
“A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflecte. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre”.
As palavras de Vinicius de Moraes, reflectem a solidão de quem vive com uma “armadura” que impede o sentir das emoções, fechando-se sobre si próprio, aprisionado na sua “torre”, numa protecção que desprotege.
Ao reler as suas palavras, penso em como os nossos medos nos podem confundir… as “armaduras” poderão tornar-se incómodas e constrangedoras… poderão ficar muito apertadas e sufocantes… poderão agora tornar-se mais pesadas… difíceis de as despir e guardar… correremos o “risco”?
Não será o maior “risco” da existência humana a relação de amor? E não será também a que mais distorce a realidade? E haverá “risco” maior do que o de não o correr?
Não será por tudo o que nos provoca (agradável e desagradável) que, apesar de não a conseguirmos explicar, continuamos a vive-la?
Quando penso nas relações de amor, várias questões me surgem, muitas sem resposta… talvez por isso… se continua tanto a escrever sobre elas… e talvez por isso queira partilhá-las convosco… talvez saibam mais algumas do que eu…