sexta-feira, fevereiro 07, 2014
A capacidade de estar só
Winnicott, no
artigo intitulado A capacidade de estar
só (1958), demonstra a importância da criança ser capaz de estar só, mesmo
na presença da mãe. Esta conceptualização paradoxal, mostra-nos o quão importante
é para a criança estar consigo mesma e desenvolver as suas actividades –
enquanto a mãe desempenha outras funções, não focadas na criança. Isto acontece
porque ambas – criança e mãe – estão unidas por uma confiança básica recíproca.
Segundo este
autor, a capacidade de estar só traduz um grau de maturidade para o qual se
tende.
Porém, antes
de atingir esta capacidade, dá-se o tumultuoso percurso da própria existência –
uma evolução que se expressa pela angústia de estar só, pela solidão do desencanto
amoroso ou pelo medo da morte.
A solidão
significa a presença omnipotente e ameaçadora de um objecto interno maligno,
que contamina o espaço interno do sujeito.
A capacidade
de estar só permite admitir dentro de cada um, um espaço interno, no qual somos,
simultaneamente, espectadores e agentes, porque conservamos um bom objecto
interno – ultrapassadas que foram as angústias primordiais.
quarta-feira, fevereiro 05, 2014
Descargas Emocionais em EMDR
Uma das coisas que pode correr menos bem do ponto de vista do terapeuta, quando está a trabalhar com EMDR, são as ab-reacções. Ou seja, quando a resposta emocional ou fisiológica do paciente é tão activada que a vivência de um qualquer evento traumático surge quase "aqui e agora". Por isso é fundamental que quem aplica EMDR seja terapeuta de formação. Caso contrário, existem sérios riscos de "a cura ser pior que a doença" e tornar uma dessensibilização terapêutica numa nova experiência traumática para o paciente. Conhecer métodos de contenção e intervenção na crise são imperativos quando se trabalha com uma ferramenta tão poderosa.
Quando consultar um terapeuta EMDR certifique-seque a formação base é também em psicoterapia (psicanalítica, cognitivo-comportamental, etc.) e que o terapeuta em causa é membro da Associação Portuguesa de EMDR (que valida o nível de formação). Pela sua saúde!
Carla Ricardo
Psicóloga e Psicoterapeuta
Psicronos Setúbal
Quando consultar um terapeuta EMDR certifique-seque a formação base é também em psicoterapia (psicanalítica, cognitivo-comportamental, etc.) e que o terapeuta em causa é membro da Associação Portuguesa de EMDR (que valida o nível de formação). Pela sua saúde!
Carla Ricardo
Psicóloga e Psicoterapeuta
Psicronos Setúbal
terça-feira, fevereiro 04, 2014
O Homem dos ratos - Video de um caso de Freud
O Homem dos ratos é um dos casos clínicos mais famosos e interessantes de Freud.
Neste documentário, falado em brasileiro, é apresentado o caso de Ernest Lanzer num documentário realizado pela BCC e exibido na televisão a 21 de Junho de 1973.
Direção e produção – Bruce Norman
Edição – David Elliot e Peter Goodchild
Edição – David Elliot e Peter Goodchild
Dr. Freud – Bernard Archard
Patient/Ernest Lanzer/The Rat Man – Edward Fox
Gisela – Mary Ashton
Captain Novak – Michael Brennan
Girl with beautiful eyes – Charles Kinross
Governess – Ruth Madoc
Commentary (voice) – Richard Bebb
Patient/Ernest Lanzer/The Rat Man – Edward Fox
Gisela – Mary Ashton
Captain Novak – Michael Brennan
Girl with beautiful eyes – Charles Kinross
Governess – Ruth Madoc
Commentary (voice) – Richard Bebb
segunda-feira, fevereiro 03, 2014
Os filhos que saem aos pais...
Os filhos que saem aos pais...
A construção da identidade nas crianças
Não é preciso trabalhar com crianças e com
pais para reflectir sobre a construção da identidade, basta lembrarmo-nos da
nossa infância ou adolescência e com facilidade encontraremos expressões que,
inevitavelmente, influenciaram a construção da nossa identidade.
Desde já faço a ressalva que não discutirei
aqui a inegável importância da genética na construção da identidade, uma
identidade biológica. Defendo, por outro lado, que restringir a identidade a
este aspecto, não só conduziria a uma leitura pobre e limitada, como implicaria
não reconhecer a importância fundamental das experiências emocionais vividas e
da própria criatividade individual.
