sábado, setembro 22, 2012

O caminho

Esta ilustração tirada do site massivemov é tão expressiva que não é preciso dizer mais nada.
Ponhamos realização onde está sucesso, e fica melhor ainda.
 
 

A curiosidade

Não é frequente vir nos manuais como sendo uma "soft skill". As é.

A curiosidade, ou seja, a capacidade de nos interessarmos pelas coisas, de querer saber mais, de ir maIs longe, é essencial. Perguntar, inquirir, interrogar. Constantemente, sem medo das criticas dos outros. Uma mente que quer saber é uma mente aberta e com desejo de aprender. Não há melhor garantia para o progresso de uma pessoa.

Seth Godin é um homem com uma mente "fora da caixa", como agora se diz. Vale a pena acompanhar o blog dele. Este é justamente sobre a curiosidade:

http://sethgodin.typepad.com/seths_blog/2012/09/curiosity-was-framed.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+typepad%2Fsethsmainblog+%28Seth%27s+Blog%29

 

sexta-feira, setembro 21, 2012

EMDR em expansão e divulgação

                                     

O EMDR é uma forma de terapia recente e inovadora em constante expansão. Na Psicronos são já vários os psicólogos formadas nesta abordagem devido à sua grande eficácia em certos casos como por ex. pessoas vítimas de traumas. No Brasil foi divulgado mais um artigo sobre esta psicoterapia contribuindo para a sua compreensão:

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/09/18/terapia-que-trabalha-com-movimento-dos-olhos-trata-de-traumas-a-medo-de-aviao.htm

quinta-feira, setembro 20, 2012

Cada mente


"Cada mente é, na realidade, um formigueiro de
predisposições opostas. A ideia da personalidade
como algo com atributos fixos é uma ilusão."

                                                 Lawrence Durrell

terça-feira, setembro 18, 2012

GRAVIDEZ TARDIA: OPÇÃO, NECESSIDADE OU IMPOSIÇÃO? (I)


Uma em cada cinco mulheres adia a gravidez para depois dos 35 anos. Vários fatores contribuem para este aspeto: dificuldades financeiras, aposta na consolidação da carreira, estatística mais animadora no que respeita aos cuidados médicos e a complicações nesta faixa etária, maior índice de divórcios e de instabilidade nos relacionamentos afetivos.

A maior parte das gravidezes tardias são em mulheres com estudos superiores ou, pelo contrário, em níveis sociais mais desfavorecidos, neste caso devido à falta de planeamento familiar.

Há que distinguir a mulher que adia voluntariamente a gravidez, da que “decide” engravidar tardiamente por fatores alheios à sua vontade. Mesmo quando a mulher decide engravidar mais tarde, por exemplo por motivos profissionais, não significa que não tenha esse desejo mais cedo e que não vivencie a pressão social, biológica e intrapsíquica, com ansiedades e angústias relacionadas com a possibilidade de conceber.

Também se assiste a um aumento do número de casais que não consegue conceber, sem que haja condições médicas associados. As mulheres ouvem cada vez mais que irão engravidar quanto abrandarem o ritmo de trabalho, havendo portanto fatores de stress associados. Mas quem se pode dar ao luxo de trabalhar menos nos dias de hoje?

É sabido que a partir dos 35 anos há uma diminuição da fertilidade e que acrescem os riscos para a saúde da mãe e do bebé: maior incidência de abortos, maior risco de diabetes e hipertensão maternas, maior índice de baixo peso à nascença e de sofrimento fetal, maior incidência de anomalias fetais e maior taxa de complicações obstétricas. Há também dados que referem riscos relacionados com a idade do pai, embora a este nível existam menos informações.

Contudo, e apesar de a partir dos 35 anos a gravidez continuar a ser conotada como sendo de risco, existem também cada vez mais dados que indicam que se a mulher for saudável e assegurar os cuidados pré-natais, os riscos são semelhantes aos de uma mulher mais jovem. Assim, os riscos estarão mais associados a fatores pré-existentes, que parecem ser mais frequentes em mulheres mais velhas.

Este é o primeiro post de uma série de reflexões que pretendemos desenvolver. Nos próximos, iremos abordar as vivências e expetativas associadas ao rótulo “de risco”, bem como as particularidades que são descritas no estilo parental dos casais que têm filhos mais tarde.

sábado, setembro 15, 2012

Políticos

Não é só cá que a imagem dos políticos infelizmente se degrada. Este é um engraçado cartoon da Times.

 

quinta-feira, setembro 13, 2012

"O INÍCIO DO ANO LECTIVO" - (VMT)

Na edição de ontem do jornal i li um pequeno artigo de opinião de um jornalista que falava acerca do regresso das  nossas crianças à escola e das notícias divulgadas, ou pelo menos mais noticiadas pelos jornalistas. Referiu que por esta altura de regresso às aulas as notícias são sobre as colocações dos professores, as despesas das famílias mas quase nunca colocam o enfoque nas alterações das rotinas das crianças e jovens.
Este senhor colocou a tónica numa questão que, a meu ver, assume importância fundamental - "...o sentimento de desagrado com que algumas crianças encaram o recomeço das aulas..."
Podemos ler "E espanto-me com os comentários de alguns pais que aceitam com naturalidade e até incentivam o sentimento de desagrado ... e até reconhecem que eles enquanto jovens abominaram a escola, as aulas, os professores, a disciplina.... Já adultos e ainda não perceberam aonde nos conduziu a falta de exigência que invadiu o sistemande ensino das últimas décadas?"
E termina referindo que felizmente conhece muitas crianças que vão para a escola com entusiasmo e ávidos de conhecimento e que são crianças e jovens alegres e, acrescento eu, com objectivos!


Gostar de aprender, sentir-se realizado a querer saber mais são dois dos pilares que devemos tentar cimentar em todos os jovens.
inércia, apatia, falta de vontade são questões transversais na adolescência, mas não têm que se transformar numa "forma de vida"!!

