações profissionais existentes.
Os horários disponíveis abrangerão sábados e domingos, para que as pessoas (sobretudo mulheres) com menos disponibilidade de horário durante a semana não deixem de ter apoio.

Veja as condições do Apoio na Crise em http://psicronos.pt/apoionacrise.htm

quinta-feira, agosto 06, 2009

Estudo sobre a actividade cerebral e a saúde

Pode ser lido em:

Study Shows Brain Fitness Can Save Medicare Billions
http://www.medicalnewstoday.com/articles/159931.php

O argumento saúde é importante, e o económico também. Vale a pena seguir com atenção.

terça-feira, agosto 04, 2009

ACONSELHAMENTO PROFISSIONAL E PSICOTERAPIA


Nos últimos tenho lido uma série de artigos online sobre estes dois temas, o aconselhamento profissional e a psicoterapia, e sobre o esbatimento progressivo de fronteiras entre um e outro. O que parece que está a acontecer, tanto no estrangeiro como aqui no país, é que as duas técnicas estão, por pressão dos acontecimentos ou seja, das pressões do mundo exterior (problemas profissionais que se agravm, crise, etc), a amalgamarem-se.
Como consultora e como psicoterapeuta, não vejo os dois modelos como antagónicos. São técnicas diferentes? É verdade que são. Mas parece-me que ao nível da prática clínica (que não é exactamente o mesmo da teoria) o importante é contribuir para o bem-estar da pessoa que nos procura, ou pelo menos para a redução do seu nível de sofrimento e para a sua realização.
O aconselhamento profissional, na sua perspectiva mais relacionada com o que os anglo-saxónicos designam por coaching, é mais focado numa questão profissional (ou várias). Em geral menos longo no tempo, este tipo de tratamento não irá talvez tão fundo na forma como analisa as questões psíquicas, mas é tão estimável como o modelo psicodinâmico ou mesmo a psicanálise. Tudo depende do que a pessoa pretende. O esclarecimento das expectativas e dos objectivos é aqui crucial, porque muitas vezes as pessoas não sabem do que vêm à procura, sabem apenas que se sentem mal e pretendem ajuda.
Como sou por princípio avessa a confusões, tento sempre que as pessoas percebam, tanto quanto se pode saber numa primeira ou segunda entrevista, o que poderá estar em causa e o que se pode fazer. Promessas, só pode haver uma: é a do comprometimento conjunto e cooperante das duas pessoas envolvidas: cliente e terapeuta (seja coach ou psicoterapeuta, ou psicanalista). Estou aqui a usar a palavra cliente com uma intenção declarada, que é a de desfazer o carácter vago e mesmo ambíguo da palavra paciente, de cuja conotação clínica estou bem ciente. Não se trata aqui de pôr em causa aspectos essenciais como os da neutralidade, ou do segredo médico, mas de tão só de enfatizar que se trata de uma relação mediada por um pagamento e por uma ocupação de tempo e de mente. Tão respeitável como qualquer outro trabalho, tendo o cliente o direito de saber com o que pode contar e quais as regras a respeitar no contrato entre as partes.