Para melhor compreender o processo da construção
da identidade sugiro partir do modelo proposto pelo professor António Coimbra
de Matos. Este modelo sustenta que a construção de identidade dá-se a três
níveis de relação com o outro. O primeiro nível de identificação,
imagóico-imagético, é aquele que se constrói através das atribuições da mãe/pai
ou do mundo, isto é, a forma como o bebé se vê a si próprio é resultado das
expectativas do outro, em particular, da mãe. O bebé assimila a imago e a
imagem que a mãe atribui, sendo que imago é aquilo que é menos consciente e
imagem é aquilo que é mais consciente. Este nível pode prolongar-se pela vida,
existindo mesmo indivíduos cuja identidade é quase só construída através deste
processo. Ora a frase que dá título a este artigo pode ser um excelente exemplo
como esta assimilação acontece. Note-se que o desejo da mãe ou do pai pode ser
tão categórico, ou ainda o desejo de suprimir os desejos do filho tão
determinante, que o filho, tenha, ou não, determinadas aptidões ou
características, está destinado ao fracasso ou à glória, resultado de ditaduras
sentenciais que podem apenas corresponder ao desejo materno ou paterno. Veja-se
então, um pai ao dizer repetidamente a um filho “o meu filho é igualzinho ao
pai, não tem jeito nenhum para isto ou para aquilo”, mesmo que, neste filho, a
falta de aptidão não fosse assim tão evidente, a partir do momento de assunção
do pai há uma atribuição à criança que pode ser assimilada, impedindo-a de
outras explorações e descobertas.
Outro processo de identificação, o mais comum
classicamente na psicologia, será o de identificação de modelos (xenomórfica),
a criança identifica-se com os modelos; com o pai; com a mãe; com a tia; com o
avô, com os professores... Constrói a identidade através dessa identificação:
os filhos que querem ser médicos como os pais; ou outro exemplo mais
ilustrativo: as crianças que querem jogar futebol como o Cristiano Ronaldo.
Quantas e quantas vezes já vimos entrevistas a crianças com estas
representações presentes
Por último, o processo de identificação mais
importante e consistente é a identificação ideomórfica. A criança identifica-se
com o que é, com o que sente e com o que deseja ser, através dos próprios
atributos morfológicos e do seu sentir. Esta última identificação acontece mais
tarde nas crianças, é preciso passar pelos outros dois níveis de identificação.
A criança aqui tem espaço para a criatividade, para a descoberta, para a
exploração e parece ser o processo mais completo, que causa maior satisfação.
Pensar a construção de identidade ajuda os
pais a facilitarem este último nível, em que a criança deseja ser diferente dos
pais, a criança descobre novas respostas e retira satisfação desses encontros.
Um papel importante dos pais neste processo será ajudar os filhos a desvendar
os seus próprios desejos. Diria ainda, que essa também é uma função importante
do psicoterapeuta.
É também importante compreender que estes
processos não são estáticos e desenvolvem-se ao longo da vida, sendo por vezes
uns mais relevantes do que outros em alguns momentos.
Madalena Motta Veiga
Psicoterapeuta Psicanalítica
Psicóloga Clínica no Departamento de Infância
sexta-feira, janeiro 31, 2014
Dia Escolar da Não-Violência e da Paz
Ontem comemorou-se o dia Dia Escolar da Não-Violência e Paz, dia em que
decorreu o assassinato do maior defensor da Paz - Mahatma Gandhi.
Este dia é celebrado desde 1964 e tem como objetivo chamar a atenção para uma educação para a não-violência.
Estes são valores que se devem assumir desde cedo na educação das
crianças, mas vale sempre recordar e realizar trabalhos com os mais
pequenos para que estes sejam sensibilizados para questões como racismo,
discriminação, violência física, verbal, e se apele a uma convivência
salutar com consciência cívica.
Devemos recordar que na educação das crianças e jovens os adultos necessitam de transformar os comportamentos mais agidos em capacidade de reflexão.
EMDR e Avaliação Escolar: Como vencer o monstro dos testes?
Dores de barriga, suores, mãos
trémulas, “brancas”… são os sintomas mais frequentemente descritos no que
respeita à ansiedade associada aos momentos de avaliação. Se bem que talvez
todos nós já possamos ter experienciado estas sensações, para algumas pessoas
este é um pesadelo recorrente e incapacitante.
A ansiedade dos testes
caracteriza-se por pensamentos ruminativos assentes na apreensão e na
auto-desvalorização, com ideias de catástrofe iminente (não vou ser capaz, vou
chumbar…), que levam a uma forte ativação fisiológica e emocional. Esta rápida
erupção de pensamentos negativos perturba a atenção do aluno e prejudica a
execução das tarefas. O pavor de não ser capaz transforma-se muitas vezes numa profecia
auto-realizável, ou seja, tanto se convence que não é capaz, que acaba mesmo
por não o ser. Esta ansiedade dos testes pode assumir uma tal proporção que se
alarga ao período de preparação e estudo, sendo o aluno dominado pela apreensão
e pela expetativa de fracasso. Os pensamentos de inadequação e incompetência
dominam a mente, enviando mensagens permanentes de um desempenho pobre e de
consequências catastróficas do fracasso. Deste modo, o aluno pode começar a ter
um comportamento evitante relativamente a tudo o que antecede a avaliação.