Todo o ser humano necessita de pessoas de referência e os pais e os professores são pessoas por excelência para assumirem este papel. Quem não teve um professor (seja do 1º, 2º, 3º ciclo, secundário ou ensino superior) que assumiu um papel importante na nossa vida, mudou rumos, alterou forma de pensar, estar, ou pelo menos, faz-nos recordar com saudade aquela época...!!!

Eu tive/tenho!!

quarta-feira, setembro 12, 2012

JARDIM DE INFÂNCIA: CHEGOU O DIA!


Por esta altura, muitos pais se deparam com os primeiros dias de adaptação ao Jardim de Infância. Esta é, na maior parte das vezes, a primeira oportunidade (e uma das principais) de adaptação ao mundo exterior.

Muitos são os receios e as angústias nesta nova fase, sobretudo no que respeita à segurança da criança durante o dia. A separação é, frequentemente, um momento doloroso, muitas vezes mais para os pais do que para a criança. “Chora ele/a e choro eu”, dizem muitas vezes. Os pais tendem a sentir-se culpabilizados por acharem que a criança se vai sentir abandonada e esta ansiedade acaba por ser transmitida aos mais pequenos. A criança precisa de sentir que vai ficar num local seguro, com uma educadora que vai cuidar de si durante a ausência dos pais. Daí que uma relação aberta e tranquila com a educadora, bem como a demonstração da confiança que depositam na mesma sejam fatores importantes para que a criança a encare da mesma forma.

Prolongar o momento da separação não será recomendável. É importante despedirem-se com um beijo e um abraço e com a mensagem clara de que os pais voltarão para buscar o filho no final do dia. Depois, respire fundo e não olhe para trás! Por outro lado, sair às escondidas é totalmente desaconselhado. A criança precisa de previsibilidade e o desaparecimento súbito dos pais pode deixá-la bastante assustada e com sentimento de abandono.

No final do dia, há que felicitar a criança e reforçar o facto de terem cumprido a promessa de voltar no final do dia. Algumas crianças correm para os braços dos pais, outras tendem a ignorá-los.

A maior parte das crianças pode chorar nos primeiros minutos da separação, mas depois ficam bem. Por outro lado, muitas crianças têm uma boa adaptação, mas apresentam alguns sinais de regressão, sobretudo em casa. É normal haver algumas alterações no sono e na alimentação, sintomas da reorganização e do processo de autonomização pelo qual a criança está a passar.

domingo, setembro 09, 2012

Toca a andar de bicicleta!

 

A bicicleta está presente em grande número nas principais capitais do mundo e aqui no burgo vai havendo cada vez mais.

É barato, bom para a saúde e emagrece. Só vantagens. Tem os seus perigos, claro, mas em tudo é preciso cautela.


Muitas vezes as pessoas gostariam de experimentar mas nem sabem por onde começar. Eu uso uma bicicleta dobrável, como a que está na ilutração, mas que nao dá para grandes distancias. Tem a vantagem de ter um centro de gravidade baixo, o que a torna mais segura em termos de equilíbrio. Também dá para meter na mala do carro ou levar no autocarro e, claro, meter no elevador ou num canto do escritório.

Na imagem podem ver os vários tipos de bicicleta, vantagens e desvantagens de cada modelo. O meu conselho é o de começarem por pedir uma emprestada para perceberem se querem comprar uma semelhante ou outro modelo.

Mais informações úteis em:


http://www.biketoworkblog.com/your-many-bicycle-choices/


 

sexta-feira, setembro 07, 2012

Frase humana do dia



Not the ones speaking the same language, 
but the ones sharing the same feeling understand each other.


Rumi

sexta-feira, agosto 31, 2012

Mensagem do dia de uma pessoa em análise


"O meu unico conselho é: aceita o que não podes mudar e luta por tudo o que podes mudar até ao teu ultimo fôlego.....se não conseguires não há de ser por não tentares....e chora muito mas depois limpa as lágrimas, põe um sorriso e continua porque a tristeza chega com facilidade mas a alegria e a felicidade temos de lutar por elas....força."

sábado, agosto 25, 2012

Fotografia do gelo

Foto: Olaf Otto Becker

 

 

A vontade humana parece que não tem limites. Mesmo em condições extremas, há pessoas que conseguem encontrar motivação e forças para concretizar os seus objectivos.

Olaf Otto Becker esteve durante meses num dingy (um pequeno bote) na costa oeste da Gronelandia, a tirar fotografias. O resultado é uma maravilha e pode ser visto em:

http://f56.net/en/artists/olaf-otto-becker/olaf-otto-becker-broken-line/


 

quarta-feira, agosto 22, 2012

O lado bom do conflito

Margaret Heffernan, numa excelente Ted Talk, faz-nos perceber que o conflito também é necessário para que possa haver mudanças.

O facto é que todos nós gostamos mais de estar rodeados por pessoas que concordam connosco. A médica de que fala Margaret Heffernan era uma excepção e isso permitiu-lhe fazer uma descoberta importante para a humanidade.

http://www.ted.com/talks/margaret_heffernan_dare_to_disagree.html


 

domingo, agosto 19, 2012

OBSERVAR

Muitas vezes, quando estou numa cidade nova, gosto de observar a multidão que segue a sua vida, caminhos distintos que se cruzam, culturas que se passeiam, formas de estar e pensar que lado a lado vão inebriando a visão e criando uma sinfonia singular.


É num observar, livre de interferências e de juízos, que somos capazes de aceder ao outro - já nos dizia o mestre da mímica
Happy birthday, Charlie Chaplin. This is a circular cigarette card from our George Arents Collection. And now, in his honor, we will be silent.