Esta ansiedade de desempenho ou
de avaliação muitas vezes não se restringe aos resultados nem à idade escolar,
podendo também verificar-se no teste para tirar a carta e condução, em exames
médicos, em atuações em atividades extra-curriculares, falar em público, ou
seja, sempre que as competências vão ser apreciadas (examinadas por outro e, de
certa forma, pelo próprio).
A maior parte dos alunos
reconhece estar preparado e saber a matéria, mas depois têm “uma branca” ou um “ataque
de ansiedade” que os impede de realizar a avaliação. Este problema é muitas
vezes desvalorizado ou encarado como uma “frescura”, mas pode de facto
condicionar significativamente o desempenho da criança, do adolescente ou do
adulto, prejudicando o seu futuro. As crianças são confrontadas, cada vez mais
cedo, com a pressão das avaliações, do desempenho, das médias, numa fase em que
a aprendizagem devia ser divertida. A falta de recursos emocionais para lidar
com estas exigências pode aumentar a probabilidade de sofrerem desta ansiedade
de desempenho de forma prolongada se não receberem ajuda.
O EMDR parece ser uma ferramenta
terapêutica bastante eficaz na diminuição dos sintomas de ansiedade associada
aos testes. Estudos indicam que em apenas uma ou duas sessões, existe uma
diminuição sintomática de cerca de 50% no que respeita à componente emocional e
fisiológica. No entanto, as crenças irracionais (sou incapaz, não sei nada, não
valho nada, sou burro…) parecem ser um pouco mais resistentes, necessitando de mais
sessões, embora a intervenção seja frequentemente mais curta do que em outro
tipo de modalidades terapêuticas.
Tendo em conta que se trata de
uma problemática que requer uma resolução rápida de modo a aumentar a
funcionalidade do aluno, o EMDR parece ser de facto a modalidade mais indicada.
Não deve, no entanto, ficar-se pela diminuição sintomática, sendo necessário
dar continuidade à intervenção de modo a que as crenças negativas que
permanecem não deem lugar a outro tipo de sintomatologia em situações análogas. De recordar, que o EMDR é uma abordagem terapêutica que assenta em vários
canais: imagético, emocional, cognitivo, sensorial, não devendo nenhum ser
descurado.
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta EMDR/Psicanalítica
Departamento da Infância (Lisboa)
Como é que se esquece alguém que se ama?
"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar."
Miguel Esteves Cardoso, in "Último Volume"
quinta-feira, janeiro 30, 2014
quarta-feira, janeiro 29, 2014
A Psicanálise é apenas uma das inúmeras riscas na pelagem do Tigre
Bion desenvolveu e concebeu uma visão
muito particular da psicanálise. De uma forma ainda mais radical do que outros psicanalistas,
a meu ver, Bion construiu aquilo a que eu designaria por uma nova psicanálise. Com rigor não se pode afirmar de forma categórica que a Psicanálise de Bion e a Psicanálise de Freud sejam uma e a mesma coisa. Bion apoiou-se, como
todos sabemos, imenso em Freud, mas, a certa altura aquilo que saiu da pena de
Bion ganhou vida própria, estou convencida que isso aconteceu até contra a sua própria vontade,
mas aconteceu.
A psicanálise desenvolvida por Bion deixou de se poder
identificar totalmente com a psicanálise Freudiana. Na minha opinião passou a
ser uma outra psicanálise, ainda hoje difícil de diferenciar e definir. As ideais inovadoras de Bion e as suas repercussões ainda são difíceis
de medir e avaliar.
O aparelho mental que Bion e
Freud nos apresentam não é o mesmo. As regras e as leis que o gerem também não são exactamente as mesmas. Bion cria um outro mundo. Uma outra realidade. Uma perspectiva
única e inovadora sobre a realidade psíquica.
Acompanhe o Salpicos e a nossa pagina do facebook e descubra com os meus posts esta nova psicanálise.
sábado, janeiro 25, 2014
Emigrar e depois?
Atualmente emigrar é uma escolha que se faz, mais ou menos pressionado pela escassez de oportunidades nacionais, em busca de melhores condições de empregabilidade. Apesar de uma escolha, muitas vezes, difícil, a mão de obra que sai do país não é a mesma que saía no último grande período de emigração (nas décadas de 60 e 70, sobretudo). Hoje em dia, mais e mais pessoas emigram em busca de empregos especializados, estando cada vez mais habilitadas a expressarem-se na língua do país de acolhimento. Este fato permite uma integração e aculturação mais facilitada e harmoniosa.
No entanto, emigrar implica sempre um corte, uma mudança abrupta (na maior parte dos casos) de contexto de vivência: existe um corte relacional significativo, as referências culturais são outras, a língua muda, o estilo de vida muda... Sobretudo, os laços de amizade são aqueles que mais se lamentam pela mudança radical de poiso. Os recursos para manter uma ligação consoladora com os que ficaram e os recursos para criar e desenvolver novas relações vão ser dimensões fundamentais para uma boa adequação à mudança de país.
Estes primeiros períodos podem ser muito custosos e a solidão, ainda que hajam novos suportes relacionais, pode irromper inconformada. Não é de desprezar esta situação muito difícil de isolamento e adaptação que pode dar origem a sintomatologia depressiva de cariz reativo. Nestas alturas, um apoio psicológico (nomeadamente online - no contexto cultural e linguístico português) pode fazer toda a diferença.
Deixo aqui um texto sobre o que pode ser a vivência penosa da solidão.
O inferno é a solidão
Era uma vez um homem que a dada altura da sua vida se descobriu sozinho. Sem compreender, sentiu-se num lugar remoto, onde não há estradas, onde ninguém mais está... nem vai chegar...
Ao início tomou esta angústia como algo passageiro que se desapareceria da mesma forma como tinha aparecido, mas, depois, sentiu que o desespero se estava a instalar de forma decidida e definitiva, que se alimentava das raízes do que nele havia de bom... e que, se nada fosse feito, em breve, nada restaria do que era.
... até que chegou a um ponto onde a cada noite se confrontava com o abandono absoluto. Deitado na cama, sentia o corpo carente de um calor qualquer... mas nada... temia e tremia... e era assim que, de espírito quase esgotado, se entregava ao sono.
Cada acordar era um despertar para o pesadelo... um nascer cru e cruel num mundo feito de brumas e cinzas... como se uma espécie de injustiça bruta o obrigasse a erguer-se para cima de uns carris que lhe predestinavam tempos, lugares e gestos... e se repetiam até à náusea. O corpo cedo nos trai. É o primeiro que cede aos ataques do inimigo.
Assim que o sol se punha e se confirmava que mais um dia havia passado sem que nenhuma esperança tivesse chegado perto... entristecia-se mais. Com cada noite chegava-lhe mais fome e mais frio...
O pior de tudo era não conseguir compreender a razão de tanto absurdo. A desproporção de tanta dor.
Chegou a pensar a própria fé como uma maldição, algo que lhe prendia o espírito a um estado de coma qualquer... e o mantinha em sofrimento. Uma esperança má que apenas serve para fazer sofrer quem nela se ilude...
Sentia-se só. Precisava de alguém... mas nunca quis ser um peso a quem lhe podia dar a mão, estragar a vida a quem podia, talvez longe dos olhares do mundo, estar também a lutar contra a angústia.
Sentia-se metade de qualquer coisa... do amor só tinha a saudade... que apenas punha a nu a tremenda carência... em que se estava a tornar... um buraco negro...
Numa noite muito fria compreendeu que, mais do que viver com os outros, o inferno é um deserto infinito onde não há nada, onde todos os medos se resumem apenas a um: ficar para sempre só.
Mas quem tem por quem chorar, vive com sentido. Apesar de todo o sofrimento.
Havia que travar uma luta pela vontade de acreditar no bem, uma guerra íntima, ali onde cada homem apenas se tem a si mesmo... é que a grandeza de cada um se pode avaliar também pela profundidade e paciência com que luta contra o mal.
As dores mais profundas resultam, não dos golpes feitos de súbito mas dos que, numa interminável persistência, se cravam de forma lenta e decidida na carne, uma tortura silenciosa, um trabalho persistente. Do mal no bem e do bem no mal...
Chamava-se João.
Quando a morte lhe chegou, apresentou-se a ela com o mesmo medo com que todas as noites enfrentou o nada... talvez com mais fome e frio que nunca...
Acordou numa manhã quente, tranquila e familiar... sorriu, mesmo sem compreender...
Nunca mais ia ficar sozinho.
(http://www.ionline.pt/iopiniao/inferno-solidao/pag/-1)
http://www.psicronos.pt/consultas/atendimento-a-distancia-onlinetelefone_7.html
sexta-feira, janeiro 24, 2014
Quando o Passado Inconsciente Dita a Escolha do Parceiro
Há quem diga que no momento em que
escolhemos o nosso companheiro ou a nossa companheira, já sabemos, ainda que inconscientemente,
como irá ser ou como irá terminar essa relação.
De facto, a psicanálise e a experiência
clínica mostram-nos como isto é particularmente verdadeiro quando existe
psicopatologia das relações de objeto internalizadas. Isto é, a interiorização
profunda (e não voluntária ou consciente) de relações e padrões relacionais disfuncionais ou desadaptativos com
os nossos cuidadores principais durante os primeiros anos de vida. Falamos aqui
da forma como sentimos que fomos cuidados (sobretudo durante um período no qual
ainda não conseguíamos formar memórias, portanto não há memória senão emocional
desse período) e das identificações que fizemos com esses cuidadores e com todo
o ambiente envolvente.