“Sem a minha mãe, acho que jamais me teria saído bem na mímica. Ela possuía a mímica mais notável que já vi. Por vezes, ficava durante horas à janela a olhar para a rua e reproduzindo com as mãos, os olhos e a expressão de sua fisionomia, tudo o que se passava lá em baixo. E foi observando-a assim que eu aprendi não somente a traduzir as emoções com as minhas mãos e meu rosto, mas sobretudo a estudar o homem.”

                                                                       CHARLIE CHAPLIN

sábado, agosto 18, 2012

Interpretação do desenho infantil

A interpretação do desenho infantil é um tema bastante interessante e num certo sentido inesgotável. Brincar construindo e encenando fantasias e desenhar são formas privilegiadas de comunicação do mundo interno inconsciente ao dispor das crianças.

As crianças, tal como os adultos, estão em permanente contacto com o seu mundo interno e este está por sua vez num permanentemente esforço de elaboração dos estados emocionais vivenciados. Consciente e inconsciente trabalham em sintonia para promover o desenvolvimento emocional e permitir o amadurecimento da criança. Comunicar o que sentimos nas partes mais escondidas de nós próprios e das quais muitas vezes nem temos consciência é tarefa da arte nas suas mais variadas formas e expressões.  A criança encontra no desenho uma via fácil de expressão da suas emoções, sensações, ideias e conceções do mundo, das pessoas e das relações. 

Os desenhos servem tanto para elaborar emoções e situações complicadas de digerir como para dar expressão a desejos, fantasias e modos de apreensão da realidade emocional. Olhar, analisar e interpretar um conjunto de desenhos de uma criança é olhar para o seu mundo interior, para as suas emoções e tentar compreender a sua conceção da realidade. É uma das formas mais ricas de penetrar no mundo interno (por vezes, inconsciente) de uma criança e precisamente porque é olhar indiscreto sobre o mundo mental deve ser feito SEMPRE com o maior respeito pela criança e pela sua vida mental.


PRESENTES

 

Quem não gosta de ser supreendido por um presente ou um ramo de flores, sobretudo por quem não tem como hábito fazê-lo?

Há aqui duas questões curiosas: a primeira é sobre quem não costuma dar presentes. Dar um presente é uma forma de dizer: "penso em ti". Dir-se-ia que as pessoas que não dão presentes sofrem de falta de empatia (não sabem colocar-se na cabeça do outro) e é bem capaz de ser verdade. Quantas vezes não ouvimos dizer: "não faço a mínima ideia do que hei-de dar-lhe". Falta de imaginação ou falta de atenção?

Uma pessoa contou-me há dias que o namorado, em três anos, nunca lhe tinha oferecido nada. O quê, nem um chocolate, um ramo de rosas, um livro, um gelado? É caso para tocar uma campaínha de alarme, de facto...

A outra questão prende-se com aqueles que cobrem o outro de presentes. Às vezes - mas nem sempre - o excesso pode significar uma culpabilidade subjacente, um querer compensar outras faltas, reais ou imaginadas. Assim fazem alguns pais separados com os filhos, não cuidando às vezes de comunicar com eles devidamente.

Mas nem sempre é essa a razão. Há quem goste genuinamente de dar presentes e ver os outros surpreendidos e contentes. Felizmente que estas pessoas existem e tornam as nossas existências mais agradáveis.

 

sexta-feira, agosto 17, 2012

RELAÇÕES COMPLICADAS...


Às vezes podemos queixar-nos de que a nossa parceira ou parceiro não nos trata como gostaríamos ou como achamos que merecemos; mas o que é facto é que, não raro, é um "lápis", que escolhe um "afia" para dormir ao seu lado! É uma relação destinada a ser desgastante e, no limite, anuladora do outro; mas também é a que encaixa melhor!


quinta-feira, agosto 16, 2012

HUMOR NEGRO

O humor negro, tal como o chocolate, é o melhor (para mim, claro)
Este é um genial cartoon de Tom Gauld (do The Guardian) com conselhos para tempos difíceis dados por...
 

terça-feira, agosto 14, 2012

CONDUZIR E ESCREVER SMS: (IN)CAPACIDADE MULTITASKING?


Muito se fala sobre os riscos de falar ao telemóvel e, sobretudo, de ler/escrever mensagens enquanto se conduz. Mas grande parte das pessoas insiste em desafiar a capacidade do cérebro para gerir diferentes tarefas em simultâneo.

Segundo os investigadores, o “multitasking” é facilitado se houver dois estímulos diferentes, como ver e ouvir, em detrimento de estímulos do mesmo tipo, principalmente visual.

Conforme pode ler-se no artigo que sugerimos, um estudo evidenciou o declínio do desempenho dos sujeitos perante duas tarefas visuais: concentrar-se nas imagens do computador enquanto escreviam mensagens, havendo uma sobrecarga visual. O desempenho piorou também na tarefa em que falavam ao telefone enquanto observavam as imagens (dois estímulos diferentes: auditivo/sonoro), mas não tanto como na situação em que se deparavam com duas tarefas visuais.

O mais preocupante é que, em ambas as situações, os sujeitos consideraram ter tido um bom desempenho, apesar do declínio de 50% e 30% nas duas tarefas, revelando uma perceção distorcida do desempenho real.

Vale a pena ler e refletir sobre a tendência humana (e cada vez mais atual) de desafiar os próprios limites e de satisfazer as necessidades e os desejos de uma forma imediata.

Como ouvia há uns anos num programa de rádio “Mais vale perder um minuto na vida, do que a vida num minuto”.


Até Setembro!

sexta-feira, agosto 10, 2012

A DEPRESSÃO PÓS-PARTO NEGLIGENCIADA

O assunto continua a ser tabu. Como é que se pode conceber que não se esteja feliz e contente durante ou após o nascimento de um filho? As expectativas da sociedade sobre a natalidade impõem muitas vezes o silêncio às mães. Não é um fenómeno raro: 15% dos pais sofre actualmente desta perturbação. O que se julgava ser de natureza biológica e exclusivo do sexo feminino - a depressão pós-parto como consequência das oscilações hormonais no período puerperal - é, afinal, um fenómeno também vivido no masculino e que decorre de causas muito diversas.