Essa experiencia relacional precoce e os
respetivos papéis e padrões relacionais interiorizados durante a infância
exercem tanto mais força na escolha do companheiro e no curso das nossas
relações quanto menos conscientes e elaborados todos estes conteúdos se
encontrarem dentro de nós. Nestes casos, o parceiro é frequentemente escolhido
de forma inconsciente, apresentando características (atitudes, comportamentos)
semelhantes a uma qualquer personagem do nosso passado que nos marcou
significativamente, ou então por apresentar uma história de problemas
relacionais semelhantes ou muito próximos dos nossos - existe uma identificação
com o outro, na medida em que nele nos vemos a nós próprios, sem que muitas
vezes consigamos reconhecer esses aspetos identificados no outro enquanto
aspetos nossos.
Por exemplo, uma mulher que se queixa
insistentemente que os seus companheiros tendem a “transforma-la” numa mãe,
apercebe-se gradualmente e durante a sua psicoterapia da sua dificuldade em
entrar em contacto com as suas próprias partes carentes, feridas e vulneráveis;
da sua tendência na seleção de companheiros com histórias de problemas
relacionais e feridas emocionais enquanto uma “expressão” da sua necessidade de
contacto (a uma distância segura) com as suas próprias partes carentes e feridas, projetando
e identificando essa sua parte emocional vulnerável no outro; de uma dimensão
da relação com os companheiros enquanto tentativa de auto-reparação emocional
pela reencenação de algo próximo de uma relação mãe-bebé – assumindo ela o
papel da mãe que gostaria de ter tido ou que ainda sente precisar; e do facto de tudo isto não só não ter qualquer efeito reparador, como causar
vários outros problemas nas suas relações.
Os papéis e padrões relacionais
desadaptativos internalizados são inconscientemente ativados nas relações com
os nossos companheiros. Esta ativação é ao mesmo tempo acompanhada da indução
mútua de papéis complementares a essas relações do passado. Como consequência
pode formar-se uma conspiração inconsciente que interprende o casal,
configurando uma espécie de “união na loucura” que surge tanto mais poderosa e
inescapável quanto a perturbação do casal.
È frequente a experiência de um dos
parceiros sentir o outro enquanto um perseguidor implacável, uma autoridade moral
que sente prazer cruel em fazer com que o outro se sinta culpado e esmagado;
enquanto que o segundo parceiro sente o primeiro como pouco confiável,
enganador, irresponsável e traidor, tentando “safar-se com a dele”. Estes
papéis são frequentemente permutáveis.
Os parceiros podem ser altamente eficazes
em reforçar ou mesmo induzir aquelas mesmas características que mais temem no
outro, o que tende a configurar relações sadomasoquistas persistentes. As
encenações podem tornar-se altamente destrutivas, por vezes simplesmente porque
elas despoletam reações circulares que engolfam a vida amorosa do casal para
além das intenções do casal e da sua capacidade de conte-las.
Caso os conflitos precoces em torno da
agressão tenham sido severos, surge a possibilidade de reencenar imagens de
mãe-pai primitivas/precoces (imagens construídas pelo funcionamento próprio da
mente de uma criança de poucos anos de idade) e combinadas em fantasia que
comportam pouca semelhança às características reais dos cuidadores do passado.
Transformação e libertação do padrão de
escolha inconsciente
No
polo da saúde mental prevalece a interdependência livre e flexível, própria de
pessoas que experienciam o outro e são experienciadas por esse outro enquanto
“pessoas separadas”, ou seja, pessoas não confundidas com figuras e vivências
relacionais internalizadas patológicas de um passado longínquo do parceiro.
A exploração, compreensão e dissolução
gradual de identificações problemáticas com figuras do passado e de padrões
relacionais desadaptativos internalizados no passado é uma das características
exclusivas da psicanálise e da psicoterapia psicanalítica. A relação com o
terapeuta permite e estimula a reativação de toda a problemática internalizada,
agora encenada pelo paciente na relação com o psicoterapeuta. Este, por sua
vez, deverá manter a sua atitude empática, serena e compreensiva, ajudando a
pessoa a ir tomando consciência do que está a acontecer naquele momento na
relação entre os dois, e eventuais ligações que isso possa ter com figuras e
padrões relacionais do passado. A identificação das vivências internas da
pessoa, lado a lado com a atitude receptiva, empática e compreensiva do
psicoterapeuta, conduz à internalização gradual desta nova
experiência relacional e simultaneamente à dissolução gradual das experiências
relacionais patológicas.
A transferência contínua para as relações
do presente dos papéis complementares e padrões relacionais patológicos
internalizados do passado interfere seriamente com os objetivos da própria de
conseguir uma vida amorosa ou conjugal satisfatória. O desejo inconsciente de
reparar as relações patogénicas dominantes do passado e a tentação de as
repetir nos termos de necessidades agressivas e vingativas não gratificadas
resultam na sua reencenação contínua com o parceiro amado.