Os sinais revelam-se, em regra, mês e meio depois do parto. É nessa altura que os pais começam a ressentir-se do cansaço, das mudanças na rotina e da falta de disponibilidade para outras actividades de casal.

É importante estar alerta para variações marcadas de humor, quer no sentido depressivo, quer no sentido eufórico (por ex., redobrar da energia, pouca necessidade de dormir), e tanto antes como depois do nascimento de um filho.

Acima de tudo, procurar ajuda o mais cedo possível pois este é um problema que, para além de afectar intensamente o próprio, prejudica a relação conjugal e influencia muito negativamente o desenvolvimento afectivo e vinculativo do bebé (na maioria das vezes com repercussões crónicas na personalidade, crescimento e saúde física e psicológica).  

sexta-feira, agosto 03, 2012

HUMOR

 

 

Dizem os estudos científicos que rir faz bem. Eu acredito que sim. Assim consigamos encontrar motivos para rir. Para isso não nada como ter amigos inteligentes, divertidos e bem dispostos.

Mas às vezes encontramos o humor onde menos se espera.

Este cartoon vem na edição de Agosto do jornal A União, publicado na Ilha Terceira.

O humor (negro) no seu melhor.

Boas férias! (para quem está de férias)

 

MEDITAÇÃO E SAÚDE MENTAL


A saúde, hábitos de vida e cultura são 3 dimensões da nossa vida ocidental difíceis de dissociar. A saúde bem como a psicopatologia são, pois, muito influenciadas pelas actividades, estilos de vida, valores vigentes, postura perante a vida que nos é imposta ou, pelo menos, vendida pelos mass media e pela sociedade em geral.

A meditação, muitas vezes associada a práticas orientais, é uma das actividades que tem sido importada de outras culturas por todas as consequências positivas que advêm da sua prática. No entanto, a cultura resiste e o seu cariz exótico e às vezes associado também ao transcendente, afasta-nos, quer teoricamente, quer na prática de experimentarmos e exercitarmos este tipo de actividades altamente saudáveis.

Um artigo de Ana Margarida Nunes ajuda-nos a explicar o que é a meditação e de que forma é que pode ser útil ao bem estar psicológico, corporal e cerebral. Recomendo a leitura: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=55082&op=all

terça-feira, julho 31, 2012

AJUDAR A VENCER O "MONSTRO HOSPITAL"

As hospitalizações e os cuidados médicos são frequentemente um grande receio das crianças, sendo a bata branca muitas vezes causadora de medos muito perturbadores. Recordo-me de quando estagiei no Serviço de Pediatria do IPO, uma das frases que trazia alguma tranquilidade nos momentos (repetidos) de exames e tratamentos dolorosos era "Se fores muito, muito nervoso/a, a dor é do tamanho de um elefante. Se fores só um bocadinho nervoso/a, então a dor vai ser do tamanho de uma formiguinha". Continuo a utilizar esta frase não só associada ao contexto médico, mas também a outras situações, com algumas adaptações. E será importante acrescentar que, mesmo quando dói, não vai doer para sempre... Deixo uma animação para os super-heróis que enfrentam o monstro "hospital":





quinta-feira, julho 26, 2012

Qualidade da relação e desenvolvimento do cérebro


Os avanços nas neuro-ciências têm sido enormes nestes últimos anos. Num paradigma positivista e materialista - muitas vezes, demasiado reificado e reducionista  - tem-se vindo a descobrir cada vez mais como o cérebro funciona, influencia o comportamento e é influenciado. 


Na interface com as ciências das relações humanas - como a Psicologia - compreende-se cada vez mais o poder da influência da relação humana no desenvolvimento do cérebro (e não só a influência do cérebro nas relações humanas!). Um estudo norte-americano ajudou a perceber de que forma é que as vivências emocionais e de vinculação nas crianças pode (e se afecta realmente) afectar o seu desenvolvimento cerebral. 


Ver link: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=54971&op=all 

sábado, julho 21, 2012

ACABAR COM ALGUÉM POR SMS?

O Gizmodo é um site com graça, dirigido essencialmente a geeks, mas que pode ser lido com proveito por outros menos geeks.

Vem isto a propósito de um artigo agora publicado sobre se é lícito ou não acabar uma relação por sms ou por mensagem no Facebook. O assunto pode parecer pouco sério ou mesmo indigno de mentes mais sofisticadas, mas não é. Num mundo em que uma parte importante da nossa comunicação com os outros se faz através de meios digitais, como nos devemos comportar? Já Aristóteles se preocupava com os relacionamentos entre os humanos, as regras, a moral, a ética. Não estamos longe do mestre ao dar a este assunto a importância devida. E brincando, brincando, se dizem as verdades. Ao autor do artigo parece-lhe que tudo depende do tipo de relação. Uma one-night stand não é o mesmo que uma relação de meses. E uma relação à distância também é uma coisa diferente.

Tem graça e faz pensar. É mais fácil mandar um mail ou um sms a acabar, não é? Estar diante do outro no momento da ruptura exige muito mais. Mas quem nunca pecou, que atire a primeira pedra...

http://gizmodo.com/5927787/four-times-its-okay-to-break-up-via-text?utm_source=Gizmodo+Newsletter&utm_campaign=f5a836e1bb-UA-142218-3&utm_medium=email

 

Poder Vs. Responsabilidade


Cada vez menos mas, ainda assim, demasiado, poder e responsabilidade são dois conceitos frequentemente confundidos nas nossas sociedades. A igualdade e o respeito pelos mais desfavorecidos e desprotegidos tem vindo a ser reivindicada pela crescente "humanização" da civilização (ex. da emancipação das mulheres ou da invenção dos direitos da criança há 3 décadas). 