Por Diogo Gonçalves
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta
terça-feira, janeiro 21, 2014
Psicanálise e Estimulação Bilateral
A psicanálise e a psicoterapia psicanalítica são abordagens terapêuticas e de acompanhamento psicológico que denomino de percurso.
Durante um período relativamente longo o terapeuta mantém-se lado a lado com o paciente acompanhando-o no seu percurso de vida. Para além de acompanhar, interpreta, analisa, acolhe e transforma os conteúdos que dia-a-dia, sessão após sessão emergem e dão conta da vida mental consciente e inconsciente do seu paciente.
Este percurso, naturalmente longo, quando acompanhado e intercalado com estimulação bilateral permite optimizar o crescimento mental. A estimulação bilateral parece ter efeitos semelhantes à activação e fortalecimento da função-alfa (conceito caro na psicanálise bioniana). As aquisições obtidas pelos insigths encontrados pela via da psicanálise são mais facilmente assimilados pela personalidade e a potenciação da associação livre, em plena expressão da posição PS, percorre caminhos associativos mais rápidos e profundos até se gerar um D significativo e transmutador.
Durante um período relativamente longo o terapeuta mantém-se lado a lado com o paciente acompanhando-o no seu percurso de vida. Para além de acompanhar, interpreta, analisa, acolhe e transforma os conteúdos que dia-a-dia, sessão após sessão emergem e dão conta da vida mental consciente e inconsciente do seu paciente.
Este percurso, naturalmente longo, quando acompanhado e intercalado com estimulação bilateral permite optimizar o crescimento mental. A estimulação bilateral parece ter efeitos semelhantes à activação e fortalecimento da função-alfa (conceito caro na psicanálise bioniana). As aquisições obtidas pelos insigths encontrados pela via da psicanálise são mais facilmente assimilados pela personalidade e a potenciação da associação livre, em plena expressão da posição PS, percorre caminhos associativos mais rápidos e profundos até se gerar um D significativo e transmutador.
domingo, janeiro 19, 2014
Disfunção Eretil
A Disfunção Eréctil é a incapacidade persistente ou recorrente do homem obter e/ou manter uma ereção suficientemente rígida para uma relação sexual satisfatória. Esta dificuldade sexual pode atingir os homens de qualquer idade, tornando-se mais frequente com o avançar da idade.
As principais causas para a Disfunção Erétil devem-se a problemas físicos, psicológicos ou mistos (com ambos).
Os principais fatores orgânicos (físicos) são:
- Cirurgias pélvicas;
- Lesões ao nível da espinal medula;
- Insuficiência arterial;
- Doenças crónicas - hipertensão; aterosclerose; diabetes; alcoolismo; tabagismo;
- Efeitos secundários de alguma medicação (por exemplo: antidepressivos);
Os principais fatores psicológicos são:
- Stress;
- Depressão;
- Baixa autoestima;
- Sentimento de culpa;
- Medo de falhar;
- Conflitos na relação amorosa;
- Cansaço;
- Receio de provocar uma gravidez à parceira;
- Medo de contrair uma Infeção Sexualmente Transmissível;
- Ansiedade;
Independentemente da causa da Disfunção Erétil, ser psicológica ou física, é sempre importante que o homem, ou o casal, procure apoio psicológico, de forma a saber lidar melhor com as dificuldades e angústias que o problema poderá dar origem (por exemplo: diminuição da autoestima, dificuldades relacionais no casal).
Fernando Eduardo Mesquita
Psicólogo Clínico/Terapeuta Sexual/Terapeuta EMDR
Fernando Eduardo Mesquita
Psicólogo Clínico/Terapeuta Sexual/Terapeuta EMDR
sábado, janeiro 18, 2014
Vídeos online sobre temas de filosofia e justiça
O filósofo e professor em Harvard, Michael Sandel, há mais de trinta anos que ensina ética e justiça. Tem aulas e seminários na internet, que qualquer um pode ver (o link acima é para um programa brasileiro da Globo News).
Ele explica em linguagem clara mas sem perder profundidade e alcance as dúvidas que, acho eu, atormentam qualquer ser humano desde pequeno. O que devo ou não fazer? É certo ou errado? É justo? Como fazer? Como viver? Etc etc.
Mas vejam os vídeos porque vale realmente a pena. Sempre achei que entre a filosofia e a psicologia há uma trança que as liga. Pessoalmente, acho que a filosofia ajuda também a viver melhor - e não é isso que todos nós queremos, afinal?
sexta-feira, janeiro 17, 2014
Nascimento natural no meio da selva
A psicologia e a Psicanálise há muito que se interessam pelo nascimento e os efeitos psicológicos do mesmo para a mãe e para o bebé.