No entanto, da educação à política não é raro assistir a uma postura coerciva e arrogante por parte de quem "está no poder", de quem é "detentor do poder". Como se o estatuto ou a responsabilidade tivesse como contrapartida (ou legitimasse) a minimização do outro, fomentando a sua submissão. Esta atitude mais autoritarista é comummente observada, por ex., nos pais em relação aos filhos ou nos patrões em relação aos seus empregados. "Eu protejo-te e dou-te coisas, logo és meu, pertences-me e deves-me obediência". 

É a compra (da liberdade e dignidade) do outro pela exploração e abuso do poder estatutário. A verdadeira responsabilidade, aquela que não se deixa confundir com poder autoritarista, envolve uma intenção altruista, cuidadora e protecionista: altruista porque não cobra nem abusa os outros pela sua posição privilegiada; cuidadora e protecionista porque zela pela segurança e assume os problemas (mas também as soluções!) que forem precisas para o bem de todos.

quinta-feira, julho 19, 2012

MOMENTOS GRATIFICANTES

Subscrevo muitas newsletters, algumas mais interessantes do que outras. O caso (ver link abaixo) de que vos vou falar é curioso. Li-a rapidamente, vi que era mais uma com a tal estatística da felicidade em que o ponto mais baixo é aos 45 anos (escrevi em tempos um post sobre isso), passei os olhos por uma das sugestões - e pumba!, lixo com ela. Algo que me deve ter ficado a tilintar na cabeça, porque fui buscá-la ao lixo e estive a relê-la. Os conselhos para aumentar o prazer e os momentos gratificantes não são tão parvos como isso. O 3 e o 4 são particularmente interessantes.
Os efeitos benéficos da escrita são bem conhecidos entre os escritores. Chamem-lhe catarse ou simplesmente sistematização de ideias, faz bem escrever.
As coisas adquirem uma outra dimensão, é mais fácil lidar com elas, às vezes até se vai buscar um senso de humor que julgávamos perdido.
O curioso é que muitos de nós, quando adolescentes, tínhamos esta noção, e depois fomo-la abandonando, talvez com receio e vergonha de não escrever suficientemente bem.
Mas é a escrever (e a ler, claro) que se aprende a escrever - e sobretudo o prazer que daí se pode tirar.
Eu assumo aqui claramente (claro!): quando estou mais deprimida ou ansiosa, ponho-me a escrever. Acreditem que faz muito bem.
E já agora leiam as outras sugestões do site. A número 5 também é boa :)))

http://www.youbeauty.com/mind/come-on-get-happy-happiness-tips?page=2

MICROTEATRO

Para quem tem pouco tempo, aqui fica a sugestão cultural do Teatro Rápido que me parece bastante interessante e inovadora. Espetáculos de improvisação, exposições e o conceito de microteatro, em que o público é "apanhado no meio da acção, partilhando sensações com os personagens que lhe são apresentados". Uma excelente alternativa em época de crise financeira e de disponibilidade de tempo.


http://www.jn.pt/multimedia/video.aspx?content_id=2450128




http://teatrorapido.blogspot.pt/

quarta-feira, julho 18, 2012

Esperança no futuro




Na última edição de 'Janela discreta', na Antena 1 - que pode ouvir na íntegra em http://www.rtp.pt/programa/radio/p5257/c87543 -, Carlos Amaral Dias à conversa com Margarida Mercês de Mello parte da reflexão acerca da anestesia e dor, a propósito de um livro recentemente lançado sobre o tema, afirmando:


“Crescer dar dor, não crescer dá dor (do ponto de vista mental). Agora escolha a dor que quer”.

A tendência para nos anestesiarmos do mundo ou, por outras palavras, para nos alienarmos, encontra suporte numa "sociedade química ou fármaco-excessiva", que favorece a fantasia de tudo ser resolúvel através do consumo de substâncias. 

I know that is only rock’n roll but I like it (Rolling Stones).


No plano identitário dos portugueses, e dando como exemplo alguns acontecimentos recentes, para Amaral Dias é evidente a maior resignação dos portugueses, comparativamente aos espanhóis ou aos gregos.


Guerra Junqueiro, há mais de um século falava assim de Portugal e dos portugueses:


  •  "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
  • Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
  • (...)
  • Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
          (Guerra Junqueiro, 1896)


E a resignação, que não promove o crescimento ou a mudança, é muito diferente da esperança. Muitas coisas estão a mudar no nosso tempo, visível e invisivelmente, mais lenta ou aceleradamente, como é o caso da sociedade de consumo e da abundância.
“a esperança é absolutamente fundamental para que  nós tenhamos a possibilidade de organizar a relação com os nossos desejos e o tempo necessário à realização dos nossos desejos." 
"do ponto de vista  mental enquanto há esperança é que há vida", e não vice-versa, como nos diz o provérbio.
Por outro lado, se "o futuro deve manter a capacidade de dar-nos esperança",  acrescento, somos nós que precisamos de desenvolver a capacidade de ter esperança no futuro, reflectindo e intervindo, manifestando-nos e apontando novas possibilidades, correndo o risco de não ser o 'português suave' ou o menino bem comportado da Europa.
 