Otto rank, por exemplo, desenvolveu uma tese importante sobre o trauma do nascimento. Este pequeno video, não chega a 2 minutos, é muito elucidativo sobre o nascimento em meio natural no meio da selva e o quanto, a meu ver, o processo de nascimento, o parto, pode ser algo simples e talvez não tão traumático assim.
Otto rank, por exemplo, desenvolveu uma tese importante sobre o trauma do nascimento. Este pequeno video, não chega a 2 minutos, é muito elucidativo sobre o nascimento em meio natural no meio da selva e o quanto, a meu ver, o processo de nascimento, o parto, pode ser algo simples e talvez não tão traumático assim.
quinta-feira, janeiro 16, 2014
BULLYING: A palavra é "Prevenção", agora passemos à ação
Nos últimos dias temos recebido inúmeros contactos de
jornalistas, a propósito dos trágicos acontecimentos recentes relacionados com
o Bullying.
Infelizmente, não há muito mais a dizer-se sobre o Bullying. O que
falta, sim, é fazer. E fazer desde cedo. Em casa, na escola, na comunidade.
Fazer e refazer. Educação para a cidadania e para os afetos. Promoção de competências
sociais e emocionais. Atenção, deteção e intervenção imediatas. Ações
concertadas na escola e na comunidade, com a participação da família.
Enquanto se continuar fingir que não acontece, que é uma brincadeira
ou uma divergência de colegas e enquanto se continuar a remediar e a dizer às
vítimas que têm de se defender, tragédias destas e outros casos menos
mediáticos ou extremos, continuarão a acontecer todos os dias.
Assim, hoje não tenho muito mais a dizer. E partilho apenas
esta animação, excluindo a campanha política no final. Seria bom que estes
projetos saíssem do formato “animação” e passassem à ação em Portugal.
Alexandra Barros
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
Diretora do Departamento da Infância
segunda-feira, janeiro 13, 2014
Mãe, escuta-me...
Mãe, escuta-me...
http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/6751
Susana Morão, Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
Departamento da Infância (Delegação de Almada)
http://www.psicronos.pt/consultas/psicologia-e-psicoterapia-infantil_5.html
http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/6751
Susana Morão, Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
Departamento da Infância (Delegação de Almada)
http://www.psicronos.pt/consultas/psicologia-e-psicoterapia-infantil_5.html
Marcadores:
bebés,
pais.,
Psicologia
sábado, janeiro 11, 2014
EMDR - O Lugar Seguro
“Gostava que pensasse num lugar onde já tenha estado, ou um lugar imaginário,
que sinta como muito tranquilo ou seguro …
talvez numa praia ou
sentado(a) na margem de um riacho …
que imagem é que melhor representa este seu
lugar?"
O EMDR dá-lhe a oportunidade de criar
um recurso especial!
Um lugar, na sua mente,
para onde poderá ir sempre que precisar
sentir-se calmo(a) e protegido(a).
Fernando Eduardo Mesquita
Psicólogo/Terapeuta Sexual/Terapeuta EMDR da PSICRONOS
sexta-feira, janeiro 10, 2014
"The first step to resolve a problem is to admit that we have a problem"
A frase do título, proferida por um jovem adulto invulgarmente corajoso - ver vídeo abaixo) pode corresponder a uma frase "batida" ou cliché. No entanto, como pode ser difícil fazê-lo! O que não quer dizer que não se dê conta que se sofre imenso... simplesmente nem sempre é fácil reconhecer fragilidades, limitações e a gravidade da situação. Só através deste primeiro passo é possível começar a (pensar) fazer algo, como por exemplo, pedir ajuda ou investir na sua resolução.
Este segundo passo já tem mais a ver com assumirmos, apropriarmo-nos e responsabilizarmo-nos pelo problema. Pois uma coisa é o nosso problema ser responsável pela nossa miséria; outra coisa é nós sermos responsáveis pelo que fazemos com o nosso problema. Já dizia Sartre que, mais importante do que o que fizeram connosco, é aquilo que nós fazemos com o que fizeram connosco. Se fomos mal tratados em dados momentos da nossa vida (sobretudo quando éramos mais vulneráveis e influenciáveis, ou seja, na infância) podemos ter incorporado esse modo de relação interna e prolongar atualmente essa relação maltratante connosco próprios. A relação anterior já não pode ser mudada mas o que fazemos com o que essa relação nos fez já é outra história. Longe de ser fácil, não significa de modo algum que tenha de ser uma "sina".
O jovem adulto que fala no vídeo abaixo, no contexto de um TED talk sobre a depressão, é um jovem comediante. Contudo, não nos vem falar do humor que entretém mas antes do humor depressivo. Corajosamente dá o exemplo de alguém que, contra todas as expetativas, não expõe o que os outros gostariam de ver mas o que está diante de todos mas que, muitas vezes, se evita.
Aproveito para sensibilizar quem ainda não teve a coragem para falar, não num palco, mas simplesmente FALAR, seja em que contexto for, para a importância de o fazer. Naturalmente que não serão todas as pessoas e momentos os ideias para revelar algo íntimo ou delicado. Mas nunca o fazer pode ser altamente corrosivo!
Hoje em dia temos o privilégio de podermos partilhar e comunicar através de todo um conjunto de meios tecnológicos que podemos e devemos aproveitar da melhor maneira. O acompanhamento online é também mais uma forma de chegar às pessoas e de as ouvir aberta e profundamente. Não somos "só" Homo Sapiens somos também um Homo Sapiens (conhecedor) mas também Comunicador, Social!
quarta-feira, janeiro 08, 2014
APRENDER COM OS ERROS
Como escreveu a minha colega Alexandra, parece que quando sentimos que as coisas estão a começar de novo se enceta uma oportunidade de alterar/mudar, fazer diferente, riscar, arriscar, ir em diante, traçar metas e objetivos rumo a algo que já queríamos ter feito mas que as circunstância não o permitiram ou promoveram o constante protelar.
A educação das crianças não é diferente do que se faz a cada ano. Enquanto pais debatemo-nos com o que deve ser feito, com o que se faz e com o que se gostaria de fazer. Lá estamos entre o passado, o presente e o futuro. Mas para que tudo corra da melhor forma (quer para pais, quer para filhos) tem que haver equilíbrio entre estas forças e uma garantia de que nos queremos projectar no futuro e não viver com os remorços do passado.
As crianças precisam de pais resolvidos, lutadores, que erram, mas que aprendem com isso, de modelos que sejam falíveis, mas capazes de superar, pois só assim estes entenderão que errar é humano (como popularmente se diz), mas que se pode aprender com os erros.
E a oportunidade de aprender com o erro, de experimentar, de ensaiar, de ir e voltar devem ser dadas às crianças, pois será por estas vias que estarão aptos para uma vivência salutar, aprendendo assim a lidar com os seus sentimentos; Receosos, mas sem medo de arriscar, com cautela, mas sem uma dúvida paralisante, com precaução, mas capazes de ir em diante, e isto faz-se por meio da educação, da atitude parental.
Não se esqueçam que estes pequenos seres são esponjas sociais, portanto uma atitude perseverante, confiante, segura e capaz de ir em diante com aquilo a que se propõe, ou reconhecer as incapacidades e mudar de rumo, sem "chorar" o que não se fez mas que se gostaria de ter feito, proporcionará a este jovem aprendiz muita competência pessoal.
Tânia Paias
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
Departamento da Infância (Faro e Portimão)
Responsável pelo Portal Bullying
Tânia Paias
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
Departamento da Infância (Faro e Portimão)
Responsável pelo Portal Bullying
terça-feira, janeiro 07, 2014
O Legado de B.F. Skinner
Para quem não conhece, B.F. Skinner é um dos pais da
Psicologia Comportamental. Ele é um dos maiores contribuidores para as teorias
de aprendizagem por reforço do meio.
Nesta palestra, efectuada alguns dias antes da sua morte,
Skinner faz uma análise clara sobre as divisões na psicologia e de como cada
uma delas contribui para a evolução da ciência.
Palestra apaixonante para quem gosta de compreender como a
ciência da psicologia evoluiu até aquela data.
Actualmente as neuro ciências tem vindo a contribuir para um
alargamento do conhecimento acerca dos mecanismos que dão origem ao
comportamento e de como isso pode ajudar a compreender como se processa no
cérebro a mudança de comportamentos, quer seja uma mudança no sentido da doença
(patologia) quer seja uma mudança para a saúde (vitalidade).
Em próximas publicações irei partilhar outras palestras ou
ideias acerca da modificação de comportamentos.
Espero que gostem da palestra!
segunda-feira, janeiro 06, 2014
AS RESOLUÇÕES DE ANO NOVO FUNCIONAM?
Neste início de ano, partilho esta excelente animação a propósito das resoluções de ano novo. Porque insistimos nestas resoluções? Funcionam? Porquê?
Na verdade, parece haver uma maior taxa de sucesso e durabilidade nas decisões tomadas nesta altura, em detrimento de outras fases do ano. Alguns dos fatores deste maior sucesso prendem-se com uma avaliação mais fina das capacidades e fragilidades pessoais, uma maior clareza sobre as prioridades, uma maior flexibilidade e um maior equilíbrio entre o otimismo e o realismo, que têm lugar aquando do balanço do ano. Trata-se de aprender com o passado e apontar para o futuro.
O autor aponta ainda como fatores potenciadores do sucesso das resoluções/mudanças: Traçar pequenos objetivos, em vez de grandes metas; mais facilitação do que propriamente motivação; auto-monitorização no lugar de auto-controlo.
Bom ano, boas resoluções e boas mudanças!
Alexandra Barros
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
Subscrever:
Mensagens (Atom)