 

terça-feira, julho 17, 2012

Facebook friends

Já não é a primeira vez que escrevo post´s acerca das novas tecnologias e sobre as suas potencialidades e/ou vieses. Hoje lembrei-me porque há relativamente poucos dias surgiu mais uma notícia que falava sobre matrimónio e facebook.
Importa lembrar que, para além das potencialidades que enceta, esta janela para o mundo encerra em si uma série de outras dificuldades; se por um lado promove amizades, namoros, divórcios, ... por outro inibe (ou pode inibir) competências sociais, o face to face, o saber conversar olhos nos olhos, o acordar ou discordar lado a lado, sem mediadores, nem protetores...
Quando observamos as coisas por este prisma, vale pensar na adolescência e nas possíveis ameaças que pode trazer.
Cada vez mais tenho assistido a queixas de pais acerca dos seus filhos e o uso do pc. Referem que só querem estar ao computador, que não saem para lado nenhum, que se relacionam pouco com os colegas, e que jamais encentam algo para sair de casa - pelo que vale pensar um pouco neste tipo de sintomas.
Há uns anos atrás assisti a uma reportagem de um sr. americano, creio que estava em Portugal a divulgar dados de um estudo sobre o hi5, ou melhor, acerca dos relacionamentos. Alguns dados por si apontados referiam que quem não tivesse 500 amigos não era considerado cool, não era socialmente aceite e era considerado desinteressante e que era alvo de alguma chacota, pois ter poucos amigos era sinal de que não era popular e de que ninguém dele gostava.
Trabalhou então junto dos jovens alterando a sua noção de amigo, referindo que a partir de um certo número (a partir dos 50) já não se poderia considerar amigo na verdadeira aceção da palavra, e que os jovens corriam muitos riscos para conseguir o objetivo de ter 500, 1000 ou 2000 amigos.
Este cartoon  coloca a tónica exatamente nisso! Seremos nós menos populares se tivermos menos likes? se restringirmos a acesso às nossas questões mais privadas? se não tivermos tantos amigos?
Vale recordar que a adolescência usa e abusa (ou pode usar e abusar) de excessos para se sentir integrado, para se sentir popular, bem visto por entre os companheiros, sexy, atraente, and so one...
Não foi por acaso que há uns anos atrás surgiu uma campanha cujo mote era:  "Think before you post"

segunda-feira, julho 16, 2012

CASULO CÓSMICO

Explodiu uma supernova. A onda de choque atravessou o casulo cósmico.
As imagens falam por si.

(photo: NASA)

sábado, julho 14, 2012

O cavalo de Turim



um filme seco que fala da seca
um filme duro que fala da dureza
um filme árido que fala da aridez

um filme desolado que fala da desolação
um filme longo que fala do tempo sempre igual
um filme sem palavras e sem cor
um filme que fala da vida que se esgota como a água num poço 

sexta-feira, julho 13, 2012

MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA E INTRÍNSECA

A questão da motivação, da vontade (ou da falta dela) de fazer coisas, é um tópico que surge sempre, quer nas sessões de psicoterapia quer de coaching.
Podemos ser empurrados para as coisas, arrastados pela corrente (motivação extrínseca). Mas também podemos fazer as nossas escolhas, perceber o que de facto queremos, distinguir os valores importantes para nós do que nos é imposto de fora, agir em conformidade (motivação intrínseca). Sem acção não é possível testar os nossos objectivos.
Uma coisa é reflectir antes de agir, outra é ficar paralisado e nada fazer. A in-acção é também uma forma de acção - mas pela negativa, pela passividade.
Não será melhor fazermos as nossas escolhas e agir, antes que outros nos obriguem, como quando éramos crianças?

mente sana in corpore sano


E porque a mente é indissociável de um corpo que lhe dá forma, que recebe o mundo, que interage com o mundo, que sente e que se expressa no mundo, é de especial importância o exercício físico. Um dos mais acessíveis - a caminhada - pode ser uma possibilidade agradável e relativamente pouco exigente. O artigo do Expresso sobre "O ritmo saudável para as suas caminhadas" fornece dicas interessantes: http://lifestyle.publico.pt/pesomedida/306176_o-ritmo-saudavel-para-as-suas-caminhadas

terça-feira, julho 10, 2012

PARENTALIDADE E DIFICULDADES NA RELAÇÃO PRECOCE


Ao nascer, o bebé está muito centrado no próprio corpo, nas informações que os sentidos lhe dão, sobretudo a partir do toque e da voz da mãe. Há nesta altura uma espécie de indissociação, em que mãe e bebé funcionam quase como um só. Numa relação precoce saudável, a mãe responderá de forma ajustada às necessidades do bebé, alimentando, acalmando, estimulando suavemente e dando segurança para que o bebé se torne num ser individualizado, apesar das necessidades parentais de que necessitará ainda durante muito tempo.

Em alguns casos, esta relação não decorre exatamente assim. Mães com fragilidades emocionais graves, poderão não ter disponibilidade afetiva suficiente para serem sensíveis às necessidades e aos ritmos do bebé. Podem falhar na supressão das necessidades mais básicas e também no grau de estimulação. Por vezes podem ter um registo que oscila entre o afastamento e a relação sufocante. Se o bebé é sobre-estimulado numa altura em que precisa de ser acalmado, acaba por mobilizar mecanismos que o ajudam a defender-se da sobrecarga, nomeadamente “desligando”. Se quando necessita de resposta (emocional, fisiológica), esta não surge, a ausência e a sensação de desamparo desencadeiam igualmente mecanismos de defesa. Quando a mãe se afasta, o sentimento de abandono é grande e ânsia de conforto, maior ainda. Quando a mãe sufoca, não só é demasiado suportar a proximidade excessiva, como o sentimento de que a qualquer momento a mãe se vai voltar a afastar obriga a um novo (des)ajustamento por parte da criança. 

E assim esta criança, que mais tarde será adulta, poderá  aprender que as relações não são seguras nem previsíveis. Se por um lado a relação nunca preenche suficientemente o vazio, por outro lado a proximidade e o afeto podem tornar-se demasiado assustadores, pelo medo da dependência e da perda, aspetos que poderão instalar-se de tal forma que condicionarão os vários tipos de relacionamento.

Daí que o papel do pai seja extremamente importante para o equilíbrio e para a possibilidade de estabelecer uma relação mais segura e previsível. Por outro lado, do mesmo modo que os pais consultam o pediatra em etapas fundamentais do desenvolvimento, defendo a importância da observação psicológica nos mesmos moldes. A avaliação da relação pais-bebé nas etapas mais precoces do desenvolvimento emocional é essencial para a prevenção e/ou o despiste de situações potencialmente comprometedoras da construção de bases sólidas da personalidade e da saúde mental. Ao mesmo tempo, será um espaço onde os pais podem partilhar as suas angústias, os seus receios, as suas alegrias e as suas expetativas em relação ao bebé, mas também no que respeita às alterações na dinâmica do casal e nos papéis de cada um.

BLOGAR COM MAIS FACILIDADE

Foto: NASA

Descobri uma nova aplicação que permite postar com mais alguma facilidade a partir do iPad. Talvez agora até consiga pôr fotografias. Vou fazer a experiência.

Esta é duma estrela moribunda, a U CAM. De vez em quando (de mil em mil anos...) expele uma bolha de gás. Não sei para quando será o estertor final. Mas vai levar muito tempo até morrer. Já cá nao estaremos. Refiro-me à humanidade.





sexta-feira, julho 06, 2012

Escala e escalada - lutando para manter os pés assentes na terra


Os avanços tecnológicos estão a criar autênticas revoluções a nível da relação espaço-tempo nas nossas sociedades ocidentais globalizadas (ver post sobre artigo de Michel Serres para mais informação sobre o tema). Parece que quase tudo na vida se tem vindo a tornar fácil e imediato: o adiamento da frustração, assim como, os limites à gratificação associados ao modo ”ter” (por contraste ao “ser”), tendem a esbater-se. A nível da vivência subjetiva do tempo passamos a ter tendência a viver desfazados do “tempo da realidade” – o tempo presente, onde o principal e o verdadeiro acontece. Passa-se pois a viver no passado, por exemplo, na busca contínua e repetitiva do experienciado gratificante e seguro, mas também num futuro, promessa megalómana da realização dos nossos sonhos (os Bancos são os nossos gurus a esse nível!).

E com tudo isto o presente estreita-se e fica vazio, cada vez mais vazio. É preciso preenchê-lo com sensações e experiências excitantes e alienantes (das realidades virtuais, dos reality shows, da vida dos heróis e ídolos da nação...): é a substituição do espaço-tempo da realidade próxima que nos cerca, por várias outras que, quando acabam, saem de cena abruptamente deixando um vácuo no seu lugar. 

O “ter” é cada vez mais possível e, por isso mesmo, tem tomado cada vez mais o lugar compensatório do “ser”, em défice – é que a facilidade e conforto de vida não podem nem compensam nunca a experiência irredutível da relação humana e dos vínculos humanizantes que a caracteriza no seu melhor. A este nível são os por-menores que alimentam o “ser”, momento a momento; é a entoação ternurenta e altruista de uma palavra banal, um gesto atento mas totalmente gratuito ou um cliché pronunciado com todo o coração. É pois numa relação sanígena, de dádiva, reconhecimento e valorização que o vazio pode ser preenchido com vitalidade, entusiasmo e amor, dispensadores da busca angustiada de um sentido da vida. 

É também esta a lógica da relação terapêutica: a atenção aos detalhes e aos processos emocionais, que muitas vezes passam despercebidos, por serem automáticos, ficando ofuscados pelos “por-maiores” sensacionalistas das nossas vidas...

A impaciência terapêutica e a resistência das famílias?


Enquanto psicóloga e terapeuta familiar e de casal, tenho ouvido frequentemente falar de resistência das famílias, resistência dos pacientes, termo que penso ter sido banalizado e mal utilizado, muitas vezes para justificar a impaciência dos terapeutas. Porém, quando Freud inventou esta noção referia-se a mecanismos inconscientes.
A este propósito, concordo com Ausloos, terapeuta familiar, ao referir que isto nos leva a entender as nossas teorias como dogmas, a crer que as nossas soluções é que são boas, impedindo que as famílias encontrem as suas auto-soluções.

Serão os pacientes e famílias resistentes, ou serão prudentes e têm razão para o ser? Parecem existir famílias prudentes porque estão ressentidas e têm necessidade de tempo para experimentar, avaliar, para encontrarem as suas auto-soluções. Estaremos nós a ser incapazes de ver o potencial evolutivo, a não saber esperar, a não respeitar o movimento intrínseco e a sua dinâmica autónoma?

Talvez os pacientes e as famílias tenham sim... necessidade de tempo...

sábado, junho 30, 2012

Frase do(de) (um outro) dia


Se estás aflito por alguma coisa externa, não é ela que te perturba, mas o juízo que dela fazes. E está em teu poder dissipar esse juízo. Mas se a dor provém da tua disposição interior, quem te impede de a corrigir? E se sofres particularmente por não estares a fazer algo que te parece certo, por que não ages, em vez de te lamentares? Um obstáculo insuperável te o impede? Não te aflijas, então, pois a causa de não o estares a fazer não depende de ti. Não vale a pena viver se não o puderes fazer? Parte, então, desta vida satisfeito, como partirias se tivesses logrado êxito no que pretendias fazer, mas sem cólera contra o que se te opôs. 

Marco Aurélio (Imperador Romano), in 'A Fortaleza Interior', há 2000 anos

quinta-feira, junho 28, 2012

Toda a Criança


"Toda a criança, para um desenvolvimento afectivo normal, precisa de amor, consideração e apreço. Lá, onde ficaram carências precoces ou perdas infantis, fica também um prognóstico sombrio - uma patogenicidade marcada."

                                                                                                                       António Coimbra de Matos



terça-feira, junho 26, 2012

A VIDA SECRETA DO CÉREBRO


Aqui fica um fantástico compacto de documentários sobre os mistérios do cérebro, percorrendo as suas especificidades ao longo da vida:



domingo, junho 24, 2012

Cosmopolis de David Cronenberg

Fui ver
Estranho
Nem sei o que dizer
Parecia teatro
Acho que tenho que o ver segunda vez

gosta de ouvir/ler comentários sobre este filme

sábado, junho 23, 2012

SEXUALIDADE FEMININA

Os problemas da sexualidade, neste caso da feminina, parecem estar a passar para o cinema ultimamente. Tivemos há tempo oportunidade de ver "Um Método Perigoso", de D. Cronenberg, sobre a relação extra-conjugal entre o psicanalista suiço Jung e Sabina Spielrein, que acabou também por envolver, a contragosto, Freud.
O filme cuja fotograma publico nese post ainda nao estreou, mas debruça-se sobre um dos velhos tabus da sexualidade: a masturbação.
De acordo com o link que se segue, os médicos do Sec XIX aplicavam-se na obtenção da cura das mulheres "histéricas". Tanta aplicação resultou na mecanização do método curativo, com a invençao do vibrador, como poderão ler no artigo. O Sec XIX tinha contradições espantosas. Muitas delas foram justamente objecto de estudo por parte de Freud, tanto psicologicamente como sociologicamente.
Os anos sessenta do Sec XX, na sequência da invenção da pílula, foram supostamente o momento da libertação. Com exageros, é certo, e que terão banalizado de tal forma o assunto que se corre o risco da des-erotizaçao das relações. Mas no que respeita à masturbação, tenho dúvidas de que os tabus tenham desaparecido. Veremos pelas reacções ao tema.

http://www.youbeauty.com/relationships/vibrators?utm_source=Sailthru&utm_medium=email&utm_term=Newsletter%20Full%20List&utm_campaign=Sex%20Box%20Contest%20-%206%2F21%2F12%20-%20NEW%20TEMPLATE&utm_content=Final

sexta-feira, junho 22, 2012

Bo(c)as intenções há muitas!


Moral da história: muitas vezes é mais fácil pôr uma pedra em cima de um assunto complicado do que se empenhar realmente em resolvê-lo - e às vezes é mesmo preciso ir chamar alguém especializado!

segunda-feira, junho 18, 2012

QUANDO É O CORPO QUE FALA OU ALGUMAS LINHAS SOBRE PSICOSSOMÁTICA


Muito se tem falado sobre psicossomática nos últimos anos. A velha distinção entre mente e corpo está finalmente ultrapassada e hoje já não se dúvida das estreitíssimas relações entre um e outro. E felizmente já é com alguma frequência que os médicos encaminham os pacientes para tratamento psicológico. Por vezes perante a perplexidade dos próprios, que pensam ou comentam - mas isto dói ou, mas isto vê-se e os exames/análises mostram que está lá, como pode ser psicológico?!


Primeiro é importante distinguir entre aquilo que é uma manifestação física de uma ansiedade ou problemática psicológica, mas onde não existe lesão física, como por exemplo certas paralisias de membros, a dita cegueira psicológica, algumas dores de costas, os ataques de pânico, entre outras, daquilo que são doenças em que existe lesão física mas a influência psicológica é evidente observando-se alterações de melhoria ou agravamento do quadro em função da vivência emocional do paciente, e aqui falamos da diabetes, da asma, de certas doenças de pele como a psoriase ou as dermatites, das gastrites, das úlceras, das colites, entre muitas outras.

Portanto, ter uma doença psicossomática não quer dizer que a dor não exista, quer apenas dizer que esta dor para além da parte física traduz também um outro sofrimento, mais silencioso, o qual passou despercebido ao próprio e precisamente por ter passado despercebido passou para o corpo e é o corpo que é portador da mensagem. É como se fosse o corpo que falasse em vez do paciente, pois por algum motivo aquele problema não pôde ser mentalizado, ou seja, trazido à consciência.

O tratamento passa por tentar identificar o mal estar original, trazê-lo para “cima da mesa”, olhá-lo, analisá-lo, enfim, permitir que o paciente o descubra e o possa expressar, pois só assim o corpo se poderá silenciar, ou por outras palavras, com a expressão genuína da emoção de base o corpo deixa de precisar de descarregar esse afeto pela via da expressão física. 

sexta-feira, junho 15, 2012

SER E EXISTIR... NA RELAÇÃO


O re-conhecimento e o co-conhecimento são 2 modos de nos realizarmos pessoalmente. Realização sempre insaciável e cada vez mais sedenta de mais e melhores realizações. É o fundamento do prazer de viver: sentir-se existir no movimento criativamente oscilante entre o encontro e o desencontro com o outro, entre o ponto e o contra-ponto de 2 subjetividades unidas pela empatia e contrastadas pela complementaridade; é o vai-e-vem relacional fundador da co-existência distinta de dois seres.

Da relação nasce a relatividade criadora da minha subjetividade e morre a minha omnipresença absoluta, que nada é porque tudo abarca.

É a existência pela negativa, pelo contraste com o outro, pela idiossincrasia única e particular que me caracteriza e o prazer de existir que daí advém – pelo sentimento de conexão estreita comigo mesmo, com o meu “verdadeiro self” (os meus desejos, necessidades, sentimentos…). 

É ainda a existência pela positiva, pelo que de semelhante existe entre dois seres; é a existência através do reconhecimento empático que o outro faz de mim e que me permite, por seu turno, re-conhecer também o outro. 

O prazer de funcionar ou de existir encontra-se ainda na procura constante e criativa do meu lugar no mundo: desde o mundo socio-político (mais abstracto), ao mundo concreto do aqui e agora; desde a minha postura face à sociedade como um todo, à minha atitude face a um outro ser em particular. 

É a redescoberta e reinvenção contínua do meu ser na expressão, a cada momento única, do encontro singular entre um eu e um mundo.